sexta-feira, 18 de maio de 2012

Escola Sabatina: Vislumbres do nosso Deus – Lição 4 O Deus da graça e do juízo

 

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Lição 4 de 21 a 28 de janeiro

O Deus da graça e do juízo

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Sábado à tarde

Ano Bíblico: Êx 14–15

VERSO PARA MEMORIZAR: “Pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mau” (Ec 12:14, NVI).

Leituras da semana: 1Co 3:13; 2Co 5:10; Gn 3; 6; Jo 3:17-21; Ap 14:6, 7

Pensamento-chave: O juízo divino é tão difundido na Bíblia como o tema da salvação. Na verdade, os dois ensinamentos estão intrinsecamente ligados.

Um soldado estava ao lado de um idoso prestes a ser executado. Ele era acusado de ser da raça e da religião erradas, nada mais. Quando o soldado levantou a arma, a vítima disse: “Você sabe que há um Deus no Céu que vê tudo isso, e que um dia julgará você por suas ações?”


Em seguida, o soldado matou o idoso com um tiro.


Este é, em muitos aspectos, um excelente exemplo de uma sociedade secular. Não um governo secular (um governo que não promove uma religião em detrimento da outra), mas uma sociedade secular, em que não há nenhum padrão mais elevado do que as regras da própria sociedade. É uma sociedade sem senso de transcendência, de uma autoridade superior, de Deus ou de um padrão moral maior que as coisas humanas. É uma sociedade em que as pessoas tomam o lugar de Deus, uma sociedade em que o único juízo que as pessoas enfrentam é o de seus pares ou da própria consciência (seja lá o que restou dela).


Segundo a Bíblia, no entanto, o idoso estava certo: há um Deus no Céu, Ele sabe todas as coisas e, de fato, trará tudo a juízo.


Examinaremos esse aspecto fundamental do caráter de Deus e verificaremos que, mesmo no juízo, Deus revela Sua maravilhosa graça.

Domingo

Ano Bíblico: Êx 16–17

O dia do juízo

O tema do juízo divino percorre toda a Bíblia. E, ao contrário das crenças comuns, o juízo não se opõe à salvação nem ao evangelho. Na verdade, ambos os temas estão entrelaçados nas Escrituras de Gênesis a Apocalipse.


E isso não é de admirar. Juízo e salvação refletem aspectos semelhantes do caráter de Deus: Sua justiça e graça. Assim, não devemos colocar a ideia de juízo em oposição à ideia de salvação, assim como não devemos colocar a justiça de Deus contra Sua graça. Fazer isso é tirar de ambas sua plenitude e complementaridade mútua. As Escrituras ensinam as duas coisas. Por isso, precisamos entender as duas.
O que também é interessante em toda a questão do juízo é que, proporcionalmente, o Novo Testamento fala mais sobre o juízo do que o Antigo.

1. Qual é o assunto dos versos abaixo? Quem é julgado? O que acontece nesses juízos? O que os textos dizem sobre a natureza e a realidade do juízo divino?


Ec 12:13, 14


1Co 3:13


2Co 5:10


Hb 10:30


Mt 16:27


Ap 20:12


Ap 22:12


Mt 12:36, 37


1Pe 4:17


Ap 14:6, 7

Esses textos são apenas uma pequena amostra dos versos que ensinam claramente o juízo. Como mencionado acima, aparecem no Novo Testamento muitos dos textos mais explícitos sobre o juízo, textos que revelam claramente a realidade do juízo divino, ou juízos. Esse fato certamente se opõe à noção de que o juízo é de alguma forma contrário ao conceito da nova aliança da graça de Deus, que também é claramente ensinado no Novo Testamento. Isso deve nos ensinar que, por mais que entendamos o juízo, e por mais que entendamos a graça, devemos compreendê-los como verdades divinas que trabalham juntas. Colocar uma contra a outra é não entender a plenitude do evangelho, conforme estudamos na semana passada.

Segunda

Ano Bíblico: Êx 18–20

Juízo e graça no Éden

Pense nisto: antes do pecado, não havia necessidade da graça, porque não havia nada para perdoar, nada para desculpar, nada para cobrir. Da mesma forma era com o juízo. Antes do pecado, não havia nada para julgar, condenar ou punir. Tanto a graça quanto o juízo surgiram, pelo menos no contexto humano, apenas por causa do pecado da humanidade.

2. De que forma os temas do juízo e da graça são revelados no relato da queda? Gn 3

Satanás teve sucesso em trazer o pecado ao mundo, causando assim alteração em todas as coisas. Imediatamente, porém, o Senhor entrou em cena, chamando: “Onde está você?” Essa pergunta não deve ser considerada uma condenação; era mais um convite do Criador para que Seus amados fossem a Ele. Foi um chamado para que se afastassem do enganador e retornassem ao Criador.


Note, igualmente, o que aconteceu. As primeiras palavras que saíram da boca de Deus neste mundo decaído foram perguntas (
Gn 3:9,11, 13). Depois de concluir as perguntas, a primeira coisa que Deus declarou foi Seu juízo contra a serpente. Mas depois, no verso 15, mesmo em meio ao Seu juízo contra a serpente, o que Deus disse?


O
verso 15 é a primeira promessa evangélica. Assim que declarou Seu juízo contra a serpente, Ele imediatamente deu a primeira mensagem da graça, da redenção e da salvação para a humanidade. E somente então, depois dessa promessa evangélica, Ele começou a declarar Seus juízos contra a mulher e o homem. Embora eles tivessem caído, as primeiras coisas que Deus lhes deu foram esperança e graça. O juízo deve se desenvolver sobre a base da graça. Assim, mesmo antes do juízo, a promessa da graça foi dada aos que a aceitassem.


Era tarde demais para Satanás; sua destruição estava determinada. Mas ali, mesmo em meio aos juízos comunicados ao homem e à mulher, Deus tornou conhecida Sua graça.


