sábado, 18 de janeiro de 2014

ES - Lição 4 - Discipulado das crianças – 1º Trim, 2014




Lição 4 - Discipulado das crianças

18 a 25 de janeiro





Sábado à tarde

Ano Bíblico: Êx 5–8 


VERSO PARA MEMORIZAR:


"Vendo os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que Jesus fazia e os meninos clamando: Hosana ao Filho de Davi!, indignaram-se e perguntaram-­Lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?"
 (Mt 21:15, 16).



Leituras da Semana:


Em nosso desejo de pregar ao mundo e fazer discípulos de todas as nações, não devemos esquecer uma classe de pessoas: as crianças.

Estudos cristãos sobre crianças e jovens divergem em muitos aspectos. No entanto, através das linhas denominacionais algo parece constante: a maioria dos cristãos entregou a vida a Cristo em uma idade relativamente jovem. Um número menor de convertidos vem da população mais idosa. Muitas igrejas, aparentemente, ignoram esse fato importante em seu planejamento evangelístico, direcionando a maior parte de seus recursos para a população adulta. Os primeiros discípulos de Cristo também parecem ter subestimado o valor do ministério das crianças. Jesus rejeitou essa atitude e abriu espaço para as crianças, até mesmo dando prioridade a elas.

Portanto, devemos fazer o mesmo.


Domingo

Ano Bíblico: Êx 9–11 

Vantagem da criança hebreia

As crianças hebreias desfrutavam um tratamento especial quando comparadas às crianças das antigas nações vizinhas. Em muitas culturas eram difundidos sacrifícios de crianças para apaziguar os deuses. Do contrário, o valor das crianças frequentemente era medido por sua contribuição econômica à sociedade. Produtividade do trabalho, não valor intrínseco, definia seu relacionamento com o mundo adulto. É triste dizer, mas algumas dessas atitudes, especialmente quando se trata de valor econômico, são encontradas em nosso mundo atual. Verdadeiramente, o dia da ira precisa vir.

Evidentemente, a apostasia de Israel afetou o valor dado pela população às crianças. O envolvimento de Manassés com a feitiçaria e as religiões de outras nações induziu ao sacrifício de crianças (2Cr 33:6). No entanto, o reinado de Manassés foi exceção e não regra. Sob liderança mais espiritual, os israelitas valorizavam muito seus descendentes.

1. Leia o Salmo 127:3-5; 128:3-6; Jeremias 7:31; Deuteronômio 6:6, 7. Que valor Deus dá aos filhos? De que maneira uma compreensão adequada das Escrituras pode afetar nosso relacionamento com eles?

Educação, direito de primogenitura e muitas outras práticas culturais demonstravam claramente o valor das crianças na antiga cultura hebraica. Não é de admirar que Cristo tenha expandido a posição já exaltada das crianças, em comparação com as culturas circundantes, para novas dimensões. Afinal, as crianças são seres humanos, e a morte de Cristo foi por todas as pessoas, independentemente da idade, um ponto que nunca devemos esquecer.

É difícil acreditar que haja adultos tão corrompidos, tão maus e tão degradados que façam mal às crianças, às vezes até mesmo às suas. Como podemos, em qualquer situação em que estivermos, amar, proteger e educar as crianças dentro da nossa esfera de influência?

Segunda

Ano Bíblico: Êx 12, 13 

Infância de Jesus

Se Jesus não tivesse passado pela infância, chegando ao planeta Terra como adulto, sérias questões poderiam ser levantadas a respeito de Sua capacidade de Se identificar com as crianças. Cristo, porém, Se desenvolveu como toda criança deve se desenvolver, não omitindo nenhuma das etapas de desenvolvimento associadas ao crescimento e à maturidade. Ele compreende as tentações dos adolescentes. Ele sofreu as fragilidades e inseguranças da infância. Cristo enfrentou os desafios que toda criança enfrenta na sua própria esfera. Sua experiência na infância foi outra maneira crucial pela qual nosso Salvador revelou Sua verdadeira humanidade.

2. Leia Lucas 2:40-52. O que isso ensina sobre a infância de Jesus?

"Entre os judeus, os doze anos eram a linha divisória entre a infância e a juventude. Ao completar essa idade, um menino hebreu era considerado filho da lei, e também filho de Deus. Eram-lhe dadas oportunidades especiais para instruções religiosas, e esperava-se que participasse das festas e observâncias sagradas. Foi em harmonia com esse costume, que Jesus em Sua meninice fez a visita pascal a Jerusalém" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 75).

De acordo com o texto, Jesus adquiriu sabedoria. Deus Lhe concedeu graça. Desde o encontro no templo durante a visita pascal, em Sua infância, percebemos que Jesus tinha profunda sabedoria bíblica. Os rabinos ficaram muito impressionados com as perguntas e respostas de Jesus.

Deus certamente usou várias experiências da infância para moldar esse caráter impecável. Talvez a disciplina de aprender habilidades de carpintaria, a atenção de pais dedicados, a exposição regular às Escrituras e Suas interações com os habitantes de Nazaré formaram a base de Sua educação inicial. No fim, por mais notável que Jesus tenha sido na infância, ainda assim Ele havia sido uma criança, como cada um de nós.

"O menino Jesus não recebeu instrução nas escolas das sinagogas. A mãe foi Sua primeira professora humana. Dos lábios dela e dos rolos dos profetas, aprendeu as coisas celestiais. As próprias palavras ditas por Ele a Moisés para Israel, eram-­ 0Lhe agora ensinadas aos joelhos de Sua mãe" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 70). Medite nas incríveis implicações dessas palavras. O que elas nos ensinam sobre a humanidade de Cristo?


