sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

ES - Lição 6 - Discipulando os "comuns" – 1º Trim, 2014





Lição 6 - Discipulando os "comuns"


1º a 8 de fevereiro





Sábado à tarde

Ano Bíblico: Lv 1–4 

VERSO PARA MEMORIZAR:


"Caminhando junto ao mar da Galileia, viu os irmãos Simão e André, que lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: Vinde após Mim, e Eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e O seguiram" (Mc 1:16-18).



Leituras da Semana:


A morte de Cristo foi o grande equalizador: ela mostrou que todos nós somos pecadores necessitados da graça de Deus. À luz da cruz, as barreiras étnicas, políticas, econômicas e sociais se desmoronam. Às vezes, porém, em nosso evangelismo, nos esquecemos dessa verdade fundamental, e procuramos alcançar especialmente os que poderiam ser considerados "honrados" ou "grandes" aos olhos do mundo.

Não foi assim com Jesus, que percebia a insignificância e o vazio das grandezas e honras mundanas. Na verdade, em muitos casos, as pessoas que mais O perturbaram foram aquelas mais "bem-sucedidas" – os bem situados fariseus, os ricos saduceus e a aristocracia romana. Em contraste com eles, as pessoas "comuns" – carpinteiros, pescadores, agricultores, donas de casa, pastores, soldados e servos – geralmente se aglomeravam e O abraçavam.


Domingo

Ano Bíblico: Lv 5–7 

Humildes começos

1. Leia Lucas 2:21-28; Marcos 6:2-4; Levítico 12:8. O que esses versos dizem sobre a condição econômica em que Jesus nasceu? Como essa condição teria influenciado Seu ministério?

A oferta da purificação de José e Maria indicou claramente sua origem pobre. Essa tradição surgiu a partir da legislação mosaica registrada em Levítico 12:8, a qual requeria que um cordeiro fosse trazido para essa oferta. No entanto, uma isenção compassiva havia sido provida para os pobres. Em lugar do cordeiro, poderiam ser oferecidos pombos ou rolas por causa das circunstâncias limitadas. Assim, Seu nascimento em um estábulo e as ofertas dadas por seus pais, retratavam Jesus assumindo Sua humanidade no lar de pessoas pobres e "comuns". De fato, a evidência arqueológica também parece indicar que a cidade de Nazaré, onde Jesus passou Sua infância, era relativamente pobre e sem importância. Embora a carpintaria seja um trabalho honrado, ela certamente não O colocava na "elite" da sociedade.

"Os pais de Jesus eram pobres e dependentes de sua tarefa diária. Ele estava familiarizado com pobreza, abnegação e privações. Essa experiência serviu-Lhe de salvaguarda. Em Sua laboriosa vida não havia momentos ociosos para convidar a tentação. Nenhuma hora vaga abria a porta às companhias corruptoras. Tanto quanto possível, fechava a porta ao tentador. Ganho ou prazer, aplauso ou reprovação, não O podiam levar a condescender com uma ação má. Era prudente para discernir o mal, e forte para a ele resistir" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 72).


O Criador de tudo o que foi feito (Jo 1:1-3) entrou na humanidade, não apenas como ser humano, não apenas como criança, o que já teria sido muito surpreendente, mas Ele nasceu em uma família relativamente pobre. Qual é a única maneira de responder a essa atitude tão extraordinária?

Segunda

Ano Bíblico: Lv 8–10 

Transformando os "comuns"

2. Leia João 2:1-11 e Mateus 15:32-39. Como Jesus usou simples desejos e necessidades cotidianas para fazer discípulos e transformar vidas?

Pessoas "comuns" compartilham desejos físicos, emocionais e sociais. Elas querem nutrição física, valorização pessoal e amizade. Jesus compreendia essas características e Se colocava em situações sociais que Lhe oferecessem oportunidades para alcançar pessoas por meio desses desejos universais.

Quer Jesus estivesse transformando água em vinho não fermentado, quer transformando pescadores em pregadores (Mc 1:16-18), Ele Se especializou em transformar o ordinário em extraordinário. Haviam pessoas que frequentemente questionavam as credenciais pessoais de Jesus (Mc 6:3). Elas contestavam Sua simplicidade. Porque ansiavam o extraordinário, ignoraram o que consideravam comum. Isso pode significar uma perda eterna.


Muitas vezes Jesus procurava pessoas consideradas comuns porque, não sendo autossuficientes, elas estavam dispostas a confiar em Deus completamente para alcançar sucesso. Muitas vezes, pessoas encantadas por talentos, habilidades e rea­lizações próprias não sentem a necessidade de algo maior que elas mesmas. Que engano terrível! Entre os contemporâneos de Cristo, muitos possuíam formação acadêmica superior, posição social ou riqueza pessoal. No entanto, o nome deles há muito tempo foi esquecido. Porém, permanecem na memória pessoas comuns que foram transformadas em testemunhas extraordinárias para Cristo: agricultores, pescadores, carpinteiros, pastores, oleiros, donas de casa e trabalhadores domésticos.


Todos nós tendemos a ser um pouco apaixonado por pessoas bem-sucedidas e ricas, não é mesmo? Você percebe essa atitude em si mesmo? Como você pode aprender a ter em mente o valor de todas as pessoas, independentemente de seu status, fama ou riqueza?


Terça

Ano Bíblico: Lv 11, 12 

O chamado de um falho pescador


No Novo Testamento, Pedro se destaca como um dos mais importantes de todos os discípulos. Na verdade, ele acabou sendo uma das pessoas mais influentes em toda a história humana. Esse realmente foi um grande exemplo de transformação do "ordinário" para o extraordinário!


3. Leia os seguintes textos. Como eles nos ajudam a entender como Pedro foi transformado de modo tão radical, apesar de seus enormes defeitos?