No início da história da humanidade caída, foi demonstrada uma relação entre o pecado, o juízo e a graça de Deus. Embora Deus julgue e condene o pecado, a promessa da graça está sempre ali, presente, sempre disponível aos que a reclamarem para si.

De que forma o Senhor pode estar dizendo: “Onde está você?” O que você está fazendo que, talvez, o esteja levando a se esconder de Deus? Por que a compreensão da graça é um primeiro passo fundamental a fim de atender ao Seu chamado para nos aproximarmos dEle e nos afastarmos do enganador?

Terça

Ano Bíblico: Êx 21–23


O Dilúvio

Os críticos da Bíblia dão grande importância ao fato de que outras civilizações antigas tinham suas próprias histórias de dilúvios. Eles alegam que a história da Bíblia não é única, original, e nem mesmo verdadeira, mas é apenas uma cópia de alguns mitos ou lendas anteriores.


Por outro lado, os que acreditam que a Bíblia é a Palavra de Deus veem essas histórias como uma confirmação da realidade do Dilúvio. O evento aconteceu, e Gênesis apresenta o relato inspirado desse fato. Esse relato está em contraste com as outras versões, como aquela que diz que o dilúvio foi enviado porque os seres humanos, em suas festas noturnas, fizeram muito barulho e perturbaram o sono dos deuses. Os deuses, irritados com a falta de repouso, enviaram o dilúvio para puni-los.

3. Que razão o relato bíblico do Dilúvio dá para o juízo que viria sobre a Terra? Gn 6:5

A ideia de seres humanos tão maus que mereciam a morte e a destruição não deve ser tão difícil de entender; não para nós hoje, que vivemos neste mundo em que o mal se torna cada vez pior. A visão cristã da pecaminosidade humana, embora muitas vezes ridicularizada, está constantemente sendo verificada. A capacidade de fazer boas ações não nos torna bons. Afinal, o criminoso americano
Al Capone amava as crianças, era muito generoso e tratava seus amigos com gentileza. Quem, no entanto, o chamaria de homem bom?

4. Mesmo em meio à promessa de iminente juízo punitivo, como a graça de Deus foi revelada no relato do Dilúvio? Gn 6:14-22; 2Pe 2:5

Ao construir a arca, Noé estava dando ao mundo uma advertência sobre o juízo. O que está igualmente implícito é que houve um período de graça, uma oportunidade para que o mundo se convertesse dos seus maus caminhos e aceitasse a salvação de Deus. Ellen White escreveu: “Se os antediluvianos tivessem acreditado na advertência, e se houvessem arrependido de suas más ações, o Senhor teria desviado Sua ira” (Patriarcas e Profetas, p. 97). A construção da arca oferecia a qualquer pessoa que ouvisse a advertência um refúgio de segurança contra a destruição vindoura. Sem dúvida, o juízo estava se aproximando. Mas a graça foi oferecida a todos os que a aceitassem até quando era tarde demais, e a porta da misericórdia foi fechada.

Quantas vezes Deus revelou Sua graça a você? Mais vezes do que você pode contar, provavelmente. Como você pode aprender a se entregar mais a essa graça e permitir que ela molde você à imagem de Cristo?

Quarta

Ano Bíblico: Êx 24–27


Condenação e graça

Amaioria das pessoas está familiarizada com João 3:16. O que vem depois, no entanto, ajuda a ampliar esse texto e explicá-lo ainda melhor.

5. O que João fala sobre o juízo e sobre a graça? A graça e o juízo trabalham unidos? De que forma? Jo 3:17-21

A palavra traduzida como “condenar” no verso 17 também é traduzida em algumas versões como “julgar”. Porém, o contexto é o de condenação porque, em vários outros lugares, Deus deixou claro que o mundo será julgado.


Dois temas aparecem nesse texto: graça e juízo. Eles estão radicalmente interligados. Pecado, trevas e mal trouxeram a necessidade de que o Deus de justiça julgasse e condenasse essas coisas. Ao mesmo tempo, a graça de Deus oferece aos culpados uma saída, por meio da fé em Jesus Cristo.


Aquele que crê em Jesus não é condenado. Isso é o que o texto diz. É simples assim! A justiça de Cristo cobre essa pessoa, e ela se levanta sem condenação, agora e no juízo.

6. Que razão o texto dá para a condenação?

De acordo com o texto, o estado natural da humanidade é o de condenação, porque todos pecaram e todos merecem a morte que o pecado traz. Essa passagem claramente desmascara a noção de que, depois da cruz, toda a humanidade foi automaticamente justificada. Em lugar disso, depois da cruz, todo o mundo condenado recebeu a oferta de salvação por meio da morte expiatória de Jesus Cristo, que foi suficiente para todos os seres humanos. Todos estão condenados; todos, porém, que pela graça de Cristo aceitam a provisão oferecida, estão perdoados, justificados e redimidos por meio de Jesus. A condenação que era deles é cancelada pelos méritos de Jesus, e eles estão em Sua perfeita justiça.


Na verdade, o que significa a graça, à parte da perspectiva de condenação? Assim como a ideia de condenação implica o juízo, o mesmo acontece com a ideia da graça. Se não houvesse possibilidade de juízo (e condenação), não haveria necessidade de graça. A noção de graça, em si, praticamente exige a noção de condenação. Assim, esta é mais uma razão para ver como graça e juízo estão ligados.

Quinta

Ano Bíblico: Êx 28, 29


A hora do Seu juízo

“Portanto, não tenham medo deles. Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido” (Mt 10:26).

Olhando o mundo em volta, não devemos ter problema para entender a ideia de juízo e condenação. Não é preciso ser cristão para perceber que algo está radicalmente errado com a humanidade. Quem não pode ver que terrível confusão e que desastre temos provocado? Talvez choramos tanto no momento do nascimento porque, instintivamente, sabemos o que acontecerá. “Eu chorei quando nasci e cada dia mostra o porquê”, um poeta escreveu. Quem não está relacionado com isso? Quem não foi vítima da maneira pela qual as pessoas podem ser gananciosas, egoístas, e mesquinhas? Quem não foi, em algum momento, ganancioso, egoísta e mesquinho?


