sexta-feira, 18 de maio de 2012

Escola Sabatina: Vislumbres do nosso Deus – Lição 1 O Deus triuno

 

 

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Lição 1 – de 31 de dezembro a 7 de janeiro

O Deus triúno

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Sábado à tarde

Ano Bíblico: Vista geral de toda a Bíblia


VERSO PARA MEMORIZAR: “Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo. Mantenham-se no amor de Deus, enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo os leve para a vida eterna” (Jd 20, 21, NVI).
Leituras da semana:
Dt 6:4; Fp 2:6; Mt 28:19; Gn 1:26, 27; Jo 14-16

Pensamento-chave: As Escrituras contêm referências e sugestões com relação à divindade e unidade da Trindade divina.

Embora a palavra Trindade não apareça na Bíblia, sem dúvida esse ensino aparece. A doutrina da Trindade, de que Deus é um e composto por três “pessoas” é fundamental por lidar com quem é Deus, como Ele é, como Ele atua, e como Ele Se relaciona com o mundo. Acima de tudo, a divindade de Cristo é essencial no plano da salvação.
Nas Escrituras, existem três tipos distintos (mas inter-relacionados) de evidência para a Trindade ou triunidade de Deus: (1) evidência da unidade de Deus, de que Deus é um, (2) evidência de que há três pessoas que são Deus, (3) sugestões textuais sutis da divina unidade de três.
As distinções entre Deus, Cristo e o Espírito Santo encontradas na Bíblia devem ser percebidas como a forma pela qual Deus está em Si mesmo, por mais difícil que seja para nossa mente caída entender. “Os eternos dignitários celestiais – Deus, Cristo e o Espírito Santo”, como Ellen G. White os chama (
Evangelismo, p. 616), são iguais, mas não idênticos nem intercambiáveis.
Embora alguns antigos adventistas tivessem dificuldades com relação à doutrina da Trindade, hoje a igreja tem uma posição firme e inflexível sobre esse ensino. Como a crença fundamental número 2 diz: “Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três pessoas coeternas”.

Domingo

Ano Bíblico: Gn 1–3

A unicidade de Deus

O sistema de crenças dos antigos hebreus era rigorosamente monoteísta, “mono” expressando “um” e “teísta”, da palavra grega para “Deus”, significando que há um só Deus verdadeiro. Essa posição é firme ao longo do Antigo Testamento. Há somente um Deus, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e não muitos deuses, como as nações e tribos ao redor dos hebreus acreditavam. Nesse sentido, a religião da Bíblia era única.

1. O que Deus falou sobre Si mesmo em Êxodo 3:13-15? Como esses versos sugerem a unicidade de Deus?

A unicidade de Deus também é encontrada no texto (Dt 6:4) chamado pelos judeus de Shema. Esse nome foi dado porque a palavra de abertura, a ordem “Ouça” em hebraico é a palavra shema. Essa declaração é uma das grandes verdades sobre Deus, nas quais o povo de Israel recebeu a ordem de crer e ensinar a seus filhos.

2. “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6:4). Compare esse verso com Gênesis 2:24, “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. O que poderia significar o fato de que as expressões “único” e “uma só” procedem da mesma palavra hebraica?

A mesma palavra para “um”, echad, é usada para Deus no Shema de Deuteronômio 6:4. O uso da palavra echad para unidade não significa uma soma aritmética, mas, em vez disso, uma unidade complexa. Algo está sendo afirmado ali sobre uma unidade de partes distintas. Maridos e mulheres devem ser “um” (echad), de acordo com Gênesis 2:24, assim como em Deuteronômio Deus é “um”.

3. O que o Novo Testamento fala sobre a unicidade de Deus? Tg 2:19; 1Co 8:4

Como a compreensão de Deus como um deve nos ajudar a evitar as ciladas da idolatria em todas as suas formas? Por que somente o Senhor deve ser aquele a quem adoramos? Como você pode erradicar quaisquer “ídolos” em sua vida?

Segunda

Ano Bíblico: Gn 4–7

A divindade de Cristo

Adivindade do Pai raramente é discutida, se é que isso acontece. Os que questionam a Trindade geralmente desafiam a divindade de Cristo. Fosse Cristo qualquer outra coisa, exceto eterno e totalmente divino, o plano da salvação teria sido profundamente prejudicado (veja a lição de quinta-feira).

4. Paulo havia sido um rígido fariseu. O que ele falou sobre a divindade de Cristo? Fp 2:6

Para um fariseu alicerçado no ensino do Antigo Testamento acerca da unicidade de Deus, essa foi uma afirmação surpreendente, porque revelou o profundo compromisso de Paulo com o conceito da divindade de Cristo.
O livro de Hebreus, escrito para judeus que eram vigorosos monoteístas, assim como Paulo, contém fortes declarações ressaltando a divindade do Filho de Deus. Em
Hebreus 1:8, 9 a natureza divina de Cristo é revelada poderosa e explicitamente.
O aspecto mais importante na revelação da divindade de Cristo é a autoconsciência de Jesus. Ele não marchava pelas ruas de Jerusalém com um coro triunfal proclamando Sua divindade. No entanto, os quatro evangelhos incluem muitos fios de evidências que revelam que era assim que Ele reconhecia a Si mesmo. Repetidamente, Jesus afirmava possuir o que corretamente pertencia apenas a Deus: Ele falava dos anjos de Deus como Seus anjos (
Mt 13:41); alegava perdoar pecados (Mc 2:5-10) e reivindicava o poder de julgar o mundo (Mt 25:31-46). Quem, senão Deus, poderia legitimamente fazer isso?

5. Por que Jesus aceitou a adoração de várias pessoas, conforme o registro dos evangelhos? O que isso significa com relação à Sua divindade? Mt 14:33; 28:9; Lc 24:50-52; Jo 9:35-38 (Compare suas ações com as de Paulo em Atos 14:8-18)

Em Seu julgamento, uma acusação contra Jesus foi que Ele afirmava ser o Filho de Deus (Jo 19:7; Mt 26:63-65). Se Jesus não considerasse a Si mesmo como Deus, essa teria sido a oportunidade crucial para corrigir essa ideia “equivocada”. No entanto, Ele não o fez. Na verdade, foi em Seu julgamento, diante de Caifás, que Ele afirmou Sua própria divindade sob juramento. Assim, temos poderosa evidência bíblica da divindade de Cristo.

