sexta-feira, 18 de maio de 2012

Escola Sabatina: Vislumbres do nosso Deus – Lição 6 Deus, o legislador

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Lição 6 de 4 a 11 de fevereiro

Deus, o legislador

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Sábado à tarde

Ano Bíblico: Lv 11, 12

VERSO PARA MEMORIZAR: “Porque o Senhor é o nosso Juiz, o Senhor é o nosso Legislador, o Senhor é o nosso Rei; Ele nos salvará”(Is 33:22).


Leituras da semana:
Hb 12:21; Rm 7:8-13; Jó 24:14, 15; Êx 16:4-30; Hb 8:10; 10:16; Rm 13:8-10

Pensamento-chave: A lei de Deus é uma parte inseparável de toda a Bíblia, Antigo e Novo Testamentos. É também uma expressão do Seu amor. E assim, quando amamos, revelamos a plenitude e beleza da lei de Deus.

Como adventistas do sétimo dia, muitas vezes ouvimos a ideia de que a lei é uma cópia do caráter de Deus (sendo assim, visto que Deus não muda, a lei, que revela Seu caráter, também não deve mudar). O que, porém, significa essa ideia de que a lei é uma expressão do caráter de Deus?


Suponha que você vivesse em uma terra com um rei cuja palavra fosse lei (um rei francês disse uma famosa frase: “O Estado sou eu”). Agora, suponha que o rei decretasse leis repressivas, perversas, detestáveis, injustas, discriminatórias, e assim por diante. Essas leis não seriam uma boa representação do tipo de pessoa que o rei era? Elas não revelariam seu caráter?


Pense em alguns dos piores déspotas da história. As leis que eles estabeleceram revelam o tipo de pessoas que eram? Nesse sentido, a lei revela o caráter do legislador. O que a lei de Deus revela sobre Ele? Quando entendemos a lei de Deus como uma salvaguarda, uma proteção, algo criado para nosso bem, compreendemos mais acerca de como é Deus.


Nesta semana estudaremos a lei e, por meio dela, o Legislador.

Domingo

Ano Bíblico: Lv 13, 14


A lei no Sinai

1. Por que a promulgação da lei no Monte Sinai foi tão terrível? Êx 19:18, 19; 20:18, Dt 5:22; Hb 12:21

Opovo de Israel estava dominado pelo pavor. O terrível poder da fala de Deus parecia tal que seus trêmulos corações não poderiam suportar. Pois, ao ser apresentada diante deles a grande regra de justiça de Deus, compenetraram-se, como nunca antes, do caráter ofensivo do pecado, e de sua própria culpabilidade à vista do Deus santo. Recuaram da montanha com medo e espanto” (Ellen G. White,Patriarcas e Profetas, p. 309, 310).


Há algo muito poderoso na citação de Ellen G. White acima. Quando a lei foi apresentada, o povo percebeu, “como nunca antes”, a grande perversidade do pecado e sua própria culpa aos olhos de Deus.


Assim, desde o início do relacionamento de aliança de Israel com Deus, podemos ver na lei uma revelação do evangelho. A lei nunca foi destinada para ser um meio de salvação, nem mesmo no Sinai. Ao contrário, ela devia mostrar ao povo sua necessidade de salvação. Foi logo após a promulgação da lei que os israelitas receberam a instrução para construir o santuário, o qual revelava a eles o plano da salvação. A lei devia conduzir as pessoas para a cruz, para sua necessidade de expiação e redenção. Não é de admirar, então, que eles tremessem diante da lei, porque ela lhes mostrava exatamente o quanto eles eram pecadores e degenerados.

2. Qual é o papel da lei em nossa consciência de pecado? A lei produz pecado? Rm 7:8-13; Sl 119:6

Em certo sentido, Paulo diz aqui o que Ellen White disse que aconteceu no Sinai. O problema não estava com a lei de Deus, mas com os pecadores que transgrediam a lei, como todos temos feito. Paulo mostra como a lei está inseparavelmente ligada ao evangelho, e que a lei é o que nos mostra quanto somos pecadores e corrompidos.

Leia Êxodo 20:1-17. Você treme diante da lei? Você se sente culpado diante da lei? Quais são as suas emoções enquanto lê a lei e se compara com ela?

Segunda

Ano Bíblico: Lv 15, 16

A lei antes do Sinai

Como todo adventista do sétimo dia sabe, quando falamos sobre a lei, os Dez Mandamentos, e o Sinai, ouvimos o refrão de que os Dez Mandamentos foram primeiramente dados aos judeus no Sinai, e por essa razão, são uma instituição judaica, ou do Antigo Testamento, não aplicável aos nossos dias.


Certamente existem inúmeros problemas com essa teologia, o maior deles sendo que, se ela fosse verdadeira, como poderia ter havido pecado antes do Sinai, “porque o pecado é a transgressão da lei” (
1Jo 3:4)? A verdade é que o livro de Gênesis dá um testemunho incrível da existência da lei de Deus muito antes do Sinai.


Gênesis 1 e 2 descreve a criação perfeita de Deus. Gênesis 3 relata a queda de Adão e Eva. Em Gênesis 4 temos o primeiro assassinato. Como Caim saberia que era culpado pelo assassinato de seu irmão se não houvesse a lei para definir o assassinato como pecado?


Muito antes do Sinai, Deus condenou especificamente o assassinato, na aliança que estabeleceu com Noé após o dilúvio (
Gn 9:6).


Em Jó, o mais antigo livro da Bíblia, encontramos Deus elogiando por duas vezes a justiça de Jó. O que Ele declarou acerca do caráter de Jó? (
Jó 1:8; 2:3). Obviamente, estava em vigor um padrão do que era certo e errado. Jó viveu muito antes do Êxodo, e ele nem mesmo era da linhagem da aliança.

3. O que Jó incluiu em seu padrão acerca do que é certo e errado? Jó 24:14, 15

Quando Abraão mentiu a Abimeleque acerca de Sara, foi repreendido por sua falsidade. E embora Abimeleque fosse o rei de Gerar, e não de linhagem israelita, Deus o manteve no mesmo padrão de pureza matrimonial encontrado no Decálogo e exigiu que Sara fosse devolvida a Abraão (Gn 20:9).