Lucas 5:1-11. Que palavras de Pedro demonstraram que ele reconhecia sua necessidade de Jesus? Por que é tão importante cultivar essa característica em nossa vida?

Mateus 16:13-17. O que esses versos nos dizem sobre a receptividade de Pedro ao Espírito Santo?

Mateus 26:75. Que atitude de Pedro revela que Deus ainda poderia usá-lo?

Pedro certamente teve muitas experiências poderosas com o Senhor. Embora fosse apenas um pescador "comum", cheio de defeitos, os muitos momentos passados ao lado de Jesus fizeram com que Pedro fosse radicalmente transformado, mesmo depois de ter cometido alguns erros graves, incluindo negar Jesus três vezes, o que o Mestre havia predito.

Um ponto que se destaca na história de Pedro foi o momento em que ele obteve pela primeira vez um vislumbre de quem era Jesus. Ele ficou ciente de suas próprias faltas e as admitiu. Assim, pela paciência e tolerância, Jesus transformou o defeituoso Pedro em alguém que ajudou a mudar a história.


Por que devemos ter muito cuidado para não cair no erro de acreditar que algumas pessoas estão além do alcance da salvação? Por que esse erro é tão fácil de ocorrer?


Quarta

Ano Bíblico: Lv 13, 14 

Avaliação celestial

Certa vez, um evangelista celebrou (talvez até tenha se vangloriado disso) a presença de pessoas de classe alta em seus seminários (seria de se esperar que ele também comemorasse a presença das pessoas mais "comuns").

Com Cristo, no entanto, não existiam distinções de classe. Ninguém era "comum", cada um era uma exceção. Não é de admirar que Jesus tenha alcançado as multidões com ilustrações comuns e discurso objetivo. Nada em Suas ações sugeria que alguém estivesse excluído de Sua preocupação. Em sua ação evangelística, os modernos formadores de discípulos também devem ter muito cuidado para não dar a impressão de que têm mais consideração por alguns do que por outros.


4. Leia Lucas 12:6, 7; 13:1-5; Mateus 6:25-30. O que esses textos ensinam sobre o valor de cada pessoa? Embora a cruz tenha erradicado para sempre a discriminação entre pessoas, será que estamos cometendo esse mesmo erro?

As aves mais baratas no mercado eram os pardais. Pares poderiam ser comprados por um asse, a menor e menos valiosa moeda de cobre. No entanto, pardais insignificantes e comuns não são esquecidos pelo Céu.

Se é assim com os pardais, quanto mais com os seres humanos, por quem Cristo morreu! Cristo morreu por nós, não pelas aves. A cruz revela, de uma forma que não podemos entender, o "valor infinito" (para usar uma expressão muito utilizada por Ellen G. White) de cada ser humano, independentemente de seu status na vida, que é muitas vezes nada mais do que uma invenção humana fundamentada em conceitos e atributos que não fazem sentido no Céu, ou são até mesmo contrários aos princípios do Céu.


Ellen G. White escreveu que "Cristo teria morrido por uma só pessoa, a fim de que ela pudesse viver pelos séculos eternos" (Testemunhos Para a Igreja, v. 8, p. 73). Uma pessoa! Medite nas implicações desse conceito. Como ele deve influenciar nossa maneira de ver os outros e a nós mesmos?

Quinta

Ano Bíblico: Lv 15, 16 

Uma sociedade sem classes

Talvez a característica mais atrativa do cristianismo primitivo tenha sido a ausência de distinções de classe. Muros de separação haviam desmoronado sob o peso do evangelho. Por intermédio de Cristo, a pessoa comum triunfava. Jesus transformava o ordinário em extraordinário. Carpinteiros, cobradores de impostos, construtores, rainhas, empregados domésticos, sacerdotes, gregos, romanos, homens, mulheres, ricos e pobres se tornavam iguais no reino da graça de Cristo. Na realidade, a comunidade cristã devia ser uma "sociedade sem classes".

5. O que os seguintes textos ensinam sobre a igualdade humana? Considerando o contexto cultural da época, e dos escritores da Bíblia, por que não deve ter sido fácil para eles entender esse conceito crucial?


Leia Atos 2:43-47; 4:32-37. De que forma os primeiros cristãos praticaram o princípio da aceitação universal? Como a ideia de que Deus ama as pessoas comuns permitiu a expansão explosiva do cristianismo primitivo? Ao mesmo tempo, precisamos perguntar a nós mesmos: Temos aplicado esses princípios à nossa maneira de ministrar ao mundo? O que nos impede de fazer o melhor nessa importante área?

Prepare seu coração! Vêm aí dez dias para orar e momentos para jejuar!

Sexta

Ano Bíblico: Lv 17–19 

Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Educação, p. 269, 270: "O Trabalho Vitalício"; Evangelismo, p. 564-566: "Trabalho em Favor de Classes Especiais" [subtítulo: "Trabalhar Pela Classe Média"].

"Nessa obra finalizadora do evangelho haverá um vasto campo a ser ocupado; e mais do que nunca a obra deve arregimentar dentre o povo comum, elementos para auxiliar. Tanto jovens como os de maior idade, serão chamados dos campos, das vinhas, das oficinas, e enviados pelo Mestre a dar Sua mensagem" (Ellen G. White, Educação, p. 269, 270).


Perguntas para reflexão

1. Por que Jesus foi tão eficiente em fazer discípulos entre as pessoas comuns? Por que Sua mensagem não foi tão prontamente recebida entre os ricos e mais influentes? Como Sua origem humilde contribuiu para Sua eficiência em alcançar o coração das pessoas comuns? Jesus teria sido eficiente em alcançar as pessoas comuns se tivesse vindo como um príncipe real ou um rico proprietário de terras?

