Lição 4 - Senhor das nações (Amós e Obadias)
20 a 27 de abril
VERSO PARA MEMORIZAR:
“Rugiu o leão, quem não
temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” (Am 3:8).
Leituras da Semana:
Pensamento-chave: Atos
de desumanidade são pecados contra Deus e por isso serão julgados.
Nas Escrituras, um leão
geralmente descreve o rei do mundo animal. Sua aparência revela força e
majestade irresistíveis, bem como ferocidade e poder destrutivo. O rugido do
leão pode ser ouvido a vários quilômetros de distância. Amós, um pastor, foi
enviado aos israelitas para adverti-los de que ele tinha ouvido um leão
rugindo. Esse leão não era outro senão o Senhor! Movido pelo Espírito Santo, o
profeta Amós comparou com o rugido de um leão a maneira divina de falar às
nações e ao Seu povo especial (Am 1:2).
Amós foi chamado para profetizar às nações que cometiam crimes contra a
humanidade. Ele também foi enviado a uma sociedade na qual um povo privilegiado
e religioso vivia em paz e prosperidade. No entanto, esse mesmo povo oprimia os
pobres e permitia negócios desonestos e suborno nos julgamentos. Nesta semana,
ouviremos o que o Senhor tem a dizer sobre essas ações desprezíveis.
Crimes contra a
humanidade
Os dois primeiros
capítulos de Amós contêm sete profecias contra nações vizinhas, seguidas por
uma profecia contra Israel. As nações estrangeiras não são julgadas por serem
inimigas de Israel, mas por suas transgressões de princípios humanos
universais. Duas coisas se destacam na condenação de Amós: a ausência de
lealdade e a ausência de compaixão.
Por exemplo, Tiro era uma importante cidade mercantil localizada na costa do
Mediterrâneo, ao norte de Israel. Por sua quase inexpugnável fortaleza em uma
ilha, a cidade se vangloriava de sua segurança. Além disso, os líderes de Tiro
firmavam tratados de paz com várias nações vizinhas, como a dos filisteus. A
cidade se tornou aliada de Israel por um “tratado de fraternidade” durante os
reinados de Davi e Salomão (1Rs 5:1, 12) e até mesmo do rei Acabe (1Rs 16:30,
31). Não é surpreendente ler em 1 Reis 9:13 que Hirão, rei de Tiro, chamou
Salomão de “meu irmão” (NVI).
No entanto, o povo de Tiro havia transgredido a “aliança de irmãos”. Tiro não
foi condenada por levar embora os cativos, mas por entregá-los aos inimigos de
Israel, os edomitas. Assim, o povo de Tiro foi responsável pelas crueldades que
esses prisioneiros sofreram nas mãos de seus inimigos. Da perspectiva de Deus,
a pessoa que auxilia e apoia a prática de um crime é tão culpada quanto aquela
que o comete.
Visto que Deus é soberano, Ele tem nas mãos o destino de todo o mundo. Tem
objetivos e interesses que vão muito além das fronteiras de Israel. O Deus de
Israel é o Senhor de todas as nações. Ele Se interessa por toda a história
humana. Ele é o Deus criador, que dá vida a todos, e todos são responsáveis
diante dEle.
Quem entre nós não fica
indignado diante da injustiça? Se Deus não existisse, que esperança teríamos da
aplicação da justiça? O que significa para você a promessa bíblica de que Deus
trará justiça e juízo ao mundo? Como podemos aprender a nos apegarmos a essa
promessa em meio a toda a injustiça que vemos?
Justiça para o oprimido
O juízo universal de
Deus é um dos ensinamentos centrais de Amós. No início de seu livro, o profeta
anunciou o juízo sobre várias nações vizinhas de Israel por causa de seus
crimes contra a humanidade. Em seguida, Amós declarou ousadamente que Deus
também julgaria Israel. A ira do Senhor foi dirigida não somente às nações, mas
também ao povo que Ele havia escolhido. O povo de Judá havia rejeitado a
Palavra do Senhor e não tinha observado Suas instruções.
Ao mesmo tempo, Amós lidou com Israel muito mais amplamente do que até mesmo
com Judá, porque Israel havia quebrado a aliança de Deus e cometido muitos
pecados. A prosperidade econômica de Israel e a estabilidade política o levaram
à decadência espiritual que se manifestou na injustiça social. Em Israel, os
ricos exploravam os pobres e os poderosos exploravam os fracos. Os ricos se
preocupavam apenas consigo mesmos e com seu ganho pessoal, mesmo com prejuízo e
sofrimento dos pobres (depois de alguns milhares de anos, muita coisa não
mudou, não é verdade?).
Em sua pregação, Amós ensinou que existe um Deus vivo que Se preocupa com nossa
maneira de tratar o semelhante. Mais do que uma ideia ou norma, a justiça é uma
preocupação divina. O profeta alertou que as casas de pedra de Israel, os
móveis de marfim, os alimentos e bebidas de alta qualidade e as melhores loções
para o corpo, tudo seria destruído.
2. Leia Isaías 58. Que aspectos da
verdade presente são incluídos nesse capítulo? Em que sentido nossa mensagem ao
mundo é muito mais do que isso?
A Bíblia ensina
claramente que a justiça social deve ser o resultado natural do evangelho. À
medida que o Espírito Santo nos torna mais parecidos com Jesus, aprendemos a
compartilhar as preocupações de Deus. Os livros de Moisés enfatizam que os
estrangeiros, as viúvas e os órfãos devem ser tratados com justiça (Êx
22:21-24). Os profetas falam da preocupação divina a respeito do tratamento
justo e compassivo para com as pessoas menos privilegiadas (Is 58:6, 7). O
salmista chama o Deus que vive em Sua santa morada o “pai dos órfãos e juiz das
viúvas” (Sl 68:5). Cristo mostrou grande preocupação por pessoas rejeitadas
pela sociedade (Mc 7:24-30; Jo 4:7-26). Tiago, irmão do Senhor, nos exorta a
colocar a fé em ação e ajudar os necessitados (Tg 2:14-26). Ninguém pode fazer
menos do que isso e realmente ser um seguidor de Cristo.
O perigo dos privilégios
A mensagem profética de
Amós não foi planejada apenas para a situação histórica de Israel, mas para
ampliar o alcance da mensagem para além de Israel e Judá. No Antigo Testamento,
Israel tinha diante de Deus privilégios únicos, mas não exclusivos.
Leia Amós 3:1, 2. O verbo hebraico yada, “saber”, usado no verso 2, tem um
sentido especial de intimidade. Em Jeremias 1:5, por exemplo, Deus disse que
conheceu o profeta e o separou antes mesmo de seu nascimento. Tal foi o caso
dos israelitas. Eles não eram apenas mais uma nação entre as nações. Ao
contrário, Deus os separou para um santo propósito. Eles estavam em um
relacionamento especial com Ele.
Deus escolheu Israel e o tirou da escravidão. A saída do Egito foi o evento
mais importante no início da história de Israel como nação. Ele preparou o
cenário para os atos divinos de redenção e para a conquista da terra de Canaã.
Mas a força e prosperidade de Israel o levaram ao orgulho e complacência em
relação à sua condição privilegiada como povo escolhido do Senhor.
3. Cristo declarou que se utilizarmos mal
nossos grandes privilégios receberemos grandes penalidades. O que significa
esse princípio? Lc 12:47, 48
Sob inspiração divina, o
profeta advertiu os israelitas. Visto que o povo de Israel era o eleito do
Senhor, ele seria especialmente responsabilizado por suas ações. O Senhor
estava dizendo que o relacionamento único de Israel com Deus trazia obrigações
e haveria punição se essas obrigações não fossem cumpridas. Em outras palavras,
Israel, como povo escolhido de Deus, era ainda mais suscetível aos Seus juízos,
porque privilégio implica em responsabilidade. A eleição de Israel não foi
apenas ao status privilegiado. O povo foi chamado a ser testemunha para o mundo
sobre o Senhor que tanto o havia abençoado.
“As igrejas professas de
Cristo nesta geração desfrutam dos mais altos privilégios. O Senhor Se tem
revelado a nós numa luz sempre crescente. Nossos privilégios são muito maiores
que os do antigo povo de Deus” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 317).
Pense nos nossos
privilégios como adventistas do sétimo dia. Por que as responsabilidades que
vêm com esses privilégios devem nos fazer tremer? Será que nós simplesmente nos
acomodamos, como aconteceu com Israel? Temos nos tornado complacentes por causa
das bênçãos que recebemos? Como podemos mudar?