Terça

Ano Bíblico: Êx 14, 15 

Curando as crianças

3. Leia Mateus 9:18-26; Marcos 7:24-30; Lucas 9:37-43; João 4:46-54. Quais são as semelhanças e diferenças no contexto de vida dessas crianças? Que lições podemos aprender com esses textos que podem nos ajudar hoje?

Uma semelhança impressionante é que, em todas essas histórias, pais desesperados foram a Jesus buscando ajuda para os filhos. Qual pai não pode se identificar com esses relatos? Qual pai já não sentiu dor, angústia, medo e horror quando um filho estava muito doente ou até mesmo morrendo? Para os que passaram por isso, não há nada pior.

Embora Jesus não tenha sido pai, em Sua humanidade, Ele Se identificava com os pais o suficiente para curar seus filhos. Em cada caso ocorreu a cura. Ele não desprezou ninguém. Assim, Seu amor, não apenas pelos pais, mas pelos filhos, foi claramente manifestado.

Isso leva a uma série de perguntas a respeito de casos em que pais oram e suplicam a Jesus pela cura de seus filhos e, no entanto, eles não são curados. Talvez, não haja experiência mais triste do que sepultar um filho. A morte deve ser reservada para as gerações mais velhas. A sequência antinatural em que pais lamentam a morte de seus filhos traz revolta ao coração. Durante esses funerais quase todos os pais perguntam: "Não deveria ter sido eu em lugar de meu filho?"

O luto pela morte física e a observação da decadência espiritual podem ser igualmente dolorosos. Quantos pais têm agonizado por causa de filhos destruídos pela dependência de drogas, pornografia, ou indiferença dos próprios filhos? Seja qual for a aflição, devemos aprender a confiar no Senhor, em Sua bondade e em Seu amor, mesmo quando não alcançamos resultados tão felizes quanto os das histórias bíblicas listadas acima. Ellen G. White, uma profetisa, enterrou dois filhos. Nosso mundo é um lugar difícil. Nosso Deus, porém, é amoroso. Custe o que custar, devemos nos apegar a essa verdade.





Quarta

Ano Bíblico: Êx 16, 17 

Uma terrível advertência

4. Leia Mateus 11:25, 26; 18:1-6, 10-14. Que verdades, não apenas sobre os filhos, mas sobre a fé em geral, podemos aprender com esses textos? Pense na seriedade da advertência de Jesus. Por que deveríamos tremer diante dela?

Jesus frequentemente recorreu à sinceridade das crianças para ilustrar Seu reino. A autenticidade, humildade, dependência e inocência das crianças de alguma forma captam a essência da vida cristã. Ao viver nossa fé, devemos almejar intensamente essa simplicidade e confiança.

Os modernos formadores de discípulos precisam aprender outra lição: as crianças nunca devem deixar para trás sua dependência infantil. Devidamente instruídas, elas podem levar sua confiante inocência para a idade adulta. Certamente, quando as crianças amadurecerem e envelhecerem, elas questionarão coisas e terão lutas, dúvidas e perguntas sem resposta, como acontece com todos nós. Mas uma fé infantil nunca fica fora de moda. Como pais, ou como adultos em geral, devemos fazer todo o possível para incutir nas crianças o conhecimento de Deus e do Seu amor. A melhor maneira de fazer isso é revelar esse amor em nossa vida, em nossa bondade, compaixão e cuidado. Podemos pregar sermões e exortar o tanto que quisermos, mas, no fim, como acontece com os adultos, a melhor maneira de discipular as crianças é viver diante delas o amor de Deus em nossa vida.

Em frio, terrível e forte contraste, atos criminosos contra crianças, especialmente durante atividades oficiais da igreja, podem destruir a confiança da criança na igreja e, muitas vezes, no Deus da igreja. Grande ira está reservada para os que cometem tais ações e para os que protegem os culpados. Cristo e Sua mensagem despertam fé e confiança. Como uma organização humana se atreve a prejudicar essa fé infantil por falta de vigilância?

O que sua igreja está fazendo, não apenas para educar suas crianças, mas para garantir que elas sejam protegidas de todas as formas possíveis? O que significam estas Palavras de Jesus: "Os seus anjos nos Céus veem incessantemente a face de Meu Pai celeste" (Mt 18:10). Por que isso deveria fazer tremer qualquer um que maltrata uma criança?



Quinta

Ano Bíblico: Êx 18–20 

Aceitando os pequenos

5. Leia Marcos 10:13-16. O fato de que Cristo aceitou as crianças facilitou a aceitação dEle? Como devemos entender Sua repreensão aos discípulos? O que devemos aprender com esse relato sobre o relacionamento com as crianças?

Certamente os discípulos de Cristo eram bem-intencionados, embora ignorantes. Eles tentaram proteger seu valioso tempo, preservando sua energia para assuntos mais "importantes". Eles realmente se equivocaram sobre o que Jesus queria que eles entendessem.

Imagine-se sendo desprezado por adultos grosseiros e depois sendo abraçado pela amorosa e carinhosa pessoa de Jesus. Não é de admirar que as crianças O abraçaram. Nessa história temos um exemplo inestimável sobre a maneira pela qual as crianças devem ser tratadas pelos professos formadores de discípulos.