Separe algum tempo para meditar sobre a vida de Jesus e, ao fazer isso, focalize o fato de que Ele era Deus, o Criador do Universo. O que isso nos diz sobre o amor de Deus pelo mundo? Por que você deve obter muito conforto e esperança dessa maravilhosa verdade?

Terça

Ano Bíblico: Gn 8–11

O Espírito Santo

Se Deus pode ser “um”, com as duas pessoas do Pai e do Filho, acrescentar a terceira Pessoa da Trindade não deve particularmente adicionar dificuldade. Estamos falando aqui sobre o Espírito Santo.

6. O que Gênesis 1:2 fala sobre o papel do Espírito Santo, que apareceu logo no começo do registro bíblico?

7. De que maneira Mateus 28:19 chama a atenção para os três membros da Divindade?

Três pessoas da Trindade foram mencionadas quando Jesus instruiu sobre o batismo dos novos cristãos. Na verdade, essa “fórmula” batismal ainda é usada na maioria dos batismos cristãos. A pessoa que escolhe seguir Jesus é batizada no “nome” (singular, não plural, em grego), embora três pessoas sejam incluídas. Três seres divinos são vistos como um.
No batismo de Jesus, as três pessoas da Trindade apareceram juntas. Leia a descrição desse batismo em
Marcos 1:9-11. Ele menciona os céus “se abrindo” (v. 10, NVI). A expressão teria sido mais bem traduzida como “rasgarem-se” (RA). Marcos chamou a atenção para os três membros da Trindade divina, em uma incrível revelação de Deus, que afetou até a própria natureza.
Assim como aconteceu com Jesus, a obra do Espírito Santo foi atribuída às ações de Deus e está com elas relacionada. Considere as seguintes descrições das ações do Espírito Santo:
1. Ao anunciar o nascimento de Cristo, o anjo disse a Maria que seu Filho seria chamado “santo”, porque o Espírito Santo viria sobre ela (
Lc 1:35).
2. Jesus afirmou que o Espírito do Senhor estava sobre Ele, ungindo-O para pregar (
Lc 4:18).
3. Ele também declarou que estava expulsando demônios pelo Espírito de Deus (
Mt 12:28).
4. O Espírito, que deve continuar a obra de Cristo depois de Sua partida, é o outro Consolador, da mesma natureza (
Jo 14:16).
5. Jesus soprou o Espírito Santo sobre Seus seguidores (
Jo 20:22).
6. Os novos cristãos terão o Espírito Santo habitando em seu coração (
Jo 14:17) e também terão a mente de Cristo (Gl 2:20; Cl 1:27).
Cristo e o Espírito Santo estão intimamente ligados, um com o ministério do outro. Além disso, há referências bíblicas que identificam o Espírito Santo como Deus. Leia
Atos 5:1-11. Como esse incidente nos ajuda a compreender a divindade do Espírito Santo?

Quarta

Ano Bíblico: Gn 12–15

Unidade e igualdade

Por mais clara que a Bíblia seja no sentido de que Deus é um (echad), ela também fala sobre a pluralidade das pessoas da Divindade. Ao longo dos séculos os eruditos e estudantes da Bíblia têm visto em muitos textos do Antigo Testamento uma poderosa evidência da natureza plural de Deus. Essa verdade, como acontece com muitas outras, é revelada de maneira mais plena no Novo Testamento.

8. Como a pluralidade de Deus é revelada em Gênesis 1:26, 27?

Esse emparelhamento de plural e singular ao se referir a Deus também ocorre em Gênesis 11:7, 8, na edificação da torre de Babel. Deus falou novamente. O “Senhor” é mencionado, mas Ele fala como um que faz parte de um grupo (“Venham, desçamos”).

9. De que forma a pluralidade do “Senhor” é revelada em Isaías 6:8?

No Novo Testamento, como o sermão de Pedro no Pentecostes exaltou Jesus dentro da Divindade? (At 2:33.) Pedro, um devoto judeu monoteísta, consequentemente acreditava em apenas um Deus. Apesar disso, ele proclamou a plena divindade de Cristo, que estava no Céu. Em sua carta aos exilados judeus da dispersão, Pedro novamente apresentou evidência da natureza trinitária de Deus (1Pe 1:1-3).

10. Com que palavras Paulo incluiu a pluralidade de Deus em sua descrição do processo de salvação? 2Co 1:20-22; 2Co 13:13, 14

Com nossa mente finita e caída, esse ensino não é fácil de compreender completamente. Mas que importa isso? Estamos lidando aqui com a natureza de Deus, o criador do Universo! Como seria tolo pensar que poderíamos compreendê-Lo na Sua plenitude, especialmente quando, como humanos, não entendemos “plenamente” a maior parte das coisas. Pense até mesmo nas coisas mais “simples” que você pode imaginar. Como muitos aspectos delas permanecem fora do seu alcance? Quanto mais verdadeiramente isso ocorre com algo tão grandioso como a natureza do próprio Deus?

Quinta

Ano Bíblico: Gn 16–19

Trindade e salvação

Oevangelho de João dá uma atenção direta e consciente à natureza única de Deus. João parece estar plenamente consciente da unicidade, e não obstante, “trindade” de Deus.

11. Leia as palavras de Cristo nos capítulos 14 a 16 de João e conte o número de referências às três pessoas da Divindade. Como essas passagens nos ajudam a entender a realidade dessa importante verdade?