2. Leia 1 Coríntios 1:26-29. Quais são as lições do texto? Paulo escreveu que Deus "escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes". O que significa isso? Esses versos mostram a distorção e perversão dos caminhos do mundo? Estamos envolvidos por esses conceitos corrompidos?


3. O que os grupos de estudo da Bíblia podem fazer para se tornar mais acessíveis para as pessoas comuns? Isso deveria afetar escolha de traduções da Bíblia? Por que devemos nos concentrar em assuntos práticos, em lugar de assuntos teóricos, quando procuramos alcançar pessoas que sofrem e precisam de ajuda?


Respostas sugestivas: Em lugar do cordeiro e do pombo, Maria e José ofereceram dois pombos, um para holocausto e outro para oferta de purificação. Maria e José eram pobres. Jesus podia compreender e salvar as pessoas simples. Seu reino não seria um império político ou militar, mas um reino espiritual. 2. O vinho acabou. A família era pobre. Jesus transformou a água (comum) em algo extraordinário (vinho), símbolo da alegria, indicando que deseja trazer alegria para as famílias. Jesus multiplicou sete pães e alguns peixes (coisas comuns) para alimentar a multidão (feito extraordinário). Ele transforma pessoas comuns em pessoas extraordinárias. 3. Lucas 5:1-11: Pedro se prostrou "aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-Te de mim, porque sou pecador". Deus só pode atuar em nossa vida, quando sentimos necessidade dEle. Mateus 16:13-17: Pedro recebeu a luz dada pelo Espírito Santo e reconheceu que Jesus era o Filho de Deus. Mateus 26:75: Pedro negou Jesus, mas depois se arrependeu e chorou amargamente. 4. Nenhum pardal é esquecido por Deus; valemos mais do que muitos pardais e lírios do campo. Mas não podemos nos sentir melhores ou superiores a outras pessoas ou outras denominações. O pecado traz sofrimento a culpados e inocentes. Por isso, devemos nos arrepender dos pecados e confiar em Deus. 5. Seria difícil derrubar as barreiras sociais, mas Cristo tinha poder para isso. Gálatas 3:28, 29: Em Cristo, todos são iguais, porque todos recebem a mesma salvação e a mesma herança de Abraão. Tiago 2:1-9: Não devemos tratar com parcialidade os ricos e pobres; os pobres devem receber honra e consideração da mesma forma que os ricos. 1 Pedro 1:17; 2:9: Somos chamados por Deus para mostrar ao mundo Sua luz, que nos torna uma família especial. 1 João 3:16-19: Nosso amor e unidade serão demonstrados quando dermos a vida (e também os recursos que temos na vida) aos irmãos. Do contrário, amaremos apenas de palavra.

O tempo especial de consagração irá começar no dia 13 de fevereiro! Envolva-se!

  

ESCOLA SABATINA



Texto-chave: Marcos 1:16-18

O aluno deverá...

Saber: Aceitar que todos são importantes para Deus. Teoricamente, Seus seguidores são cegos às distinções de classe.

Sentir: Que, mesmo em nossa simplicidade, Deus vê algo valioso em cada um de nós.

Fazer: Viver como filhos de Deus em uma sociedade que valoriza as distinções artificiais, como etnia, nacionalidade, condição econômica e educação.

Esboço

I. Saber: Que o discipulado não é determinado pelos padrões humanos.

A. Quais são algumas das categorias que usamos para nos dividir em grupos e subgrupos? Mencicone pelo menos cinco tipos.

B. Quais características Deus procura quando busca alguém para ser Seu discípulo?
C. Quais características nos unem como adventistas do sétimo dia?

II. Sentir: Deus quer que saibamos que em Seu Reino todos nós temos algo a oferecer.

A. Pensando em si mesmo, com quais qualidades você contribui para a vida de sua congregação? E para sua comunidade?

B. Que qualidades especiais outros membros de sua congregação trazem à experiência de todos? Seja específico; mencione nomes.

III. Fazer: O discipulado é o laboratório em que Deus faz Seus experimentos.

A. Como as pessoas de sua igreja e de sua comunidade reconheceram os princípios do Céu em sua vida nesta semana?

B. No reino de Deus, por que o fato de ser comum é uma questão de honra? Quais personagens bíblicos, à primeira vista, pareciam comuns?

RESUMO: A grandeza do cristianismo é que ele abrangeu o mundo com o testemunho de pessoas que eram, em sua maioria, analfabetas e sem sofisticação. Sem dúvida, existe aí uma mensagem para nós. Embora não haja nada de errado com a educação, as pessoas que conhecem suas limitações e confiam na orientação de Deus, certamente podem realizar coisas extraordinárias para Ele!


Ciclo do Aprendizado

Motivação

Focalizando nas Escrituras: Marcos 1:16-18

Conceito-chave para o crescimento espiritual: O reino de Deus é cego às categorias humanas, como ricos e pobres, velhos e jovens, educados e sem instrução.


Somente para o professor: Embora esta lição enfatize que Cristo veio salvar pessoas comuns, não podemos deixar de classificar uns aos outros com base em nossas semelhanças e diferenças. Admita: quando alguém entra numa sala, em algum momento, fazemos duas perguntas: (1) Em que sentido somos semelhantes? (2) Onde somos diferentes?


Para ser justo, "discriminar" é algo que somos ensinados a fazer desde a infância. É assim que entendemos onde nos encaixamos no esquema da sociedade, quem são nossos amigos, e a quem devemos temer.


Mas o ministério de Jesus foi uma demonstração de que somos todos filhos de Deus, em virtude da criação, e que alguns aceitaram a salvação e outros ainda não o fizeram. Diante da cruz, somos todos iguais, pecadores necessitados da graça de Deus.