"Nos meninos que foram postos em contato com Ele, viu Jesus os homens e mulheres que seriam herdeiros de Sua graça e súditos do Seu reino, e alguns dos quais se tornariam mártires por Seu amor. Sabia que essas crianças haviam de ouvi-Lo e aceitá-Lo como seu Redentor muito mais facilmente do que o fariam os adultos, muitos dos quais eram sábios segundo o mundo e endurecidos. Em Seus ensinos, descia ao nível delas. Ele, a Majestade do Céu, não desdenhava responder-lhes às perguntas e simplificar Suas importantes lições, para alcançar sua compreensão infantil. Implantava na mente delas as sementes da verdade, que haveriam de brotar nos anos vindouros, dando frutos para a vida eterna" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 512, 515).

Quantas vezes encontramos adultos que sofrem tanta dor, tanta confusão, tanta mágoa sobre coisas que aconteceram com eles na infância? O que isso deve nos dizer sobre a maneira gentil, carinhosa, piedosa e amorosa pela qual devemos tratar as crianças?


Sexta

Ano Bíblico: Êx 21–23 

Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 511-517: "Deixai Vir a Mim os Pequeninos"; p. 592: "O Templo Novamente Purificado"; Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 93-95: "O Batismo"; Educação, p. 185, 186: "Ensino e Estudo da Bíblia".

"É ainda verdade que as crianças são as pessoas mais suscetíveis aos ensinos do evangelho; seu coração acha-se aberto às influências divinas, e forte para reter as lições recebidas. […] Precisam ser educados nas coisas espirituais, e os pais devem proporcionar-lhes todas as vantagens, para que formem caráter segundo a semelhança do de Cristo.

"Os pais e as mães devem considerar os filhos como os membros mais novos da família do Senhor, a eles confiados para que os eduquem para o Céu. As lições que nós mesmos aprendemos de Cristo, devemos transmitir aos nossos filhos" (Ellen G. White, 
O Desejado de Todas as Nações, p . 515).
Perguntas para reflexão

1. Por que mais pessoas aceitam a Cristo na juventude do que na velhice? Seria por que os mais jovens são muito ingênuos e ignorantes? Ou seria por que eles ainda não se tornaram endurecidos e pervertidos pelo cinismo e ceticismo dos adultos?

2. Como a igreja pode se organizar para se tornar mais semelhante a Cristo em seu relacionamento com as crianças? O que os membros podem fazer para ser mais amigáveis para com os jovens que experimentam modas bizarras, gostos musicais incomuns e, às vezes, comportamentos estranhos? Como a igreja pode se tornar mais dinâmica, atraindo assim a ativa juventude?

3. Que passos devem ser dados para responder aos jovens interessados que desejam o batismo e um compromisso de mudança de vida com Cristo?

4. Pense nos atributos das crianças que levaram Jesus a dizer: "Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos Céus" (Mt 18:3). O que esse texto quer dizer? 

Respostas sugestivas: 1. As crianças são uma valiosa herança ou recompensa dada por Deus; são flechas na mão do guerreiro; trazem felicidade à família; o nascimento dos descendentes representa a continuidade da bênção divina. As crianças devem ser ensinadas de acordo com a Palavra de Deus. 2. "Crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens". Jesus Se desenvolvia em sabedoria (intelecto), estatura (físico) e graça (vida religiosa). As pessoas percebiam isso e Deus também. 3. Todos esses pais buscaram um milagre de Jesus em favor de seus filhos. Alguns eram religiosos judeus, enquanto outros eram pagãos, mas todos lutavam por seus filhos. Alguns confiavam em Jesus, enquanto outros vacilavam em sua fé. 4. As grandes revelações de Deus são ocultas dos orgulhosos e instruídos e são dadas às pessoas humildes e puras como as crianças. Os que induzirem as pessoas ao pecado terão sérias consequências. Deus nos chama para reconduzir ao redil as ovelhas extraviadas. 5. Jesus atraiu pessoas por causa de Seu interesse nas crianças. O desprezo para com elas era contrário aos princípios de Seu reino. As crianças também precisam estar perto de Jesus. O evangelho não é apenas para os adultos. Se as crianças não forem levadas a Jesus, a igreja se tornará cada vez mais fraca. Ser como criança é um requisito para entrar no reino de Deus. Podemos levar as crianças a Jesus ou podemos impedir que elas se aproximem dEle. Qual será nossa atitude? Se as levarmos a Jesus, Ele as tomará em Seus braços e as abençoará.

AUXILIAR ESCOLA SABATINA

Texto-chave: Mateus 21:16

O aluno deverá...

Saber: Que não precisamos ser pais para estar abertos ao ministério em favor das crianças. De alguma forma, todo adulto é um mentor.

Sentir: Que não há nada mais valioso do que identificar os talentos das crianças e incentivá-las em seu desenvolvimento no serviço de Cristo.

Fazer: Interagir de forma positiva com as crianças em sua igreja, escola ou comunidade. Fazer dessa atitude uma prática diária e semanal.

Esboço

Esboço

I. Saber: As crianças são criadas por Deus com potencial para o discipiulado.

A. Lembre-se de quando você era criança. Como você descreveria seu relacionamento com a igreja?

B. Como você foi considerado pelos adultos – seus pais, seu pastor e seus professores?
C. O que você desejaria que aqueles adultos soubessem sobre seus sonhos e aspirações de infância?

II. Sentir: A terna consideração de Jesus para com as crianças

A. A maneira pela qual Jesus tratava as crianças corresponde à sua atitude para com elas?

B. Como as crianças o consideram? O que elas aprendem sobre Deus como resultado de sua interação com você?

III. Fazer: Refletindo o amor de Jesus aos Seus discípulos mais jovens

A. Nesta semana, Sua vida seria diferente se você olhasse para as crianças como Jesus as olhava?

B. Você se sente mais confortável em trabalhar com criança de qual idade? Por quê?

Resumo: Quanto mais cedo formarmos discípulos para Cristo, melhor. Mas, às vezes, em vez de cultivar o talento e entusiasmo dos jovens, dizemos-lhes: "Voltem quando estiverem mais velhos". Isso é um erro.