4. Que testemunho especial Deus deu a Isaque sobre Abraão, seu pai? Gn 26:4, 5

O que é fascinante em Gênesis 26:5 é que o hebraico usa quatro palavras diferentes, mshmrt, mzvot, huqot e torot (de Torá, “a lei”) para descrever as leis que Abraão obedeceu. Certamente os Dez Mandamentos estavam incluídos nessas palavras.


Por ordem divina, Jacó retornou a Betel para construir um altar ao Senhor. O patriarca sentiu necessidade de reavivamento em sua casa. O que ele pediu que sua família fizesse? (
Gn 35:2, 3.)

Claramente, a ideia de que não havia nenhuma lei antes do Sinai não tem sentido, à luz das muitas coisas que a Bíblia ensina sobre a vida antes do Sinai.

Terça

Ano Bíblico: Lv 17–19


O sábado antes do Sinai

Deus não revela como Ele comunicou os princípios eternos de Sua lei para a humanidade antes do Monte Sinai, mas há evidência clara e substancial de que a promulgação da lei no Sinai não foi a primeira exposição de Seus preceitos ao mundo.


Forçados a reconhecer esse ponto, muitos argumentam que apenas o mandamento do sábado, e não os outros, foi dado pela primeira vez no Sinai e, portanto, é exclusivamente judaico e não pertence aos cristãos hoje. Essa afirmação é correta?

5. O que a Bíblia ensina sobre o sábado antes do Sinai? Gn 2:1-3

Em Êxodo 5:1-5, a Bíblia apresenta Moisés e Arão lutando com Faraó para que este deixasse Israel partir. O verso 5 é especialmente revelador.

6. Que indicação existe acerca do sábado nesse episódio? Êx 5:5

A resposta de Faraó: “Vós os fazeis descansar das suas cargas” (Tradução Brasileira), parece bastante clara. Na língua original está ainda mais contundente. Embora existam várias palavras para descanso, o verbo que Faraó usou é formado a partir da palavra para “sábado”. A linguagem impressionante de Faraó a Moisés e Arão pode ser lida assim: “Vocês fazem com que eles repousem de seu trabalho no sábado!”, o que é pelo menos uma sugestão da realidade do descanso sabático antes do Sinai.


No entanto, uma prova concreta do sábado antes do Sinai aparece em
Êxodo 16, quando Deus milagrosamente proveu o maná para Israel no deserto. Este milagre de 40 anos começou antes que os filhos de Israel chegassem ao Monte Sinai.

7. Qual é a prova da existência do sábado do sétimo dia antes da experiência do Monte Sinai? Êx 16:4-30 (especialmente osversos 23-30)

Observe as palavras do Senhor a Moisés no verso 28: “Até quando vocês se recusarão a obedecer aos Meus mandamentos e às Minhas instruções?” (NVI). Elas são uma indicação clara de que as leis e os mandamentos de Deus existiam antes da revelação no Sinai, e de que entre esses mandamentos e leis estava o sábado. Assim, embora algo monumental tenha acontecido na promulgação da lei no Monte Sinai, obviamente os Dez Mandamentos não eram novos.

Como é sua experiência com o sábado? Você ama o sábado, sente medo dele, ou tem uma mistura de sentimentos a respeito do assunto? O que você pode fazer para ter com o Senhor uma experiência mais profunda e rica por meio da dádiva do sábado?

Quarta

Ano Bíblico: Lv 20–22


A lei e os profetas

Quase nenhuma controvérsia existe sobre a vigência da lei no período posterior ao Sinai. Os escritos do Antigo Testamento estão repletos de referências à lei. Se bem que, muitas vezes, essas referências tratassem da transgressão da lei e das punições posteriores que vinham a Israel, outros textos revelam o grande amor e reverência que muitos em Israel tinham pela lei, que incluía não apenas os Dez Mandamentos, mas todas as regras e preceitos que o Senhor havia dado ao Seu povo.

8. De que forma o Antigo Testamento exalta a lei? Que atitudes são reveladas?


Is 48:17, 18


Sl 119:69-72


Sl 119:97-103


Jr 31:33

Ao contrário da crença popular, embora Israel devesse amar a lei, os que compreendiam a função da lei nunca a viam como um meio de salvação. A religião hebraica sempre foi voltada para a graça, ainda que o povo fosse de um extremo a outro: do desprezo da lei de forma aberta e ostensiva, como no período do primeiro templo, ao legalismo extremo, como pode ser visto tão claramente no tempo de Jesus.


Apesar disso, por que tal amor pela lei? Mais uma vez, considerando que a palavra lei abrange não apenas os Dez Mandamentos, mas todo o corpo de ensinamentos do Antigo Testamento, especialmente os primeiros cinco livros de Moisés, entendemos que o que eles amavam era a mensagem da salvação, da graça e da redenção. Eles amavam a “verdade”, como foi revelada a eles, conforme sua melhor compreensão dela. Não era apenas amor às regras, mas amor a um conjunto de orientações e princípios que, se cumpridos, teriam aberto o caminho para muitas bênçãos e promessas, porque tudo o que Deus lhes tinha dado era para seu próprio benefício e felicidade.
Existe alguma diferença hoje?

Pense em tudo o que o Senhor deu à nossa igreja. Como podemos seguir de maneira mais completa a luz maravilhosa com a qual fomos abençoados?

Quinta

Ano Bíblico: Lv 23–25


A lei na nova aliança

Desde o início, os princípios dos Dez Mandamentos foram dados à humanidade por causa do amor de Deus pelas pessoas. A lei sempre foi destinada a ser uma bênção. Pela obediência à lei, você é protegido da ruína do pecado. Pela desobediência, você enfrenta as consequências inevitáveis da transgressão. Quem precisa de teologia para saber, pessoalmente, quão doloroso é o pecado e suas consequências? Quantas vezes você pode ler os resultados do pecado nos rostos dos que foram devastados por ele?


Embora seções do Novo Testamento, especificamente os escritos de Paulo, lidem com os que não entenderam corretamente o propósito da lei, os mandamentos de Deus foram apresentados no Novo Testamento de forma positiva e edificante.

9. Como a lei de Deus é apresentada em Hebreus? Como algo ainda relevante, ou como algo anulado pela graça? Hb 8:10;10:16 (leia o contexto dos versos)

Muitas vezes, vemos pessoas que buscam colocar a lei em oposição ao amor de Deus ou à Sua graça, com a ideia de que, se você realmente ama, a lei de Deus é anulada. Podemos argumentar que o amor transcende à lei, no sentido de que aquele que ama verdadeiramente a Deus e aos outros revela os princípios essenciais da lei. Mas isso não é desculpa para invalidar a lei. Ao contrário, o amor cumpre a lei, o amor é a lei expressa em sua maneira mais pura.