Assim, se Deus é justo, e se a justiça fosse Seu único atributo importante, quem entre nós permaneceria diante dEle? Se o Senhor conhece até mesmo nossos segredos, nossos atos secretos (
Ec 12:14), sem falar do que temos feito em público, que chance teria, mesmo o mais piedoso entre nós, no dia do juízo, quando todas essas coisas serão reveladas?


Felizmente, porém, nosso Deus é também doador da graça. O plano da salvação foi estabelecido para que todo ser humano pudesse ser poupado da condenação que a justiça de Deus exige. Sem a graça, todos seríamos consumidos pela justiça de Deus. A graça é nossa única esperança diante de um Deus justo.

7. Qual é a ligação entre a justiça de Deus e Sua graça? Como podemos ver essa relação em Gênesis 3? Qual é a relação entre a graça e o juízo? Ap 14:6, 7

É interessante notar que, antes da advertência de que “chegou a hora do Seu juî­zo” (Ap 14:7, NVI), o anjo estava proclamando o “evangelho eterno”. Tem que ser assim, caso contrário, o juízo condenaria toda a humanidade. Ninguém teria chance, porque todos pecaram, todos transgrediram a lei de Deus. Em meio à derradeira mensagem de advertência ao mundo, a graça de Deus é proclamada. Se não fosse assim, o juízo condenaria todos, sem exceção. Sem a graça, que mensagem teríamos para o mundo, senão que Deus destruiria todos nós e não haveria nenhuma esperança de salvação? Felizmente, a mensagem que pregamos tem o “evangelho eterno” como fundamento.

Que papel você está desempenhando na proclamação da mensagem de juízo e graça aos outros? O que mais você poderia fazer para ajudar nessa tarefa? Você poderia fazer um pouco mais?

Sexta

Ano Bíblico: Êx 30, 31

Estudo adicional

De que forma a graça e o juízo trabalham juntos? Veja o que diz a inspiração: “Enquanto Jesus faz a defesa dos súditos de Sua graça, Satanás os acusa diante de Deus como transgressores. O grande enganador procurou levá-los ao ceticismo, fazendo-os perder a confiança em Deus, separar-se de Seu amor e violar Sua lei. Então, ele aponta para o relatório de sua vida, para os defeitos de caráter e dessemelhança com Cristo, que desonraram seu Redentor, para todos os pecados que ele os tentou a cometer; e por causa disso os reclama como súditos seus.


“Jesus não lhes justifica os pecados, mas apresenta seu arrependimento e fé, e, reclamando o perdão para eles, ergue as mãos feridas perante o Pai e os santos anjos, dizendo: ‘Conheço-os pelo nome. Gravei-os na palma de Minhas mãos’” (Ellen G. White,
O Grande Conflito, p. 484).

Perguntas para reflexão


1. Como a citação acima ajuda você a entender o papel da graça no juízo? Como Ellen White descreve o fiel povo de Deus? Você se vê nessa descrição?


2. Já pensou se você e todas as coisas que você já fez, boas e más, estivessem diante de Deus? Como se sentiria? Você seria capaz de permanecer diante de Deus com base em suas boas ações, mesmo aquelas feitas pelos motivos mais sinceros e honestos? Essas obras seriam suficientes para recomendá-lo diante do Criador?

Em que medida você necessita da graça?


3. Qual é a armadilha mortal de pensar que, por termos sido salvos pela graça, não importa o que fazemos? Como você pode se proteger, para não cair nesse engano?


4. Às vezes, as pessoas nos alertam sobre a “graça barata.” No entanto, ela não existe. A graça não é barata. Ela é gratuita! O que é barato é quando as pessoas, alegando essa graça, tentam usá-la como desculpa para o pecado. Que exemplos desse engano podem ser vistos no mundo cristão? E em nossa própria igreja?

Resumo: Deus é justiça, e esta exige juízo. Deus também é graça. É fundamental que nós, como cristãos adventistas do sétimo dia, proclamando as mensagens dos três anjos, entendamos essas duas verdades divinas e o que elas nos revelam sobre Deus.

Respostas sugestivas: 1: No dia do juízo, Deus julgará as obras de todas as pessoas, mesmo as coisas escondidas; todos receberão sua recompensa, conforme suas obras; mortos e vivos serão julgados. 2: Por influência da serpente, Adão e Eva desobedeceram a lei de Deus e foram julgados por Deus; foram punidos, mas receberam o perdão e a esperança de vitória em Cristo, o Descendente da mulher. 3: Aumento da perversidade e inclinação dos pensamentos totalmente para o mal. 4: Deus preservou a vida de Noé e de sua família, os únicos que aceitaram o perdão de Deus e obedeceram ao Seu chamado. 5: Quem aceita a Jesus Cristo como salvador fica livre da condenação do pecado. Quem não crê, permanece na condenação e nas trevas. 6: Incredulidade. Muitos decidem não crer na luz porque amam as trevas. Por isso continuam na condenação. 7: Por causa da justiça, Adão e Eva foram expulsos do paraíso, mas por causa da graça receberam a promessa da salvação eterna em Jesus. Essa esperança é o evangelho eterno. Para quem teme a Deus e Lhe dá glória, o juízo é motivo de alegria.

Resumo da Lição 4 – O Deus da graça e do juízo


Texto-chave:
Eclesiastes 12:14


O aluno deverá...


Saber: Como os dois aspectos do caráter de Deus (misericórdia e justiça, exemplificados em Seus atos de graça e juízo) atuam em conjunto desde o Gênesis ao Apocalipse.


Sentir: A beleza, equilíbrio e grande poder do evangelho que elimina o pecado por meio do juízo e salva o cristão arrependido através da graça.
Fazer: Receber o dom da graça que nos liberta da condenação que, na ausência dessa dádiva, recairia sobre nós.


Esboço

I. Conhecer: A graça de Deus em ação


A. Nas histórias da entrada do pecado no paraíso e do Dilúvio, Deus ofereceu a libertação, embora condenasse os culpados.