Ciclo do Aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: Mateus 21:16

Conceito-chave para o crescimento espiritual: O coração de Jesus sempre foi tocado pelos vulneráveis e que estavam em risco. Isso explica Seu desejo de abraçar as crianças.

Somente para o professor: Um conhecido ditado diz: "As crianças devem ser vistas e não ouvidas." Esse conceito foi aceito em muitas sociedades. Agora, a maioria das pessoas em nossas igrejas é esclarecida o suficiente para saber que Deus tem grande consideração pelas crianças. No entanto, mesmo reconhecendo que o ministério das crianças é um componente importante de toda congregação saudável, muitos podem expressar a atitude de que esse ministério é "responsabilidade de outra pessoa". A lição desta semana é um lembrete de que somos todos responsáveis por ajudar a transformar as crianças em discípulos.

Atividade de abertura

Peça que os membros da classe relembrem sua experiência de haver crescido na igreja. Quais foram seus professores da Escola Sabatina? Quais músicas eles cantavam? O que eles lembram sobre seus pastores? A igreja era um lugar amigável, ou eles se sentiam "invisíveis", sendo ignorados pelas pessoas?

E quanto aos alunos que não tiveram o benefício de crescer em um ambiente cristão? O que eles acham que perderam? Se eles não tiveram influências cristãs na infância, como conheceram a Cristo?

Os que cresceram na igreja nunca se esquecerão do hino O Chamado do Capitão: "U'a tarefa há pra fazer!/Armas tendes pra terçar?/O chamado já soou/Missionários! Voluntários!/Alistai-vos sem tardar,/Respondei: 'Eu vou, eu vou,'/Missionários Voluntários, Voluntários/Cristo à frente, vencerá,/Cristo a cada lado/Ele salvação dará/É o nosso brado/Missionários Voluntários Voluntários" (Melodias de Vitória, 102).

Como podemos nos esquecer do hino Faze Como Daniel: "Meu irmão intenta ser/Tal qual Daniel,/Resoluto em combater/O usurpador cruel?/Faze como Daniel,/Serve o eterno Deus./Entre os infiéis, fiel,/Marcha para os Céus."? E o que dizer do hino Jesus Precisa de Ti: "Jesus precisa hoje, sim, de jovens de valor,/Sua força solicita pra obra terminar./Levanta-te, empunha hoje a Bíblia com amor,/Proclama a todo mundo que Jesus irá voltar./Marcha firme, com força e vigor,/Sempre conduzindo a Palavra do Senhor./Juntos vamos a todos ensinar,/Que Jesus virá mui breve aqui reinar."? (Hinário Adventista, 484, 482). Podemos ainda citar os hinos "Em Tuas Mãos", "Sal da Terra", "Jesus Meu Guia É", "Satisfação", "Uma Harpa Tem Davi", entre outros.

O que seria da nossa vida se não fossem as lições aprendidas na Escola Adventista, na Escola Sabatina, no Clube de Desbravadores, na sociedade dos Jovens Adventistas (antiga sociedade dos Missionários Voluntários) e nas campanhas de Recolta? Essas são lembranças inesquecíveis.

Comente com a classe: Como nossas primeiras experiências na igreja nos moldaram como crianças, para o bem ou para o mal? O que podemos tirar desses momentos para nos ajudar a formar discípulos de Cristo entre as crianças de hoje?

Compreensão

Somente para o professor: Não somos todos pais, mas todos fomos crianças. E embora os pais sejam os principais responsáveis pelo desenvolvimento emocional, físico e espiritual de seus filhos, ainda há muito que podemos fazer como parte de uma equipe de apoio a fim de garantir que as crianças em nossas igrejas e comunidades estejam expostas ao amor de Deus e aos princípios cristãos.




Comentário Bíblico


I. Sermões em sapatos

(Recapitule com a classe Dt 6:4-9.)

A grande e abrangente ordem dada aos judeus de inúmeras gerações é resumida neste trecho chamado Shemá, que significa: "Ouve", na forma imperativa.

Os israelitas foram orientados a não apenas lembrar e observar todos os princípios antigos da sua fé, mas também comunicá-los aos seus filhos. Essa comunicação ocorria de modo verbal, mas também ocorria pelo exemplo: "Assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te" (Dt 6:7).

Pense nisto: A infância é um tempo de descoberta. As crianças aprendem o que é perigoso e o que é seguro. Elas procuram seus pais e outros adultos para obter informações em que possam confiar. Isso não acontece somente na escola, na igreja ou outros momentos de instrução formal. Ocorrem também em piqueniques, caminhadas, passeios de carro, eventos esportivos, etc. Se você é um adulto e uma criança está presente, você é o mentor. Você será testado. As crianças entenderão que Deus pode ser confiável se elas acharem que podem confiar em você. Que modelos em sua infância e juventude o convenceram de que Deus é digno de confiança? Quais crianças ou jovens você tem influenciado na direção de Cristo e de Seu reino? Como você fez isso?

II. O dom da vida

(Recapitule com a classe Mt 9:18-26; Mc 7:24-30; Lc 9:37-43; Jo 4:46-54.)