É como as peças de um carro. As peças não existem como fins em si mesmas; elas estão ali para que o carro vá de um lugar para outro. Essa é a sua finalidade, de modo que o carro possa se mover. No entanto, sem cada peça, o carro não funcionaria. A lei é assim: não é um fim em si mesma, porém um meio para um fim, e esse fim é uma expressão profunda de amor a Deus e ao próximo.

10. Qual é a ligação entre o amor e a lei? Rm 13:8-10; Gl 5:14; Tg 2:8; 1Jo 5:2, 3

Pense mais sobre a relação entre a lei de Deus e o amor. A observância da lei sem amor leva a quê? Amor sem obediência à lei leva a quê? Escreva suas respostas e leve para a classe.

Sexta

Ano Bíblico: Lv 26, 27


Estudo adicional

Os dez santos preceitos proferidos por Cristo no Monte Sinai foram a revelação do caráter de Deus, e deram a conhecer ao mundo que Ele exerce jurisdição sobre toda a herança humana. Essa lei dos dez preceitos do máximo amor que se pode apresentar ao homem é a voz de Deus falando do Céu às pessoas, em promessa: ‘Façam isto, e não ficarão sob o domínio e controle de Satanás.’ Não há uma negativa nessa lei, embora assim pareça. É fazer, e viver. ... O Senhor deu Seus santos mandamentos para serem um muro de proteção em torno dos seres de Sua criação” (Ellen G. White, Filhos e Filhas de Deus, p. 53).


“... Na verdade, não possuímos capacidade para nos livrar do poder de Satanás, mas quando desejamos ser libertos do pecado e, em nossa grande necessidade, clamamos por um poder fora de nós e a nós superior, as faculdades do ser são revestidas da divina energia do Espírito Santo, e obedecem aos ditames da vontade em cumprir o querer de Deus.


“A condição única em que é possível a liberdade do homem é ele se tornar um com Cristo. ‘A verdade vos libertará’ (
Jo 8:32); e Cristo é a verdade... A sujeição a Deus é restauração do próprio ser – à verdadeira glória e dignidade do homem.


A lei divina, à qual somos postos em sujeição, é a ‘lei da liberdade’” (
Tg 2:12; Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 466).

Perguntas para reflexão


1. O que significa a guarda da lei sem amor? Como isso se manifesta? Ao mesmo tempo, o que significa o amor sem a guarda da lei? Que tipo de amor é esse? Isso é amor, de fato? Por que as duas coisas precisam estar ligadas?

2. Que exemplos podemos encontrar no mundo, e ao nosso redor, do que acontece quando as pessoas transgridem a lei de Deus? Que testemunho poderoso esses exemplos dão acerca do valor e da contínua validade dessa lei?

Resumo: A lei de Deus é uma expressão do Seu amor, e quando amamos como Deus nos ama, realmente revelamos a lei em toda a sua beleza e poder.

Respostas sugestivas: 1: Porque o povo precisava entender a grande perversidade do pecado; o fogo divino destrói o pecado, mas a graça salva o pecador. 2: A lei não produz pecado, porque é santa, justa e boa, mas revela o pecado no coração; ela nos faz sentir necessidade de salvação. 3: Os mandamentos que proíbem matar, furtar, adulterar, etc. 4: Abraão obedeceu a Palavra do Senhor e guardou Seus preceitos, mandamentos, decretos e leis. 5: Deus descansou no sétimo dia, e também abençoou e santificou o sábado, como sinal da relação entre criatura e Criador. 6: Os líderes faziam o povo “parar de trabalhar” (“abandonar as suas cargas”; “se distrair de suas tarefas”, ou “descansar”). 7: O maná era dado em dobro na sexta-feira; no sábado não era concedido; essa porção adicional não estragava, porque recebia a bênção da santificação do sábado. 8: Mostra que a lei vale mais que ouro e prata; traz paz, justiça e prazer; devia ser escrita no coração; as aflições ensinam a respeito dos decretos de Deus; atitude de amor, reflexão e reconhecimento; sentimento de segurança pela instrução da lei. 9: A lei é tão importante que Deus a escreverá no coração de Seu povo; Israel manteve a lei apenas no seu exterior. 10: Amar significa cumprir a lei, porque a essência da lei é fazer o bem aos outros, e o amor não faz o mal aos outros.

Resumo da Lição 6 – Deus, o legislador


Texto-chave:
Isaías 33:22


O aluno deverá...


Saber: Descrever o caráter imutável de Deus, como revelado em Sua lei.
Sentir: Empatia com os sentimentos de Moisés e do povo de Israel enquanto Deus proclamava Sua lei do Monte Sinai.


Fazer: Aceitar a instrução da lei, quando ela ensina acerca da nossa necessidade de um Salvador, e nos alegrarmos na lei, uma vez que ela nos protege e nos liberta para que estejamos verdadeiramente em Cristo.


Esboço

I. Saber: A imagem do caráter de Deus


A. As declarações aparentemente negativas de alguns dos Dez Mandamentos realmente são exemplos muito positivos de quem é Deus e como Ele nos criou para que pudéssemos atuar em nosso mais pleno potencial.


B. O que podemos aprender sobre o caráter de Deus a partir das leis naturais que regem o Universo?


C. Qual é a evidência de que a lei de Deus era conhecida e estava em vigor antes de Monte Sinai?

II. Sentir: A importância do temor


A. Por que era importante que Deus apresentasse Sua lei no Monte Sinai com uma demonstração de poder tão grande que inspirasse temor e reverência?


B. O temor saudável para com a lei nos conduz ao Salvador.

III. Fazer: Alegria na lei


Que aspectos da lei produzem em seu coração um sentimento de alegria, louvor e amor para com o Legislador, e como você pode partilhar essa alegria?

Resumo: Visto que a lei descreve como Deus vive e como Ele pretende que vivamos, podemos concluir que, quando deixamos que Ele escreva essas leis em nosso coração, estamos livres para viver com alegria, de maneira mais semelhante à nossa própria essência.