B. Como a mensagem do terceiro anjo fala tanto da graça quanto do juízo?


II. Sentir: A beleza da misericórdia e justiça


A. O cristão deve se afastar dos extremos da graça barata e dos terrores de um juízo vingativo.


B. Por que o arco-íris um bom exemplo da beleza e do poder da misericórdia e da justiça atuando de mãos dadas?


III. Fazer: Graça oferecida ao condenado


A. Visto que todos pecaram e merecem a morte, qual é a nossa única esperança?

Como podemos obter a graça?


B. Que alegria podemos encontrar no juízo de Deus?


Resumo: O julgamento dos nossos pecados nos condena à morte. No entanto, se aceitarmos o sofrimento de Cristo em nosso favor, Deus nos dá a vida que Cristo merece. Essa substituição é a graça que nos livra da condenação e da morte.


Ciclo do aprendizado


Motivação


Conceito-chave para o crescimento espiritual: Por causa da entrada do pecado, Deus respondeu com o juízo e a graça. O juízo é necessário para que a justiça seja cumprida, mas para os que creem no sacrifício de Cristo em seu favor, a misericórdia oferece a graça que nos reconcilia com Deus.
Só para o professor: Compare e contraste a história das origens na Bíblia com a seguinte fábula introdutória, transmitida a partir de outra cultura.

História de abertura: "No princípio havia a escuridão. Nela vivia a morte, chamada Sa, com sua esposa e filha. Os três eram tudo o que existia.


"Não havia nenhum lugar em que pudessem viver confortavelmente, de modo que Sa começou a agir. Ele usou seu poder mágico, e fez um infinito mar de lama. Nesse lugar de lama, Sa edificou sua casa.


"Depois disso, o deus Alatangana veio visitar Sa. Ele encontrou a casa de Sa suja e escura. Alatangana pensou que Sa devia fazer algo melhor do que isso, e falou para Sa:


“Nada pode sobreviver em um lugar como esse”, o deus disse a Sa. “Esta casa precisa de reparos. Tudo está muito escuro."


"Então, Alatangana pensou que seria melhor assumir a responsabilidade por essa situação. Ele tornou sólida a lama. Nós a conhecemos agora como Terra. ‘A Terra se sente’, disse deus. ‘Farei plantas e animais para viver nela.’ Então ele fez" (Virginia Hamilton, In the Beginning: Creation Stories From Around the World [No Princípio: Histórias da Criação Originadas ao Redor do Mundo; San Diego: Harcourt Brace Jovanovich, Publishers, 1988, p. 15).


A história continua dizendo como o deus Alatangana finalmente fugiu com a filha de Sa sem a sua permissão, e teve uma grande família de filhos pretos e brancos. Sa puniu a família, fazendo com que todos os filhos falassem línguas diferentes, para que não entendessem uns aos outros. Além disso, Sa ocasionalmente levava um filho para a morte como oferta.


Pense nisto: Que aspectos do juízo são encontrados na história? Encontramos a graça na história? Quais são as diferenças essenciais entre essa história de origem Kono e a versão bíblica da criação? Quais são as bençãos de ter a Palavra de Deus como nosso livro de história sobre as origens?


Compreensão
Só para o professor: Use este momento para estudar a relação entre juízo e graça, indicando que Deus tem usado ambas para satisfazer a necessidade humana de justiça e misericórdia.


Comentário Bíblico


I. A origem do juízo e graça


(Recapitule com a classe
Gn 3.)


Houve consequências imediatas para a desobediência de Adão e Eva com relação à árvore do conhecimento do bem e do mal. Eles perceberam que estavam nus, e sentiram medo e culpa. As consequências foram uma forma de juízo, mas uma audiência ocorreu não muito tempo depois. Na viração do dia, Deus visitou Adão e Eva e, com uma série de perguntas, chegou à essência do que havia acontecido. Então, Deus convocou o juízo.


Embora Adão e Eva houvessem pecado, Satanás foi o primeiro a receber a sentença do juízo, uma sentença de morte, aniquilação eterna para aquele que havia originado e cometido pecado na Terra. Mas essa sentença de morte foi também uma promessa da destruição do mal através das vitórias da Semente da mulher. Grande parte dessa obra foi realizada, embora ainda estejamos à espera do completo cumprimento dessa promessa.


No entanto, essa não foi a origem da graça nem do juízo. Examine
Apocalipse 13:8; Efésios 1:4, 11, 12; Mateus 25:34. Deus tinha um plano preparado antes mesmo da criação e da queda; o juízo e a graça já estavam em operação. "O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo" (Ap 13:8) suportou as consequências do pecado e do juízo que deveriam ter caído sobre nós para que tivéssemos nosso nome escrito no livro da vida. É um plano de longo prazo, tão misterioso, complexo e profundo que até mesmo os anjos têm ficado maravilhados à medida que os diferentes eventos se desdobram.


Pense nisto: Faça uma lista das promessas e provisões para o povo de Deus que foram estabelecidas na fundação da Terra ou antes dela, como está descrito em
Apocalipse 13:8, Efésios 1:4, 11, 12, e Mateus 25:34. O que essas providências nos dizem sobre a natureza de Deus?


II. Juízo, graça, e catástrofe


(Recapitule com a classe Gn 6–8.)


O Dilúvio foi o resultado do juízo. No entanto, a graça na forma dos apelos feitos por Noé durante longo tempo e a preparação da arca precederam essa catástrofe. Quando Deus visitou a Terra novamente, para ver a torre de Babel, Ele trouxe juízo (veja
Gn 11:1-9). A história das origens oriunda do povo Kono, de Guiné, lembra um pouco esse episódio. A cidade de Babel foi fundada por homens que estavam determinados a agir de forma independente de Deus e, se não fossem reprimidos, teriam destruído a sensibilidade moral do mundo recém-criado. No entanto, Deus ouviu os justos da cidade que clamavam pela intervenção divina. Ele desceu para ver a cidade, e destruiu a torre.