Não há nada mais definitivo do que a morte e não há nada mais trágico do que crianças morrendo antes de crescer e desenvolver a personalidade, talentos e potencial. Isso torna os milagres relatados nos textos acima muito significativos. Jesus não estava apenas restaurando um membro da família, mas estava também restaurando todas as esperanças e sonhos que os pais tinham para seus filhos.

Além disso, Jesus estava dando a essas crianças um presente do qual elas se lembrariam pelo resto da vida: a oportunidade de saber que elas tinham sido salvas para um propósito: crescer para honrar a Deus e usar seus talentos para Sua glória.

Pense nisto: Qualquer pessoa que tenha contato com crianças sabe que além da inocência exterior há um potencial inimaginável. Agora elas podem ser desajeitadas e inconvenientes, mas daqui a 15 ou 20 anos estarão em uma universidade, estudando Teologia, Medicina ou Direito, no comando de um avião a jato supersônico, desenvolvendo o mais novo site da internet, ou apresentando um programa de TV. Como sua congregação demonstra a alta consideração que tem pelas crianças e jovens? Isso é suficiente? Explique. Quais histórias de sucesso você pode contar sobre crianças e jovens que estudaram na Escola Adventista ou frequentaram a Escola Sabatina?

III. O menor destes pequeninos

(Recapitule com a classe Mt 18:1-7.)

Uma das razões pelas quais Jesus defendeu as crianças é que elas normalmente não têm ninguém para defendê-las. Certamente elas têm pais, avós, professores e mentores, mas, muitas vezes, descobrimos tarde demais sobre alguma criança que foi negligenciada e caiu em padrões de hábitos perigosos.

Às vezes parece que o diabo dirige suas armas mais poderosas para nossas crianças e jovens. Existe um modo de fortalecê-los contra as tentações do mundo?

Questões para discussão: 1. Quando você era criança, quais foram os mentores que o mantiveram no "bom caminho"? Como eles fizeram isso? 2. Que tentações você enfrentou quando era criança? Como elas se comparam com as tentações enfrentadas pelas crianças e jovens de hoje? 3. Pensando nas tentações enfrentadas por muitas de nossas crianças e jovens, quais estratégias a igreja pode desenvolver para atenuar a força dessas tentações?

Aplicação

Somente para o professor: Na teoria, é fácil falar sobre discipular crianças. Quem vai questionar isso? Mas levar os alunos da compreensão para a ação é a diferença entre a teoria e a prática.

Aplicação

Sabemos pela Bíblia e pela experiência pessoal que a infância é o melhor período para alcançar as pessoas com o evangelho e treiná-las para ser discípulos. Essa é a premissa da seguinte promessa bíblica: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele" (Pv 22:6). Essa promessa não é só para os pais, mas para todos os adultos que desejam manter as crianças e jovens envolvidos na igreja e ligados a Jesus Cristo.

1. Com a ajuda da classe, faça uma lista de pelo menos cinco e no máximo dez influências que as crianças e os jovens enfrentam hoje.

2. Faça uma lista de pelo menos cinco e no máximo dez maneiras pelas quais a igreja pode combater essas influências do mundo. O que sua congregação está fazendo para garantir isso?

Atividade

Peça que os alunos compartilhem experiências sobre lugares inusitados ou formas incomuns que eles encontraram para orar "sem cessar".

1. Simplificando, a oração é comunicação, tanto falar quanto ouvir. Deus tem falado com você? O que Ele disse?

2. Como você sabe quando está orando "satisfatoriamente"?

Criatividade e atividades práticas

Somente para o professor: É sempre útil e importante que as classes da Escola Sabatina adotem algum projeto evangelístico ou apoiem atividades dos diversos ministérios da igreja. Qual ministério específico para as crianças em sua igreja você estaria disposto a apoiar? Sugestão: Organize um pequeno grupo com crianças ou participe de um pequeno grupo já existente.

Atividade

Com a ajuda dos alunos, faça uma lista de pelo menos 10 e no máximo 20 ideias que sua classe da Escola Sabatina estaria disposta a apoiar, para beneficiar e orientar as crianças de sua igreja. Escreva as ideias em uma folha grande de papel ou numa lousa. Apenas prepare a lista sem comentários. Boas ideias muitas vezes são desencadeadas por ideias "ruins" ou "incompletas". Por isso, encoraje todos a participar. E lembre-se: estas são ideias para atividades das quais sua classe pode participar. Algumas coisas podem ser incluídas nesta lista:

1. Organize um fundo para ajudar um estudante criado apenas por um dos pais, para ajudá-lo a frequentar a Escola Adventista.

2. Leve as crianças para cantar para os idosos. Depois, convide-as para uma atividade divertida ou para um lanche.

3. Coopere com classe da Escola Sabatina das crianças num esforço para fornecer materiais da Escola Sabatina para adventistas de outras partes do mundo.

4. Leve a classe da Escola Sabatina dos Primários para um lugar divertido.

5. Leva a classe da Escola Sabatina dos juvenis para uma caminhada, para esquiar na água, para explorar cavernas, para um passeio num zoológico ou para qualquer outra atividade agradável.

6. Distribua balões cheios depois do culto de sábado, um vez por mês, para todas as crianças.

7. Esteja presente em todos os programas da Escola Adventista (sejam programas espirituais ou acadêmicos).

Divirta-se! Seja espontâneo e criativo, e você dará às crianças em sua igreja algo que elas nunca esquecerão. Então, se o Senhor não voltar dentro de 40 anos e as crianças em sua igreja forem adultos, elas se lembrarão de você como aqueles que as mantinham ligados a Cristo.