O encontro de Israel com
Deus
“Prepara-te, ó Israel,
para te encontrares com o teu Deus” (Am 4:12).
O capítulo 4 de Amós
começa com a descrição dos pecados de Israel e termina com o anúncio do dia do
acerto de contas. Deus faz Seu povo especialmente responsável por sua maneira
de viver e tratar os outros.
Amós listou uma série de desastres naturais, dos quais qualquer um devia ter
sido suficiente para converter a nação ao Senhor. A lista é composta por sete
desastres, a medida completa das punições pela quebra da aliança de Deus (de
acordo com as palavras de Moisés em Levítico 26). Alguns desses desastres
lembram as pragas que Deus enviou sobre o Egito, enquanto a descrição da última
calamidade menciona explicitamente a total destruição de Sodoma e Gomorra.
4. De acordo com a oração de Salomão na
dedicação do templo, o que os desastres normalmente deviam levar as pessoas a
fazer? 1Rs 8:37-40
O povo de Israel não
mais se comportava como pessoas normais, e Deus achou impossível obter sua
atenção. Além disso, os juízos de Deus resultaram no endurecimento do coração
das pessoas. Visto que os israelitas não voltaram ao Senhor, Amós lhes
apresentou uma última chance de arrependimento.
O juízo final era iminente, porém Amós não especificou o que seria. A
assustadora incerteza nas palavras de Amós torna a ameaça de juízo ainda mais
assustadora. Israel havia falhado em buscar a Deus, por isso Ele saiu ao
encontro de Israel. Se a punição tinha falhado, um encontro com Deus poderia salvar?
Amós 4:12 começa com as palavras “assim te farei”, que ecoam a fórmula
tradicional de juramento. Essa declaração solene exige uma resposta de Israel
em se preparar para encontrar seu Deus, como havia acontecido antes da aparição
dEle no Sinai (Êx 19:11, 15).
Leia atentamente Amós
4:12, 13. Se, de repente, você ouvisse a advertência “Prepare-se para
encontrar-se com o seu Deus, ó [acresecente o seu nome]”, qual seria a sua
resposta? Qual é a sua única esperança? Leia Rm 3:19-28.
Orgulho que leva à queda
5. Leia o livro de Obadias. Que
importantes verdades morais e espirituais podemos tirar dele?
Obadias é o menor livro
do Antigo Testamento, e relata a visão profética do juízo de Deus sobre a terra
de Edom. A mensagem do livro focaliza três questões: a arrogância de Edom (v.
1-4), a futura humilhação de Edom (v. 5-9), e a violência de Edom contra Judá
(v. 10-14).
Os edomitas eram descendentes de Esaú, irmão de Jacó. A hostilidade entre os
israelitas e os edomitas remonta à briga de família entre os irmãos gêmeos, que
mais tarde se tornaram os pais das duas nações. No entanto, de acordo com
Gênesis 33, os dois irmãos posteriormente se reconciliaram. Assim, Deus ordenou
aos israelitas: “Não aborrecerás o edomita, pois é teu irmão” (Dt 23:7).
Apesar disso, as hostilidades entre as duas nações continuaram por séculos.
Quando Babilônia destruiu Jerusalém e levou seus cidadãos para o cativeiro, os
edomitas não somente se alegraram, mas até mesmo atacavam os israelitas que
fugiam e também ajudaram a saquear Jerusalém (Sl 137:7). Por essa razão, o
profeta Obadias advertiu que Edom seria julgado por seu próprio padrão: “Como
tu fizeste, assim se fará contigo” (Ob 15). Os edomitas não se comportaram como
irmãos para com o povo de Judá em sua hora mais difícil, mas, em vez disso, se
uniram às forças inimigas (Lm 4:21, 22).
A região ocupada por Edom está localizada a sudeste do Mar Morto. É uma terra
montanhosa cheia de elevados cumes de montanhas, penhascos, cavernas e fendas
em que os exércitos podiam se esconder. Havia cidades edomitas localizadas
nesses locais quase inacessíveis. Sela (também conhecida como Petra) era a
capital de Edom. A nação desenvolveu uma confiança arrogante resumida na
pergunta: “Quem me deitará por terra?” (Ob 3).
Deus responsabiliza os que se aproveitam dos outros em seus momentos de
angústia. Obadias advertiu o orgulhoso povo de Edom de que Deus traria
humilhação sobre sua cabeça. Não há lugar para fugir do Senhor (Am 9:2, 3). O
futuro dia do Senhor traria tanto o juízo quanto a salvação. Edom beberia o
cálice da ira divina, enquanto a situação do povo de Deus seria restaurada.
Estudo adicional
Leia as citações abaixo.
De que maneira elas nos ajudam a compreender mais claramente as mensagens de Amós 1–4 e
de Obadias?
Desde os primórdios da
religião israelita, a crença de que Deus tinha escolhido esse povo específico
para cumprir uma missão tem sido tanto um fundamento da fé hebraica quanto um
refúgio em momentos de aflição. No entanto, os profetas sentiram que, para muitos
de seus contemporâneos, esse fundamento era uma pedra de tropeço, e esse
refúgio, uma fuga. Eles tinham que lembrar às pessoas que a eleição não devia
ser confundida com favoritismo divino ou imunidade ao castigo, mas, ao
contrário, significava que elas estavam mais seriamente expostas ao juízo e
castigo divinos. [...]
“A eleição significava que Deus estava exclusivamente preocupado com Israel? O
Êxodo do Egito implica que Deus estava envolvido apenas com a história de
Israel e totalmente alheio ao destino das outras nações?” (Abraham J. Heschel,
Os Profetas, p. 32, 33).
“Com as defesas do coração destruídas, os enganados adoradores não tinham
nenhuma barreira contra o pecado e se renderam às más paixões do coração
humano. […]” (Ellen G. White, Profetas e Reis,
p. 282).
Perguntas para reflexão
1. É fácil ser simpático
com alguém que tenha algo para lhe oferecer. E quanto àqueles que estão em
dificuldades, nada têm a oferecer e necessitam de sua ajuda? Que tipo de
atitude você demonstra com relação a eles?
2. Pense nas coisas que recebemos como adventistas do sétimo dia. A maioria dos
cristãos não tem ideia das bênçãos do sábado (muito menos de sua importância no
tempo do fim). A maioria acha que os mortos vão imediatamente para o Céu ou
para os tormentos do inferno. Muitos não acreditam na ressurreição física de
Jesus, nem acreditam em uma segunda vinda literal de Cristo. Que outras grandes
verdades recebemos e que a maioria das pessoas não conhece? Qual é nossa
responsabilidade em relação a elas??
Respostas
sugestivas: 1. Porque as nações oprimiam e
destruíam outros povos e não se lembravam da aliança de irmãos. A ganância os
levava à violência; desprezaram a lei de Deus. 2. Justiça social como evidência
da verdadeira devoção ao Senhor, na forma de jejum e oração; a observância do
sábado como expressão de gratidão ao Senhor e de amor ao próximo; harmonia com
os fundamentos eternos da Palavra de Deus. Mas a mensagem do evangelho vai além
da preocupação com uma vida mais justa no contexto do pecado. Devemos enfatizar
a promessa da volta de Cristo. 3. Quanto maiores forem nossas oportunidades e
privilégios, maiores serão nossas responsabilidades diante de Deus. 4. Orar a
Deus fervorosamente, em busca de perdão e restauração. 5. Os que se exaltam
contra o Senhor serão humilhados; os aliados no mal se tornam inimigos;
colhemos o que plantamos; no dia do Senhor, as pessoas receberão a recompensa
de acordo com suas obras; haverá libertação para o povo de Deus; por fim, o
Senhor reinará.
Escola Sabatina |
Texto-chave: Amós 3:8
|
O aluno deverá...
Saber: Que
o tema da profecia não é exclusivamente sobre previsões para o futuro, mas
sobre as decisões presentes das pessoas.
Sentir: Perceber
que Deus condena o orgulho, injustiça e outras ações contra a humanidade.
Compartilhar do anseio que Amós teve de restauração da justiça.
Fazer: Levar
a sério a Palavra profética de Deus, preparar-se e aos outros para o encontro
com Deus, sem levá-los a se sentir deprimidos ou irremediavelmente condenados.
Esboço
I.
Saber: O poder da Palavra divina
A. Qual é o principal objetivo da Palavra de Deus: informar, instruir, alertar,
encorajar ou fortalecer?
B. Como você sabe que Deus falou no passado e ainda fala através da Sua Palavra
hoje?
C. Por que Deus revela o futuro?
II. Sentir: Deus falou – O que isso
significa para mim?