"Usando de misericórdia para com o mundo, frustrou o propósito dos edificadores da torre, e transtornou o memorial de sua ousadia. Misericordiosamente confundiu suas línguas, acabando com seus propósitos de rebelião" (Ellen G. White,
Patriarcas e Profetas, p. 123).


Pense nisto: Examine a história de Jonas, buscando padrões semelhantes de juízo e misericórdia. Nesse caso, Deus ofereceu misericórdia à cidade, não executando a catástrofe prevista. Por quê?


III. A graça do Pai, o juízo do Pai


(Recapitule com a classe Ef 1–3.)


Quando vemos a maneira pela qual Deus enfrentou os horrores do pecado, vislumbramos uma imagem melhor de quem Ele é. Em
Efésios 1, enquanto Paulo explicava o papel do Pai no assunto da salvação, ele utilizou vários superlativos, na tentativa de descrever Sua bondade. É o Pai que nos abençoa com todas as bênçãos espirituais em Cristo. Paulo oferece "o louvor da Sua gloriosa graça" (v. 6, NVI). Ele fala das "riquezas da graça de Deus, a qual Ele derramou sobre nós" (v. 7, 8, NVI), as "riquezas da gloriosa herança dEle nos santos e a incomparável grandeza do Seu poder para conosco, os que cremos" (v. 18 , 19 NVI).


Continuando no
capítulo 2, Paulo se refere à "incomparável riqueza de Sua graça, demonstrada em Sua bondade para conosco em Cristo Jesus” (v. 7, NVI). No capítulo 3, Paulo se ajoelhou em oração ao Pai, pedindo que "segundo a riqueza da Sua glória” (v. 16) Ele envie o poder do Espírito, para que possamos entender a largura, comprimento, altura e profundidade do amor de Cristo e ser preenchido com a plenitude de Deus! Assim, o Pai é capaz de fazer "infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos" (v. 20, NVI). Ele gosta de nos abençoar. Ele derrama sobre nós Suas riquezas, poder e graça. Ele tem prazer em fazer tudo isso por nós, porque nos ama. Foi por nos amar que Ele enviou o maior de todos os dons, Seu Filho unigênito, para morrer por nós.


Todos os superlativos que possamos reunir não são suficientes para descrever a ternura, a compaixão e bondade do Pai, expressas nas riquezas da Sua graça para conosco e derramadas através do dom de Seu Filho Jesus. Ao conceder essa dádiva, Ele partiu o próprio coração, para que fôssemos salvos. O coração de Cristo também foi quebrantado. Para responder às justas exigências da perfeita e justa lei, que é a base do caráter de Deus e do Universo, foram necessárias consequências muito maiores do que poderíamos imaginar (e muito menos suportar). Foi necessário que o próprio Deus suportasse a consequência do pecado por nós. Foi a graça de Deus, e somente Sua graça, que pôde responder ao juízo de Deus, ocasionado pelos efeitos horríveis do pecado, e foram as riquezas de Sua graça, derramada sobre os que creem, que pode nos preencher com a plenitude do próprio Deus. O que podemos fazer, senão louvá-Lo e glorificá-Lo?


Pense nisto: Deus demonstrou misericórdia para com Cristo na cruz? Explique sua resposta.


Aplicação


Só para o professor: Comente esta pergunta para ajudar a classe a fazer uma aplicação pessoal da lição.

Aplicação pessoal


Se você é pai, que exemplos da sua experiência na educação dos filhos ilustra a importância das consequências e do julgamento justo, temperados com a graça? Você está em uma posição de autoridade em seu campo de trabalho, sendo responsável por supervisionar seus colegas de trabalho? Em qualquer uma dessas situações que têm exigido julgamento ou disciplina, você teve que suportar as consequências merecidas pelo filho ou colega de trabalho? Essa experiência de alguma forma está correlacionada com o que Cristo fez por nós na cruz, servindo para aprofundar nossa apreciação pelo Seu sacrifício?


Criatividade


Só para o professor: Sugira as seguintes ideias para fazer durante a semana:

1. Escreva um poema expressando alegria e louvor a Deus pela perfeição de Seus juízos e as bênçãos de Sua graça.


2. O arco-íris é um símbolo da mistura da justiça e misericórdia de Deus, e um arco-íris circunda Seu trono. Providencie uma obra de arte para a janela da sua cozinha que lembre esse aspecto do caráter de Deus.

Comentário Lição 4 - O Deus da graça e do juízo

Autor do comentário: Edilson Valiante

Introdução

Por natureza, possuímos muitas dificuldades para compreender a justiça divina e Deus como um Ser extremamente justo, em virtude de utilizarmos a justiça humana como paradigma.

Há justiça do ponto de vista do ser humano? Aqui no Brasil temos até o Ministério da Justiça. Fala-se muito em nossos dias sobre a idoneidade de juízes que não desejam que seus atos sejam auditados. O tema recorrente na boca de políticos é a justiça social. Isso tudo é justiça?

A justiça humana está baseada em leis. Sabemos que as leis, na maioria das vezes, são feitas para preservar os direitos da classe dominante. Nossas leis são falhas porque procedem da vontade humana e a vontade humana é falha. Sempre se ouve que “a justiça é só para os pobres!”

No sentido estrito da palavra, não temos justiça. O que temos é direito. Os juízes realmente não fazem justiça. O que fazem é julgar diante do direito, isto é, das leis estabelecidas. As sentenças promulgadas pela justiça humana têm por base as leis... e essas são defeituosas por natureza, quando não são “viciadas”.

Além do mais, normalmente nos consideramos pessoas justas. Por que teremos que enfrentar a justiça divina se somos bons por natureza?

Outra grande limitação para o entendimento da justiça divina é a caricatura construída pela tradição cristã do inferno e a doutrina da imortalidade da alma.

Deus seria justo ao punir alguém por toda a eternidade, num tormento infindável de tortura e fogo?

Qual seria o ponto de atração e convergência: o amor divino ou o pavor do inferno?