Ciclo do aprendizado


Motivação


Conceito-chave para o crescimento espiritual: A lei de Deus, conforme resumida nos Dez Mandamentos e os ensinamentos específicos de Jesus oferecem direção e propósito para nossa vida, bem como visão profunda sobre a natureza de Deus.
Só para o professor: Obtenha uma cópia das regras oficiais de um ou mais esportes populares na sua região ou entre os membros da classe. É possível obter as regras na internet. Para futebol, por exemplo, as regras podem ser encontradas em www.fifa.com/worldfootball/lawsofthegame.html, ou talvez obtidas a partir de um clube ou associação desportiva local. Familiarize-se com essas regras e, se você tiver a oportunidade, talvez pesquise onde e quando essas regras foram desenvolvidas e como elas mudaram com o tempo. Faça cópias das regras para que os alunos possam examinar, ou projete numa tela. Na discussão descrita abaixo, ao conversar sobre as regras esportivas, mantenha um espírito alegre. Tente assegurar-se de que os alunos não sejam demasiadamente distraídos pela metáfora esportiva. Evite a precipitação ao mover a discussão das regras esportivas para a lei de Deus e seu propósito de nos levar a viver da maneira que Deus deseja.

Atividade de abertura: Se possível, distribua ou apresente na tela as cópias das regras de um esporte. Peça que os alunos reflitam sobre a complexidade ou simplicidade das regras que foram delineadas. Peça aos alunos que sugiram alterações às regras e pergunte, se for o caso, o que essas regras mostram sobre o tempo e o lugar em que foram elaboradas. Em seguida, peça que imaginem como o jogo poderia mudar se todas ou a maior parte das regras fossem removidas. O jogo seria possível sem regras? De que forma essas regras são semelhantes à lei de Deus? Quais são as diferenças? Como as regras beneficiam o jogo? Como as leis de Deus beneficiam nossa vida?


Compreensão


Só para o professor: Esta seção oferece a oportunidade de considerar o papel da lei divina no desenvolvimento do relacionamento entre Deus e a humanidade.


Comentário Bíblico


I. Introduções à lei de Deus


(Recapitule com a classe
Gn 4:3-16; 9:5, 6; 26:4, 5; 35:2, 3; Êx 16:23-30; Jó 24:14, 15.)


Muitas pessoas, com intenção de escrever uma introdução ao cristianismo, têm procurado relacioná-lo com algo natural no ser humano, o senso do que é certo ou errado, justo ou injusto. Por exemplo, no livro Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples], um clássico do século 20, C. S. Lewis descreve uma espécie de lei natural que governa as ações humanas em quase todas as sociedades e parece inata a todos nós até certo ponto. Observando as mais simples interações humanas, ele argumenta: "Somos forçados a acreditar na realidade do certo e do errado" (Londres, Fount Paperbacks, 1977, p. 18). E parece que as coisas sempre foram assim. Temos poucas informações sobre o que os primeiros seguidores de Deus aprenderam acerca da lei de Deus e da realidade do certo e do errado. Mas a partir do primeiro pecado surgiu um senso de culpa que deve ter sido uma das formas pelas quais Deus mostrou aos primeiros seres humanos sua condição de abatimento e necessidade de um novo relacionamento com Ele.


Pense nisto: Você acha que os seres humanos têm um senso natural do certo e do errado?

II. Recebendo a lei


(Recapitule com a classe
Êx 19:16-25; 20:18-21.)


Imagine que você está entre os israelitas, acampados junto ao Monte Sinai. Você presenciou as pragas no Egito, a fuga miraculosa e a travessia do Mar Vermelho. Agora você come maná todos os dias. Você viu Deus agindo em favor de Seu povo. Mas agora Deus diz que você deve se preparar para encontrá-Lo no monte. A terra treme. Você vê, ouve e sente a presença de Deus. Você está com medo e, de alguma forma, também impressionado. Como isso poderia mudar sua compreensão de Deus?


Pense nisto: Por que você acha que Deus apareceu para os israelitas daquela forma, naquela ocasião? De que maneira você acha que Deus prefere Se apresentar ao longo das histórias bíblicas, visto que Ele, às vezes, Se revela de maneiras tão diferentes? Por que muitas vezes percebemos Sua presença física, e às vezes, ouvimos uma voz mansa e suave? Por que O contemplamos na figura de um humilde bebê e em outro momento na glória de um rei vitorioso?

III. Jesus confirma, cumpre, e expande a lei


(Recapitule com a classe
Mt 5:17-30, 33-48; 7:12.)


Jesus disse: “Não pensem que vim abolir a lei ou os profetas; não vim abolir, mas cumprir” (Mt 5:17, NVI). Em Seus ensinos Ele procurava tanto confirmar quanto ampliar a compreensão dos ouvintes sobre a lei de Deus. Os exemplos específicos acima, extraídos do Sermão da Montanha, demonstram Sua abordagem para com a lei de Deus. De maneira firme, Ele enfatizava que a melhor maneira de viver no reino de Deus incluía uma profunda compreensão e comprometimento em relação à lei de Deus.


Pense nisto: Como sua compreensão do que Jesus viveu e ensinou o ajudam a entender a lei de Deus? Como as explicações mais amplas de Jesus sobre alguns dos mandamentos afetam sua compreensão do que eles significam para você?


IV. Escritos por Deus


(Recapitule com a classe
Êx 32:15, 16; Jo 8:6; Hb 8:10; 10:16.)


Embora a Bíblia seja uma obra de literatura, há apenas alguns exemplos do próprio Deus escrevendo. A aliança, tradicionalmente considerada como os Dez Mandamentos, é um desses raros exemplos. Deus criou um ponto de referência físico ao qual Seu povo poderia recorrer. Fica claro que o encontro no Monte Sinai era mais para estabelecer um relacionamento, uma aliança, do que simplesmente instituir um sistema legal. Essa mesma ideia é transmitida nas promessas de escritores posteriores de que Deus escreveria Suas leis no coração de Seu povo. Portanto, é mais uma questão sobre relacionamento e aliança do que um assunto de leis.


Pense nisto: Compare: por que dizem que Deus escreveu Suas leis na pedra, mas Jesus escreveu os pecados do povo na areia (leia Jo 8:6)? O que significa ter a lei de Deus escrita no coração?