A. Por que é tão importante ouvir a voz profética de Deus?
B. De que maneira podemos falar sobre o comportamento errado sem ter atitude
crítica?
III. Fazer: A importância da Palavra
profética
A. Como podemos condenar o pecado no espírito correto e, ao mesmo tempo,
incentivar as pessoas a fazer o que é certo?
B. Como você pode defender os oprimidos, maltratados, pobres ou desamparados de
sua comunidade?
C. Como sua igreja pode apoiar um ministério profético hoje?
Resumo: A
Palavra profética de Deus não apenas contém informações sobre o passado e o
futuro, mas nos ajuda a tomar decisões corretas no presente.
Motivação
Focalizando a Palavra: Amós
4:12
Conceito-chave para o crescimento
espiritual: O
Deus de Amós é um Deus de justiça e retidão. Essa ênfase é muito importante em
nossa sociedade moderna, dominada pelo sentimentalismo e pela compreensão de
que, se algo parece bom, deve ser correto. Embora as emoções exerçam papel
essencial em nossa vida, precisamos ser controlados por princípios divinos que
garantem que nossos relacionamentos serão verdadeiramente livres e estarão
dentro dos limites certos.
Só para o professor: No
mundo atual, a justiça de Deus precisa ser enfatizada porque, muitas vezes, ela
é esquecida. Destaque o fato de que o amor e a verdade de Deus seriam
incompletos sem a justiça. Deus revela Seus planos de finalmente restabelecer a
justiça (Am 3:7), a fim de que surja novamente a vida sem pecado.
Discussão de abertura: Vivemos
em um mundo corrupto no qual reinam violência, poder e dinheiro. Muitas
crianças, mulheres e pessoas inocentes sofrem muito, são exploradas e
maltratadas. A violência doméstica tem muitas vítimas. Subornos silenciam a
justiça. Quando o inocente sofre, as pessoas clamam por justiça. Quando crimes
e atos terroristas são realizados, queremos agir, mas a vingança não nos
pertence. Como podemos, individualmente ou como igreja, estar mais empenhados
em garantir relacionamentos harmoniosos e pacíficos em nossa sociedade, no
local de trabalho e na comunidade, de modo a proteger os mais fracos? Embora
sejamos vulneráveis, será que somos completamente desamparados, sob o domínio
dos poderosos? Por que a vingança com as próprias mãos não é um ato de justiça?
Perguntas
para discussão:
1. Por que é tão importante que Deus anuncie antecipadamente o que pretende
fazer? Por que Ele revela os Seus juízos?
2. Em um mundo de informações conflitantes e discussões enganosas, como podemos
saber quais serão as principais ações divinas antes da segunda vinda de Jesus
Cristo?
Compreensão
Só para o professor: Use
o estudo a seguir para examinar a diferença entre o juízo de Deus sobre as
nações vizinhas e sobre o reino de Israel.
Amós, um profeta do
oitavo século antes de Cristo, era da pequena cidade de Tecoa, que ficava a
cerca de dez quilômetros de Belém e dezoito quilômetros de Jerusalém. Embora
fosse do Sul (Judá), Deus o enviou ao Reino do Norte (Israel) para pregar a
mensagem, chamando as pessoas de volta ao Senhor e apelando para que elas
abandonassem o seu mau comportamento. O Reino do Norte estava totalmente
depravado. A maldade havia permeado a nação de tal maneira que Deus teve que
enviar o profeta Oseias para fortalecer Amós, a fim de despertar o Reino do
Norte para a proximidade do juízo – o exército assírio que avançava. Sem a
proteção e ajuda de Deus, Samaria teria sido dominada.
I. Corrupção em Israel
(Recapitule com a classe Am 3:7.)
Os israelitas precisavam fazer mudanças dramáticas em sua vida. Em Seu amor e
justiça, Deus revelou Seus segredos e planos a Amós e Oseias (Am 3:7), a fim de
ajudar o povo a voltar para Ele. A esperança era que, quando o povo recebesse a
informação completa sobre a destruição de seu país, ele buscaria o Senhor. Sua
vida política, social e religiosa estava em total caos e decadência.
A história de Israel é obscura. Nenhum dos 20 reis do Reino do Norte seguiu a
Deus. Todos os reis – desde Jeroboão até Oseias – foram maus. Eles fizeram
coisas erradas aos olhos do Senhor. Não houve uma única exceção. Apenas
conspirações, revoltas, exploração, violência, terror, corrupção, tragédia e
desespero prevaleciam. Apenas para ilustrar: sete dos reis de Israel foram
assassinados, um cometeu suicídio, e um deles foi “ferido por Deus”. A Bíblia
usa o rei Acabe e sua esposa Jezabel como símbolos do mal em Israel. Nem um
desses governantes temia a Deus, nenhum deles se arrependeu nem empreendeu a
reforma. Eles levaram o povo à ruína. Eram líderes da destruição. Que situação
infeliz e miserável! Não admira que Deus precisasse enviar um “remédio forte”
para agitar a nação rebelde e deter a maldade reinante. Mas, infelizmente, como
sabemos a partir da história, nem mesmo a voz de um profeta resolveu o
problema.
Pense
nisto: Que lições a sua congregação pode
aprender com as lutas, vitórias e fracassos da igreja do Antigo Testamento? O
que é especialmente aplicável a nós hoje?
II.
Deus revela e desmascara a realidade
(Recapitule com a classe Am 4:4-11.)
Os capítulos 1 e 2 de Amós apresentam uma série de juízos contra as nações.
Amós começou com as nações ao redor de Israel: Síria (Damasco) e a Filístia (e
suas cidades, como Gaza, Asdode, Ascalom e Ecrom). Depois voltou-se para Tiro,
e então para as nações relacionadas de Edom, Amom e Moabe, terminando com Judá,
a nação-irmã. O povo de Israel ainda podia se sentir confortável porque os
juízos divinos foram aplicados contra outros povos e nações. Mas, então, o
profeta se voltou para Israel e abordou seus pecados. Com palavras eloquentes e
precisão, ele falou contra Israel em todo o restante do livro.
No capítulo 3, Deus apresentou sete perguntas retóricas (v. 3-6). Mas,
primeiro, Ele advertiu as pessoas no sentido de que, embora os tivesse tirado
do Egito, iria puni-los por seus pecados (v. 2). “Porque Israel não [sabia]
fazer o que é reto” (v. 10), Deus advertiu que “um inimigo [cercaria] a [sua]
terra” (v. 11). Empregando linguagem colorida, Deus mostrou que esse juízo
estava próximo e era inevitável devido à corrupção moral de Israel. Era
impossível escapar do juízo divino, e os altares de Betel (o centro da falsa
adoração em Israel) seria destruído.
Cinco vezes no capítulo 4, Deus clamou e reclamou que, apesar de ter usado a
punição máxima para impedi-los de fazer o mal, as pessoas teimosamente
permaneceram no pecado.
O profeta usou as palavras de Deus: “Contudo, não vos convertestes a Mim” (Am
4:6, 8, 9, 10, 11).
Pense
nisto: Nosso Deus é um Deus de
relacionamentos. Ele deseja desenvolver relacionamentos estreitos com Seu povo.
De que forma esse relacionamento pode ser cultivado? De que modo podemos
destruí-lo? Peça que os alunos compartilhem maneiras práticas de construir um
relacionamento com Deus e com os outros.
III. Prepara-te para te encontrares com o
teu Deus!
(Recapitule com a classe Am 4:12.)
No fim, Deus enfrentará Israel, porque Ele é seu Criador (Am 4:13), e eles são
responsáveis diante dEle por suas decisões. Então, Deus disse ao Seu povo que
ele precisava se preparar para se encontrar com seu Deus (Am 4:12).
Encontrar-se com seu Deus significava, nesse contexto, os iminentes juízos de
Deus. No capítulo 5, Ele os chamou ao arrependimento genuíno, a voltar para Ele
e a buscar o Senhor, a fim de viver. Esse arrependimento precisava se refletir
em uma mudança de estilo de vida, porque eles transformavam “o direito em
amargura e [atiravam] a justiça ao chão” (Am 5:7). Em vez disso, eles
precisavam deixar a retidão correr “como um rio” e a justiça “como um ribeiro
perene” (Am 5:24).
Pense
nisto: Muitos textos bíblicos explicam a
segunda vinda de Jesus como um dia de suprema esperança e restauração final.
Veja a bela descrição desse evento glorioso em 1 Tessalonicenses 4:14-18 e Tito
2:11-14. Como ele é descrito nesses textos, e que esperança essas passagens lhe
dão?