Considere o exemplo de Jonathan Edwards (1703-1758). Ele foi um dos mais importantes teólogos norte-americanos no período colonial inglês. Foi um dos mais destacados pregadores no grande avivamento do século 18 e presidente da Universidade de Princeton. A despeito de ter identificado as características do verdadeiro discipulado cristão, ele é mais conhecido por um sermão que costumava pregar, cujo título era: “Pecadores nas mãos de um Deus irado”. Conta-se que, quando Edwards “pintava” as cenas terríveis do inferno, as pessoas chegavam a se contorcer de dor. No momento do apelo, por temor do juízo divino, as pessoas aceitavam a Cristo como Salvador. Seria essa a forma correta de apresentar o juízo?

Como limitação à visão da justiça divina, ainda podemos acrescentar a falsa percepção da ira de Deus. Há relação entre a justiça de Deus e a Sua ira?

Precisamos distinguir a ira humana da divina. Nossa ira é decorrente de um estado emocional alterado enquanto a ira divina é a reação consciente da pureza e santidade de Deus.

A ira divina não é um ato de explosão sentimental, mas o resultado da perfeição de Seu caráter que não pode se coadunar como o pecado. Em outras palavras, a ira divina está em contraste direto com a presença do pecado.

A Teologia do Grande Conflito nos leva à compreensão mais clara do caráter santo de Deus e Sua reação “natural” ao pecado. Como poderíamos entender a existência de um Deus justo diante deste mundo injusto? Essa relação é estudada pelo ramo da teologia chamada Teodiceia. Na Bíblia, não existe dicotomia entre amor e justiça.

Juiz, juízo e julgamento na Bíblia

Como o texto da lição deixou evidente, os temas de juízo (julgamento) e graça (salvação) estão sempre entrelaçados e aparecem do Gênesis ao Apocalipse. Estão interligados porque ambos fazem parte do caráter de Deus: Ele é todo-misericordioso, isto é, Deus é essencialmente amoroso e justo.            A revelação de um Deus de graça e juízo é mais evidente no contexto do pecado. Se o pecado não existisse, teríamos a revelação do caráter todo-misericordioso de Deus? Claro que sim, pois a criação foi um ato de graça. Contudo, criação e redenção estabelecem definitivamente o binômio graça e juízo.

Como consequência, perdão (justificação e libertação) e condenação (castigo e punição) são os resultados decorrentes dessa misericórdia plena.

Assim, juízo e julgamento não são intrinsecamente negativos, como no caso da justiça humana. Só comparece diante do juiz aquele que foi indiciado ou está passível de ser condenado.

No Antigo Testamento, a palavra hebraica para juiz é sopet, e tem origem semântica naquele que pronuncia um oráculo ou que fala em lugar de Deus (Êx 18:13, 15, 16). Com o passar do tempo, a expressão passou a ter um significado mais amplo, como aquele que é apontado para decidir (determinar o veredito em favor ou contra) ou quando algum conselho é necessário.

Êxodo 23:6, 7 e Deuteronômio 16:19 deixam evidentes as responsabilidades dos anciãos escolhidos para julgar. As decisões deveriam ser imparciais, sem nenhuma forma de preconceito e sem a influência da opinião popular. No período dos juízes, a justiça era administrada por aquele em quem o povo manifestava confiança. O profeta Samuel chegou a organizar uma corte com o propósito de julgar (1Sm 7:16). Com o surgimento do Reino de Israel, uma das funções do rei era julgar (1Sm 8:20; 2Sm 15:1-6).

O juiz também recebe a conotação daquele que liberta, que salva (Jz 3:9; Is 19:20).

Além de desenvolver aspectos históricos da justiça humana, o Antigo Testamento estabelece nitidamente Deus como Juiz e como

Aquele que estabelece justiça (juízo). Justiça é um atributo divino (Dt 1:17; Sl 119:149).

Nações pagãs e o próprio Israel sofrem os juízos divinos (Ez 25:11; 5:10-15).

Indivíduos também recebem o juízo de Deus. Exemplos clássicos são os de Nadabe, Abiú e Uzá.

No Novo Testamento, a ideia de julgamento normalmente ocorre sob uma perspectiva ética. As expressões gregas mais comuns são as derivadas do verbo krino, “julgar”, “ser levado ao tribunal”. Esse verbo é usado tanto no sentido do juízo humano (Lc 19:22) como no divino (Jo 5:30, 1Co 5:13, Ap 6:10).

A palavra krisis é normalmente traduzida como juízo, castigo, condenação.

A expressão krima, “decisão” ou “sentença”, pode aparecer no sentido positivo (como em Ap 18:20) ou é mais comum no sentido negativo (2Pe 2:3).

O termo krites é traduzido como “juiz”, tanto para os seres humano (At 24:10) como para Deus/Cristo (Hb 12:23; Tig 4:12).

Justiça e Graça: dons inseparáveis

Desde o pecado de Adão e Eva, julgamento e salvação fazem parte do plano da graça divina. A descrição de Gênesis 3:9-19 é, evidentemente, uma cena de tribunal onde há o julgamento dos protagonistas no drama do pecado diante do Criador e Juiz.

Nesse julgamento são declaradas condenações aos seres humanos, à Terra, à serpente e a Satanás. Muitas dessas condenações não são apenas punições, mas há tanto um caráter corretivo (restaurar as relações que foram rompidas pelo pecado) como restritivo (proteção contra o crescimento do pecado), evidenciando que junto à condenação há também graça, salvação.

Gênesis 3:15, como o protoevangelho, expõe de forma absoluta a conexão entre justiça e graça.

A salvação é um ato sobrenatural de Deus. “Quando Satanás ouviu que existiria inimizade entre ele e a mulher, e entre sua semente e a semente dela, entendeu que sua obra de degenerar a natureza humana seria interrompida; que por algum meio o homem se habilitaria a resistir a seu poder” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 66). Essa é a “graça preveniente” (“que vem antes”) e que está à disposição de todo ser humano.

