sábado, 18 de janeiro de 2014

ES - Lição 2 - Discipulado por meio de metáforas – 1º Trim, 2014




Lição 2 - Discipulado por meio de metáforas


4 a 11 de janeiro





Sábado à tarde

Ano Bíblico: Ap 18, 19 

VERSO PARA MEMORIZAR:


"Todas estas coisas disse Jesus às multidões por parábolas e sem parábolas nada lhes dizia; para que se cumprisse o que foi dito por intermédio do profeta: Abrirei em parábolas a Minha boca; publicarei coisas ocultas desde a criação do mundo" (Mt 13:34, 35).


Leituras da Semana:


O cristianismo é razoável e tem lógica. O intelecto deve ser cultivado. No entanto, o intelecto sozinho expressa de modo insuficiente toda a personalidade humana. Ao contrário dos robôs, que são programados para processar a razão e a lógica, os seres humanos são capazes de amar, sentir, sofrer, chorar, preocupar-­se, rir e imaginar. Por isso, Jesus ajustou as verdades eternas de uma forma que ia além do mero intelecto. Ele falou por intermédio de figuras concretas extraídas da vida cotidiana, a fim de alcançar as pessoas onde elas estavam. Crianças e adultos podiam entender verdades profundas transmitidas por meio de parábolas envoltas em imagens e metáforas.

Enquanto isso, conceitos complexos como justificação, justiça e santificação eram facilmente compreendidos mediante a arte do Mestre contador de histórias. Em outras palavras, conceitos que muitas vezes são difíceis de entender na linguagem comum podem ser ensinados com o auxílio de símbolos e metáforas.

Domingo

Ano Bíblico: Gn 16–19 

Exemplos do Antigo Testamento


Como essas parábolas e alegorias ampliam nossa compreensão do relacionamento entre Deus e a humanidade? Quais objetos ou cenários utilizados por esses profetas aparecem depois nas parábolas de Cristo?

Natã contou uma parábola a fim de disfarçar o verdadeiro propósito de sua visita. Ao condenar o homem rico da parábola, Davi implicou a si mesmo na transgressão, pronunciando assim a própria sentença. Usando um artifício literário (uma parábola), Natã alcançou algo que de outra forma poderia ter produzido confronto e, talvez, até mesmo sua execução!

A história poética de Isaías provém do ambiente agrícola familiar aos seus ouvintes. Séculos mais tarde, Jesus empregaria esses mesmos cenários. A parábola de Isaías ensina sobre a misericórdia ilimitada de Deus nos tempos de punição. O capítulo 12 de Hebreus também apresenta o castigo de Deus como instrumento para a correção e não como arma para vingança. Castigos divinos refletiam Seus propósitos redentores. Eles eram suficientes para encorajar o arrependimento, reavivamento e reforma. No entanto, quando ocorria teimosia e rebelião mais amplas, havia punições maiores.

A parábola de Jeremias é uma terrível ilustração do julgamento. Sempre que os seres humanos frustram o propósito redentor de Deus, Ele finalmente os entrega às consequências de suas escolhas. Cristo também compartilhou com Seus ouvintes parábolas sobre o julgamento. Ezequiel usou um símbolo diferente para transmitir uma mensagem similar.

Por que contar histórias é uma forma tão poderosa de expressar a verdade? Quais são suas histórias favoritas, e por que você gosta delas? Comente com a classe.

Segunda

Ano Bíblico: Gn 20–22 

Sabedoria arquitetônica

2. Leia Mateus 7:24-27. Qual é a contribuição desses versos para nossa compreensão do discipulado cristão? Por que Jesus usou esse exemplo da natureza para ensinar uma verdade tão importante?

As modernas sociedades alfabetizadas consideram a alfabetização algo garantido. No entanto, ainda hoje, existem muitas sociedades não alfabetizadas. Ao longo da história antiga, a alfabetização foi exceção e não regra. As classes dominantes, os especialistas literários (escribas), obtinham poder por meio da habilidade de leitura. Por isso, Jesus adaptou Suas mensagens dentro de formas que as pessoas comuns e iletradas conseguissem entender (obviamente, os ouvintes alfabetizados também poderiam compreendê-las).

Antes da invenção da imprensa por Gutenberg, os escritos eram feitos à mão, um processo demorado. Relativamente poucos podiam adquirir esses materiais valiosos. Portanto, a comunicação oral, mediante lendas, parábolas e recursos semelhantes tornou-se o padrão para a transmissão de informações.

Deus oferece salvação a toda a humanidade. Seria surpreendente que Cristo usasse formas de comunicação que alcançassem o maior número de pessoas? A tradição oral, transmitida de geração em geração mediante histórias simples, tornou-se o meio de propagação do pensamento redentor.

3. Leia Lucas 14:27-33. Que lições podemos aprender com essas histórias? Como essas metáforas ajudam na compreensão do discipulado?

Edificação envolve preparação. As estimativas de custo são elaboradas muito antes do começo da efetiva construção. O discipulado também requer preparação. Milagres de multiplicação de alimentos, curas espetaculares e o aparente sucesso poderiam levar os discípulos em potencial a supor que seguir a Jesus fosse fácil. Entretanto, Jesus incentivou Seus ouvintes a estudar o quadro completo. Sacrifício pessoal, sofrimento, humilhação e rejeição constituíam custos consideráveis. Observe mais uma vez que Jesus escolheu transmitir essa mensagem usando a linguagem metafórica, embora pudesse ter oferecido uma lista de desvantagens específicas que os discípulos poderiam encontrar.

Terça

Ano Bíblico: Gn 23–25 

Analogias agrícolas 

4. Leia Mateus 13:1-30. O que Jesus estava ensinando aos Seus ouvintes sobre o discipulado? Que lições os cristãos podem obter dessas metáforas?