Aplicação
Só para o professor: Faça
as seguintes perguntas aos alunos, a fim de refletir sobre a relação entre o
comportamento, justificação pela fé e justiça.
1. Como a mudança de comportamento está ligada às exigências da justiça refletidas
na doutrina da justificação pela fé? Por que nossas ações não são base para
nossa salvação? Nosso desempenho revela que somos salvos pela graça em Cristo
Jesus? Por que não obtemos acesso ao Céu por nossas boas obras, e por que não
ganhamos a salvação pelas nossas realizações? (Lembre-se de que não fazemos o
que é certo para ser salvos, mas porque somos salvos.)
2. O que significa deixar a retidão correr “como um rio” e a justiça “como um
ribeiro perene” (Am 5:24)? Como podemos fazer isso em nossa vida? Como você
pode ajudar sua igreja a fazer coisas retas e justas?
3. De acordo com Miqueias 6:8, o que significa a vida justa? Que outros
aspectos da vida estão relacionados com a justiça?
COMENTÁRIOS
Luiz Gustavo S. Assis
é formado em teologia pelo Unasp Campus 2 e atualmente exerce a função de
pastor distrital no bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, RS.
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Introdução
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Diariamente, somos
expostos a injustiças e desigualdade social. Enquanto alguns têm muito, outros
têm bem pouco. Esse não é um problema exclusivo do século 21. Na verdade,
avareza e egoísmo são algumas das raízes do pecado. Há pouco mais de dois anos,
a BBC de Londres fez uma pesquisa com um grupo expressivo de pessoas com a
seguinte pergunta: Qual é o maior problema do mundo atual? Pela primeira vez a
resposta foi corrupção.
Ora, essa resposta não deveria nos deixar surpresos, já que isso é evidenciado
todos os dias, na TV, na internet ou nas ruas.
Amós surge num contexto semelhante a esse no reino de Israel. A
responsabilidade do povo escolhido de Deus não era apenas a de exercer uma
influência espiritual positiva para as nações ao redor. Vivendo essa verdade,
eles deveriam proporcionar uma economia em que todos fossem beneficiados, não
apenas alguns. O interessante no livro de Amós é que Deus também tinha muito a
falar sobre os pecados das outras nações. Em outras palavras, Ele não estava
olhando apenas para Israel e Judá, mas para todas as nações, e tinha uma
sentença para todas elas.
Algumas assustadoras
estatísticas sobre a pobreza no mundo e qual deveria ser a postura cristã podem
ser vistas na obra de Craig Blomberg, “Nem
Riqueza, Nem Pobreza: Uma teologia bíblica das finanças” (Esperança,
2009), p. 17-20.
Ampliação
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I. Conhecendo o livro
Graças aos estudos
cronológicos do erudito adventista Edwin Thiele, podemos estabelecer com
segurança as datas dos reinados dos reis de Israel e Judá. Seus estudos
doutorais na Universidade de Chicago nos anos 1960, foram uma das maiores
contribuições adventistas no meio acadêmico envolvendo o Antigo Testamento. Por
causa disso, não restam muitas dúvidas sobre os períodos de governo dos
monarcas mencionados na Bíblia. Amós menciona que o ministério dele ocorreu
durante o reinado dos reis Uzias, em Judá, e Jeroboão II, em Israel, e que foi
dois anos antes do terremoto (Am 1:1). Existem diversos indícios arqueológicos
em Hazor, em território israelita, de que houve um severo terremoto na região
na metade do oitavo século, por volta do ano 760 a.C. Esse foi justamente o
período do governo desses dois reis.
Esse foi um período privilegiado tanto para Judá como para Israel. Os grandes
inimigos desses reinos (Babilônia, Egito e Assíria) estavam enfraquecidos e
isso trouxe prosperidade para os israelitas. Nem toda a nação desfrutou dessa
abundância. Amós denunciou as extravagâncias dos ricos falando das casas
adornadas com marfim (3:15), das camas de marfim (6:4), o que pode ser
comprovado graças às escavações arqueológicas feitas em Samaria. Enquanto
alguns se deliciavam em suas mansões, os necessitados da nação (órfãos e
viúvas) careciam do essencial para a subsistência. Interessante que, em menos
de trinta anos, essa tranquilidade e paz foi trocada pela destruição causada
pelos assírios em 722 a.C. Foi nesse contexto que Deus chamou Amós para ser Seu
mensageiro.
Apesar de ser identificado como um dos “pastores” da cidade de Tecoa (v. 1),
suas habilidades retóricas e seu amplo conhecimento sugerem que Amós não era um
simples camponês como alguns pensam. Há uma possibilidade de que o termo
hebraico para ‘pastor’ nessa passagem (noqed)
signifique alguém que administrava a um grupo de pessoas que cuidavam de
rebanhos. A informação de que ele não era “profeta, nem filho de profeta”
(7:14, 15), significa que ele não era um profeta “profissional” que fizesse
disso sua principal atividade. Ele não falava aos reis o que eles gostariam de
ouvir, como é sugerido no contexto do capítulo 7.
A cidade de Tecoa ficava
aproximadamente a 11 km ao sul de Jerusalém. Suas ruínas são conhecidas como
Tekua. Apesar da proximidade com a capital do reino do Sul, o ministério de
Amós tinha primariamente o reino de Israel como alvo. Podemos pensar que nosso
local de nascimento, bairro ou rua em que moramos tenha pouca importância para
Deus. Apesar de Tecoa não ser uma das principais cidades da Bíblia, Amós foi
convocado pelo Senhor para sair de lá e dar Sua mensagem diante de um rei e
outras pessoas importantes.
II. A mensagem do profeta
Amós
A seguir, você pode conferir uma estrutura básica da obra de Amós:
a) Introdução (1:1, 2)
b) Julgamento sobre as nações (1:3–2:16)
c) Julgamento sobre o povo de Deus (3:1–5:17)
d) Anúncios do exílio (5:18–6:14)
e) Visões de Amós (7:1–9:10)
f) Restaurada a visão de Israel para o futuro (9:11-15)
Ao longo dos seus nove
temas, dois se destacam na obra de Amós: justiça social e julgamento. Todas as
lições sobre Amós nessa semana estão relacionadas com esses dois assuntos.
Justiça social: Podemos
listar alguns dos pecados da nação israelita: opressão contra os pobres
(2:6-7a; 5:12; 8:4, 6), injustiça nas cortes (2:7a; 5:7, 12; 6:12),
imoralidade sexual (2:7b), abusos religiosos (2:8); violência (3:10), idolatria
(5:26); negociações corruptas (8:5). Muito além da preocupação meramente
espiritual e religiosa, o Deus revelado nas páginas do livro de Amós parece
estar preocupado com o que fazemos no nosso dia a dia, não meramente na nossa
esfera espiritual. De fato, fé verdadeira se manifesta em ações, especialmente
aquelas relacionadas à justiça social.
É interessante notarmos que Deus também estava atento aos crimes e pecados
envolvendo a justiça social nas nações vizinhas. Como pode ser visto nos dois
primeiros capítulos do livro, o que acontecia em Damasco, Gaza, Tiro, Edom,
Amon e Moabe estava sendo registrado pelo Senhor. Ele não estava ignorando nem
mesmo as angústias daqueles que não pertenciam ao Seu povo escolhido. Esse,
quem sabe, seja um dos mais belos insights do
cuidado que Deus tem com todas as Suas criaturas ao redor do mundo. Ele Se preocupa
com as injustiças do Brasil, mas também com as que ocorrem em Bangladesh ou na
Bélgica, realidades bem distantes das nossas.
Julgamento: Se
Deus apenas soubesse o que estava acontecendo em todas as nações, mas não
agisse, ou Ele seria incapaz de fazer algo ou desinteressado em executar
justiça. No entanto, através do punho do profeta, lemos quais seriam as
intenções divinas em relação aos seus crimes e pecados. No caso de Israel, por
exemplo, eles seriam punidos pela injustiça e exploração do pobre (2:13-16;
6:8, 14; 8:9–9:10) e aqueles que viviam de maneira pomposa à custa de outros
perderiam tudo o que possuíam (3:15–4:3; 5:16, 17; 6:4-7). Muito interessante é
notar que Amós utilizou algumas palavras que serviam como código e seus
ouvintes e leitores as compreenderam automaticamente. Por exemplo, em 4:1 ele
chama as mulheres de vacas de “Basã”. Podemos pensar que se tratasse de uma
ofensa, mas na verdade era uma perfeita descrição da realidade. Basã era
conhecida por ter o melhor gado de todo o território de Canaã. No caso das
mulheres de Israel, toda a riqueza e o dispendioso estilo de vida era mantido
com exploração dos pobres. Por causa disso, Deus iria expor a hipocrisia e a
falsa piedade do Seu povo (4:4-5; 5:21-23).