Essa passagem do evangelho de João é a mais extensa concentração de referências ao Deus de três pessoas coiguais. Aqui, a dinâmica entre as pessoas da Trindade aparece repetidamente. A doutrina da Trindade, longe de ser uma especulação abstrata, é a conclusão inevitável que vem de um estudo sistemático das Escrituras.
De especial importância nesse contexto é a divindade de Cristo. Se Jesus não fosse plenamente Deus, então tudo o que tivemos foi o Senhor transferindo para outra pessoa o castigo pelos nossos pecados, em lugar de assumir a responsabilidade. O ponto central do evangelho é que o próprio Deus estava na cruz suportando os pecados do mundo. Qualquer coisa menos do que isso despojaria a expiação de tudo que a tornou tão poderosa e eficaz.
Pense nisto: se Jesus fosse apenas um ser criado, e não plenamente Deus, então, sendo uma criatura, como Ele poderia suportar toda a ira de Deus contra o pecado? Qual ser criado, não importando sua posição exaltada, poderia salvar a humanidade da violação da santa lei de Deus?
Se Jesus não fosse divino, a lei de Deus não seria tão sagrada como o próprio Deus, porque a violação dela seria algo que um ser criado pudesse expiar. A lei apenas seria tão sagrada como aquele ser criado, e não tão sagrada como o Criador. O próprio pecado não seria tão mau se tudo que ele exigisse fosse a morte de uma criatura e não a do Criador para expiá-lo. O fato de ter sido necessário o próprio Deus, na pessoa de Cristo, para sanar o pecado, apresenta forte evidência da gravidade do pecado.
Além disso, nossa segurança de salvação por meio do que Cristo fez por nós e não por nossas obras, vem do fato de que o próprio Deus pagou a penalidade pelos nossos pecados. O que poderíamos fazer para acrescentar a isso? Se Cristo fosse criado, talvez pudéssemos acrescentar algo. Mas, com Deus, o Criador, sacrificando a Si mesmo pelos nossos pecados... seria quase uma blasfêmia acreditar que pudéssemos fazer algo para complementar esse sacrifício. Assim, se Cristo não fosse divino, a expiação teria sido fatalmente comprometida.

Pense por um momento: o Criador do Universo morreu em seu lugar, ocupando sua posição, para que você tivesse a promessa da vida eterna nEle. Como você pode obter esperança e certeza dessa incrível verdade? À luz dessa realidade, o que mais importa realmente?

Sexta

Ano Bíblico: Gn 20–22

Estudo adicional

Na doutrina da Trindade, não encontramos três diferentes papéis divinos revelados por uma pessoa (isso é modalismo ou sabelianismo). Também não há três deuses em um grupo (isso é triteísmo ou politeísmo). O único Deus (“Ele”) é também, e igualmente, “Eles” e “Eles” estão sempre juntos, sempre atuando em estreita cooperação. O Espírito Santo executa tanto a vontade do Pai quanto do Filho, que é também a Sua vontade.
Algumas pessoas têm dificuldades com a questão da divindade de Cristo porque, enquanto Jesus viveu na Terra, em carne, Ele foi submisso à vontade do Pai. Muitos veem isso como “prova” de que Ele era de alguma forma menor do que o Pai. Essa realidade, no entanto, não refletia a estrutura interna da Divindade. Essa subordinação refletia, ao contrário, a maneira pela qual o plano da salvação devia operar. Jesus devia assumir a humanidade, tornando-Se “obediente até à morte e morte de cruz” (
Fp 2:8). Além disso, “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-Se o Autor da salvação eterna para todos os que Lhe obedecem” (Hb 5:8, 9). Essas declarações revelam que a função de subordinação desempenhada por Jesus foi consequência da encarnação, que foi fundamental para o plano da salvação. Elas não provam que Ele tenha sido outra coisa, senão totalmente divino e eterno. Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 19.

Pergunta para reflexão
João 8:58 diz: “Respondeu Jesus: ‘Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou!’” (NVI) Como esse texto revela poderosamente a plena divindade de Cristo?

Resumo: Se quisermos aprofundar nosso amor pelo grande Deus infinito a quem servimos e ser levados a adorá-Lo, devemos primeiramente tentar entender o que Ele nos diz sobre Si mesmo. A Trindade é um mistério, mas nas Escrituras “mistérios” são verdades profundas que um Deus infinito nos revela em nível finito. Assim, somente de joelhos dobrados podemos ter confiança ao falar de Deus.

Respostas sugestivas: 1: Seu nome eterno é Eu Sou, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, sempre o mesmo e sempre único. 2: Homem e mulher formam uma só carne, assim como Deus, mesmo sendo três pessoas é um, com um propósito. 3: Deus é um. Só há um Deus no Universo. 4: Embora sempre tenha sido Deus e nunca tenha perdido a divindade, Jesus Se tornou humano e não Se apegou à igualdade com Deus. 5: Aceitou a adoração porque entendia que era correta. No entanto, Paulo, que realizou obras semelhantes às de Jesus, não se considerou digno de adoração. 6: O Espírito de Deus pairava sobre o abismo sem forma e vazio, participando da obra de criação da Terra. 7: As pessoas devem ser batizadas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A conversão é um milagre da Trindade. 8: Deus Se referiu a Si mesmo como mais de uma pessoa, ao usar o plural: “Façamos”, “nossa imagem”, “nossa semelhança”. 9: Deus usou o plural, ao perguntar: “Quem há de ir por nós?”. 10: As três pessoas aparecem: “Aquele que nos confirma... em Cristo... é Deus, que... nos selou e nos deu o penhor do Espírito...” “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo.” 11: Existem cerca de 275 referências às três pessoas da divindade, incluindo substantivos e pronomes (195 referências ao Filho, 55 referências ao Pai e 25 referências ao Espírito Santo), o que confirma a realidade e a evidência da Trindade.