Aplicação
Só para o professor: Quando Deus Se encontrou com Seu povo recém-libertado no Monte Sinai, Ele tinha grande desejo de estabelecer um relacionamento novo, saudável e duradouro. Naquele momento, a proclamação de Sua lei não foi simplesmente a criação de regras. O objetivo foi a formalização de uma aliança que seria a base desse relacionamento. Ao fazer isso, Ele também mostrou uma representação de Seu caráter, demonstrando que Ele, como Criador e Redentor, queria o melhor para Seu povo.

Perguntas de aplicação


1. Como você explicaria "a lei de Deus" para alguém que sabe pouco ou nada sobre Deus?


2. Que benefícios a obediência à lei divina poderia trazer para os não cristãos? Seria possível a um não cristão obedecer à lei de Deus?


3. Quais são as semelhanças entre a lei de Deus e as regras de um esporte ou as leis de uma nação? Quais são as diferenças?


4. Por que você acha que muitos dos escritores do Antigo Testamento dedicaram tempo cantando especialmente os louvores da lei de Deus? Devemos partilhar dos seus sentimentos? Como podemos fazer isso?


5. Por que Jesus passou tanto tempo falando sobre a lei de Deus?


6. Qual é a importância da lei de Deus no Novo Testamento? Por quê?


7. Como a lei de Deus pode se tornar mais significativa em sua vida cotidiana?

Criatividade


Só para o professor: Estas atividades se destinam a motivar os alunos a examinar os Dez Mandamentos e sua aplicação para nossa vida de diferentes maneiras.

Sugestões de atividades individuais: Se for possível, distribua papel e caneta aos alunos e peça que eles passem um tempo com suas Bíblias refletindo sobre os Dez Mandamentos (Êx 20:3-17) e descobrindo como cada um deles nos dá um vislumbre da natureza de Deus. Peça que os alunos escrevam, ou comentem na classe as suas ideias, analisando verso por verso ou mandamento por mandamento. Sugira que os alunos usem alguma das perguntas a seguir ou todas elas para ajudar em sua reflexão: 1. Que aspecto do caráter de Deus é revelado em cada mandamento? 2. O que aprendemos com cada um dos mandamentos sobre viver como seguidor de Deus? 3. Que diferença haveria no mundo se todos vivessem de acordo com os mandamentos? 4. Que diferença haveria na igreja? Que diferença haveria em nossa vida? Depois de dar tempo suficiente para reflexão pessoal e anotação, incentive os alunos a partilhar suas ideias mais significativas, em duplas ou com todo o grupo.

Comentário Lição 6 - Deus, o Legislador

Sobre o autor: Edilson Valiante nasceu em São Paulo. Formou-se em Teologia em 1979. Por mais de 20 anos serviu como professor da Faculdade Adventista de Teologia. Foi distrital, departamental de Educação e JA. Atualmente é o Secretário Ministerial da União Central Brasileira. Casado com a professora Nely Doll Valiante, tem dois filhos: Luciene e Eduardo.

Introdução

A expressão torah é a mais comum no Antigo Testamento para “lei”. Ela contém um rico significado, sendo traduzida também comoordem, instrução, estatuto e ensino. Nessa palavra estão incluídas tanto a lei moral como as leis civis, sanitárias, comunitárias, cerimoniais e até os cinco primeiros livros da Bíblia, o Pentateuco de Moisés. Em suma, tudo aquilo que pudesse representar a vontade revelada de Deus poderia ser chamado de torah.

O termo grego do Novo Testamento que equivale à expressão hebraica torah é nomos. No seu contexto bíblico, possui igualmente um significado vasto, podendo ser “a vontade de Deus” (Jo 15:25), “o Pentateuco” (Mt 7:12), “os 10 mandamentos” (Tg 2:10-12), “as leis cerimoniais” (At 15:1) e até toda uma tradição religiosa dentro do judaísmo farisaico/rabínico como apresentado em Gálatas.

Como vimos, a Bíblia possui uma quantidade considerável de leis. É comum que essas leis sejam confundidas entre si. Mesmo porque elas foram promulgadas por Deus. Contudo, temos que entender seu propósito, sua extensão, aplicação e vigência no tempo.

Leis de caráter físico (leis naturais). São as leis que regem o Universo material, como a lei da gravidade e da saúde.

Leis que existiam antes da entrada do pecado. O sábado e a lei que proibia tocar no fruto da árvore da ciência do bem e do mal são exemplos.

Leis cerimoniais. Essas leis aparecem logo em Gênesis 4, quando Caim e Abel são ensinados a oferecer sacrifícios. Os patriarcas ofereciam seus holocaustos. O sistema levítico e a construção do tabernáculo (e depois o templo) era uma elaboração dessa lei cerimonial que tinha como objetivo direto ilustrar o plano da redenção e o Grande Conflito (ver os livros de Levíticos e Hebreus). Se os sacrifícios representavam tipologicamente Cristo, as leis cerimoniais foram estabelecidas com prazo de validade.

Leis civis e comunitárias. Há na Bíblia uma quantidade de princípios ordenados por Deus para que as relações pessoais e nacionais fossem mantidas. As leis que falavam da posse da terra e dos casamentos, do jubileu são exemplos. O objetivo delas era preservar a justiça social e a equidade.

Lei moral ou os 10 mandamentos (Decálogo). São princípios singulares que estabelecem os valores morais e éticos sob os quais os seres humanos devem nortear sua vida em todos os tempos e lugares. Essa lei é, portanto, de caráter universal. É a expressão máxima da vontade de Deus para o ser humano, bem como uma revelação de Sua santidade (especialmente os quatro primeiros mandamentos).

Os Dez Mandamentos foram dados em forma negativa para definir sua exatidão. Há sempre uma tendência humana de relativizar a vontade de Deus e a forma negativa dos mandamentos não deixa possibilidade para equívocos quanto à Sua vontade.

Há duas motivações claras para que o Decálogo fosse dado ao povo de Deus: Ele é o nosso Deus e nos liberta da servidão e do pecado.

Nos Dez Mandamentos, Deus é o Legislador e o Redentor ao mesmo tempo.

Os dois primeiros mandamentos definem o caráter dos demais: nosso Deus Se preocupa com santidade, família e relacionamentos. Não pode tolerar infidelidade.

O terceiro e o quarto mandamentos tratam das coisas sagradas: Seu nome e Seu dia de adoração.

Do quinto ao sétimo mandamento Deus estabelece o valor da família, da sexualidade e da vida.

Os últimos mandamentos tratam da relação entre os indivíduos e a sociedade.