A parábola do semeador é familiar a muitos leitores. O cenário da história era comum para uma sociedade agrária. Os ouvintes de Jesus poderiam facilmente se relacionar com esse ambiente. A conexão com o discipulado é óbvia. Essencialmente, Jesus estava desafiando Seus ouvintes a avaliar sua posição como discípulos. Em lugar de confrontar cada indivíduo especificamente, Ele falava por parábolas, convidando os discípulos a confrontar a si mesmos. Olhando no espelho de seu coração, eles podiam avaliar suas tendências materialistas, rever seu nível de perseverança, analisar seu envolvimento com o mundo e escolher o estilo de vida do resoluto discipulado.

Ao mesmo tempo, o verdadeiro discipulado deixa o julgamento (condenação) nas mãos do Mestre, em lugar de deixá-lo nas mãos dos discípulos. O discernimento humano é incompleto e seu conhecimento é parcial. Só Deus possui entendimento impecável. Jesus adverte igualmente sobre a infiltração satânica. Os discípulos não podem entregar seu julgamento (discernimento) a outros professos cristãos porque estes podem ser ervas daninhas, não trigo. Ambos crescem juntos até a época da colheita.

"No ensino de Cristo por parábolas, é manifesto o mesmo princípio de Sua própria missão ao mundo. Para que pudéssemos familiarizar-nos com Sua vida e caráter divinos, Cristo tomou nossa natureza e habitou entre nós. A divindade foi revelada na humanidade; a glória invisível, na visível forma humana. Os homens podiam aprender do desconhecido pelo conhecido; coisas celestiais foram reveladas pelas terrenas" (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 17).

Na parábola do semeador, Jesus falou sobre a "fascinação da riqueza". Como as "riquezas" podem enganar até mesmo os que não as possuem?

Quarta

Ano Bíblico: Gn 26, 27 

A guerra do Revolucionário

O ministério de Cristo foi revolucionário, mas sem as armas comuns. Seus instrumentos eram infinitamente mais poderosos do que espadas ou facas. Palavras que transformavam a vida, muitas vezes expressas por meio de parábolas e metáforas, eram Suas armas "não tão secretas" na luta contra o mal.

As táticas e estratégias de Cristo surpreenderam muitos dirigentes. Eles não estavam preparados para enfrentar o poder de Sua influência sobre as multidões. Muitas de Suas parábolas continham mensagens que trabalhavam contra os líderes. Com razão, os líderes religiosos viram que sua influência seria em grande parte reduzida sempre que a mensagem de Cristo entrasse no coração das pessoas.

5. Leia Mateus 21:28-32 e Lucas 14:16-2420:9-19. Quais são as lições dessas parábolas? Embora as parábolas fossem frequentemente dirigidas a pessoas específicas, que princípios se aplicam a nós?

"A parábola da vinha não se aplica somente à nação judaica. Ela tem uma lição para nós. À igreja desta geração Deus concedeu grandes privilégios e bênçãos, e espera os frutos correspondentes" (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 296).

Sem dúvida, temos sido muito abençoados pelo Senhor: Ele nos redimiu pelo sangue de Cristo, prometeu salvação com base em Sua justiça, deu-nos a certeza da vida eterna e nos concedeu o Espírito Santo. Deus nos deu muitas bênçãos. No entanto, é fácil esquecer as coisas que temos, considerá-las algo garantido ou até mesmo ridicularizá-las. Como os lavradores da parábola, podemos até não perceber as implicações do que estamos fazendo. No fim, a ignorância deles não os desculpou no dia do julgamento. Da mesma forma, a ignorância não nos servirá como desculpa.

Quantas vezes você já se enganou a respeito de sua situação espiritual? O que você aprendeu com essas experiências, que pode ajudá-lo a evitar os mesmos erros novamente?

Quinta

Ano Bíblico: Gn 28–30 

A herança criativa de Cristo

Após a conclusão do registro do ministério de Cristo, a narração de parábolas parece ter desaparecido das Escrituras. O que explica esse fenômeno? Certamente, o maior segmento do restante do Novo Testamento está centralizado em Paulo. Quatorze livros do Novo Testamento foram atribuídos a Paulo, e quase a metade da narrativa histórica de Lucas no livro de Atos também está voltada quase que exclusivamente para Paulo. Embora ele não use histórias da mesma forma que Jesus usou, Paulo ainda fez considerável uso de metáforas, comparações e outros recursos criativos (Rm 7:1-6; 1Co 3:10-15; 2Co 5:1-10). Embora Paulo não fosse um contador de histórias, suas apresentações não eram tediosas nem insípidas. Obviamente, existiam diferenças de estilo entre o discurso público de Cristo e o de Paulo, mas ambos revelaram considerável criatividade de expressão.

Outros escritores do Novo Testamento demonstram até certo ponto maior afinidade com o uso das parábolas. Tiago, irmão de Jesus, escreveu: "Suponham que na reunião de vocês entre um homem com anel de ouro" (Tg 2:2, NVI), para começar uma lição narrativa. No entanto, nem o irmão de Cristo nem qualquer outro discípulo utilizaram histórias de maneira tão extensiva quanto Cristo. Todavia, comparação e simbolismo são comuns. "O rico passará como a flor do campo" (Tg 1:10, NVI). "Tomem também como exemplo os navios" (Tg 3:4, NVI). A visão de Pedro (At 10) assumiu a forma simbólica. Narrativas simbólicas formam porções significativas do livro do Apocalipse. "Quando o dragão foi lançado à Terra, começou a perseguir a mulher" (Ap 12:13, NVI).

6. Escolha duas passagens entre os textos a seguir e identifique as metáforas em cada um deles. Quais são as mensagens contidas nesses versos? Que figuras são utilizadas para transmitir a mensagem? At 10:9-16;

Seja qual for a forma de expressão, o princípio permanece o mesmo: metáforas, símiles, parábolas, alegorias e outros exemplos de linguagem criativa nos permitem a comunicação de modo compreensível. Com base nas experiências do ouvinte, Cristo e Seus discípulos usaram comparações e ilustrações que estimulavam a compreensão da verdade. Quando for apropriado, não devemos ter medo de fazer o mesmo.