Compreensão

Só para os professores: Embora sejamos "comuns", de acordo com a definição utilizada na lição de hoje, isso não significa que sejamos todos iguais. Na verdade, somos todos únicos, e o fato de que fomos chamados para ser discípulos de Cristo sugere que Ele vê algo em nós que pode usar para contribuir exclusivamente para Seu reino.

Comentário Bíblico

I. Um Homem semelhante a nós

(Leia com a classe Lc 2:21-40.)

O nascimento de Jesus foi anunciado pelos anjos, e comemorado por homens sábios, que haviam viajado uma grande distância, e pelos pastores que receberam a notícia por meio de um coro angelical. Apesar disso, sem dúvida Jesus e Seus pais, quando compareceram ao templo de Jerusalém para que Ele fosse circuncidado, não receberam mais atenção do que as outras dezenas de pessoas que estavam ali naquele dia. Para todos os efeitos práticos, Ele era como os demais bebês.


Sua presença no templo foi comemorada somente por Simeão, homem justo e temente a Deus, e pela idosa profetisa Ana – e isso apenas porque eles estavam esperando pelo Messias.


A soma total da infância de Jesus é resumida nas palavras: "O menino crescia e Se fortalecia, enchendo-Se de sabedoria, e a graça de Deus estava sobre Ele" (Lc 2:40, NVI).


Pense nisto: A maior parte da vida de Jesus foi passada na obscuridade. No entanto, pelo que sabemos sobre Seu ministério público, Sua vida privada não poderia ter sido "normal". Em sua imaginação, como você visualiza a maneira pela qual Jesus viveu uma vida "extraordinária"? Como você acha que Ele foi preparado para Seu ministério público?


II. O milagre de Caná

(Leia com a classe Jo 2:1-11 e Mt 15:32-39.)

Jesus, cujo nascimento foi predito séculos antes de acontecer, e cujo ministério foi indicado divinamente, escolheu como Seu primeiro milagre público a transformação da água em vinho nas bodas de Caná. Mesmo estando ali como convidado, Jesus assumiu o papel de anfitrião. Ele ordenou que os servos enchessem de água seis talhas de pedra (do tipo que normalmente continha água para lavar os pés). Cada jarro continha entre 20 e 30 litros de água. Então, de repente, a água se transformou em vinho novo, um total de 450 a 680 litros!


Claramente, um poder que transcendia o ser humano esteve em operação ali. Embora a Bíblia não registre nada mais sobre os casamentos a que Jesus e Seus discípulos compareceram, Ele foi para aquele casamento com a intenção de garantir a alegria de todos. Jesus sabia o que era importante para fazer com que houvesse alegria.


Na verdade, Jesus protestou contra a forma pela qual as pessoas O comparavam com João Batista, citando o provérbio: "Nós lhes tocamos flauta, mas vocês não dançaram; cantamos um lamento, mas vocês não choraram" (Mt 11:17, NVI). Em outras palavras, Jesus não podia satisfazer Seus críticos. Percebendo que teria críticos, não importando o que fizesse, Ele sempre foi fiel aos Seus princípios.
Pense nisto: Jesus Se sentia à vontade em qualquer situação. Ricos e pobres, jovens e idosos, todos se sentiam confortáveis na Sua presença, talvez porque Ele nunca fingia ser algo que não era. Isso é diferente da nossa experiência?


III. Um sonho impossível?


(Leia com a classe At 2:42-47.)

A igreja cristã primitiva foi notável pelo fato de que pessoas de todas as categorias, de todas as classes, adoravam e comungavam juntas.
No entanto, aparentemente, essa experiência teve curta duração. Logo no início da experiência dos primeiros cristãos, "os judeus de fala grega entre eles queixaram-se contra os judeus de fala hebraica, porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de alimento" (At 6:1, NVI).


Esse fato provocou o desenvolvimento de um sistema de organização formal na igreja para estabelecer líderes e seguidores. Alguém poderia argumentar que a organização é essencial para o bom funcionamento de qualquer empresa ou entidade. Mas, a organização traz responsabilidade e níveis de autoridade. Não demora muito, e as pessoas já não se consideram iguais. Como os porcos declaram em A Revolução dos Bichos, de George Orwell, todos são iguais, mas "alguns... são mais iguais que outros".


A história do cristianismo está repleta de exemplos de pessoas que permitiram que o poder "subisse à cabeça". No entanto, Jesus foi claro: "Quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo" (Mt 20:26, NVI). Em outras palavras, lidera melhor quem serve mais.


Pense nisto: Por mais que os cristãos gostem de pensar que são imunes às categorias artificiais tão comuns no mundo, a Igreja ainda requer que algumas pessoas exerçam seus dons de liderança, enquanto outros são chamados para apoiá-los em suas responsabilidades de liderança.


Perguntas para reflexão


1. Quais líderes cristãos equilibraram bem o papel de líderes com o de membros? Como eles fizeram isso?


2. A organização é um subproduto do pecado? Em outras palavras, haverá "diretores", 
"vice-diretores" e "diretores associados" no Céu? Justifique sua resposta.

Aplicação

Somente para o professor: Muitas vezes, a palavra comum soa muito desagradável. Mas quando nosso carro quebra, um mecânico comum pode fazer milagres. Quando o encanamento vaza, um encanador comum é um salva-vidas. Da mesma forma, cada membro da igreja com quem compartilhamos os bancos a cada sábado tem seu valor.

Aplicação

De vez em quando, é útil fazer o inventário das pessoas que contribuem para nossa vida na igreja. Não só os pregadores, solistas e diáconos, mas as pessoas que conduzem a Escola Sabatina infantil, as pessoas que cozinham para os almoços comunitários (e, depois, fazem a limpeza), os que abrem e fecham as portas e janelas, e as que cortam a grama, consertam o encanamento e recolhem o lixo.