Os Dez Mandamentos aparecem expressos em duas ocasiões no Pentateuco: em Êxodo 20 (destacando Deus como Criador) e em Deuteronômio 5 (destacando Deus como Redentor e Libertador).

Assim, o Decálogo pode ser sumarizado em dois grandes princípios: Amor a Deus e amor ao próximo (Mt 22:37-40).

A maneira de Deus revelar os Dez Mandamentos em forma escrita (já existia em forma oral) é totalmente distinta da instauração de outras leis presentes na Bíblia. O texto foi escrito pelo próprio “dedo de Deus”.

A experiência da autorrevelação de Deus ao povo de Israel no Sinai com o Decálogo foi tão impactante que o próprio conceito de vida e existência passou a ser mediado por esses princípios, ora por rejeição (como durante a história dos reis de Israel e Judá) ora por absoluto fanatismo (como entre os fariseus e o judaísmo rabínico).

A Lei é expressão do caráter de Deus

Se a vontade de Deus está expressa de forma objetiva na Sua lei, duas coisas podem ser deduzidas: ela é imutável e é a expressão de Seu caráter.

A lei permanecerá em vigência enquanto o caráter de Deus estiver inalterado. Como Deus é sempre o mesmo (Sl 102:25-27) e Cristo é sempre o mesmo (Hb 13:8), a lei Deus sempre será a mesma.

Muitos dos atributos de Deus são encontrados na lei. Como Deus, a lei é perfeita, santa, pura, justa, boa (Sl 19:7-8; Rm 7:12).

No drama do Grande Conflito, é obvio que Satanás luta contra o caráter de Deus expresso em Sua lei. Com isso entendemos a disposição do inimigo em se opor violentamente à lei. Sem dúvida, uma das evidências mais claras de que a lei é o reflexo do caráter de Deus é o incomensurável ataque de Satanás contra a lei. Com certeza, se os princípios da lei forem desqualificados, ficará muito mais fácil induzir os seres humanos a se voltar contra Deus. O arquienganador tem sido bem-sucedido em seus esforços, pois o atributo divino de legislador é o menos compreendido pela teologia cristã.

Deus é amor (1Jo 4:8) e todos aqueles que O amam, reconhecem Seu amor, Sua vontade e guardam Seus mandamentos (1Jo 2:3-6).

Amor é o princípio fundamental da lei. Jesus usou textos de Deuteronômio (6:4) e Levítico (19:18) para expressar a essência da lei – amor a Deus e amor ao próximo. Paulo expõe a lei nos mesmos termos em Romanos 13:8-9. Assim, cada um dos mandamentos reflete amor e, ao mesmo tempo, revela a natureza egoísta do ser humano. Não é possível, portanto, guardar os mandamentos sem que o amor seja a real força direcionadora, isto é, a obediência verdadeira sempre se origina no coração e se realiza na prática pelo amor. A obediência à lei que não vem do amor é incapaz de cumprir a exigência que ela reclama. Se alguém tentar fazer isso, o resultado será uma religião formal, baseada em uma atitude farisaica ou legalista.

O Decálogo é de natureza espiritual. Paulo deixa evidente em Romanos 7:14 que “a lei é espiritual”. A partir dessa compreensão, é possível tirar algumas conclusões:

Se eu tento guardar a lei de forma exterior ou formal, destituída de espiritualidade, certamente me tornarei um legalista, apenas tentando cumprir exigências.

Se a lei é espiritual, ela jamais me leva a algo errado ou destrutivo. A lei em si não é má porque revela minha maldade, meus pecados. É o pecado que me escraviza, e não a lei. Esta, ao contrário, me conduz à verdadeira liberdade. No Sermão da Montanha, Jesus deixou claro o caráter espiritual da lei e sua função na vida do crente.

Se a lei é espiritual, ela revela meus pecados e me conduz a Cristo. Sua vida em plena obediência à lei e Sua morte em meu lugar me leva a concluir que Jesus cumpriu a lei e não a aboliu. O próprio sacrifício de Cristo na cruz comprova que Deus não aboliu a lei moral. Ao aceitar Cristo, recebo essa obediência vicariamente. Cristo cumpriu a lei para me dar liberdade contra o pecado e não a “liberdade” para transgredir a lei.

Se a lei é espiritual, ela é imutável. É isso que vemos no livro de Apocalipse: a lei é uma marca encontrada no remanescente quando Jesus voltar (14:12).

Ellen G. White expõe de forma inspirada a relação entre o pecado, a lei e a liberdade que há em Cristo. “Muitos ensinadores religiosos afirmam que Cristo, por Sua morte, aboliu a lei, e, em virtude disso, os homens estão livres de suas reivindicações. Alguns há que a representam como um jugo penoso; e em contraste com a servidão da lei apresentam a liberdade a ser desfrutada sob o evangelho.

“Não foi, porém, assim que profetas e apóstolos consideravam a santa lei de Deus. Disse Davi: ‘Andarei em liberdade, pois busquei os Teus preceitos’ (Sl 119:45). O apóstolo Tiago, que escreveu depois da morte de Cristo, se refere ao decálogo como a ‘lei real’ e a ‘lei perfeita da liberdade’ (Tg 2:8; 1:25). E o livro  do Apocalipse, meio século depois da crucifixão, pronunciou uma bênção aos que ‘guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas’ (Ap 22:14).


“A declaração de que Cristo por Sua morte aboliu a lei do Pai, não tem fundamento. Se tivesse sido possível mudar a lei, ou pô-la de parte, não teria sido necessário que Cristo morresse para salvar o homem da pena do pecado. A morte de Cristo, longe de abolir a lei, prova que ela é imutável. O Filho do homem veio para ‘engrandecer a lei, e torná-la gloriosa’ (Is 42:21). Disse Ele: ‘Não cuideis que vim destruir a lei’; ‘até que o céu e a Terra passem nem um jota ou um til se omitirá da lei’ (Mt 5:17 e 18). E, com relação a Si mesmo, declarou Ele: ‘Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a Tua lei está dentro do Meu coração’ (Sl 40:8).