Sexta

Ano Bíblico: Gn 31–33 

Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 17-27: "O Ensino Mais Eficaz".

"Jesus desejava despertar a indagação. Procurou despertar os indiferentes e impressionar-lhes o coração com a verdade. O ensino por parábolas era popular e atraía o respeito e a atenção, não só dos judeus, mas também dos de outras nações. […]
"Cristo tinha verdades para apresentar, as quais o povo não estava preparado para aceitar nem compreender. Por esse motivo também, Ele lhes ensinava por parábolas. […] Posteriormente, ao olharem os objetos que Lhe haviam ilustrado os ensinos, as pessoas se lembrariam das palavras do divino Mestre. […]

"Jesus procurava um caminho para cada coração. Usando uma variedade de ilustrações, não só expunha a verdade em Seus diversos aspectos, mas apelava também para os diferentes ouvintes" (Ellen G. White, 
Parábolas de Jesus, p. 20, 21).

Perguntas para reflexão

1. Peça que alguns alunos mencionem sua história bíblica favorita. Que lições eles aprenderam com essas histórias?

2. Jesus usou figuras de coisas com as quais Seus ouvintes estavam familiarizados. Que exemplos da cultura atual ajudam a transmitir verdades espirituais?

3. Embora Jesus usasse metáforas principalmente do ambiente agrícola, grande parte do cristianismo primitivo era urbano. Que imagens "urbanas" podem ser encontradas no Novo Testamento?

4. Quais são os elementos de uma boa história? Como eles funcionam? Como podemos aprender a usar esses elementos em nosso testemunho?

5. Leia 
Lucas 16:19-31. Que tipo de história Jesus usou ali? Que lições podemos tirar dela sobre o uso da ficção na transmissão de mensagens espirituais?

Respostas sugestivas: 1. Deus usou a parábola de Natã para inspirar o arrependimento no coração de Davi; Isaías mostrou que Deus usa o castigo necessário para cultivar o coração de Seu povo, com o propósito de salvar; Jeremias mostrou que todos beberão do cálice da ira divina; Ezequiel mostrou que a madeira da videira (Israel) não era melhor do que nenhuma outra árvore. O amor de Deus era o que a tornava especial, mas ela seria destruída por causa do pecado. 2. Mostram que o discipulado é um processo contínuo que une teoria e prática. Jesus usou uma ilustração prática que todos poderiam compreender e experimentar na prática. 3. Precisamos calcular o custo do discipulado, carregar a cruz, renunciar ao próprio egoísmo e servir a Jesus; se não renunciarmos a todas as coisas do mundo, nossa vida será como uma torre inacabada ou como um exército derrotado. 4. A beira do caminho representa o coração insensível, que ouve, mas não compreende nem persevera; as rochas são os problemas que destroem o discípulo superficial; os espinhos são os prazeres do pecado, que sufocam o crescimento espiritual; a boa terra é o discípulo que ouve, compreende e frutifica. O joio é semeado por Satanás. Para vencer é preciso ter ouvidos para ouvir o Espírito Santo. 5. É mais fácil haver arrependimento no pecador declarado do que nos religiosos hipócritas; o dinheiro e os relacionamentos impedem muitos de aceitar o convite do evangelho; os pobres e necessitados aceitam com mais facilidade a salvação porque essa é sua única esperança; alguns indecisos precisam ser arrastados para não perder a oportunidade; os profetas e Jesus foram rejeitados pelos líderes judeus, simbolizados pelos lavradores. 6. Atos 10:9-16: Deus mandou que Pedro comesse carnes imundas, que representavam os gentios, que deviam ser aceitos na igreja. Tiago 3:3-12: O freio controla o cavalo, o leme conduz o navio, a centelha incendeia a floresta: todos simbolizam o poder que a língua tem para arruinar a vida humana; a única esperança é submetê-la ao domínio do Espírito Santo. Sugestão: divida a classe em duplas e indique a cada dupla duas passagens, incluindo os textos do Apocalipse.



ESCOLA SABATINA AUXILIAR – RESUMO


Texto-chave: Mateus 13:34, 35

O aluno deverá...

Saber: Que as histórias e ilustrações não servem apenas para preencher um sermão ou palestra, mas são muitas vezes o meio pelo qual a verdade é comunicada.

Sentir: Inspiração pelo fato de que Jesus foi popular entre Seus ouvintes porque Ele sabia como contar uma boa história.

Fazer: Completar esta frase: "O reino dos Céus é semelhante [...]" e encontrar metáforas modernas que comunicam os valores do evangelho.

Esboço

I. Saber: Histórias são mais facilmente lembradas do que fatos.

A. Considere as histórias que Jesus contou aos Seus seguidores. Em quais atividades muitas delas foram baseadas?

B. Se você estivesse reunindo histórias para um público moderno, que assuntos provavelmente tocariam o coração das pessoas?

II. Sentir: As histórias contadas por Jesus, especialmente sobre a interação humana, são tão relevantes hoje como foram há dois mil anos.

A. Por que histórias como a do "Bom Samaritano" e a do "Filho Pródigo" ainda tocam nosso coração?

B. Por que Jesus muitas vezes deixava Suas histórias em aberto?

C. Que vantagem Jesus tinha tornando Suas histórias deliberadamente ambíguas? Que lição aprendemos com isso?

III. Fazer: Deseja audiência? Conte uma história.

A. Em uma sociedade inundada com palavras, impressas ou transmitidas por outros meios de comunicação, como podemos obter uma audiência, e por quê?