Planejando atividades: O que sua classe de Escola Sabatina pode fazer na próxima semana como resposta ao estudo da lição?


COMENTARIO SEMANAL


INTRODUÇÃO


“As crianças são o único material que Deus nos deu, com o qual podemos fazer homens e mulheres. São elas que ocuparão nossa cadeira no Senado e nosso lugar no banco da Corte Suprema. Elas assumirão o governo das cidades, dos Estados e do País. Dirigirão nossos presídios, Igrejas, Escolas, Universidades, Corporações e Empresas. Tudo o que fizermos será louvado ou condenado por elas; nossa reputação e nosso futuro estão em suas mãos. Toda a nossa obra será delas e o destino da nação e da humanidade dependerá de nossas crianças.

As crianças de hoje são os homens e mulheres do amanhã. Elas continuarão aquilo que nós começamos. Ficarão exatamente no lugar que agora ocupamos. E, quando deixarmos esta vida, nossas crianças cuidarão das coisas que nós julgamos importantes. Poderemos traçar mil planos a curto ou longo prazo, mas a maneira pela qual esses planos serão executados depende em grande parte do menino e da menina que hoje educamos”.2

Por isso, da próxima vez que você cumprimentar uma criança, seja em casa, na Igreja, ou numa classe bíblica, lembre-se de que essas mãos inexperientes e trêmulas contêm o futuro. Essas mãos um dia poderão segurar uma Bíblia no púlpito de uma Igreja, ou poderão segurar um revólver. Essas mãos tocarão o piano da Igreja, ou farão rodar as máquinas e jogos que roubam o sustento de mulheres e crianças. Essas mãos tratarão com ternura as feridas de um enfermo, ou tremerão como resultado da degeneração pelo uso de álcool e drogas. Tudo vai depender do nosso modo de educar essas crianças. Que privilégio! Que desafio!

Compreendendo as Diferenças

A fim de discipular apropriadamente as crianças, é fundamental compreender algo óbvio: há diferenças entre elas e os adultos; na verdade, adultos e crianças pertencem a gerações distintas. Compreender isso pode levar os adultos a elaborar estratégias adequadas para conduzir as crianças a Deus. Eis algumas diferenças notáveis.3

1. Tecnologia

Enquanto os adultos curtiram sua infância e adolescência falando às vezes ao telefone, ouvindo rádio e assistindo à programação da televisão local, as crianças e adolescentes de hoje crescem tendo seu próprio smartphone, têm acesso à televisão a cabo e estão conectados 24 horas por dia à internet. Isso significa que nossa cultura (quando crianças) era limitada e moldada pelos acontecimentos locais; já a cultura das crianças e adolescentes de hoje é uma soma do que ocorre em todos os lugares do mundo, e isso está disponível num clique!

De modo que crianças e adolescentes de hoje são “cidadãos do mundo”, sabedores do que acontece em qualquer lugar do planeta. Claro, isso é bom (há muita coisa boa ocorrendo em alguns lugares do mundo), mas é também altamente perigoso: Considerando que está cada vez mais difícil controlar o acesso à internet, nossos meninos e meninas tem à sua disposição todo o lixo que se produz, em todas as áreas, e – pior – têm acesso a tudo sem filtro pessoal nenhum, pois a infância e a adolescência é uma época em que a maturidade cognitiva possibilita – pela primeira vez de modo concreto – escolhas bem pensadas. E como eles estão no início desse processo, muitos acabam não filtrando nada, e, obviamente são fortemente influenciados por filmes, revistas, propagandas, sites, etc.

2. Conhecimento e exposição à violência

Em nossa época de criança, a violência não era muito comum em filmes e nem mesmo no ambiente familiar. Obviamente, a violência existia, mas não estava tão em evidência. Atualmente, isso mudou muito. O Mapa da Violência coloca o Brasil entre os quatro países com maiores taxas de homicídio de jovens, num ranking de 92 países do mundo. Nesse ranking, “apenas El Salvador, Venezuela e Guatemala apresentam taxas de homicídio maiores que a do Brasil (44,2 casos em 100 mil jovens de 15 a 19 anos). Todos os três países têm economia menor que a brasileira, (atualmente a 6ª maior do mundo segundo o Produto Interno Bruto), não dispõem de um sistema de proteção legalizado como o Estatuto da Criança e do Adolescente (com 22 anos de existência) e nem de programas sociais com o número de beneficiários como o Bolsa Família (que entre outras contrapartidas orienta o acompanhamento da família matriculando os filhos na escola e mantendo em dia a vacinação)”.4

Não estamos falando apenas de violência nos filmes e desenhos, mas violência familiar que muitas crianças e adolescentes já experimentaram pessoalmente quando viram os pais se agredindo mutuamente (verbal, física ou psicologicamente) ou até quando elas mesmas foram vítimas de alguma violência.

3. Fragmentação familiar

É verdade que a família não era perfeita na época em que éramos adolescentes – sabemos que havia fragmentação familiar – mas é também verdade que hoje em dia os problemas familiares são, infelizmente, muito frequentes: o divórcio é crescente; aumenta o número de casamentos compostos por cônjuges vindos de outros casamentos (com seus respectivos filhos); é cada vez maior o número de pais e mães solteiros. Realmente, a fragmentação familiar desenhou um quadro completamente diferente daquele que era comum duas ou três décadas atrás.