Mas Deus desejava
chamá-los de volta para Si. Uma das narrativas mais dramáticas que Deus
utilizou para atrair Israel para Seus caminhos pode ser lida em 4:6-12. Ali
podemos ver todo tipo de tragédia, problemas climáticos, pragas semelhantes às
do Egito, fome, entre outras terríveis situações. Todos esses desastres estavam
relacionados à desobediência aos mandamentos (cf. Lv 26; Dt 28). Por cinco
vezes, uma frase é repetida quase que num tom fúnebre: “contudo, não vos
convertestes a mim, disse o Senhor” (v. 6, 8, 9, 10, 11).
A intenção divina foi
frustrada. Por isso, a tônica do verso 12 seria o próximo passo: “Prepara-te, ó
Israel, para te encontrares com o teu Deus”. Mesmo diante de uma condenação
anunciada, o profeta ainda advertiu o povo a mudar de rumo: “Buscai ao Senhor e
vivei” (5:6).
Já mencionamos como isso aconteceu em Israel. Em 722 a.C., os assírios o
destruíram. E quanto aos povos que tiveram seus crimes e pecados denunciados? A
condenação também foi executada. Praticamente todas aquelas nações de alguma
forma foram afetadas pelas campanhas de Nabucodonosor, rei de Babilônia, na
mesma época em que ele estava conquistando o reino de Judá e levando diversos
moradores como exilados. Os filisteus, por exemplo, foram destruídos nessa
ocasião.
O livro de Amós termina com uma nota de esperança. Após esse julgamento, Deus
restauraria Seu povo (9:11-15).
II. A relevância da mensagem do profeta
Amós
Quero demonstrar a
relevância das mensagens de Amós para nossos dias.
Ponto cego:
Aqueles que dirigem sabem muito bem que, em determinadas ultrapassagens, somos
traídos pelo nosso ponto cego. Nenhum dos espelhos retrovisores conseguem
mostrar um carro na nossa lateral. Por isso a necessidade de se olhar para o
lado, não somente para os espelhos. Imagino que com Israel e Judá não tenha
sido diferente. Note bem: Amós começou seu livro falando contra os vilões de
Israel. Amom, Moabe, Edom, Filistia e Síria. Os moradores de Israel devem ter
se alegrado ao ouvir as duras mensagens de Deus para os arrogantes líderes
dessas nações. O que eles não esperavam era uma mensagem contra eles mesmos!
Nosso coração é enganoso (Jr 17:9) e por isso temos nossos pontos cegos.
Uma das coisas mais difícies é lidar com nossos erros e fracassos. Por isso, é
muito mais fácil esquecer um elogio do que uma crítica. Precisamos ser honestos
com nós mesmos e admitir que nem sempre podemos estar certos e, se necessário,
retratar-nos.
“Busquem o Senhor”: O
verbo hebraico para buscar é darash e
carrega em si a ideia de uma busca constante. Podemos imaginar que nossa
presença nos cultos da igreja seja sinônimo de buscar a Deus. No entanto, é
necessário algo maior do que isso. É relacionar-se com o Senhor através de uma
leitura atenta da Sua palavra. É orar com um desejo de ter a mente transformada
pela atuação poderosa do Espírito Santo. Nas palavras do pregador britânico
Charles Spurgeon: “orar é subir com asas de águia acima das nuvens e chegar ao
céu claro, habitado por Deus. É entrar na casa do tesouro do Senhor e fartar-se
de uma fonte inesgotável”. Como tem sido sua vida de oração e de estudo da
Bíblia? Superficial ou profunda?
Justiça social: Há
alguns anos minha esposa e eu tivemos a oportunidade de visitar uma pequena
cidade no sul da França chamada Le Chambon-Sur-Lignon. O que aconteceu lá foi
algo extraordinário. Essa cidade era o refúgio mais seguro para os judeus
durante a 2ª Guerra Mundial. Durante o período de ocupação nazista, o pastor
local, André Trocmé, liderou uma resistência não violenta entre seus fiéis. Como
resultado, mais de três mil judeus foram salvos graças à liderança de alguém
que se recusava a negar suas crenças mesmo diante de soldados armados da
Gestapo e da SS alemã. No topo da porta de sua congregação, pode ser lida uma
máxima cristã em francês: “Aimez-Vous
Les Uns Les Autres”, isto é, “Amai-vos uns aos outros”. E foi nessa
congregação que Trocmé inflamou seus ouvintes com um sermão intitulado “As
Armas do Espírito”, em que desafiou cada um deles a viver as palavras de Jesus.
Esse mesmo espírito era difundido por meio dos dezessete pequenos grupos de
estudos da Bíblia que havia em sua congregação. Como disse a mãe de três
crianças judias salvas pelos esforços do Pr. André Trocmé: “Se o holocausto
nazista foi uma tempestade, Le-Chambon-Sur-Lignon foi o arco-íris”. A
simplicidade e coragem dessa atitude é reconhecida até hoje entre os milhares
de judeus ao redor do mundo. Pense nisto: a atitude de um homem em uma pequena
cidade foi reconhecida e será sempre lembrada por toda uma nação.
Hoje, não estamos numa guerra como Trocmé estava, mas podemos fazer algo por
aqueles que vêm até a porta da nossa igreja ou da nossa casa pedindo algo para
comer ou vestir. Será que não somos capazes de organizar juntamente com nossa
unidade da Escola Sabatina a visita a um orfanato ou asilo e levar um pouco de
alegria e esperança para aqueles que tanto necessitam? Creio que sim, afinal, o
amor cristão se demonstra também através de atos.
Obadias
Quero compartilhar alguns rápidos comentários sobre o livro do profeta Obadias.
Trata-se do menor livro do Antigo Testamento, mas com algumas lições que
podemos aplicar à nossa vida. Não sabemos nada sobre seu autor, além do seu
nome. Obadias significa “servo do Senhor”. Pelos versos 11-14, alguns
acadêmicos sugerem que o livro tenha sido escrito na época da destruição de
Jerusalém, em 586 a.C., ou um pouco depois disso. Como pode ser visto nos 21
versos do livro, a mensagem é direcionada ao território de Edom, cujos
habitantes se alegraram no dia da destruição do povo de Judá (v. 12) e se
envolveram diretamente na sua destruição. Existem algumas lições a ser
aprendidas aqui:
1ª) A
justiça de Deus tarda mas não falha: Edom teve sua
participação na destruição de Jerusalém em 586 a.C. Apesar de uma aparente
demora da justiça divina, esta pode ser vista em 553 a.C., quando o rei
babilônico Nabonido destruiu o reino dos edomitas. Esse fato deve nos alertar
quando pensamos que Deus deixa impunes aqueles que trazem dor e sofrimento à
vida dos Seus filhos. Justiça postergada não é justiça esquecida.
2ª) Schadenfreud:
Essa é uma palavra alemã sem tradução para o português, cujo sentido é
sentir-se feliz com a desgraça de outra pessoa. Diversos estudos neurológicos já
foram feitos demonstrando como o cerébro reage diante dos infortúnios de outras
pessoas. Enquanto a inveja é você desejar algo de outra pessoa, schadenfreud é
se alegrar quando algo terrível acontece com ela. Os edomitas sofriam desse mal
chamado schadenfreud,
pois eles se alegraram diante da tragédia que veio sobre Jerusalém. Deus os
repreendeu por isso. A grande realidade é que estamos sujeitos a esse mesmo
sentimento hoje. No fundo, é difícil encontrar alguém que nunca disse:
“Bem feito!” após algo
ruim acontecer com alguém. O Deus que reprovou os edomitas é o mesmo que
desaprova esse tipo de sentimento.
Apesar de pequeno, o livro de Obadias pode ajudar você e sua unidade da Escola
Sabatina a viver bem consigo mesmo e com os demais ao seu redor.
Algumas assustadoras
estatísticas sobre a pobreza no mundo e qual deveria ser a postura cristã podem
ser vistas na obra de Craig Blomberg, “Nem
Riqueza, Nem Pobreza: Uma teologia bíblica das finanças” (Esperança,
2009), p. 17-20.
Edwin R. Thiele, “The
Mysterious Numbers of the Hebrew Kings” (Eerdmans, 1965)
Os arqueólogos responsáveis pelas escavações em Samaria foram: G. Reisner, C.