Às vezes, quando pensamos em "igreja", pensamos no "pastor" ou no "pessoal do escritório". Mas, assim como o corpo humano é composto de inúmeras partes "comuns", a igreja de Cristo é composta de muitos membros "comuns" que são essenciais para o sucesso contínuo da igreja em sua comunidade.


Perguntas para discussão

1. De quais pessoas que servem em sua igreja você sentiria mais falta se, de repente, deixasem de fazer seu trabalho? Como você pode lhes mostrar quanto os aprecia?


2. Um sorriso e um aperto de mão fazem muita diferença. Quando foi a última vez em que você agradeceu a alguém pelo serviço que prestou em sua igreja? Escreva uma nota de agradecimento a essa pessoa contando quanto você valoriza seu trabalho.


Criatividade e atividades práticas

É realmente notável que tantas pessoas "comuns" contribuam muito para o bom funcionamento da igreja e todos os seus ministérios. Não deveria ser feito algo para mostrar-lhes reconhecimento?

Atividade: Como um grupo, planeje algum gesto ou atividade que demonstre apreço às muitas pessoas "normais" cujo serviço muitas vezes passa despercebido pela maioria dos membros de sua igreja. Abaixo estão algumas opções. Se nenhuma dessas sugestões funcionar para você, sinta-se livre para acrescentar suas próprias ideias.


1. Envie um cartão de agradecimento, assinado por todos os membros de sua classe, com uma breve nota: "Nós só queremos lhe agradecer pela maneira com a qual você ___________ todos os sábados". Anexe um singelo brinde ao envelope.


2. Faça uma coleta, compre um cartão de presente e dê ao tesoureiro com uma nota: "Queremos que você saiba que realmente é importante para nós".


3. Planeje um almoço depois do culto para todos aqueles que dirigem a Escola Sabatina Infantil. Além de agradecer seu serviço fiel, dê-lhes de presente pequenos frascos de perfume ou loção após-barba, pequenos pacotes de biscoitos ou doces, uma caneta ou lápis, etc.


4. Tente descobrir outras maneiras de reconhecer os esforços das pessoas "normais", e não apenas uma ou duas vezes por ano, mas sempre que puder. Afinal de contas, podemos ser comuns, mas somos todos originais!


Planejando atividades: O que sua classe de Escola Sabatina pode fazer, na próxima semana, como resposta ao estudo da lição?


COMENTÁRIO SEMANAL


Autor: Pr. Adolfo Suárez1:adolfo.suarez@unasp.edu.br

Editor: Pr. André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisão: Josiéli Nóbrega


INTRODUÇÃO

O Instagram é um serviço de compartilhamento de fotos e vídeos, com pouco mais de 150 milhões de usuários ao redor do mundo. Sua principal estratégia para manter a relevância do conteúdo compartilhado é simples e extraordinária ao mesmo tempo: valorizar o comum. De acordo com Bailey Richardson, gerente da comunidade Instagram nos Estados Unidos – e responsável pela expansão do serviço no Brasil – a relevância precisa ser mantida a despeito do crescimento exponencial do número de usuários. “Sabemos, por exemplo, – diz Bailey – que Neymar será destaque da Copa do Mundo, uma estrela para a qual todos os olhos estarão voltados. Mas, e as imagens de milhares de crianças jogando futebol nas ruas? O Instagram quer essas histórias autênticas de pessoas comuns”.2

Pode ser fácil e estimulante alcançar, discipular, pessoas famosas e conhecidas: atores e atrizes que se convertem, personalidades que se aproximam da igreja, atletas que participam de programações, etc. Entretanto, nosso desafio é manter a mesma empolgação no discipulado de pessoas comuns, que não dão visibilidade à igreja, mas que também são amadas por Deus.

JESUS: extraordinariamente COMUM
Ancorado nos ensinamentos e exemplo de vida de Jesus Cristo, o cristianismo se estabeleceu e firmou-se. Entretanto, como diz Earle Cairns, “Cristo é mais o Fundamento do que o Fundador da Igreja”.3 Mas, quem foi Jesus Cristo?

Partindo de uma determinada perspectiva, Jesus foi uma pessoa extraordinária. Muitas pessoas tiveram a oportunidade de promover mudanças em alguma área da vida e passaram a fazer parte da lista de grandes pensadores, revolucionários, enfim. Tiveram seu nome gravado na História. Contudo, Jesus Cristo é diferente. Ele impactou a humanidade de um jeito impressionante. Seu nascimento mudou para sempre nosso jeito de contar os anos. Seus ensinamentos mudaram para sempre nossa concepção de amor, paz, confiança, próximo, abnegação, sacrifício. Sua morte na cruz mudou para sempre nosso destino eterno. É irrefutável que a vida desse Jovem galileu causou grande impacto em Sua época e na nossa. E o mais espetacular: Ele fez tudo isso até os 33 ou 34 anos de idade, apenas. 

A idade de 34 anos é pequena. Maomé viveu 62 anos; Confúcio, 72; Buda, 80; Madre Teresa de Calcutá, 87; Martinho Lutero, 63; Gandhi, 79; Maria Montessori, 82; Jean Piaget, 84.

Jesus Cristo viveu bem menos do que esses e realizou Sua obra somente nos últimos três anos de vida. Realmente, Jesus Cristo foi extraordinário! Não é de surpreender, então, que o cristianismo tenha deixado profundas marcas positivas no mundo. Como afirmam James Kennedy e Jerry Newcombe, “se Jesus não tivesse nascido, este mundo seria muito mais infeliz do que é. Na verdade, muitos dos feitos mais nobres e benignos encontram sua motivação no amor por Jesus Cristo, e algumas de nossas maiores realização têm também sua origem no serviço prestado ao humilde carpinteiro de Nazaré”.4

Por outro lado, Jesus foi uma pessoa comum, um ser humano que viveu entre nós (Jo 1:14). De fato, Ele nasceu em um vilarejo desconhecido, Filho de uma camponesa. Cresceu em outro vilarejo onde trabalhou em uma carpintaria até completar trinta anos. Então, durante três anos, foi um pregador itinerante. Nunca escreveu um livro. Nunca ocupou uma posição. Nunca teve uma família nem uma casa. Não frequentou a faculdade. Nunca conheceu uma cidade grande. Não Se afastou sequer trezentos quilômetros do lugar em que nasceu. Não fez nada do que normalmente acompanha o poder. Não tinha credenciais, era simplesmente Ele.