Resumo da Lição 1 - O Deus triúno
Texto-chave: Judas 20, 21
O aluno deverá...
Saber: A base bíblica para a compreensão da Trindade.
Sentir: Reverência diante da grandeza, complexidade e justa obra da Trindade.
Fazer: Adorar o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Esboço
II. Saber: Três em um
A. Pai, Filho e Espírito Santo trabalham juntos em nosso favor desde antes da fundação do mundo.
B. Que expressões e manifestações nos Evangelhos demonstram a divindade de Cristo?
C. As Escrituras descrevem tanto a pluralidade quanto a unidade da Divindade.
II. Sentir: O poder e a glória
A. Que aspectos da Divindade despertam admiração, temor e respeito?
B. O que sentimos em relação à cooperação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo para nos salvar?
C. Que aspectos da natureza trinitária de Deus aumentam o senso de intimidade em nosso relacionamento com Ele?
III. Fazer: Tu és digno
A. Todas as qualidades das três pessoas da Divindade cooperam para melhorar nossa compreensão de um Deus digno de adoração.
B. Sua adoração mudou quando você aprendeu os aspectos singulares e o relacionamento de cooperação da Trindade?
Resumo: Embora seja difícil compreender a natureza do Autor do Universo, as Escrituras nos ajudam a entender que Deus existe em três pessoas distintas, cada uma com diferentes funções. No entanto, elas trabalham juntas como uma só pessoa.

Ciclo do aprendizado
Motivação
Conceito-chave para o crescimento espiritual: A Bíblia ensina a unidade de Deus, mas o estudo mais profundo revela que essa unidade é um relacionamento dinâmico entre três pessoas distintas.
Só para o professor: Muitas pessoas pensam na doutrina da Trindade como misteriosa ou que é melhor deixar de estudá-la e "aceitá-la pela fé". Enfatize que, se a doutrina for compreendida corretamente, ela realmente nos ajudará a entender melhor a Deus e a fé que devemos ter nEle. De fato, muitas doutrinas cristãs fundamentais têm por base a compreensão de Deus implícita na doutrina da Trindade.

A teoria atômica, a ideia de que a matéria é composta de inúmeras unidades submicroscópicas que chamamos de átomos, é uma das colunas da ciência moderna. Foi um grego, Demócrito (cerca de 450 a.C.), que cunhou o termo atomos, que significa, literalmente, indivisível. Demócrito acreditava que o átomo era a unidade escondida e indivisível subjacente no grande número de coisas que vemos ao redor. Quando os cientistas começaram a redescobrir e confirmar a hipótese de Demócrito, nos tempos modernos, fizeram novas descobertas. O átomo, essa unidade fundamental, era, na verdade, um nome para a complexa relação entre as partículas que a formavam. Os prótons não eram mais "atômicos" do que os elétrons, ou vice-versa. Se faltasse qualquer um deles, faltaria um átomo.
Da mesma forma, o Antigo Testamento nos informa que Deus é um. Mas, quando estudamos com mais profundidade, descobrimos que essa unidade é o produto de um relacionamento harmonioso entre três seres distintos, todos igualmente divinos e coeternos. Enquanto o átomo possa ser dividido, em contradição ao seu nome, esse Deus triúno é realmente a unidade indivisível subjacente à toda realidade.
Pense nisto: Que outros exemplos de unidade na diversidade podemos encontrar ao nosso redor que nos ajudam a compreender a natureza de três-em-um da Trindade?
Compreensão
Só para o professor: A Bíblia apresenta um Deus que é um, caracterizado por echad, ou unidade. E no entanto, desde o início, apresenta também a imagem de um Deus multifacetado. Enfatize que a unidade de Deus, da qual o Antigo Testamento fala, não se refere apenas a uma singularidade matemática, mas a uma singularidade de propósito e essência. Enfatize também que, de maneira nenhuma, a pluralidade da divindade deve ser confundida com politeísmo. Apresente ensinamentos claros sobre a pluralidade de Deus no Antigo Testamento e sobre Sua unidade no Novo Testamento.
Comentário Bíblico

I. A unicidade do Deus triúno
(Recapitule com a classe
Dt 6:4.)
Deuteronômio 6:4 diz que Deus é um. Por que isso é importante? Pelo menos em parte, temos consciência dos panteões (significado literal em latim: "todos os deuses") e mitologias dos povos antigos ao redor de Israel. À medida que as pessoas se esqueciam do Deus que os havia criado à Sua imagem, criaram deuses à sua própria imagem.
Muitos dos deuses nesses panteões tinham começado como objetos de adoração para uma classe distinta ou para um grupo de pessoas. Talvez fossem deuses tribais ou familiares.

Ou talvez fossem deuses que personificassem uma característica admirada,
ou mesmo uma profissão ou ocupação. Como o Novo Testamento diz, é difícil ou mesmo impossível servir a dois senhores. Por isso, a maioria das pessoas tinha um deus favorito, deixando os outros de lado e lhes trazendo uma oferta ou um punhado de incenso ocasionais, no momento oportuno.