“A lei de Deus, por sua própria natureza, é imutável. É uma revelação da vontade e caráter do Autor. Deus é amor e Sua lei é amor. Seus dois grandes princípios são amor a Deus e amor ao ser humano. ‘O cumprimento da lei é o amor’ (Rm 13:10). O caráter de Deus é justiça e verdade; essa é a natureza de Sua lei. Diz o salmista: ‘Tua lei é a verdade’; ‘todos os Teus mandamentos são justiça’ (Sl 119:142 e 172). E o apóstolo Paulo declara: ‘A lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom’ (Rm 7:12). Tal lei, sendo expressão do pensamento e vontade de Deus, deve ser tão duradoura como Seu Autor.


“É obra da conversão e santificação reconciliar os homens com Deus, pondo-os em harmonia com os princípios de Sua lei. No princípio, o homem foi criado à imagem de Deus. Estava em perfeita harmonia com a natureza e com a lei de Deus; os princípios da justiça lhe estavam escritos no coração. O pecado, porém, alienou-o do Criador. Não mais refletia a imagem divina. O coração estava em guerra com os princípios da lei de Deus. ‘A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser’ (Rm 8:7). Mas ‘Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito’ (Jo 3:16), para que o homem pudesse reconciliar-se com Ele. Mediante os méritos de Cristo, o ser humano pode se restabelecer à harmonia com o Criador. O coração deve ser renovado pela graça divina; deve receber nova vida de cima. Essa mudança é o novo nascimento, sem a qual, diz Jesus, o homem ‘não pode ver o reino de Deus’.


“O primeiro passo na reconciliação com Deus, é a convicção de pecado. ‘Pecado é o quebrantamento da lei.’ ‘Pela lei vem o conhecimento do pecado.’ (1Jo 3:4; Rm 3:20) A fim de ver sua culpa, o pecador deve provar o próprio caráter pela grande norma divina de justiça. É um espelho que mostra a perfeição de um viver justo, habilitando o pecador a discernir seus defeitos de caráter.


“A lei revela ao homem os seus pecados, mas não provê remédio. Ao mesmo tempo que promete vida ao obediente, declara que a morte é o quinhão do transgressor. Unicamente o evangelho de Cristo o pode livrar da condenação ou contaminação do pecado. Ele deve exercer o arrependimento em relação a Deus, cuja lei transgrediu, e fé em Cristo, seu sacrifício expiatório. Assim, ele obtém ‘remissão dos pecados passados’ e se torna participante da natureza divina. É filho de Deus, tendo recebido o espírito de adoção, pelo qual clama: ‘Aba, Pai!’


“Estaria agora na liberdade de transgredir a lei de Deus? Diz Paulo: ‘Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei.’ ‘Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?’ E João declara: ‘Esta é a caridade de Deus: que guardemos os Seus mandamentos; e os Seus mandamentos não são pesados’ (Rm 3:31; 6:2; 1Jo 5:3) No novo nascimento o coração é posto em harmonia com Deus, ao colocar-se em conformidade com Sua lei. Quando esta poderosa transformação se efetua no pecador, ele passa da morte para a vida, do pecado para a santidade, da transgressão e rebelião para a obediência e lealdade” (GC, 466-468).

Quais são os propósitos da lei?

Evidentemente, a lei moral não foi dada com o objetivo de resolver o problema do pecado. Muito menos servir como instrumento de salvação, como imaginavam os fariseus. A lei existia antes do pecado, pois sem lei não haveria pecado. A lei moral de Deus é universal e eterna como o próprio Deus.

Visto ser a lei a expressão do caráter de Deus, ela tem como propósito fornecer definições quanto à santidade de Deus e dizer qual seria o estado de santidade que devem ter Seus filhos, mesmo depois do pecado. Na santificação, o ser humano é dotado pelo Espírito de poder para ter uma vida santa (em obediência e harmonia com Deus e com os semelhantes).

A lei é um símbolo de obediência e amor (Jo 14:15, 21, 24).

Por outro lado, como diz 1 Coríntios 15:56, a lei é “a força do pecado”, pois torna o pecado um ato de rebelião clara contra os princípios estabelecidos por Deus. Pecado é transgressão da lei e aberta rebelião contra o Legislador.

A lei é o “aio” (pedagogo) que, ao me convencer de que sou pecador, me conduz a Cristo (Gl 3:22-24).

A lei tem um caráter civil. Lutero e Calvino indicavam que o ser humano, vivendo em uma sociedade cristã, deve nortear seus relacionamentos pelos mandamentos. Como fizeram outros teólogos, Lutero e Calvino diziam que há mandamentos que são naturais ao ser humano (não matar, por exemplo) e outros que têm origem na revelação (como os primeiros quatro mandamentos).

Agostinho, em sua obra Confissões, afirma que a lei chega até a instigar o pecado. Quando a fruta está no terreno do vizinho ela é mais saborosa... Essa é uma indicação de que a lei chega a provocar a prática do pecado.

Perpetuidade da Lei Moral

Se a lei é eterna, sua autoridade prevalece acima de tempo e lugar. A perpetuidade da lei é identificada do Gênesis ao Apocalipse.

A lei antes do Sinai.

Os mandamentos não aparecem de forma explícita como preceitos de um Decálogo antes do Sinai, mas os princípios que estabelecem cada mandamento são evidentes antes de Êxodo 20.

As instruções dadas por Jacó aos seus filhos quanto à adoração em Betel evidenciam o conhecimento que ele tinha dos dois primeiros mandamentos (Gn 35:2-3).

O terceiro mandamento é aludido por Abraão quando faz seu servo jurar pelo Senhor (Gn 24:3).

A santidade do sábado do quarto mandamento está presente logo em Gênesis 2. O maná não era concedido ao povo de Israel aos sábados e isso antes da promulgação da lei (Êx 16).

O quinto mandamento é aludido na conversa entre o Senhor e Abraão antes da destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 18:19).

O sexto mandamento é frequentemente trazido à tona desde o evento de Gênesis 4, com o assassinato de Abel por Caim. Os irmãos de José mostram a validade do mandamento ao pouparem a vida de José.

Abraão e o “oferecimento” de Sara ao faraó e a experiência de José diante da esposa de Potifar mostram que os patriarcas tinham muito claro o perigo expresso da transgressão do sétimo mandamento.

O oitavo mandamento estava na mente dos filhos de Jacó quando foram acusados de ter roubado o copo pertencente à autoridade egípcia (Gn 44:8).

Quando Jacó enganou seu pai Isaque e quando foi enganado por seu sogro Labão, evidenciaram o conhecimento do nono mandamento.