Tinha apenas 33 anos quando toda a opinião pública se voltou contra Ele. Seus amigos fugiram e um deles chegou a negá-Lo. Foi entregue a Seus inimigos e passou pelo escárnio de um julgamento. Foi crucificado entre dois ladrões.

Quando estava morrendo, Seus executores disputavam por Suas roupas, Suas únicas propriedades neste mundo. Quando morreu, foi sepultado em um túmulo emprestado por um amigo misericordioso.5

Transformando um casamento comum em extraordinário

Jesus poderia ter iniciado Seu ministério público com pompa, anunciado por anjos e apoiado pela liderança religiosa de Seus dias. Entretanto, escolheu apresentar-Se numa festa de casamento (Jo 2:1-11). É muito significativo saber que o primeiro milagre de Jesus não ocorreu dentro de um templo nem numa assembleia religiosa em Jerusalém. O primeiro milagre de Jesus ocorreu num evento social na Galileia: uma festa de casamento. Isso não tira o brilho do milagre nem ofusca o brilho do ministério de Cristo. Ao contrário. O fato de Jesus ter feito o primeiro milagre no contexto de um evento social exalta Sua pessoa e mostra que, a despeito de Seu poder, Ele era alguém que Se preocupava com os problemas mais comuns, corriqueiros ou estranhos. Jesus está preocupado com todos os aspectos da nossa vida, e não apenas com nossa vida religiosa. Além do mais, Ele era divino, mas estava disponível ao homem. Jesus era alguém extremamente alegre e Se sentia à vontade em encontros sociais. Nós não temos razão para vivermos isolados da sociedade. Podemos estar no mundo, sem sermos do mundo.

Evidentemente, a família de Caná era pobre. Eles tiveram que fazer a preparação mínima para o casamento, e esperavam que tudo desse certo. Mas não deu. Haviam calculado mal a quantia necessária de vinho (ou talvez eles não tiveram condições de conseguir mais), e não havia o suficiente para todos os convidados. Isso era uma questão séria. Ninguém poderia considerar a ausência de vinho em um banquete de casamento como um assunto de pouca importância. Naquele tempo e naquele lugar isso era muito importante. É provável que a família responsável estivesse em uma situação financeira difícil. Que o vinho faltou é evidência do fato de que eles eram pobres. Se não tivessem estado em circunstâncias difíceis, jamais teriam permitido tal ocorrência. É quase certo que alguns dos convidados fossem as pessoas que tinham previamente entretido os anfitriões presentes e tinham exigido uma hospitalidade à altura. No entanto, se não fosse a atuação de Jesus, os anfitriões passariam vergonha.

Nesse milagre, Cristo fez provisão abundante de vinho. Cristo não é mesquinho. Ele está disposto a dar de acordo com a necessidade do momento, e ainda está disposto a dar muito mais. Realizando esse milagre, Cristo manifestou Sua glória. Quando a glória Se manifestou, a fé em Cristo foi despertada e fortalecida no coração de Seus discípulos. Eles viram a glória de Cristo apenas porque estavam em Sua companhia. Se não O tivessem acompanhado, naturalmente não teriam visto Sua glória. Não é possível ver a glória de Cristo estando longe dEle. E isso pode ocorrer nos ambientes mais comuns, mesmo diante de pessoas simples.

Transformando pessoas comuns em pessoas extraordinárias6

Pedro

Pescador, natural de Betsaida, Pedro era casado e provavelmente sua esposa o acompanhasse em suas viagens (Mt 8:14; 1Co 9:5). Como muitos de sua época, Pedro não recebeu educação religiosa formal, sendo por isso considerado um ignorante e sem estudos pelos líderes judaicos de Jerusalém (At 4:13). Ele confessou que Jesus era “o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16:16). Foi testemunha da transfiguração (Mt 17:1-4). Os evangelhos mostram que Pedro era um discípulo dedicado, que admitia sua ignorância e pecaminosidade (Mt 15:15; Lc 5:8), além do que, diante da dúvida, ele perguntava (Jo 13:24). Contudo, demonstrava instabilidade e insegurança, exemplificadas no episódio em que Cristo caminhou sobre as águas.

Pedro negou a Cristo, mas foi maravilhosamente recuperado (Jo 21) e se tornou uma estrela de primeira grandeza na história do cristianismo. Seu primeiro sermão foi no dia de Pentecostes. De temperamento volátil e imprevisível, tornou-se o “homem-rocha” da igreja primitiva, um líder estável, dinâmico e influente. Ele fez milagres, viajou muito e escreveu duas cartas que entraram na Bíblia. Segundo a tradição, sua crucifixão ocorreu por volta do ano 68 d.C., em Roma, por ordem de Nero. Pediu que fosse crucificado de cabeça para baixo, por se julgar indigno de morrer na mesma posição de Cristo. Acredita-se que ele esteja sepultado sob a Basílica de São Pedro, em Roma. De acordo com Papias, escritor cristão do segundo século, o evangelho de Marcos reflete o ensino de Pedro.