À medida que reis e sacerdotes ganhavam poder, descobriam a utilidade de reunir esses deuses em panteões que se assemelhavam a uma corte real da época. Essas eram unidades de uma espécie, geralmente com um deus que governava sobre uma perturbada coleção de divindades menores, com seus programas mutuamente exclusivos, que refletiam suas diversas origens. Mas essa não era a unidade sugerida pela palavra hebraica echad, que também poderia ser traduzida de maneira adequada como harmonia, um conceito que definitivamente não se aplicava ao politeísmo antigo.
Os escritores inspirados da Bíblia rejeitaram esse politeísmo, porque sabiam que Deus era um. Mas essa unidade não é apenas um número. O Deus da Bíblia é único. E não é apenas a Sua singularidade que O torna digno de adoração. Caso contrário, com igual facilidade poderíamos adorar flocos de neve ou nossas impressões digitais.
Pense nisto: Embora não busquemos outros deuses, como faziam os antigos politeístas, não colocamos outras coisas acima do verdadeiro Deus? Isso faz com que nossa lealdade e nosso foco estejam divididos? O que podemos aprender com a unidade e singularidade de propósito manifestadas na Divindade? (
Jo 17:22).
II. Kenosis (esvaziamento)
(Recapitule com a classe
Fp 2:6-8.)
Como a lição observa, dúvidas sobre a Trindade costumam se concentrar na divindade de Cristo. O cristianismo normativo ensina que Deus tomou a forma do Homem Jesus Cristo no primeiro século d.C., em uma pequena província do Império Romano. Ele foi executado como criminoso de maneira particularmente vergonhosa, e três dias depois ressuscitou.
Como Paulo mencionou (
1Co 1:22-25), esses fatos eram inaceitáveis para muitos. Judeus que pensavam que compreendiam as Escrituras acreditavam que os cristãos eram errados e heréticos. Sim, um Messias haveria de vir, mas não dessa forma. Gregos, totalmente dispostos a assimilar toda a sabedoria do mundo em sua tradição filosófica, achavam que esse aparente absurdo não tinha nenhuma sabedoria.
Mesmo os cristãos achavam essa história difícil de aceitar. Heresias cristãs surgiram, a maioria das quais relacionadas com a divindade de Cristo e, especialmente, com a expiação. Grupos como os ebionitas ensinavam que Jesus era apenas um homem, um profeta na melhor das hipóteses. Outros ensinavam que Jesus realmente era Deus, mas apenas Se pareceu com o ser humano durante Seu ministério. Ele apenas pareceu sofrer na cruz. Essa visão foi chamada de docetismo, uma palavra enraizada no verbo grego que significa "parecer". O Arianismo ensinava que Cristo era "até certo ponto" divino, mas era um ser criado.
Todas essas heresias buscavam resolver o que seus criadores consideravam como dificuldades com a mensagem clara da humanidade, divindade e expiação de Cristo, conforme a mensagem dos apóstolos e dos quatro evangelhos canônicos. Mas, ao resolver essas dificuldades aparentes, suas soluções essencialmente anulavam o poder do verdadeiro evangelho. Se Cristo tivesse sido apenas um homem, como Seu sacrifício poderia ajudar alguém? Nesse caso, Ele teria sido apenas um sábio mestre que Se envolveu numa situação terrível e a enfrentou com bravura. Se Ele somente pareceu sofrer na cruz, qual foi o objetivo? Se Ele não era verdadeiramente divino, mas uma espécie de superanjo ou semideus, como Sua morte e ressurreição poderiam expiar a ofensa contra Deus? Em contraste com tudo isso, os apóstolos ensinaram que Cristo foi Deus, em todos os sentidos, mas abriu mão de Seu status, Se esvaziou (kenosis, em grego) das prerrogativas da divindade, a ponto de morrer na cruz como um criminoso. Ele tinha tudo, e era tudo, mas por amor nos deu tudo e Se tornou nada. Se você compreende isso, então você conhece o evangelho.
Pense nisto: Por que um entendimento correto da verdadeira natureza e divindade de Jesus Cristo é tão essencial para a compreensão da salvação encontrada em Sua vida, morte e ressurreição?

Aplicação
Só para o professor: Use as seguintes perguntas para ajudar os alunos a fortalecer o que aprenderam sobre a natureza e importância do nosso conhecimento do Deus triúno.
Perguntas para reflexão
1. O que os autores bíblicos queriam dizer com a noção de que Deus é um? Por que essa unidade é tão importante?
2. Por que a divindade de Cristo é o aspecto mais frequentemente desafiado quando as pessoas tentam lançar dúvidas sobre a doutrina da Trindade? Por que a divindade de Cristo é tão difícil de aceitar, apesar da clara evidência bíblica e histórica?
Pergunta de aplicação

Examinando a doutrina da Trindade e sua unidade na diversidade, o que podemos aprender sobre o que Deus deseja para nossas igrejas e para nossa vida individual e familiar?

Criatividade
Só para o professor: Nesta semana aprendemos a importância tanto da unidade de Deus quanto de Sua natureza multifacetada, como se vê na doutrina da Trindade. As seguintes atividades ajudarão os alunos a lembrar e aplicar as lições aprendidas em sua comunhão e crescimento espiritual.
Atividade 1: Um aspecto importante da unidade de Deus ensinado na Bíblia é Sua singularidade absoluta. Nada nem ninguém é igual a Deus. Providencie um quadro para escrever, se for possível, e comente brevemente a unicidade de Deus. (Caneta e papel são substitutos igualmente adequados.) Em seguida, peça que a classe sugira formas pelas quais Deus Se mostra único. Escreva no quadro as características que definem a unicidade de Deus. Dirija uma oração de louvor a Deus por essas qualidades e pelas maneiras em que Ele as manifesta em nosso favor. Você pode começar ou encerrar a classe dessa maneira.
Atividade 2: Todo mundo sabe que o Antigo Testamento ensina a unicidade de Deus, enquanto o Novo Testamento apresenta o Filho e o Espírito Santo. Mas, isso é verdade? Peça que a classe procure no Antigo Testamento exemplos de manifestações do Espírito Santo ou do Filho. Alguns exemplos:
Êxodo 31:3, 1 Crônicas 28:12, e Jó 33:4 para o Espírito Santo; Gênesis 18:3, Daniel 7:13 para aparições de Cristo. Você pode solicitar essa tarefa na semana anterior à da lição, se possível.

Comentário Lição 1 - O Deus Triúno

Autor do comentário: Edilson Valiante

O que é a Trindade?

Na Bíblia não existe declaração explícita nenhuma sobre Deus em essência e Sua natureza ou, ainda, como subsiste em três Pessoas. Nem mesmo o termo “Trindade” aparece no texto (por isso, muitos teólogos – e Ellen White – preferem chamar de doutrina da “Divindade” em vez de “Trindade”). Contudo, essa doutrina é fundamental para o cristianismo, pois considera e determina o Deus em quem professamos fé.

É certo que existem muitas passagens que comprovam de forma determinante a doutrina, como veremos a seguir.

Entretanto, temos que reconhecer nossa limitação óbvia: por sermos criaturas em estado decaído, é impossível termos uma compreensão clara e definida sobre a natureza de Deus. Como Ele é e qual é Sua essência, são tópicos que não podem ser captados de forma integral pela nossa mente. É como a seguinte ilustração atribuída a Agostinho:

Agostinho observou que, numa praia ao Norte da África, um garoto havia feito um buraco na areia. Com uma pequena cabaça nas mãos, corria até o mar, enchia o recipiente e, de volta, despejava a água no buraco.