O décimo mandamento serve de pano de fundo para a história entre Abraão e faraó e, novamente, entre Abraão e Abimeleque. O próprio anseio de Jacó pelo direito de primogenitura indica o conhecimento do mandamento (Gn 27).

É marcante como o livro de Jó demonstra conhecimento da lei de Deus, especialmente no capítulo 31. Ali, vários mandamentos são claramente aludidos. Jó tinha o discernimento absoluto da justiça de Deus e de Seu julgamento.

V. 1: cobiçar mulheres

V. 5: falsidade e engano

V. 9: sedução por mulher

V. 13: justiça aos servos e servas

V. 24ss: adoração ao Deus verdadeiro

A referência de Paulo em Romanos 5:13, de que não haveria pecado antes da existência da lei, mostra que esta existia sob forma oral desde a criação. Se assim não fosse, como conclui Paulo, Adão e Eva não teriam pecado. O mesmo argumento é usado em relação à morte. Se o pecado leva à morte e é a lei que determina a morte e se a “morte reinou desde Adão a Moisés”, assim a lei é anterior a Moisés (Rm 5:14-16).

A revelação dos mandamentos de forma explícita no Sinai evidencia a aliança que Deus desejava estabelecer com Seu povo. O propósito da escolha do povo de Israel não era um fim em si mesmo (exclusividade), mas seria uma ilustração do Deus verdadeiro diante das nações. Assim, a lei moral dada a Israel deveria eventualmente ser admitida por todos os povos. O caráter universal da lei não foi reduzido no Sinai para ser de exclusividade a Israel. Ao contrário, Israel representaria diante das nações a universalidade da lei. Infelizmente, eles não compreenderam assim e julgaram ter bênçãos exclusivas de Deus em virtude de a lei ter sido revelada a eles. Aqui se encontra a origem daquilo que a Bíblia fala de “antiga aliança” (a transformação de uma aliança universal em uma aliança exclusiva). O Mishnah chega ao absurdo de entender que a exclusividade é que fazia de Israel a única nação que poderia ser abençoada. A lei era uma bênção exclusiva de Israel e quanto mais leis eles tivessem, maiores seriam as bênçãos. Por isso foram multiplicadas as tradições em torno da lei e se entendeu que a salvação deveria ser mediada pela lei exclusivamente.

Os Dez Mandamentos serviram de base para o estabelecimento da aliança entre Deus e Seu povo (Israel). A mesma base está presente em qualquer ocasião em que Deus estabeleça Seus concertos com os seres humanos. O problema não está na “base”, mas na maneira de se responder a ela. O cristão está sob a mesma circunstância. A experiência da fé em Cristo faz da lei um sinal de obediência à vontade de Deus em amor. Não somos salvos pela obediência à lei, mas porque somos salvos, obedecemos à lei.

A lei moral cobra compromisso pessoal com o Criador e Libertador e não com uma instituição jurídica. A lei é essencialmente relacional. Ela produz vida, alegria e justiça (familiar e civil).

A perpetuidade da lei é confirmada pelos ensinos, vida e morte de Jesus.

Ao Jesus atestar a igualdade entre os mandamentos (Mt 22:35ss), Ele estava descaracterizando a compreensão rabínica que estabelecia uma hierarquia entre os mandamentos. Os fariseus pensavam que, caso um se opusesse ao outro a observância do maior dava liberdade de desobediência a um menor. Para Jesus, todos os mandamentos são importantes e devem ser observados.

Jesus exemplificou a lei. Para Ele, a lei era essencialmente amor.

A perpetuidade da lei é claramente defendida por Jesus, como em Mateus 5:18.

Na história do jovem rico, Jesus expôs a maneira legalista de guardar a lei em contraste com a forma relacional. O jovem não se recusou a guardar os mandamentos; ele se recusou a seguir o Legislador (Mc 10:21).

No relato da mulher pega em adultério, Jesus novamente ratificou a autoridade da lei quando disse a ela “vai e não peques mais” (Jo 8:11).

Como já foi aqui exposto, a cruz é a maior prova da perpetuidade da lei. Aquele que aceita o Legislador como seu Salvador pessoal, passou da morte para a vida.

Paulo não apenas guardou a lei, mas mostrou o propósito da lei. A lei não salva e não torna ninguém pecador. A lei traz o conhecimento do pecado e faz o pecador saber que está vivendo em pecado. Assim, o que cria a culpa não é a lei, mas o pecado. Como a lei é “santa, justa e boa” ela mostra o que o pecador não é: nem santo, nem justo, nem bom.

No Apocalipse, a lei ganha um caráter escatológico:

Satanás faz guerra contra os que guardam a lei (Ap 12:17).

A marca dos salvos está ligada à guarda dos mandamentos (Ap 14:12).

O lago de fogo é o fim daqueles que não guardam a lei (Ap 21:7-8). Assim, a lei é o critério para a condenação dos ímpios.

Crença fundamental nº 19: “Os grandes princípios da lei de Deus são incorporados nos Dez Mandamentos e exemplificados na vida de Cristo. Expressam o amor, a vontade e os propósitos de Deus acerca da conduta e das relações humanas e são obrigatórios a todas as pessoas, em todas as épocas. Esses preceitos constituem a base do concerto de Deus com Seu povo e a norma no julgamento de Deus. Por meio da atuação do Espírito Santo, eles apontam para o pecado e despertam o senso da necessidade de um Salvador. A salvação é inteiramente pela graça, e não pelas obras, mas seu fruto é a obediência aos mandamentos. Essa obediência desenvolve o caráter cristão e resulta numa sensação de bem-estar. É uma evidência de nosso amor ao Senhor e de nossa solicitude por nossos semelhantes. A obediência da fé demonstra o poder de Cristo para transformar vidas e fortalece, portanto, o testemunho cristão.”

 

Enviado por LicoesdaBiblia em 02/02/2012 "Porque o Senhor é o nosso Juiz, o Senhor é o nosso Legislador, o Senhor é o nosso Rei; Ele nos salvará" Isaias 33:22 Com a participação de Ramildo Bezerra, pastor Secretário da AMA (Associação Maranhense), e José Alves Jr, pastor Presidente da ACeAm (Associação Central Amazônas) http://novotempo.com/licoesdabiblia

 

Fontes:

Casa Publicadora Brasileira ( http://www.cpb.com.br/ )

Novo Tempo Lições da Bíblia ( http://novotempo.com/licoesdabiblia/ )

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