S. Fisher e D. H. Lyon, em 1908 e 1910. Posteriormente, J. W. Crowfoot,
Kathleen Kenyon e outro em 1931–1935. Restos dos palácios dos reis Omri e Acabe
foram encontrados durante esse período de escavações.
Um registro cuidadoso de tudo o que aconteceu em
Le Chambon pode ser lido em Philip Hallie, “Lest
Innocent Blood Be Shed: The Story of the Village of Le Chambon and How Goodness
Happened There” (Harper Perennial, 1994).
Vídeos
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Sikberto Marks
Verso para memorizar: “Rugiu
o leão, quem não temerá? Falou o Senhor DEUS, quem não profetizará?”
(Amós 3:8).
Introdução de sábado à tarde
“Crime contra a
humanidade é um termo de direito internacional que descreve atos de
perseguição, agressão ou assassinato contra um grupo de indivíduos, ou
expurgos, assim como o genocídio, passíveis de julgamento por tribunais
internacionais por caracterizarem a maior ofensa possível” (Wikipédia). Alguns
exemplos são: o holocausto dos judeus na Alemanha, entre 1939 e 1945, quando
foram mortos 6 milhões de judeus pelos nazistas; a crueldade na Bósnia, entre
1992 e 1995, com 200 mil bósnios mortos e 2 milhões de refugiados, feito pelo
exército sérvio e milícias. Os judeus perderam cerca de 35% de seu povo durante
o massacre nazista. O crime contra a humanidade envolve atos de extrema maldade
contra um grupo de pessoas, tirando deles direitos fundamentais à vida.
No antigo povo de DEUS
acontecia algo assim. Não era tão radical como nos dois exemplos acima, mas
exploravam-se os mais pobres a tal ponto de haver morte por fome, por doenças
não tratadas, escravidão, maus tratos, sem direito a justiça. Isso era feito
pelo povo de DEUS do mesmo modo como faziam povos idólatras. Que calamidade!
Estudaremos esse assunto
terrível nesta semana. Nem dá vontade de abordá-lo, não é mesmo? Mas aconteceu,
e não podemos ignorar. Vamos ver se aprendemos algo para evitar alguns erros em
nossos dias, ou para pelo menos entender melhor a natureza humana.
Sobre o trecho do verso
acima, onde diz “quem não preofetizará?”, Amós se referia à ilustração da
mensagem de DEUS como o rugido de um leão. Naqueles tempos havia leões soltos,
e quando ele rugia se ouvia de muito longe, e todos se comunicavam avisando que
o animal estava por lá. Era para que as pessoas se protegessem e não fossem
estraçalhadas pela fera, sobremodo forte. DEUS falou como um leão, e pudera, o
assunto era por demais ofensivo a Ele. Estavam explorando os mais fracos
cruelmente. Então, diante dessa mensagem, o profeta estava dizendo que não se
podia calar. Quando disse “quem não profetizará?” referia-se a não poder calar
e conter a mensagem, precisava informar a todos.
1. Primeiro dia: Crimes contra a humanidade
Lembra do Massacre em
Ruanda em abril de 1994? Pois foram mortos 700 mil tutsis e houve 200 mil
refugiados e centenas de hutus, os que matavam, também foram mortos. Os tutsis
e os hutus são dois povos com raízes sociais conjuntas, geneticamente parentes.
Os primeiros formam a classe política dominante na região dos Grandes Lagos
Africanos, desde o século XV. Agora tente entender porque tanto ódio entre os
dois povos. Habitam o mesmo lugar, são parentes, mas um queria eliminar o
outro. E a chacina foi enorme. O que justifica tanto sofrimento advindo da
vingança e da morte? E das milhares de crianças sem pai nem mãe? E da
destruição das plantações e das casas? O que pode explicar e justificar tais
atos, senão um ódio satânico sem sentido? Por
que um ser humano deseja de maneira incontida humilhar, derrotar e destruir seu
semelhante? Por que é tão atraente, fascinante aos homens se dividirem em
torcidas de futebol, uns contra os outros? E o poir de tudo, porque há isto
entre nós, povo de DEUS? Por que nos fascina nos posicionarmos uns contra os
outros? Por que somos tão atraídos por vídeos, filmes, textos, histórias em que
há violência, ódio e intrigas? E por que tantos entre nós são facilmente presas
de divisões contra os irmãos? Só há uma explicação: pelo poder do demônio. Ele
quer nos enfraquecer, e manter a igreja morna.
DEUS condena essas
coisas, que podem levar a grandes e generalizados atos de vingança, destruição
e morte, e todo o sofrimento associado. Devemos acordar para evitar o pequeno
ou o grande ato de vingança. Há ódio pequeno, que levam as pessoas ao
desentendimento; e ha ódio grande, que leva a atos de crimes contra a
humanidade. Tudo tem a mesma natureza, é ódio satânico, mesmo que seja simplesmente
contra alguém outro, que está em alguma outra casa, diante da tela de televisão
torcendo por outro time. Que fracasso para essas pessoas do povo de DEUS, ainda
presas ao ódio que tanto desejam! Como pode um ser humano desconsiderar
os sentimentos e sensibilidades de outro, e agir cruelmente contra ele?
Em Amós capítulos 1 e 2,
está relatada a ação de DEUS contra vários povos que se toraram cruéis entre
si, um explorando e matando o outro povo. E o mais triste é que Judá e Israel,
povos de DEUS, faziam o mesmo. Não se distinguiam como povos superiores, que
amavam, não que odiavam. Será que hoje é diferente com o povo de DEUS? Será que
todos nós, que aguardamos a segunda vinda de CRISTO, somente amamos, e nunca
odiamos? Assim como fez JESUS, na cruz? Já relatamos, nos parágrafos
anteriores, que não é assim. Será que teremos que ser sacudidos fora, para a
purificação da igreja? Há duas maneiras de tornar a igreja fiel aos princípios
de DEUS. Uma, por meio do reavivamento e reforma; outra, por meio da sacudidura.
Que a igreja se tornará um povo puro isso é certo, mas que eu e você nos
reavivemos, que não haja a necessidade de sermos expulsos por DEUS para
deixarmos de prejudicar a igreja.
No relato de Amós, as
nações da palestina oprimiam outros povos, e em certos casos, oprimiam povos
irmãos. Exploravam e destruíam, também os submetiam à escravidão. A
crueldade chegou a tal ponto que DEUS disse: agora basta.
DEUS agirá nesses
últimos dias contra a crueldade. Entre as nações, Ele as castigará porque todos
hoje sabem que somos irmãos, somos seres humanos, e o conhecimento a respeito
dos princípios de nos tratarmos com amor já alcançou o mundo todo. Não há
desculpas para o que acontece, por exemplo, na Síria atualmente, e em muitos
outros lugares. Não há desculpas para o que fazem em São Paulo, Brasil, matando
todas as noites pessoas, e não importamos com os motivos. Não há desculpa para
os membros do povo de DEUS agir contra o seu irmão com desprezo, porque não
pertence ao mesmo time, ou porque é pobre, ou porque tem alguma diferença que
não gostam. Hoje é tempo de nos irmanarmos, de vivermos com DEUS, de agirmos
como JESUS agiu.
2. Segunda: Justiça para o oprimido
A relação entre o rico e
o pobre sempre foi favorável ao rico. As pessoas são pobres não tanto por falta
de oportunidade financeira, e sim, por falta de oportunidade de preparo para
lutar pela vida. E sempre houve tensão entre raças, especialmente da raça
branca sobre a negra. No mundo, os negros em geral, se bem que há importantes
exceções, são pobres. Em alguns casos isso está, felizmente, mudando. No Brasil
temos leis que criam facilidades aos negros bem como a outros extratos sociais,
para que possam mais facilmente se preparar para a vida. E isso vem dando
certo. Conheço pessoas que tem origem nos bugres, um tipo de índio de pequena
estatura, que se formaram em curso superior, e se tornaram profissionais bem
sucedidos. Mas mesmo no Brasil ainda existe racismo em indivíduos, felizmente,
não em nossas leis, como já foi no passado. Uma pergunta é: como pode um ser
humano escravizar outro ser humano, considerando a sua cor? Isso é uma tremenda
vergonha, um atestado de fracasso dos elementos norteadores de uma sociedade.
É mais lamentável seres
humanos que dizem crer em DEUS, e ao mesmo tempo, explorarem os menos capazes
de se defender. Foi o que aconteceu em Israel. Os ricos procuravam enriquecer
ainda mais, com o trabalho mal remunerado dos pobres indefesos, que lutavam para
ter ao menos o que comer. É lamentável que irmãos façam isto com outros irmãos.