João

Foi apelidado por Jesus – juntamente com Tiago – de “Boanerges”, que significa “filhos do trovão” (Mc 3:17), o que provavelmente se refira ao temperamento impulsivo deles, ou ao compromisso zeloso que possuíam em relação a Cristo. Posteriormente, ele foi transformado no “discípulo do amor”. Tudo indica que era “o discípulo que Jesus amava” (Jo 13:23); talvez essa confiança fez com que Jesus lhe desse a missão de cuidar de Maria (Jo 19:27). O relacionamento pessoal entre João e Jesus transparece no fato de ele ter pertencido ao círculo mais íntimo dos discípulos de Jesus, que O acompanhavam em situações especiais.

João era pescador, filho de Zebedeu, e possivelmente de Salomé. Foi o único a permanecer perto da cruz, na hora da crucificação de Jesus (Jo 19:26-27). Foi também o primeiro a crer na ressurreição de Cristo (Jo 20:1-10). A tradição relata que João residiu na região de Éfeso, onde fundou várias igrejas. Na ilha de Patmos – no mar Egeu – para onde foi exilado, teve as visões referidas no Apocalipse (Ap 1:9). Um pai da Igreja chamado Tertuliano diz que ele foi lançado num caldeirão de óleo fervente, saiu ileso e então foi exilado na ilha de Patmos. Após sua libertação, teria retornado a Éfeso, onde pastoreou uma Igreja enquanto cuidava da mãe de Jesus. João morreu por volta do ano 98 d.C., de morte natural. É autor das cartas que levam seu nome, bem como do Evangelho de João e do Apocalipse.

Tanto Pedro quanto João, a despeito de serem pessoas comuns, certamente tiveram experiências poderosas com o Mestre. Sim: eles eram pecadores, cheio de defeitos, mas os momentos passados ao lado de Jesus Cristo os marcaram positivamente para sempre. Isso nos deve levar a pensar que, em nossos esforços missionários, não devemos avaliar os outros meramente por suas capacidades ou potencialidades atuais. Devemos crer que, pela graça de Deus, todos podem ser transformados.

o exemplo da igreja cristã apostólica7

A Igreja apostólica é um belo exemplo de como uma comunidade composta de pessoas comuns pode impactar significativamente a sociedade, a começar pelo próprio nome pelo qual é conhecida. O significado da palavra cristão hoje é bem diferente do significado usado nos tempos do Novo Testamento. Naquela época, a palavra cristão era usada como uma espécie de “apelido” aplicado às pessoas que andavam de maneira digna de Cristo. A conduta (na família e na sociedade), a transformação interior e exterior, era resultado da fé desses fiéis. Ao testemunhar essa transformação, a sociedade os chamava de “cristãos”. Assim, ser apelidado de cristão era uma grande honra a qualquer pessoa que seguia a Cristo.

Desse modo, cristão é aquele que imita Cristo. O verdadeiro significado da palavra cristão não está, portanto, em possuir esse “apelido”, mas em aceitar Jesus como Salvador e viver dignamente como verdadeiro discípulo dEle. A palavra cristão nunca foi usada por Jesus em relação aos Seus discípulos; Ele jamais chamou de cristão um de Seus apóstolos ou qualquer outra pessoa. Ele os chamava de “discípulos” ou “seguidores”.

O apelido cristão surgiu na cidade de Antioquia em referência aos discípulos de Cristo naquela cidade (At 11:26). Foram assim chamados devido ao bom exemplo que davam e por sempre testemunharem a respeito de Jesus. O apelido cristão generalizou-se de tal forma que, em pouco tempo, todos os membros das igrejas de Cristo foram assim chamados, pois não houve outros termos que representassem tão bem os discípulos de Cristo até meados do terceiro século, período no qual houve a necessidade de acrescentar um sobrenome a esse apelido.

A despeito de ser um grupo extraordinariamente simples, os cristãos cresceram de forma admirável. O núcleo formado por Cristo em Jerusalém se espalhou para a Judeia, Galileia e Samaria. Não tardou muito e o evangelho atravessou as fronteiras da Palestina, atingindo a Síria, Chipre e toda a Ásia Menor. Mais algum tempo e toda a costa norte e sul do mediterrâneo possuía grandes centros de cristãos. Nos lugares mais longínquos não seria tão difícil encontrar um cristão professando a fé bíblica.

O crescimento inicial da Igreja Cristã foi consequência do espírito missionário que havia no coração dos apóstolos. Esse espírito foi transmitido à primeira geração de convertidos, os quais, até o segundo século, conseguiram espalhar o evangelho em quase todo o mundo conhecido. Essa experiência nos demonstra que, para cumprirmos a missão hoje, não é necessário focalizar equipamentos e técnicas, e nem mesmo depender de pessoas da alta sociedade. Enquanto a igreja procura métodos, estratégias e técnicas, Deus procura pessoas. De preferência, pessoas comuns e simples, pois essas podem ter maior disponibilidade e humildade para fazer a vontade do Pai.

O que devemos esperar das pessoas “comuns”?

Todos os cristãos – desde os mais simples aos mais letrados, ricos ou pobres – devem cultivar as características marcantes da vida de um discípulo, algumas das quais são brevemente descritas a seguir.8

A semelhança com Cristo é o traço característico mais esperado de um discípulo e de um discipulador. Em Romanos 8:29 lemos: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. Nesse verso, o apóstolo Paulo estava afirmando que o propósito eterno de Deus para nós – estabelecido no passado – é que sejamos à semelhança de Cristo. O texto de 2 Coríntios 3:18 acrescenta a dimensão presente a esse assunto: “Todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na Sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. Por outro lado, 1 João 3:2 estabelece a dimensão futura ao tema: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-Lo como Ele é”.

As três dimensões apresentadas enfatizam o mesmo desafio: a necessidade de sermos semelhantes a Cristo.
Esse é o  propósito eterno,presente e escatológico de Deus. Que maravilha! Tudo que o discípulo e o discipulador pensam e fazem tem por objetivo alcançar o mais alto padrão do universo no que diz respeito ao caráter. Cristo é nosso padrão, nossa referência, nosso modelo. E isso torna o discípulo e o discipulador plenamente diferenciados de um mero seguidor de Cristo.