Há sempre um preço para a justiça! Há sempre um preço pago para que haja graça! Todos (Adão, Eva e Satanás) entenderam que o preço exigido pela justiça de Deus recairia sobre o próprio Deus. O plano da salvação faria com que Deus Se despojasse de Sua posição, tornando-Se ser humano, e indo até à morte de cruz (Fp 2:5-11).

Na experiência do Dilúvio, percebe-se que a maldade havia se multiplicado e que a violência e corrupção tornaram-se generalizadas. Deus enviou um juízo sem precedentes para demonstrar paradigmaticamente o desfecho do juízo final (a destruição diluviana é um tipo da destruição final – o Dia do Juízo). Contudo, antes de executar o juízo, Deus concedeu um tempo de graça que durou 120 anos.

Estabeleceu-se aqui um padrão que poderá ser notado em todo contexto bíblico: há o pecado, então, o anúncio de juízo, a graça salvadora e, finalmente, o juízo (castigo ou salvação).

O juízo diluviano tem natureza retributiva – o castigo merecido pelo pecado.

O juízo diluviano tem caráter restritivo – o pecado deve ser mantido sob controle.

O juízo diluviano revela a misericórdia ao salvar os que se arrependem. Há um meio de escape para o fiel: a graça presente na arca.

Esse escape nunca se dá por merecimento nem por obras da lei. A graça sempre é imerecida e mediada pela fé – Efésios 2:8 deixa isso claro. Perdão ou justificação só advém por meio do compromisso de fé (pacto, concerto) entre o ser humano e Deus.

Sacrifícios e o Santuário. Os sacrifícios patriarcais e todo o sistema levítico tinham como finalidade demonstrar essa relação sinergética entre juízo e graça, entre condenação e perdão.

O pecador arrependido, mesmo longe de Jerusalém, obtinha perdão ao aceitar, pela fé, o sacrifício contínuo realizado no templo.

O arrependido recebia perdão ao levar para o templo uma ovelha e confessar sobre sua cabeça os pecados, pelo menos uma vez ao ano. Quando o sangue do animal era apresentado no interior do santuário, granjeava novamente perdão ao crente.

Durante todo o ano, a ideia de que pecado exige juízo e que a graça oferece perdão estava presente em todos os sacrifícios.

Contudo, uma vez ao ano havia o dia do juízo por excelência – o Dia da Expiação (Lv 23:29). Todos os detalhes do Dia da Expiação apontavam para a realidade do juízo final.

O evangelho e o estabelecimento do Reino de Deus pregado por Jesus também expõem a conexão entre juízo e graça.

Muitas das parábolas de Jesus deixam isso evidente: A parábola da rede (Mt 13:47-50); a parábola do trigo e do joio (Mt 13:24-30); a parábola das vestes nupciais (Mt 22:1-14); a parábola das virgens (Mt 25:1-13) e a parábola dos cabritos e das ovelhas (Mt 22:31-46).

Jesus deixa inequívoca a relação entre graça e juízo presente no evangelho.

O juiz é o próprio Cristo, pois o Pai Lhe concedeu esse direito (Jo 5:22). Em outras palavras, o juízo é uma ação trinitariana.

Atos 10:42 afirma que temos que testemunhar e pregar que Deus constituiu Cristo como Juiz dos vivos e dos mortos.

Quando criticamos alguém, pecamos e nos colocamos no lugar de Jesus ao declaramos juízo. E Cristo foi feito nosso juiz. O Pai não é o juiz. Tampouco, os anjos. Aquele que Se revestiu da humanidade e viveu vida perfeita neste mundo, será quem nos há de julgar. Só Ele pode ser nosso Juiz. Vocês se lembrarão disto, irmãos? Pastores, vocês se lembrarão disto? E vocês, pais e mães, também se lembrarão disto? Cristo assumiu a humanidade para poder ser nosso Juiz. Nenhum de nós foi designado para julgar a outrem. Tudo o que podemos fazer é corrigir-nos a nós mesmos. Exorto vocês, em nome de Cristo, a obedecer à ordem que nos dá, de nunca assumir a atitude de juízes. Dia a dia me tem soado aos ouvidos esta mensagem: ‘Desçam do assento de juiz! Desçam com humildade!’” (Ellen G. White,Testemunhos Seletos, v. 3, p. 383).

O critério do juízo é a aceitação de Cristo pela fé. O julgamento é esse: Quem crer em Jesus não é condenado e quem não crer já está condenado (Jo 3:18-19).

Jesus é o Juiz, é o critério do juízo e é também nosso advogado, o Justo (1Jo 2:1).

Como poderá alguém se perder, ou deixar de receber o perdão diante de tanta graça?

A cruz é o ápice da demonstração de um Deus que é totalmente justiça e totalmente graça (ver comentário da lição anterior). “O amor de Deus tem-se expressado tanto em Sua justiça como em Sua misericórdia. A justiça é o fundamento de Seu trono, e o fruto de Seu amor. Era o desígnio de Satanás divorciar a misericórdia da verdade e da justiça. Buscou provar que a justiça da lei divina é um inimigo da paz. Mas Cristo mostrou que, no plano divino, elas estão indissoluvelmente unidas; uma não pode existir sem a outra. ‘A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram.’ Por Sua vida e morte, Cristo provou que a justiça divina não destrói a misericórdia, mas que o pecado pode ser perdoado e que a lei é justa, sendo perfeitamente possível prestar-lhe obediência. As acusações de Satanás foram refutadas. Deus dera ao homem inequívoca prova de amor” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 733).

A doutrina da justificação determina o caráter do cristianismo como a religião de justiça e de graça. Ela define a significância de Cristo em Sua encarnação, ministério, morte, ressurreição, ministração no santuário e advento.

Paulo é o grande articulador dessa verdade, especialmente nas cartas aos Romanos e aos Gálatas.

A justiça de Deus exige condenação e punição pelo pecado, mas a graça está pronta a aceitar o pecador e conceder-lhe perdão.