Como o garoto repetisse a operação dezenas de vezes, curioso, Agostinho aproximou-se dele e perguntou: “O que você está fazendo?”

Para a surpresa do teólogo, o garoto simplesmente respondeu: “Estou tentando colocar todo o mar neste buraco na areia!”

Como não podemos compreender totalmente a estrutura da Trindade, alguns têm rejeitado sua existência, o que não está, em absoluto, de acordo com a revelação bíblica. Deus existe e Sua natureza é trinitária.

Diante dessas limitações, nossa abordagem sobre Deus deve se limitar ao estudo de como Ele atua, como Se relaciona conosco e como devemos nos aproximar dEle. São esses os questionamentos sérios nos quais devíamos nos deter.

Além disso, temos que observar a natureza da revelação bíblica: A Bíblia não é um compêndio sobre a natureza e o caráter de Deus. Seu propósito é revelar o plano salvífico de Deus para com a humanidade caída e como devemos nos relacionar com Ele (e esse objetivo é muito bem explícito). Contudo, nessa revelação aparecem evidências implícitas da natureza da divindade – Três Seres divinos.

Todos os credos ortodoxos da cristandade têm referência clara e objetiva quanto aos Seres que compõem a Trindade.

Credo Apostólico (c. 120): “Creio em Deus Pai todo poderoso... E em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo Espírito Santo... Creio no Espírito Santo...”

Credos pessoais que atestam a Trindade: Irineu (c. 190); Tertuliano (c. 200); Hipólito (c. 215); Marcellus (c. 340); Rufinus (c. 404).

Credo de Niceia (325); Constantinopla (381); Confissão de Augsburg (1530); 2ª Confissão Helvética (1566); Confissão de Westminster (1646), etc.

A Crença Fundamental 2 da IASD: “Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas coeternas. Deus é imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo e sempre presente. Ele é infinito e está além da compreensão humana, mas é conhecido por meio de Sua autorrevelação. Para sempre é digno de culto, adoração e serviço por parte de toda a criação.”

Os ASD possuem uma compreensão única a respeito da divindade. Colocamos em equilíbrio os Seres da Trindade. Quais são as principais razões para termos esta compreensão? É certo que cada tópico das lições deste trimestre vai abordar aspectos dessa compreensão singular, mas os principais são:

A IASD é o único movimento religioso que considera a revelação como um todo, isto é, aceitamos a Bíblia como um todo, de Gênesis a Apocalipse.

Temos o entendimento do pano de fundo filosófico das Escrituras: o drama do grande conflito.

Diferentes entendimentos com respeito à divindade – Aqui estão listadas as principais concepções acerca de Deus na história do cristianismo.

Deus é totalmente transcendente: Ele está tão distante que não Se importa com a humanidade (ex.: deísmo).

Deus por natureza está dissociado de tempo e espaço (sem movimento). É um Ser essencialmente metafísico:

Esta é uma imposição filosófica dentro do cristianismo a partir do 2º séc. A partir daqui, a tradição filosófica passou a determinar a teologia. Por isso, muitos erros doutrinários foram introduzidos no cristianismo.

Assim, Deus é totalmente outro, centrado em Si mesmo, necessitando de agentes que efetivem Sua comunicação com a humanidade (ex.: Maria, santos, etc.).

Ressalta a natureza punitiva da divindade, Sua justiça castiga os que erram.

Este Deus possui características deterministas, como se observa na teologia de Agostinho (Confissões 11:14-16), Lutero e Calvino.

Deus é totalmente imanente:

Panteísmo: identifica o Universo com Deus.

Panenteísmo: Deus inclui e penetra todo o Universo de tal maneira que cada uma de suas partes existe nEle. Seu ser é mais que o universo.

Um exemplo desse tipo de pensamento é Paul Tillich (teólogo moderno com maior influência na teologia evangélica no Brasil): Deus não “existe”, porque existência é uma categoria de dependência. Um deus que “existe” é simplesmente outro ser, ao nosso nível. Assim, Deus não é um ser, mas o poder de ser, que está dentro de cada ser, habilitando-o a existir e sem ele cessaria de existir.

Deus é totalmente identificado com a história. Deus não é um ser que atua, que intervém na história, mas é uma realidade intra-histórica; os atos salvíficos de Deus na história vão formando Seu ser. Assim, não existe revelação objetiva (Bíblia), mas a própria história é a autorrevelação de Deus (ex.: teologia do processo, teologia da libertação, teologia da esperança, etc.).

Deus vai “construindo” Seu conhecimento “futuro” através de suas ações na história. Um exemplo desse pensamento é encontrado em Richard Rice, The Openness of God. Para ele, existência e conhecimento vêm através da experiência: “Nem tudo que irá acontecer está já determinado. Uma parte significativa do futuro permanece ainda por ser decidida. A parte ainda aberta consiste das decisões livres a ser tomadas no futuro tanto pelas criaturas como por Deus” (p. 26). Sobre esse Conhecimento Antecipado e Liberdade Humana, verNisto Cremos, p. 40.

Deus está tão próximo de mim, habita no ser humano a ponto de ser manipulado (ex.: pentecostais manipulando o Espírito Santo).

Visão bíblica: Deus é um ser pessoal, movido pelo amor. O melhor, então, não é discuti-Lo em termos de transcendência ou imanência (físico ou metafísico) como fazem muitas tradições teológicas dentro do cristianismo, mas em termos do que é visível e invisível, compreensível, ou além de nossa capacidade, como o faz a própria Bíblia. É o Deus que atua na história e está identificado ao tempo e espaço por Jesus Cristo.

Se tivermos a ideia de um Deus com características de um avô, este será extremamente permissivo, colocando em risco a compreensão de Sua justiça.