Se o discípulo é semelhante a Cristo, então quer dizer que outra característica marcante dele é seu inconformismo em relação às coisas erradas que há no mundo, pois ser semelhante a Cristo implica em não se conformar com nenhum tipo de postura ou comportamento que se desvie do que Cristo faria em nosso lugar. De fato, Deus convoca Seu povo para “ser diferente de todos”.9 Em Levítico 11:45 lemos: “Vós sereis santos, porque Eu Sou santo”. No Novo Testamento, o apóstolo Paulo nos desafia a não nos conformarmos com este século, mas transformar-nos pela renovação de nossa mente (Rm 12:2).

O inconformismo do discípulo é uma demonstração de sua maturidade: ele não aceita uma vida superficial; mas quer, sim, uma vida enraizada em Cristo e em Sua Palavra. Como diz o apóstolo Paulo, precisamos apresentar-nos perfeitos em Cristo (Cl 1:28-29). O adjetivo grego teleios, traduzido como “perfeito”, significa “completo”, “maduro”,10 compreendendo que maturidade é o que distingue o homem adulto da criança.11 Ser maduro implica, então, um relacionamento sólido e pessoal com Cristo, que nos leva a amá-Lo e obedecer à Sua Palavra. Discípulos e discipuladores maduros têm plena condição de testemunhar eficazmente do amor de Cristo, proclamando ao mundo Sua graça transformadora.

Outra característica fundamental dos discípulos e dos discipuladores é o equilíbrio. Em 1 Pedro 2:1-17, o apóstolo usou seis metáforas que muito bem ilustram como o cristão de hoje deve conduzir-se. As metáforas usadas são: bebês, pedras, sacerdotes, povo de Deus, estrangeiros e servos. Essas seis metáforas formam três pares:

- Bebês e pedras

- Sacerdotes e povo de Deus

- Estrangeiros e servos

Esses três pares de metáforas nos mostram que:

- Como crianças recém-nascidas (bebês) somos chamados a crescer individualmente; mas como pedras vivas somos chamados à comunhão (as pedras abrem mão de sua individualidade a fim de fazer parte do prédio).

- Como sacerdotes, somos chamados a adorar, mas como povo de Deus somos chamados a trabalhar.

- Como estrangeiros, somos conscientizados quanto à nossa peregrinação neste mundo, mas como servos somos lembrados de nossos deveres de cidadãos.

De modo que “somos tanto discípulos individuais quanto membros da igreja, tanto adoradores quanto testemunhas, tanto peregrinos quanto cidadãos”.12 Ou seja, precisamos viver de modo equilibrado as expectativas que Deus tem a nosso respeito.

Finalmente, o discípulo e o discipulador se caracterizam pela dependência, não apenas de Cristo (conforme enfatizado), mas das pessoas. Em Gálatas 6:2 lemos o seguinte: “Levai as cargas uns dos outros”. Constantemente, aprendemos e ouvimos que nossa sociedade e a Igreja necessitam de pessoas competentes em sua área de trabalho, naquilo que fazem; isso é verdade, mas não é suficiente. A igreja também necessita de pessoas que valorizem seus relacionamentos, que aprendam a trabalhar em equipe; enfim, que dependam umas das outras.

Conclusão

Diz uma lenda que um anjo perguntou a Jesus: “Você pretende anunciar Seu ato de amor através desse grupinho de homens?” Jesus respondeu que sim. “E... se eles falharem?” “Então, não tenho outro plano”. Mas eles não falharam. E não falharam porque:

- Não tinham nada em que confiar, a não ser em Deus;

- Deixaram Cristo transformar sua vida;

- Descobriram pessoalmente quem Jesus era e viram o que Ele fez;

- Amaram Jesus mais do que tudo.

- Viveram de modo simples e comum, e assim foram capazes de permitir que Deus realizasse coisas extraordinárias através deles.

1. Professor de Teologia no UNASP, Campus Engenheiro Coelho, na Graduação e na Pós-Graduação, na área de Teologia Sistemática. É Mestre em Teologia, e Mestre e Doutor em Ciências da Religião. Atualmente, faz Pós-Doutorado em Teologia Sistemática na Escola Superior de Teologia, São Leopoldo RS.

3. Earle E. Cairns O Cristianismo Através dos Séculos – Uma História da Igreja Cristã, São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 45.

4. James Kennedy e Jerry Newcombe, E se Jesus não Tivesse Nascido?, São Paulo: Vida, 2003.

5. Ibidem, p. 21.

6. Essa seção está baseada em Adolfo Suárez, Marcos de Benedicto e Rodrigo Silva. Herói de Verdade, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010, p. 41-42; Paul Gardner, editor, Quem é Quem na Bíblia Sagrada – A História de Todos os Personagens da Bíblia, São Paulo: Vida, 2004.

7. Esta seção está fundamentada no artigo “Um breve Estudo Sobre as Origens das Igrejas Cristãs”, p. 1 a 3, Disponível online em
Acesso em 25 de fevereiro de 2011. Foram apenas feitas algumas adaptações, bem como suprimidas algumas informações desnecessárias para este comentário.

8. Esta seção é uma adaptação das principais ideias encontradas em John Stott, O Discípulo Radical, Viçosa, MG: Ultimato, 2011.

9. Ibidem, p. 13.

10. Lothar Coenen e Colin Brown, Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, 2a edição. São Paulo; Vida Nova, 2000, p. 94.

11. Ibidem,p. 984.

12. John Stott, O Discípulo Radical, p. 84.


 Fonte: Casa Publicadora Brasileira (http://www.cpb.com.br/)