B. Qual é a mais poderosa história que você pode contar?

Resumo: Apesar dos nossos muitos avanços tecnológicos, histórias pessoais (na forma de filmes, programas de TV, livros e revistas) ainda são a principal forma de comunicar valores. Estamos tirando vantagem disso?

Ciclo do Aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: Mateus 13:34, 35

Conceito-chave para o crescimento espiritual: Jesus nos mostrou o poder das histórias e parábolas em comunicar aos outros a verdade sobre Sua graça e amor.

Somente para o professor: Nossa sociedade não tem falta de influências da mídia. Mas em meio à confusão de sons e imagens comunicados de forma impressa, auditiva, visual e pela internet, as pessoas ainda param para ouvir uma boa história. Na sua essência, a Bíblia é uma coleção de histórias sobre a interação de Deus com Seu povo, sobre a interação de uns com os outros no meio do Seu povo, e acerca da interação deles com os "estrangeiros". Jesus comunicava de forma eficaz porque contava histórias muito bem. De fato, algumas de Suas histórias, "O Bom Samaritano", "O Filho Pródigo", "O Bom Pastor", têm apelo universal e são conhecidas por pessoas religiosas e não religiosas. Nosso desafio é alcançar nossa sociedade e fazer discípulos. Mesmo depois de mais de dois mil anos, isso ainda é feito com muita eficácia por meio de histórias e parábolas.



Compreensão

Jesus foi um exímio contador de histórias, porque Ele Se identificava com Seus ouvintes. Ele sabia o que os motivava. As histórias que Ele contou sobre lavradores, pescadores, donas de casa, pais e filhos eram histórias com as quais a maioria das pessoas poderia facilmente se identificar.

Comentário Bíblico

As histórias são meios eficazes para comunicação.

I. Transmitindo uma mensagem sem perder a vida!

(Recapitule com a classe 2Sm 12:1-14.)

Como você poderia corrigir um rei (ou seu chefe, ou cônjuge), e ao mesmo tempo proteger seu relacionamento (e sua vida)? Resposta: Com muito cuidado.

Davi pensou que ficaria impune depois de adulterar com Bate-Seba, mandar matar Urias, o marido dela, e acabar se casando com ela. Mas, embora o segredo de Davi e Bate-Seba fosse desconhecido para a maioria das pessoas, não era desconhecido para Deus. O profeta Natã foi enviado pelo Senhor para confrontar Davi.

Pense nisto: Como rei, Davi não respondia a ninguém; seu poder era absoluto. Natã poderia anunciar tudo o que quisesse dos juízos de Deus, mas do ponto de vista humano, Davi não era obrigado a ouvir Natã nem a permitir que ele vivesse.

Mas Natã contou a história de Davi, alterando alguns fatos e personagens envolvidos. Ainda era uma história de ganância e crueldade, mas em vez de um rei, envolvia um homem rico; em vez de uma esposa, uma ovelha.

Certamente o senso de ultraje e a indignação moral obrigaram Davi a declarar: "Tão certo como vive o Senhor, o homem que fez isso deve ser morto" (2Sm 12:5).

Em seguida, ainda sentindo a justiça de sua declaração, Davi ouviu Natã dizer: "Tu és o homem!" (v. 7). Antes que Davi soubesse o que lhe havia atingido, se viu preso em uma armadilha da qual ele era incapaz de se livrar.

Pense nisto: Nem todas as histórias são preparadas de forma tão poderosa. Mas todas as histórias são eficazes na medida em que tocam nossos sentimentos naturais de empatia para com a justiça, a misericórdia, o amor e a honestidade. Que histórias, reais ou imaginárias, influenciaram sua vida? Quais foram essas influências?

II. O semeador, a semente e o solo

(Recapitule com a classe Mt 13:1-23.)

Esta é uma narração de história na sua melhor forma. Em um cenário simples, bem conhecido de todos os seus ouvintes, Jesus contou uma história que os envolveu em pelo menos três níveis:

Primeiramente, o lavrador. Em uma economia fundamentada na agricultura, é muito provável que a maioria dos ouvintes de Jesus conhecesse um lavrador, se eles próprios não fossem lavradores. Eles sabiam o que significava colocar uma semente na terra e esperar o melhor resultado. Afinal, não há garantias na agricultura. Um lavrador coloca a semente na terra e tudo o que acontece depois disso está além de seu controle: clima, pragas, insetos, etc.

Em segundo lugar, a semente. Ela não tem controle sobre o lugar em que cairá. Seu sucesso está inteiramente à mercê do semeador e da terra em que ela se encontra.

Finalmente, o solo. Alguns solos são duros, batidos pelas pisadas dos pedestres; alguns solos são superficiais e pedregosos; alguns são propensos a ervas daninhas; outros são bons e férteis.

Uma boa história envolve as pessoas em mais de um nível. Identificar-se com o lavrador pode significar, por exemplo, tirar o máximo proveito de recursos limitados, ser criteriosos em nossa maneira de espalhar a semente. Identificar-se com a semente significa estar consciente do contexto em que estamos plantados; conhecer os desafios de estar "plantados" onde as condições são perigosas para nossa vida espiritual. Identificar-se com o solo significa entender nossa condição espiritual e tentar, com a ajuda de Deus, melhorar as condições naturais do nosso coração – pedregoso, cheio de ervas daninhas, muito percorrido e batido – para torná-las mais apropriadas para ser um terreno fértil, que dê frutos para o reino de Deus.

Pense nisto: Qual é o assunto dessa parábola? Ela é sobre o lavrador, a semente ou o solo? Quais os diferentes níveis nos quais as pessoas que a ouviram pela primeira vez foram envolvidas?

III. Abertas à interpretação

(Recapitule com a classe Mt 21:28-32; Lc 14:16-24; Lc 20:9-19.)

Uma boa história, parábola ou analogia nem sempre resolve perfeitamente a situação apresentada.