Sobre o impacto deste cenário familiar, os estudiosos Eric Miller e Mary Porter escreveram o seguinte: “A perspectiva sociológica indica que esse problema tem ligação direta com muitos dos conflitos sociais que vemos todos os dias. Algumas das atitudes observadas – o estresse, a alienação e a constante falta de atenção – estão relacionadas diretamente com a tensão gerada para se ajustar a esses novos tipos de famílias”.5

Ao que foi dito acima, some-se ainda o seguinte: crianças e adolescentes crescem apenas com a família nuclear (pai, mãe, filhos), longe de avós, tios e demais parentes; os vizinhos, antes próximos, agora são ilustres desconhecidos; e, para completar, a escola – que já representou um ambiente mais seguro – nem sempre defende os valores familiares considerados tradicionais. Certamente, tudo isso mostra que a estrutura familiar de hoje é muito diferente da estrutura familiar de nossa época de criança.

4. Exposição à sexualidade

Em nossa época de criança e adolescência encarava-se o sexo de modo bem diferente do de hoje. Esperava-se, por exemplo, que a intimidade sexual fosse algo exclusivo para o casamento; fazer algo diferente disso era condenado pela sociedade, pela família e pela igreja. Mas hoje em dia é bem diferente. Crianças e adolescentes hoje vivem “em um mundo onde o sexo não é apenas algo esperado que aconteça durante o namoro, mas viver juntos antes do casamento é cada vez mais comum, enquanto que o relacionamento homossexual é promovido como um estilo de vida ‘alternativo’. Na verdade, os termos ‘bissexual’ e ‘travesti’ estão se tornando cada vez mais comuns no vocabulário [das crianças e] adolescente[s] da atualidade”.6

5. Ausência de absolutos

No passado, todo comportamento era considerado certo ou errado, e era comum falar em absolutos morais e éticos. Hoje é bastante diferente. Quando o assunto é ética, moral e religião, cada pessoa tem sua verdade. Assim, a definição de certo e errado fica no terreno da subjetividade. De modo que é cada vez mais normal alguém dizer o seguinte: “Isso pode ser verdade para você, mas para mim não é”. Nesse caso, os absolutos deixam de ser pautados pela sociedade, Bíblia ou Igreja, e passam a ser determinados pelo indivíduo.

Conhecer as diferenças entre a infância e a adolescência de hoje e a infância e adolescência de vinte ou trinta anos atrás é, de fato, importante, pois conscientiza os pais de que não se pode exercer paternidade e maternidade responsáveis querendo criar e educar filhos como se eles fossem crianças e adolescentes de nossa época.

“Se se espera que a religião influencie a sociedade, deve ela influenciar primeiro o lar. Se os filhos forem ensinados no lar a amar a Deus, temê-Lo, quando saírem para o mundo estarão preparados para educar suas próprias famílias para Deus, e assim o princípio da verdade será implantado na sociedade e exercerá influência marcante no mundo. A religião não deve estar divorciada da educação do lar”.7

A RESPONSABILIDADE DOS PAIS NO DISCIPULADO DOS FILHOS

Se os pais são importantes para as crianças, é necessário que eles sejam cuidadosos em seu modo de viver, a fim de também impactar espiritual e moralmente seus filhos. Estes são alguns cuidados especiais que devem ser tomados:8

1. Os pais precisam ensinar aos filhos as questões espirituais

Este ensino não deve ser apenas teórico. Os filhos precisam ver a prática da religião em seus pais. Obviamente, essa tarefa é desafiadora. É fácil falar de religião, de Deus, de fé, de Igreja, de obediência aos mandamentos, de estudar a Bíblia, de orar, de meditar. Entretanto, o discurso – por si só – não convence. É necessário que seja acompanhado de exemplo, modelação. Este tipo de ensino – teórico e prático – exige envolvimento por parte dos pais, exige tempo ao lado do filho, pois os melhores ensinamentos religiosos não ocorrem apenas na formalidade de um culto; eles podem ocorrer na informalidade de uma conversa no parque, um jogo na quadra, um passeio no shopping, um dia de pescaria, etc.

É verdade que há também outras pessoas que ensinam às crianças os assuntos espirituais: o pastor da igreja, o professor da Escola Sabatina, o professor de Ensino Religioso, etc. Entretanto, enfatizo aqui a importância da participação dos pais nesse processo; afinal, os pais são as pessoas que mais impacto causam na primeira e segunda infâncias. Os pais estão presentes constantemente na vida dos filhos. Assim, os pais não devem terceirizar as questões espirituais. Eles precisam assumir toda a responsabilidade como os primeiros líderes religiosos dos filhos. Isso vai marcá-los pelo resto da vida.

2. Os pais devem compartilhar suas próprias experiências espirituais

Desde pequeninos, nossos filhos ouvem as histórias bíblicas e crescem aprendendo como as pessoas da Bíblia viveram sua vida com Deus. À medida que o tempo passa – e à medida que o processo cognitivo lhes permite mais maturidade em todos os sentidos – esses relatos vão adquirindo significado. O juvenil e o adolescente, finalmente, consegue pensar com profundidade sobre os erros e acertos das pessoas bíblicas que preencheram sua imaginação infantil. Em muitos casos, esses relatos ficam distantes, e pouco se relacionam com a experiência pessoal deles em pleno século 21.

Aqui entra em cena a participação dos pais! Em meio a conversas informais, os pais podem contar aos filhos como eles vivem sua vida espiritual e de que modo vencem os desafios espirituais que os filhos hoje estão enfrentando: ter um momento particular diário de meditação, como orar, como vencer as tentações, etc. Usando sua vida como exemplo, os pais podem conduzir a criança para uma religião e espiritualidade práticas, demonstrando em linguagem clara como se relacionar com Deus.