E a justiça também
estava pervertida. Os poderosos mantinham causas com juízes corruptos, contra
pessoas que não podiam defender-se. Assim os ricos ficavam mais ricos e os
poderosos mais poderosos, e no outro extremo, os pobres nunca saíam da pobreza
e os fracos sempre permaneciam fracos. Ou
seja, a riqueza e o poder era um privilégio sempre dos mesmos, e dentre eles
ninguém perdia esses privilégios e os que não possuíam tais privilégios, nunca
conseguiam ter acesso. Formaram-se classes sociais de pessoas
que se achavam superiores. Isto é um insulto a DEUS, que queria uma sociedade
onde todos se servissem mutuamente por meio do amor.
DEUS não queria uma
sociedade onde todos tivessem o mesmo nível econômico. Sempre haveria pobres,
isto é resultado do pecado. Mas DEUS queria que os pobres vivessem bem e
felizes. Para isto os ricos deveriam ser favoráveis a eles, e a justiça deveria
ser imparcial. “Não é plano de Deus que a pobreza desapareça do mundo. As
classes sociais jamais deveriam ser igualadas; pois a diversidade de condições
que caracteriza nossa raça é um dos meios pelos quais Deus tem pretendido
provar e desenvolver o caráter. Muitos têm insistido com grande entusiasmo em
que todos os homens devem ter parte igual nas bênçãos temporais de Deus; não
era este, porém, o propósito do Criador. Cristo afirmou que sempre teremos
conosco os pobres. Os pobres, bem como os ricos, são comprados por Seu sangue;
e, entre os Seus professos seguidores, na maioria dos casos, os primeiros O
servem com singeleza de propósito, enquanto os últimos estão constantemente
colocando as suas afeições nos tesouros terrenos, e Cristo é esquecido. Os
cuidados desta vida e a ambição das riquezas eclipsam a glória do mundo eterno.
Seria a maior desgraça que já sobreveio à humanidade se todos devessem ser
colocados em posição de igualdade em possessões terrenas” (Conselhos Sobre
Saúde, 230).
Nós devemos amar nossos
semelhantes, como JESUS amou. Devemos ser favoráveis a eles, buscar pela sua
felicidade, fazer o bem, servir ao próximo. Especialmente nesses últimos dias,
quando se aproxima rapidamente a vinda de CRISTO. Portanto, devemos trabalhar
pela vida eterna dos nossos semelhantes, não importa quem seja, de que raça ou
cor, de que religião, igreja ou seita, de que partido político. JESUS foi morto
por todas as pessoas. Assim nós também devemos amar todas as pessoas.
3. Terça: O perigo dos privilégios
Há algo que DEUS faz
pelas Suas criaturas e que tem dado graves problemas. Não é por culpa de DEUS,
mas das criaturas. O que tem trazido problemas é a prosperidade que DEUS dá a
quem ama. Lúcifer, o anjo mais exaltado por ser aquele que assistia mais
próximo a DEUS, o responsável pela adoração ao Criador, sentiu orgulho disso, e
imaginou que deveria ter e ser mais, a ponto de se revoltar contra DEUS. Adão e
Eva tinham excelentes privilégios no Éden, mas ao ser-lhes dito que poderiam
ter ainda mais, que poderiam saber o que só DEUS sabia, passaram a querer esse
conhecimento. O povo de Israel, que teve o privilégio da eleição em Abrão, ao
ser transformado na nação estabelecida na Palestina e prosperar, sentiu orgulho
da prosperidade e se afastou de DEUS, imaginando ser conquista sua. A Igreja
Adventista do Sétimo Dia, a sétima igreja do Apocalipse, povo escolhido para
dar a última advertência ao mundo, por isso próspero, orgulha-se de ter a
verdade e de sua prosperidade, imaginando ser rica no sentido do conhecimento
da verdade, e até da prosperidade material.
A prosperidade com que
DEUS brindou Suas criaturas tem se tornado em ponto de provação, e muitos têm
caído em desgraça. Mas longe de culparmos a DEUS. Será que iríamos desejar que
Ele nos criasse e nos colocasse em condições de penúria para sempre termos que
reconhecer nossa dependência? Não, não é assim! Essa questão delicada será
resolvida para sempre, e estamos bem perto dessa solução. Hoje, ainda, temos que cultivar a
simplicidade e o despojamento para mais facilmente nos salvarmos. Mas
quando chegarmos à Nova Terra, então teremos, como sempre foi o plano de DEUS,
a prosperidade e os privilégios de filhos e filhas do Rei do Universo. Essa
lógica é correta porque, como poder-se-ia admitir criaturas do Rei do Universo
serem pobres e tendo falta disso ou daquilo?
Portanto,
aqui na Terra devemos, como JESUS, o nosso exemplo, cultivar a simplicidade.
Afinal, ainda somos fracos pecadores, sujeitos aos desejos naturais de quem é
afetado pelo pecado, ainda não inteiramente transformados pelo poder de DEUS. Os
privilégios que DEUS dá correspondem também em responsabilidades, isso é
evidente. O povo de Israel devia dar uma mensagem por palavra e por testemunho
ao mundo daquele tempo. No entanto, fizeram exatamente o contrário: se acharam
tão privilegiados que imaginavam que a verdade que receberam não poderia ser
estendida aos gentios. Não podemos cometer o mesmo erro hoje, e não
cometeremos, como é a revelação profética. De mornos seremos reavivados para a
conclusão da obra confiada por DEUS a esta igreja apocalíptica.
“Em sentido especial
foram os adventistas do sétimo dia postos no mundo como vigias e portadores de
luz. A eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer.
Sobre eles incide maravilhosa luz da Palavra de Deus. Confiou-se-lhes uma obra
da mais solene importância: a proclamação da primeira, segunda e terceira
mensagens angélicas. Nenhuma obra há de tão grande importância. Não devem eles
permitir que nenhuma outra coisa lhes absorva a atenção.
“As mais solenes
verdades já confiadas a mortais nos foram dadas, para as proclamarmos ao mundo.
A proclamação dessas verdades deve ser nossa obra. O mundo precisa ser
advertido, e o povo de Deus deve ser fiel ao legado que se lhe confiou. Não se
devem eles empenhar em especulações, nem entrar em empresas comerciais com
incrédulos; pois isso os estorvará de fazer a obra que Deus lhes confiou.
“De Seu povo, diz
Cristo: “Vós sois a luz do mundo.” Mat. 5:14. Não é questão de pouca
importância o terem-nos sido revelados tão claramente os conselhos e planos de
Deus. Admirável privilégio é ser capaz de compreender a vontade de Deus tal
como é revelada na segura palavra dos profetas. Isto põe sobre nós pesada
responsabilidade. Deus espera que comuniquemos aos outros o conhecimento que
nos deu. É Seu propósito que as agências divinas e humanas se unam na
proclamação da mensagem de advertência” (Testemunhos Seletos, vol. 3, pág.
288).
4. Quarta: O encontro de Israel com DEUS
Não havia jeito. Israel
não se comovia e não retornava a DEUS. Muito tempo passou, mas Israel se
endurecia contra DEUS, seguindo a detestável idolatria. Então DEUS enviou sete
desastres naturais, para ver se o povo se voltaria a DEUS, mas também isso não
funcionou, senão para servir de prova contra eles. Os desastres foram: faltou
pão para o alimento; faltou chuva; crestamento e ferrugem; o gafanhoto
devorador; peste; espada; subversão como a Sodoma. Mas nada disso chamou a
atenção deles para DEUS. Por fim, DEUS fez um convite: que eles se preparassem
para se encontrarem com DEUS.
Esse convite tem a ver
com a oração de Salomão, que, pecando, se o povo se arrependesse, e orando
voltado para o templo, DEUS os perdoaria e os sararia. Era para que o povo
fizesse isso que DEUS estava fazendo esse convite. Era mais uma oportunidade,
afinal.