Jesus quase sempre deixou em aberto o fim das histórias que Ele contava. A parábola do "Filho Pródigo", por exemplo, termina com as palavras: "Era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado" (Lc 15:32). Será que o pai convenceu seu filho mais velho a entrar e participar da festa? Ou será que o filho decidiu que ele não podia mais viver sob o mesmo teto com seu irmão mais novo, uma pessoa libertina? Jesus permitiu que cada ouvinte preenchesse os espaços em branco. Ele não disse como a história acaba ou o que as pessoas deviam pensar sobre isso.

As histórias registradas em Mateus 21:28-32, Lucas 14:16-24 e Lucas 20:9-19, evidentemente foram contadas por Jesus para descrever o relacionamento que Deus tinha com Seu povo, os judeus. Ele não disse isso explicitamente, mas a intenção era clara: "Os principais dos sacerdotes e os escribas procuravam lançar mão dEle naquela mesma hora; mas temeram o povo, porque entenderam que contra eles dissera esta parábola" (Lc 20:19, RC).

Pense nisto: Histórias, parábolas e comparações não são simplesmente ilustrações da mensagem principal. Muitas vezes, elas são a mensagem principal. Qual é a mensagem principal da história de Jesus em Mateus 21:28-32, e como ela descreve o relacionamento entre Deus e as pessoas? Por que Jesus revestia a verdade por meio de histórias em vez de apresentá-la de forma clara e sem disfarces?

Aplicação

Somente para o professor: Lições de vida podem ser encontradas ao nosso redor. Enquanto algumas pessoas têm habilidade para identificar aplicações espirituais em diversas situações da vida, para outros é preciso um pouco mais de prática.

Criatividade e atividades práticas

Somente para o professor: Embora a sociedade ainda valorize as boas histórias, ela é infinitamente mais complexa do que a sociedade com a qual Jesus Se comunicou. Por exemplo, as pessoas hoje em dia têm uma capacidade de atenção muito menor do que as pessoas nos dias de Jesus, e do que as pessoas de uma década atrás.



COMENTARIO SEMANAL


Ampliação


INTRODUÇÃO

Em sua magnífica obra intitulada O Erro de Descartes,2 o neurologista português Antônio Damásio conta uma história impressionante. Phineas Gage foi um operário norte-americano – capataz da construção civil – que trabalhava na região da Nova Inglaterra, prestando serviço para a Estrada de Ferro Rutland & Burlington. No verão de 1848, num acidente com explosivos, seu cérebro foi perfurado por uma barra de metal. A manchete dos jornais de Boston Daily Courier e Daily Journal foi “Acidente horrível”. Porém, diante do milagre da sobrevivência de Gage, apesar da gravidade do acidente, o jornal Vermont Mercury estampou outra manchete: “Acidente Maravilhoso”.

O extraordinário desse acontecimento é que Phineas Gage não morreu, mesmo tendo o cérebro trespassado por uma barra de ferro de um metro de comprimento e três centímetros de diâmetro! Entretanto, “após o ocorrido, Phineas, que aparentemente não tinha sequelas, apresentou uma mudança acentuada de comportamento, sendo objeto para estudos de caso muito conhecidos entre neurocientistas”.3 De fato, esse acontecimento, e outros semelhantes, abriram as portas para a investigação de um campo quase inexplorado pela ciência: as relações entre razão e sentimento, emoções e comportamento social. A conclusão do Dr. Damásio é de que o ponto de partida da ciência e da filosofia deve ser anticartesiano: existo (e sinto), logo penso.

Os doze anos que Phineas Gage viveu após o acidente mostram que, de um sujeito equilibrado e ponderado, ele se tornou iracundo, desequilibrado e irresponsável, provavelmente porque o acidente tenha alterado sua personalidade, emoções e interação social.

1. O autor do comentário é professor de Teologia no UNASP, Campus Engenheiro Coelho, na Graduação e na Pós-Graduação, na área de Teologia Sistemática. É Mestre em Teologia, e Mestre e Doutor em Ciências da Religião. Atualmente faz Pós-Doutorado em Teologia Sistemática na Escola Superior de Teologia, São Leopoldo RS.

2. Antonio R. Damásio. O Erro de Descartes – Emoção, Razão e Cérebro Humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Phineas_Gage. Acesso em 13 abril de 2011.


DISCIPULADO E QUESTÕES AFETIVO-EMOCIONAIS       

Esse caso me faz pensar no seguinte: de nada adianta uma vida racional impecável, se as emoções estiverem fora de controle.  De fato, “lidar com emoções é uma tarefa fundamental para incrementar carreiras promissoras e torná-las realidade. [Pessoas] emocionalmente competentes, que já desenvolveram a habilidade de ‘manejar’ sentimentos, são bem-sucedidas em todos os campos de atuação, seja no trabalho [...] seja na vida pessoal e afetiva”.

E por que as emoções e os sentimentos são tão importantes? Porque a maioria das situações da vida se referem a “relacionamentos interpessoais. Isso comprova que pessoas com qualidades de relacionamento humano, como afabilidade, compreensão e gentileza, têm mais chances de obter sucesso em suas atividades”.

Então, se as emoções e os sentimentos são tão decisivos na vida, é claro que também são importantes e decisivos no contexto do discipulado. Diariamente, o processo do discipulado envolve lidar com pessoas, as quais têm suas alegrias e tristezas. Essas pessoas vivem envolvidas em seus dilemas e realizações; e ainda quando estão no templo, ouvindo a exposição da Palavra de Deus, trazem consigo suas emoções e sentimentos. Sábios são os líderes e discipuladores que entendem essas emoções e, mais do que isso, sabem lidar com elas.

A esse respeito, Ellen G. White afirma que é necessário que nos tornemos senhores de nós mesmos, mantendo sob controle nosso próprio “gênio e sentimentos, em sujeição ao Santo Espírito de Deus”. Na prática, e no contexto do discipulado, isso se resume ao seguinte: é necessário controlar as emoções na hora de lidar com alguém, especialmente num momento de tensão. Em horas de crise, não adiantam argumentos e explicações bem elaborados para ganhar a discussão; o que de fato é necessário é uma pessoa que saiba conduzir o diálogo, mantendo os corações abertos para o aprendizado e a transformação.