Pela fé na provisão de Deus para o pecador, o ser humano é declarado justo. Ele nunca é justo em essência, mas é considerado como sendo justo. O termo teológico é justificação ou perdão.

A justificação pela fé em Cristo não apenas é uma declaração de que o pecador passa a ser considerado justo, mas é a concessão de poder para que este viva uma vida de justo. Justificação é mais que um ato forense: é perdão e promoção (1Jo 1:9). É livramento do pecado e do poder do pecado. Assim, justificação não é apenas justiça imputada, mas também é justiça comunicada. “O perdão de Deus não é meramente um ato judicial pelo qual Ele nos livra da condenação. É não somente perdão pelo pecado, mas livramento do pecado.

É o transbordamento de amor redentor que transforma o coração” (Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo, p. 114).

O juízo final é uma verdade já estabelecida pelo Antigo Testamento (Jl 1:15, Is 2:6-22; Is 1:24-27; Dn 12:1-3). Contudo, o Novo Testamento estabelece o contexto do juízo final.

Todos comparecerão perante o tribunal de Deus (2Co 5:10).

Estamos vivendo no tempo do fim desde a morte, ressurreição e ascensão de Jesus (At 2:17).

Há uma hora definida por Deus para a execução do juízo (Mt 24:36; At 17:37-51; 24:25; Ap 14:6-7).

O juízo é o “dia” escatológico – o Dia do Senhor (2Pe 3:9-13; 2Ts 2:1-12).

O juízo final se constitui em três fases:

Juízo pré-advento (investigativo ou vindicativo). Como o nome já determina, é o juízo que ocorre antes da volta de Jesus. Os livros de

Daniel e Apocalipse descrevem com clareza aspectos dessa fase (ver Nisto Cremos).

De acordo com Daniel, ele teria início 2.300 anos após a ordem para reconstruir Jerusalém, isto é, 22 de outubro de 1844 (após os 1.260 anos de supremacia da ponta pequena). Assim, de acordo com Apocalipse 14:7, estamos vivendo no tempo desse juízo e ainda sob o tempo de graça. Por isso o evangelho eterno deve ser anunciado.

O aspecto primordial desse juízo não está na condenação, mas na vindicação do caráter dos justos, isto é, os que viveram pela fé (Dn 7:21-22). De acordo com 1 Pedro 4:17, o juízo se inicia pela casa de Deus, pelos filhos de Deus. “O justo vive pela fé” (Rm 1:17). É desse juízo que Jesus fala a Nicodemos em João 3. Em Daniel 7:22, eles são chamados de “santos do Altíssimo”, os que têm os nomes escritos no Livro da Vida.

Como consequência óbvia de um juízo para salvação, os que não estão sob o critério da fé estão condenados. Isso inclui pessoas e instituições. Enquanto a Igreja Remanescente é salva, a Ponta Pequena é condenada.

Há extrema conexão entre o juízo e o ministério intercessor de Cristo no santuário celestial. Em 22 de outubro de 1844, Jesus passou do lugar Santo para o Santíssimo (lugar para juízo por excelência).

O fim desse juízo se dará quando Jesus declarar “Está feito!” É o fim do tempo de graça. Após esse evento, a vinda de Cristo e a ressurreição serão iminentes.

Juízo milenial pós-advento:

Esse juízo se dará durante o milênio quando o restante da humanidade será julgado – os ímpios.

O critério do julgamento não é mais pela fé, mas por aquilo que fizeram ou deixaram de fazer. Assim, esse juízo tem por base a lei e as obras (Rm 2:12-16; Ap 20:13).

O propósito desse juízo é confirmar o merecido castigo que cada um receberá. Contudo, há também o propósito cósmico, pelo qual os “santos do Altíssimo” confirmarão as decisões de Deus e verificarão porque os nomes dos ímpios não foram colocados no Livro da Vida (Ap 20:11-15).

O caráter de Deus será vindicado quando se verificar que os salvos e perdidos assim o foram como resultado de Seu amor, justiça e retidão.

Juízo executivo:

Essa é a fase final e universal do juízo. Aqui não são apenas os ímpios finalmente eliminados, mas também Satanás e seus anjos. É a erradicação final do pecado no “lago de fogo e enxofre” (Ap 20:10).

O juízo executivo ocorrerá depois de se completarem os mil anos de Apocalipse 20.

Crenças fundamentais:

Crença fundamental nº 10: “Em Seu infinito amor e misericórdia, Deus fez com que Cristo, que não conheceu pecado, Se tornasse pecado por nós, para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus...”

Crença fundamental nº 24: “... Em 1844, no fim do período profético dos 2.300 dias, Ele [Cristo] iniciou a segunda e última etapa de Seu ministério expiatório. É uma obra de juízo investigativo, a qual faz parte da eliminação final de todo pecado... O juízo investigativo revela aos seres celestiais quem dentre os mortos dorme em Cristo, sendo, portanto, nEle, considerado digno de ter parte na primeira ressurreição... Este julgamento vindica a justiça de Deus em salvar os que creem em Jesus...”

Crença fundamental nº 27: “O milênio é o reinado de mil anos de Cristo com Seus santos no Céu, entre a primeira e a segunda ressurreições. Durante esse tempo, serão julgados os ímpios mortos...”

Para Leitura Adicional:

Nisto Cremos, CASA.

Tratado de Teologia Adventista, CASA.

Comentários de Ellen G. White sobre a Lição da Escola Sabatina dos Adultos, CASA.

 

Enviado por LicoesdaBiblia em 23/01/2012 "Pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mau" Eclesiastes 12:14. Com a participação de José Wilson, pastor Presidente da ABaC (Associação Bahia Central), e de Daniel Weber, pastor Presidente da ABS (Associação Bahia Sul) http://novotempo.com/licoesdabiblia

 

Fontes:

Casa Publicadora Brasileira ( http://www.cpb.com.br/ )

Novo Tempo Lições da Bíblia ( http://novotempo.com/licoesdabiblia/ )

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