Para nós, hoje, o
convite é o mesmo, e devemos anunciá-lo. “João não anunciava sua mensagem com
elaborados argumentos ou engenhosas teorias. Assustadora e severa, e todavia
cheia de esperança, era sua voz ouvida do deserto: “Arrependei-vos, porque é
chegado o reino dos Céus.” Mat. 3:2. … Camponeses e pescadores iletrados dos
distritos vizinhos; soldados romanos dos quartéis de Herodes; comandantes, de
espada à cinta, dispostos a aniquilar qualquer coisa que cheirasse a rebelião;
os mesquinhos cobradores de impostos, de suas coletorias; e do Sinédrio, os
sacerdotes em seus filactérios – todos escutavam como presos de fascinação; e
todos… saíam… sentindo o coração penetrado do sentimento de seus pecados. …
“Neste século,
exatamente antes da segunda vinda de Cristo nas nuvens do Céu, tem de ser feita
uma obra idêntica à de João. Deus pede homens que preparem um povo para
subsistir no grande dia do Senhor. … Como um povo que acredita na próxima
segunda vinda de Cristo, temos uma mensagem a apresentar – “Prepara-te, … para
te encontrares com o teu Deus”. Amós 4:12. Nossa mensagem precisa ser tão
direta como o foi a de João. Ele repreendia reis por sua iniquidade. Não
obstante sua vida estar em perigo, não hesitava em declarar a Palavra de Deus.
E nossa obra neste tempo tem de ser feita com igual fidelidade.
“A fim de dar uma
mensagem tal como a de João, devemos possuir vida espiritual semelhante à sua.
A mesma obra deve ser efetuada em nós. Devemos contemplar a Deus e, em assim
fazendo, perder de vista o próprio eu” (Obreiros Evangélicos, 54 e 55).
5. Quinta: Orgulho que leva à queda
Hoje estudaremos o
pequeno livro do profeta Obadias. Ele foi escrito especificamente para Edom, ou
Esaú. Edom era um povo pequeno, mas guerreiro, orgulhoso, soberbo, sem
entendimento. Odiava o povo de Israel, ou judeus. Eram povos irmãos. Descendiam
de Esaú, irmão gêmeo de Jacó. Brigavam desde antes de nascer. Depois do
nascimento, Jacó e Esaú viveram de modo bem diferente. Um se tornou poderoso
caçador, o outro vivia em casa, plantando e cuidando do gado. Esaú não se
importava com a fé de seus pais; Jacó a seguia fielmente. Esaú desprezava a
promessa dada a Abraão, seu avô, mas Jacó dava supremo valor a ela, a tal ponto
que DEUS já havia decidido que a herança da primogenitura iria a Jacó, não a
Esaú que havia nascido antes. Portanto, por nascimento, seria o mais velho. A
maior briga entre os dois irmãos gêmeos foi a que resultou na bênção da
primogenitura a Jacó, não a Esaú. DEUS já havia se pronunciado sobre isso, mas
o ser humano resolveu ajudar a DEUS, e assim criou problemas em vez de
soluções. O problema criado foi que Esaú queria matar Jacó para impedir que a
bênção se realizasse, e este teve que fugir. Mas quando DEUS está no comando,
não há o que o ser humano possa fazer para impedir a vontade de DEUS.
Futuramente fizeram as pazes, se reconciliaram, por providência de DEUS. E
assim deveriam continuar sempre: dois povos vivendo próximos, um respeitando o
outro.
“Os antepassados de Edom
e Israel eram irmãos, e bondade e cortesia fraternal deviam existir entre eles.
Proibiu-se aos israelitas, quer naquela ocasião quer em qualquer tempo futuro,
vingar a afronta que se lhes fizera com a recusa da passagem pela terra. Não
deviam ter expectativa de possuir qualquer parte da terra de Edom. Conquanto os
israelitas fossem o povo escolhido e favorecido de Deus, deviam atender às
restrições que Ele lhes impunha. Deus lhes prometera uma boa herança; mas não
deviam entender que somente eles tinham direitos na terra, e procurar excluir
todos os outros. Foram instruídos a que se acautelassem, em todas as suas
relações com os edomitas, de lhes fazer injustiça. Deviam negociar com eles,
adquirindo por compra os suprimentos necessários, e pagando prontamente tudo
que recebiam. Como incitamento a Israel a fim de confiar em Deus, e obedecer à
Sua palavra, lembrou-se-lhes: “O Senhor teu Deus te abençoou; … coisa nenhuma
te faltou.” Deut. 2:7. Não deviam depender dos edomitas; pois tinham um Deus
farto em recursos. Não deviam pela força ou pela fraude procurar obter coisa
alguma a eles pertencente; mas, em todas as suas relações, exemplificar o
princípio da lei divina: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo.” Lev. 19:18”
(Patriarcas e Profetas, 424).
Mas assim, infelizmente,
não foi. Edom foi morar, conforme a bênção dada por Isaque, no deserto, nas
montanhas. Construíram a famosa cidade de Petra, esculpida em grande parte nas
rochas das montanhas. Fortaleceram-se ali. E odiavam a Israel. Quando os israelitas
eram atacados por outros povos, se alegravam em ver sua desgraça. Quando o povo
de DEUS foi atacado por Babilônia, e sua cidade foi destruída e o templo foi
arrasado, eles se rejubilaram, e até ajudaram em saquear o pouco que restou, e
perseguiram alguns que conseguiram fugir. Queriam eliminar os seus irmãos, em
vez de acolher. DEUS viu essa atitude e disse que a casa de Jacó teria futuro,
seria reconstruída, mas a de Edom seria banida, do modo como eles mediram a
Israel, assim seriam medidos.
Hoje, os edomitas não
existem mais. Israel existe ainda, e principalmente, existe a igreja que
sucedeu a Israel, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, que mantém a mensagem ao
mundo. De Edom não se fala mais há milhares de anos, a não ser os turistas que
visitam as ruínas da cidade de Petra para olhar e se admirar. Mas disto os
edomitas não têm proveito algum.
6. Aplicação do estudo – Sexta-feira,
dia da preparação para o santo sábado:
Nós facilmente temos uma
compreensão errada da bondade, misericórdia e amor de DEUS. Prefiro dizer nós,
pois isso aconteceu com o povo de Israel, mas o mesmo problema também nos
atinge hoje. Ou seja, nós temos a verdade, e facilmente isso nos faz pensar que
somos superiores às demais igrejas. Os israelitas se imaginavam superiores às
demais nações.
Por terem sido eleitos,
por terem visto a ação poderosa de DEUS em seu favor, por terem recebido os Dez
Mandamentos das mãos de DEUS, e inúmeras coisas mais, todas miraculosas e
positivas, com o tempo entenderam que as demais nações eram inferiores e
desprezíveis. E de fato, em certo sentido isso era verdade. Não se poderia
comparar o DEUS de Israel com os demais deuses das nações pagãs. E também não
se poderia comparar o conhecimento que Israel possuía com o conhecimento das
demais nações. Mas isso não justificava que se posicionassem como possuidores
de algo que as demais nações não deveriam possuir. Pelo contrário, cabia a eles
dividir o conhecimento da verdade, e atrair as outras nações para o DEUS
verdadeiro. Em lugar de se sentirem superiores, deveriam ter se sentido com
obrigações e responsabilidades perante aqueles povos ignorantes a respeito de
DEUS. O princípio do amor deveria impulsioná-los a conquistas espirituais. Eles
deveriam sentir uma compaixão pelos outros povos a ponto de amá-los e de não
ficarem acomodados diante da escuridão espiritual em que viviam.
E nós, hoje, membros da
igreja verdadeira, não temos idêntico problema? É um pouco parecido, mas de
certa forma, diferente. Hoje, não tanto com desprezo que tratamos as demais
crenças, mas com uma indiferença acomodada, ou seja, não estamos preocupados
com o fato de irem-se perdendo. Falta-nos o poder do ESPÍRITO SANTO, para
desenvolver em nós uma espécie de angústia pela perdição de seres humanos.
Precisamos orar mais para que sejamos mais preocupados com a espiritualidade
das pessoas que não são de nossa fé. Talvez devamos pensar como Marcos: “Desde
os primeiros anos de sua profissão de fé, a experiência cristã de Marcos
tinha-se aprofundado. Ao estudar mais acuradamente a vida e a morte de Cristo,
tinha ele obtido mais clara visão da missão do Salvador, Suas provas e
conflitos. Lendo nas cicatrizes das mãos e pés de Cristo as marcas de Seu
serviço pela humanidade, e até aonde leva a abnegação para salvar os perdidos e
prestes a perecer, Marcos se dispusera a seguir o Mestre na senda do
sacrifício. Agora, partilhando a sorte de Paulo, o prisioneiro, ele compreendeu
melhor que nunca, que é infinito ganho ganhar a Cristo, e infinita perda ganhar
o mundo e perder a alma por cuja redenção foi o sangue de Cristo derramado. Em
face de severa adversidade e prova, Marcos continuou firme, um sábio e amado
auxiliar do apóstolo” (Atos dos Apóstolos, 455).