É realmente bom que tenhamos explicação convincente para todos os temas que se apresentarem no desenvolvimento da maturidade cristã; afinal, o cristianismo é razoável e tem lógica. Mas é melhor ainda quando nos relacionamos com polidez, simpatia e sensibilidade, respeitando todas as pessoas.

4. http://www.administradores.com.br/informe-se/informativo/inteligencia-emocional-conduz-ao-sucesso/16128/.  Acesso em 12 de abril de 2011.

5. http://www.administradores.com.br/informe-se/informativo/inteligencia-emocional-conduz-ao-sucesso/16128/.  Acesso em 12 de abril de 2011.

6. Ellen G. White, Conselhos Sobre a Escola Sabatina, p. 93.


DISCIPULADO E A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS

Uma postura lógica e racional é importante. Entretanto, no processo do discipulado precisamos considerar as pessoas em sua complexidade: seres também sociais, emocionais e espirituais. Só assim poderemos influenciá-las e conduzi-las plenamente nos caminhos de Deus. E como fazer isso?

Uma ferramenta fundamental nesse processo é a arte de contar histórias, pois enquanto explicações racionais e argumentativas conseguem desvendar significados, uma história apropriadamente contada consegue esclarecer e ilustrar conceitos. Histórias têm a propriedade de diferenciar as informações e ideias, pois criam/atribuem conexão emocional entre o contador, o conteúdo e a audiência. As histórias também possibilitam a criação de quadros mentais claros, motivadores e desafiadores, capazes de mover as pessoas. Além disso, histórias capacitam os ouvintes a melhor entender a postura de quem fala, inspirando-os a seguir os ideais explanados.7

Desse modo, se discípulo é aquele que segue, então as histórias são uma poderosa ferramenta para a efetivação do discipulado.

JESUS E O USO DE PARÁBOLAS

Jesus Cristo, o discipulador por excelência, conhecia o poder das histórias e seu impacto nos sentimentos e emoções humanas. Por isso, Ele usou muitas parábolas em Seu ministério. De fato, um terço de Suas palavras registradas nos sinóticos está no gênero parábolas.8Como atesta a Bíblia, “todas estas coisas disse Jesus às multidões por parábolas e sem parábolas nada lhes dizia; para que se cumprisse o que foi dito por intermédio do profeta: Abrirei em parábolas a Minha boca; publicarei coisas ocultas desde a criação do mundo” (Mt 13:34, 35).

As parábolas de Jesus podem ser consideradas verdadeiras peças literárias de valor universal e de impacto surpreendente. “Nelas encontramos beleza, criatividade, um instrumento pedagógico impressionante, e, definitivamente, uma forma única que o Mestre encontrou para transmitir as verdades eternas mediante relatos que ocorriam diariamente”.9

7. Adaptado de “Influencing with Stories”. Disponível   
em http://www.mandel.com/workshops/influencing-stories. Acesso em 22 de dezembro de 2013.

8. Brad H. Young, The Parables: Jewish Tradition and Christian Interpretation, Peadody, Massachusetts: Hendrickson, 2000, p. 7.

9. Roberto Fricke S., Las Parábolas de Jesus: Una Aplicación para Hoy, El Paso, Texas: Mundo Hispano, 2005,  p. 7.

A este respeito, o testemunho de Ellen G. White é de que “Jesus desejava despertar a indagação. Procurou despertar os indiferentes e impressionar-lhes o coração com a verdade. O ensino por parábolas era popular e atraía o respeito e a atenção, não só dos judeus, mas também dos de outras nações. Ele não poderia haver usado método de ensino mais eficaz. Caso Seus ouvintes desejassem o conhecimento das coisas divinas, poderiam compreender-Lhe as palavras, pois estava sempre pronto para explicá-las ao inquiridor sincero”.10

Por outro lado, “Cristo também tinha verdades para apresentar, as quais o povo não estava preparado para aceitar, nem mesmo compreender. Esse é outro motivo pelo qual Ele lhes ensinava por parábolas. Relacionando Seu ensino com cenas da vida, da experiência ou da Natureza, assegurava a atenção e impressionava os corações. Mais tarde, quando olhassem os objetos que Lhe haviam ilustrado os ensinos, lhes viriam à lembrança as palavras do divino Mestre. Às mentes que estavam abertas para o Espírito Santo foi, cada vez mais, desdobrada a significação dos ensinos do Salvador. Mistérios eram esclarecidos, e aquilo que fora difícil de compreender se tornava evidente”.11

Em síntese, pode ser dito que “Jesus procurava um caminho para cada coração. Usando ilustrações várias, não só expunha a verdade em Seus diversos aspectos, mas apelava também para os diferentes ouvintes. Despertava-lhes o interesse pelos quadros tirados do ambiente de sua vida diária. Ninguém que escutasse o Salvador podia sentir-se negligenciado nem esquecido. O mais humilde e pecador ouvia em Seus ensinos uma voz falar-lhe com simpatia e ternura”.12

O VALOR DAS PARÁBOLAS E SUA UTILIDADE PARA O DISCIPULADO

13 O uso das parábolas apresenta diversas vantagens e utilidades para o processo do discipulado, entre as quais podem ser realçadas as seguintes:







VANTAGENS
UTILIDADE PARA O DISCIPULADO
As parábolas são atraentes e de fácil memorização. Passados muitos anos, mesmo que não nos lembremos do conteúdo de um sermão, somos capazes de lembrar as histórias ou ilustrações contadas.
As pessoas que estão sendo discipuladas podem receber o impacto de conceitos fundamentais mediante histórias e narrativas marcantes. Por isso, devem ser selecionadas histórias que enfatizem exatamente o que se quer ensinar e marcar.
Ao mesmo tempo em que uma parábola é fácil de ser lembrada, sua plena compreensão exige raciocínio. De modo que seu significado deve ser estudado, caso queiramos captar sua essência.
Ao contar uma história ou parábola, é necessário que se explore sua importância e seu foco. Não basta, então, narrar. De alguma forma, as pessoas devem ser levadas a raciocinar sobre o significado da narrativa.
As parábolas estimulam o lado afetivo, bem como despertam a consciência. Como não comover-se diante da parábola do filho pródigo? Como não refletir diante da parábola dos dois devedores?
Uma boa maneira de compreender o lado afetivo-emocional de uma história ou parábola é listando emoções que ela desperta. Por exemplo: a parábola da ovelha perdida nos fala de felicidade, segurança, etc.
As parábolas chamam e prendem a atenção. Em relação a Jesus Cristo, o comentário era: “Nunca homem algum falou como este Homem”. João 7:46. De fato, havia plena admiração diante da maneira pela qual o Mestre falava às multidões.
Como estratégia, uma história ou parábola pode ser usada no início e no fim de uma conversa, palestra, estudo bíblico ou sermão. Desse modo, capta-se a atenção da pessoa e é despertado nela o desejo de estudar ou compreender o tema em questão.
As parábolas preservam a verdade. As formas ou elementos às quais as pessoas associam as parábolas bíblicas podem mudar, mas os elementos usados na parábola são os mesmos, o que ajuda a preservar o significado original.
Embora as pessoas devam ser estimuladas a pensar no significado ou ênfase da parábola bíblica, é importante que se ensine a elas o verdadeiro significado da parábola narrada, levando em conta o contexto e motivações de seu uso original. Assim elas aprenderão que seu significado não depende do leitor, e sim do “assim diz o Senhor”.

10. Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 20, 21.

11. Ibidem, p. 21.

12. Ibidem.

13. Adaptado de Herbert Lockyer, Todas as Parábolas da Bíblia, São Paulo: Vida, 2006, p. 19.



14 PARÁBOLAS SELECIONADAS E SUA UTILIDADE PARA O DISCIPULADO

1) 2 Samuel 12:1-7: Parábola do rico, do pobre e da cordeira 

Habilmente contada por Natã, essa parábola teve o objetivo de convencer Davi de seu terrível pecado com Bateseba. A habilidade do profeta Natã consistiu em não ter abordado o problema de forma direta, franca e imediata, preferindo uma abordagem tocante, indireta e emotiva, tocando nos brios e no senso de justiça do rei Davi. Para o processo do discipulado, essa parábola apresenta ao menos dois ensinamentos fundamentais:

1. Deus é benevolente, tomando a iniciativa para nossa restauração. O texto afirma que “Deus enviou a Natã” (v. 1). Deus não esperou o arrependimento de Seu filho, e sim tomou as providências para sensibilizá-lo para tal. Sua benevolência, contudo, foi cercada de cuidados especiais. Por exemplo: embora o profeta Natã devesse conhecer a situação do rei com antecedência, foi até ele apenas quando enviado por Deus. Além disso, a parábola escolhida foi extraordinária, pois o coração de pastor do rei o sensibilizou imediatamente ao ouvir a narrativa. É assim que Deus age conosco em nosso crescimento: quando nos afastamos dEle, o Senhor providencia meios de nos colocar, novamente, no alcance de Sua graça e misericórdia. Ninguém fica tão longe dEle que não possa ser por Ele sensibilizado.

2. Deus é perdoador. Sensibilizado com a injustiça do rico contra o pobre, Davi ficou imediatamente indignado (v. 5 e 6). Mas confrontado com a realidade de seu pecado, prontamente admitiu: “pequei contra o Senhor” (v. 13). Diante disso, foi avisado: “O Senhor perdoou o teu pecado” (v. 13). Como discípulos de Cristo não estamos livres de pecar. Entretanto, a promessa é clara: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados” (1Jo 1:9)

2) Isaías 28:23-29: Parábola do consolo

Essa parábola no ensina que os juízos de Deus não são arbitrários. O profeta sugere que os métodos empregados pelos camponeses na agricultura sejam uma parábola do propósito de Deus ao disciplinar Seus filhos e filhas. Assim como o lavrador não ara e grada a terra o ano todo, mas ara e grada para que possa semear e ceifar, da mesma forma Deus não pune para sempre; de modo que um futuro glorioso aguarda os redimidos. Isaías, conhecido como o profeta da esperança, assegura aos que ouvem seus “ais” (este capítulo 28 é um “ai” para Efraim) que, assim como o lavrador não debulha todos os tipos de grãos com a mesma severidade, também Deus não mais enviará Seu povo para o deserto. Que afirmação consoladora! Que verdade consoladora! Afinal, como discípulos de Cristo, estamos sujeitos a juízo, mas o juízo será justo, conduzido pelo único Juiz justo.

3) Mateus 7:24-27: Parábola das duas casas

Essa parábola se refere ao que um “homem obediente, astuto e prudente faz. Constrói sua casa, toda a sua vida, sobre as rochas do verdadeiro discipulado, uma submissão genuína a Cristo. O homem desobediente constrói de maneira diferente”.15 Aqui está a ênfase marcante da parábola: a diferença do fundamento das duas construções: enquanto o homem sábio constrói na rocha, o insensato constrói na areia. Nada poderia ser mais contrastante do que os fundamentos usados pelos dois construtores/discípulos.