Por outro lado, se consideramos Deus como um padrasto vingativo, dificilmente se poderá entender Seu amor para conosco.

Assim, é significativo que tenhamos uma compreensão equilibrada acerca de Deus em Sua autorrevelação, especialmente nas Escrituras. A razão desacompanhada da Bíblia jamais poderá captar a plenitude de um Deus que deseja salvar a humanidade.

Unidade da Divindade: Há um só Deus; o cristianismo não é politeísta (não são três deuses).

Êx 3:13-15 – EU SOU O QUE SOU. Esse texto marca o encontro mais objetivo da divindade com um ser humano.

Deus declara ser único.

Deus declara Seu nome: Eu Sou.

Alguns chegam a “ver” a Trindade nesse verso, com referência às expressões Deus de Abraão, Isaque, e Jacó. Contudo, essa relação não deve ser levada a sério.

Dt 6:4-7 – Aqui está o famoso Shemah que é parte do culto nas sinagogas até hoje. Para os judeus, com seu monoteísmo radical, esses versos são prova da impossibilidade da Trindade. Mas, o assunto aqui não é uma exposição sobre a natureza de Deus. Temos que admitir que no Shemah, a unidade (“único Deus”) da divindade aparece na relação de contraste entre o Deus verdadeiro e os outros deuses, os deuses das outras nações. Essa é a consistência presente nos primeiros quatro mandamentos (Êx 20:3-11), em especial o 1º mandamento (que é o mandamento determinante de todos os outros). Assim, esses versos não são uma afirmação de monoteísmo radical como possa aparentar superficialmente. Além disso, como o próprio texto da Lição (comentário da pergunta 2) expõe, o termo usado aqui para definir essa “unidade” é o termo echad, usado também em Gênesis 2:24 para determinar o estado do ser humano no casamento, onde marido e mulher, mesmo sendo duas pessoas, tornam-se uma, isto é, admite a ideia de pluralidade. Há no hebraico, contudo, o termo yashid – “único da espécie”. Essa expressão realmente estabelece o caráter único de um ser, rejeitando qualquer ideia de pluralidade, como no caso de Isaque, único filho da promessa. Devemos ter em mente, entretanto, que essa não é a expressão usada no Shemah.

Tg 2:19 – Até os demônios creem que Deus é um e tremem (será que a constatação de tal realidade também nos faz tremer?)

1 Co 8:4-6 – “Há somente um único Deus” em contraste com muitos. Em contrapartida, esse verso apresenta Cristo como Deus (v. 6), em relação de igualdade com o Pai:

Deus Pai – (a) “de quem são todas as coisas” e (b) “para quem existimos”;

Senhor Jesus Cristo – (a) “pelo qual são todas as coisas” e (b) “e nós por meio dEle”;

Nota-se nesse verso o que observamos em muitos outros: Deus é um em ação e propósito e é triúno em exercer funções.

1Tm 2:5-6 – “Há um só Deus e mediador”. Literalmente: “há um Deus e também um mediador de Deus e do homem, Jesus Cristo homem”: unidade da divindade (no verso 3 Deus é salvador) em ação; mediação é função de Cristo apenas.

1Jo 5:7 – Esse verso é conhecido como “Comma Joanina” (ARC e na ARA 2ª Ed. aparece entre colchetes). Surgiu em manuscritos latinos por volta de 800 DC, e foi incorporado ao texto oficial da Igreja Católica (a Vulgata). De origem obscura, parece ter aparecido na Espanha ou Norte da África, por possíveis pressões arianas. Como esse verso não está no original, esse texto não deve ser usado como prova da Trindade.

Deidade ou Divindade:

Inúmeros textos revelam a deidade do Pai. Não há discussão alguma quanto à divindade do Pai. Contudo, devemos ter um equilíbrio na compreensão do Pai.

Alguns colocam uma ênfase exagerada na justiça em detrimento do amor.

Outros O veem como alguém pronto a passar por cima nossos erros e pecados. Dessa forma, a figura de Deus é compreendida num conceito de “amor burro”, incapaz de expressar Sua vontade diante do pecado.

A visão correta de Deus como Pai nos leva ao equilíbrio: um Deus de misericórdia – amor temperado com justiça.

Deidade de Cristo – Apenas alguns textos que estabelecem a divindade de Jesus: 1Co 8:6; Fp 2:5-7 (mesmo morphe – “forma”de Deus); Hb 1:1-5 (apaugasma – “resplendor” que é de Deus), 8; Mc 2:8-10 (prerrogativa de perdoar pecados); Jo 1:1-3; 5:18; 8:58; 10:30; 20:28; Rm 9:5; Cl 2:9; Tt 2:11-13; 2Pe 1:1; 1Jo 5:20 (ver capítulo 4 do livro Nisto Cremos).

Deidade do Espírito Santo: At 5:3-4 (identificação entre Deus e o Espírito); Jo 16:7-11 (ver capítulo 5 do livro Nisto Cremos).

Deus é Triúno:

Gn 1:26 – “Disse Deus (Elohim plural de El e Elah, mas emprega verbos no singular): façamos o homem à nossa imagem”. Aqui não existe nenhuma possibilidade de plural de majestade.

Gn 11:7; 3:22 – Pronomes no plural. Às vezes, os verbos são usados também na forma plural: ex.: “desçamos” demonstra a ação coletiva da divindade.

Mt 28:19-20 – a fórmula batismal não possui problema de transmissão do texto, embora alguns, por ignorância do estudo do texto grego, afirmam que foi um acréscimo posterior. O batismo é um testemunho público da aceitação de Deus (não só de Cristo, ou só do Espírito). O batismo cristão é trinitariano.

2Co 13:13 (14) – Bênção trinitariana: amor do Pai, graça de Cristo e a companhia do Espírito. Alguns veem na bênção de Números 6:24-26 e a tripla repetição do nome de Deus como uma evidência da Trindade.

1Pe 1:1-2 – Introdução trinitariana: escolhidos pelo Pai, santificados pelo Espírito, para obediência em Cristo.