Como afirma Lockyer, “que grande diferença nosso Senhor retratou aqui! Como estão em perigo os homens cujas decisões não se fundamentam na ajuda de Deus, encontrada pela oração; cujas alegrias não são firmadas na confiança do amor de Deus; cuja confiança não é apoiada na presença revelada de Deus; cujas virtudes não têm raízes; cuja bondade não tem motivação; cuja esperança não tem fundamento! A casa de tal homem está simplesmente com suas partes ligadas umas às outras, e pode cair a qualquer momento”.16

A diferença das duas casas denota a diferença dos dois construtores. É esta a diferença dos autênticos discípulos de Cristo: eles sabem que a essência da vida consiste em construir um bom caráter, capaz de enfrentar os maiores testes. E sabem que a única alternativa correta é construir o caráter sob as orientações da Palavra de Cristo. Os falsos discípulos, por sua vez, podem pensar: “É tudo a mesma coisa; ninguém vai perceber a diferença; afinal, a casa na areia é igualmente bonita”. E eles de alguma forma têm razão: olhando por cima, para o produto pronto, parece não haver diferença. Mas os elementos de teste farão a obra de verificar a qualidade do fundamento da vida daqueles que seguem Jesus Cristo.

4) Mateus 13:1-30: Parábola do semeador e da semente

Essa parábola é bastante significativa para o discipulado, pois representa quatro tipos de reações ou posturas daqueles que se dispõem a seguir Jesus Cristo.17

15. Ibidem, p. 195.

16. Ibidem, p. 197.

17. Adaptado de Herbert Lockyer, Todas as Parábolas da Bíblia, p. 221-223.

1. O ouvinte à beira do caminho representa o discípulo com a mente fechada. A Palavra permanece na superfície de sua vida, e não sob o solo. A Palavra não produz fruto porque o coração do discípulo do tipo mente fechada é de um material duro, que resiste a ser marcado, trabalhado pelo Espírito de Deus. E porque a Verdade não ocupa o trono da sua vida, esse pretenso seguidor de Cristo fica longe do alcance de Deus, e perto da influência do Inimigo.

2. O ouvinte do terreno pedregoso representa o discípulo com a mente meramente emocional. A Palavra é recebida, mas não cria raízes. A Verdade é lançada ao solo, está no solo, mas não sob o solo. Esse é um seguidor entusiasmado, motivado, que facilmente chora e se comove diante de um apelo. Mas seu apego à verdade é apenas superficial, frágil é sua fé. Esse seguidor não tem raiz, e por isso suas impressões são superficiais. Diante de uma crise, logo desiste devido à superficialidade de sua fé e de seu caráter. É interessante notar que, enquanto o seguidor anteriormente descrito não se apropria da verdade, este se apropria levianamente. O anterior peca por sua indisposição; este peca por sua disposição rasa, barata.

3. O ouvinte do terreno espinhoso representa o discípulo inconstante. A verdade possui raízes, mas não produz frutos. A semente caiu ao solo, está no solo e sob o solo, mas não germina. A verdade é apropriada, mas é prejudicada por um tríplice senhorio: Cuidado deste mundo, sedução das riquezas e prazeres desta vida.

4. O ouvinte da boa terra representa o discípulo de mente firme e compreensiva. Esse é o discípulo autêntico: Possui raízes profundas e muito fruto. A semente estava no solo, sob o solo, dentro do solo e acima do solo. A verdade foi apropriada completamente e tomou conta de toda a vida. Assim, os frutos são uma consequência natural de alguém estar enriquecido com o Doador das boas obras.

Conclusão

É impressionante como Jesus Cristo revolucionou o processo do discipulado pelo uso de parábolas! Convém, então, terminar realçando Sua figura. O Mestre Jesus Cristo, um carpinteiro, sem jamais ter deixado registrada uma palavra sequer, sem jamais ter produzido um artigo, pesquisa, monografia ou livro; sim, esse carpinteiro impactou a humanidade de um jeito impressionante! Como nos lembra o Dr. James Kenedy, com 12 discípulos Jesus Cristo exerceu influência civilizatória que dura até hoje!

Ele nasceu em um vilarejo desconhecido, era filho de uma camponesa. Cresceu em outro vilarejo onde trabalhou em uma carpintaria até completar trinta anos. Então, durante três anos, foi um pregador itinerante. Nunca escreveu um livro. Nunca ocupou uma posição. Nunca teve uma família ou uma casa. Não frequentou a faculdade. Jamais conheceu uma cidade grande. Não Se afastou sequer trezentos quilômetros do lugar em que nasceu. Não fez nada do que normalmente acompanha o poder. Não tinha credenciais, era simplesmente Ele.

Tinha apenas 33 anos quando toda a opinião pública se voltou contra Ele. Seus amigos fugiram e um deles chegou a negá-Lo. Foi entregue a Seus inimigos e passou pelo escárnio de um julgamento. Foi crucificado entre dois ladrões.

Quando estava morrendo, Seus executores disputavam por Suas roupas, Suas únicas propriedades neste mundo. Quando morreu, foi sepultado em um túmulo emprestado por um amigo misericordioso. Vinte séculos se passaram, e hoje Ele é a figura central da raça humana.18

É irrefutável que a vida do Jovem galileu tenha causado grande impacto em Sua época e em nossa época. E o mais espetacular: fez tudo isso até os 33 anos de idade apenas. Isso é extraordinário! Como diz J. M. Price em seu clássico A Pedagogia de Jesus, “ninguém esteve mais bem preparado, e ninguém se mostrou mais idôneo para ensinar do que Jesus. No que toca às qualificações, bem como em demais aspectos, Jesus foi o Mestre ideal. Isso é verdade tanto visto do ângulo divino como do humano. No sentido mais profundo, Jesus foi o Mestre vindo da parte de Deus”.19

19. James KENEDY e Jerry Newcombe. E Se Jesus não Tivesse Nascido?São Paulo: Vida, 2003, p. 21.

20. J.M. Price. A Pedagogia de Jesus. 3ª edição. São Paulo: JUERP, 1983, p. 5.



Fonte: Casa Publicadora Brasileira (http://www.cpb.com.br/)





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