Mt 3:16-17 – batismo de Jesus: voz do Pai, Cristo na água e o Espírito pairando em forma de pomba.

At 7:55 – visão de Estevão: cheio do Espírito, viu a glória de Deus e Jesus estava à Sua direita (símbolo oriental de igualdade).

Is 6:3 – “santo, santo, santo”: alguns veem nesse texto uma declaração trinitariana, mas não podemos nos esquecer de que essa repetição é típica do superlativo na língua hebraica.

No quadro abaixo mostramos alguns textos bíblicos que indicam os atributos divinos em relação às três Pessoas da Divindade. Observe que no último exemplo, o próprio nome de Deus (IHWH – JAVÉ) é usado em relação aos Três Seres Divinos.

Quadro Resumido da Trindade na Bíblia em Relação aos Atributos

 

Pai

Filho

Espírito Santo

Eternidade

Sl 90:2

Is 9:6;
Mq 5:2

Hb 9:14

Onisciência

Pv 15:3;
Sl 33:13-14

Cl 2:2-3;
Jo 2:25;
Mt 9:4

1Co 2:10-11;
Is 40:13-14

Onipotência

Gn 28:3;
Ap 1:8;
Gn 17:1

Mt 28:18

Sl 139;
1Co 12:11;
Lc 1:35

Onipresença

Sl 139:1, 8

Mt 18:20; 28:20

Sl 139:7-10

Ação Criadora

Is 42:5;
At 17:24;
Gn 1:1

Jo 1:3;
Hb 1:2;
Cl 1:15-16

Gn 1:2;
Jó 33:4;
Sl 104:30

Divindade

Is 40:28;
Êx 20:2;
2Sm 7:22

Rm 9:5;
Jo 1:1; 8:58; 20:28

At 5:3-4

Uso do nome IHWH / Senhor

SL 83:18

Comp. Is 40:3 e MT 3:3;
Comp.
Is 40:10 e Ap 22:6, 7, 12;
Comp. Zc 12:4 e Jo 19:34, 37;
Comp. Zc 14:5 e 1Ts 3:13.

Comp. At 28:25-27 e Is 6:3, 8-10;
Comp. Jr 31:33-34 e Hb 10:15-16

União em ação e funções específicas

Toda a Trindade está envolvida no processo (ação conjunta) de salvação do ser humano. Isso é evidente no santuário, no batismo, na criação, na encarnação, na cruz, na igreja, na ressurreição, na oração, etc.

Cada Pessoa da divindade possui funções específicas nesse projeto salvífico: ex.: foi Jesus quem encarnou e morreu na cruz. Numa mesma ação, cada um exerce sua função: o Pai atua como fonte, o Filho como Mediador (executor) e o Espírito como o Mantenedor (atualizador).

Não existe hierarquia na natureza da Trindade, mas pode haver uma hierarquia funcional em termos do plano da salvação, como por exemplo: o Pai é que dá o Filho e o Espírito procede tanto do Pai quanto do Filho.

A Trindade é o “organismo” como a Divindade Se manifesta ao ser humano.

“Em teologia, como em qualquer outra ciência, há necessidade absoluta de alguns termos técnicos. Quando dizemos que há três Pessoas distintas na Divindade, não queremos, com isso, dizer que cada uma dElas seja separada da outra, como um ser humano está separado de todos os demais. Embora se diga que se amam, se ouçam, orem uns aos outros, testifiquem uns dos outros, não são, no entanto, independentes entre si; porque, como já dissemos, autoexistência e interdependência são propriedades, não das pessoas individuais, mas do Deus Triúno.” Boettner, The Trinity, 59.

Elementos essenciais à doutrina da Trindade

Todas as ações da Divindade são trinitarianas.

Devemos sempre começar com a unidade de Deus: O Senhor é o único Deus. Deve-se evitar o monoteísmo radical.

A deidade do Pai, do Filho e do Espírito deve ser mantida. Cada um é qualitativamente igual ao outro, sendo coexistentes e coessenciais.

O aspecto de “três” e o aspecto de “um” em Deus não se referem à mesma coisa: três pessoas ou manifestações e uma essência, natureza e propósito.

A Trindade é eterna. Não há um tempo em que só o Pai é Deus.

A Trindade sempre age em conjunto, nunca isoladamente: Uma em ação.

Os membros da Trindade realizam funções diferentes que podem evidenciar subordinação ou hierarquia, mas isso não significa inferioridade. No plano da Redenção, o Filho procede do Pai e o Espírito procede tanto do Pai como do Filho. Cada qual tem uma função definida a cumprir.

A Trindade é incompreensível à mente humana: só podemos aceitar Sua existência, mas nunca explicá-la definitivamente.

Para um estudo mais cuidadoso sobre o tema, veja:

Comentários de Ellen G. White sobre a Lição da Escola Sabatina, Casa Publicadora Brasileira

Nisto Cremos, Casa Publicadora Brasileira

A Trindade, Casa Publicadora Brasileira

Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, Casa Publicadora Brasileira

Sobre o autor: Nascido em São Paulo, o Pr. Edilson Valiante formou-se em Teologia em 1979. Por mais de 20 anos serviu como professor da Faculdade Adventista de Teologia. Foi distrital, departamental de Educação e JA. Atualmente é o Secretário Ministerial da União Central Brasileira. Casado com a professora Nely Doll Valiante, possuem um casal de filhos: Luciene e Eduardo

 

 

Enviado por LicoesdaBiblia em 05/01/2012 "Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo. Mantenham-se no amor de Deus, enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo os leve para a vida eterna" Judas1: 20, 21 Com a participação do pastor Valter Silva, Deptal de Comunicação e Adra da AP (Associação Paulistana), e do pastor Oliveiros Ferreira, Presidente da APaC (Associação Paulista Central). http://novotempo.com/licoesdabiblia

 

Fontes:

Casa Publicadora Brasileira ( http://www.cpb.com.br/ )

Novo Tempo Lições da Bíblia ( http://novotempo.com/licoesdabiblia/)

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