Não estou falando de aulas de Teologia. Estou falando de cristianismo em ação:

- “Filho, eu sei que Deus me ama porque um dia eu estava aflito devido à doença da minha mãe. Então...”;

- “Filha, eu entendo você; eu sei o que é sentir-se rejeitada pelas amigas. Sabe, quando eu estava no Ensino Médio...”.

Que maravilha poder ouvir da boca de pais sábios o relato de como se vive a autêntica vida religiosa!

Falando aos pais, o psiquiatra Ross Campbell afirma que o filho ou filha “deve ficar sabendo como Deus satisfaz todas as necessidades pessoais e familiares, inclusive as financeiras”, dos pais. “Ele precisa saber o conteúdo das orações dos pais. Por exemplo, você deve contar-lhe quando estiver orando em favor dos outros. Quando for possível, conte-lhe os problemas sobre os quais está pedindo a ajuda de Deus. Não se esqueça de mantê-lo informado a respeito de como Deus está atuando em sua vida e como Ele está usando você para ministrar a alguém. Ele também deverá certamente saber que você está orando por ele e por suas necessidades particulares”.9

3. Os pais devem ser exemplos de perdão

Seres humanos falham, cometem pecado; afinal, temos uma natureza pecaminosa. Obviamente, a criança precisa crescer aprendendo a depender de Deus a fim de receber o perdão de seus pecados, bem como dEle obter poder para viver de acordo com Sua vontade. Mas, como a criança pode aprender isso? Ela pode aprender isso pelo exemplo dos pais!

É no ambiente familiar que a criança deve ver o perdão na prática: o pai pedindo perdão à mãe, os pais pedindo perdão aos filhos, os pais pedindo perdão a Deus, a família se reconciliando. Essa prática ajudará os filhos a saber lidar com a culpa que tanto atormenta as pessoas hoje em dia. Há muitas pessoas que se sentem culpadas por diversos motivos. Muitas vezes, essa culpa existe porque a pessoa não aprendeu a perdoar nem a pedir perdão. Em casa, a criança deve aprender isso na prática. Assim poderá viver em paz consigo mesma, com as pessoas e com Deus. E poderá ter uma boa saúde religiosa e mental.

4. Os pais devem levar a sério a paternidade e a maternidade

Os pais são a figura de Deus no lar. Ser pai e mãe é coisa séria; mais séria do que ser um bom chefe; mais séria do que ser um bom obreiro a serviço da Igreja; mais séria do que ser um bom profissional. Afinal, Deus não nos pedirá conta de quão bons temos sido como funcionários, mas certamente nos pedirá conta dos filhos que nos deu.

EXPLORANDO UMA PERSPECTIVA BÍBLICA

Há muitas orientações na Bíblia a respeito da família, mas vamos nos concentrar em um versículo do NT: Efésios 6:4: “Pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”.

Nesse verso, o apóstolo Paulo apresenta as responsabilidades dos pais para com os filhos. Indiretamente, o apóstolo Paulo também conscientiza os filhos sobre o que devem esperar dos pais, avisando-lhes que não podem esperar dos pais uma atitude displicente, irresponsável. Nada disso. Os filhos devem esperar dos pais disciplina e admoestação do Senhor. Com as palavras de Efésios 6:4, o apóstolo Paulo nos faz pensar em várias coisas importantes; por exemplo:

1. Os filhos têm sentimentos, e esses sentimentos devem ser respeitados;

2. Os filhos não devem ser alvo irresponsável das emoções iracundas dos pais;

3. A educação correta dos filhos não é um processo automático; é algo que toma tempo; a expressão traduzida como “criai-os” se refere a nutrir.

4. Educar os filhos é um processo, e não um momento.

5. Educar é algo planejado, e não uma loteria.

6. Educar os filhos implica em instrução, admoestações, advertências, encorajamento.

7. Educar os filhos às vezes implica em castigo (disciplina).

8. A educação dos filhos tem como alvo último os caminhos do Senhor.

Na primeira parte do verso 4 lemos o seguinte: “Pais, não provoqueis vossos filhos à ira”. A expressão paulina “provocar à ira” é uma advertência contra uma educação familiar opressiva, contra um tratamento abusivo, descuidado, que ignora as necessidades e as particularidades dos filhos. Infelizmente, os pais muitas vezes cometem erros, e nem sempre estão dispostos a reconhecê-los. Alguns desses erros podem ser os seguintes: agressão (verbal, física, psicológica, religiosa), superproteção, negligência. Esses e outros erros que cometemos como pais evidenciam descuido em relação aos filhos. E somos advertidos de que é de nossa responsabilidade não cometer esses erros, pois eles, de alguma forma, provocam a ira dos nossos filhos.

Por outro lado, a segunda parte de Efésios 6:4 afirma que os pais devem criar os filhos na disciplina e na admoestação do Senhor. Se por um lado a primeira parte do verso deixa claro que não devemos ser opressivos, abusivos e descuidados com os nossos filhos, a segunda parte do verso esclarece que a vida familiar não é um circo e nem um piquenique, e tampouco uma colônia de férias. Na família cristã não é tudo festa, gargalhadas e brincadeiras. Na vida familiar deve haver disciplina e admoestação.

A segunda parte do verso é um aviso aos pais sobre a seriedade da paternidade e da maternidade, mas é também um recado indireto aos filhos sobre o que devem esperar de seus pais. É verdade que os filhos devem esperar que seus pais os protejam, os auxiliem, que sejam sempre presentes, demonstrando carinho e compreensão. Mas é também verdade que os filhos devem esperar que seus pais sejam firmes, rígidos, e que não deixem pra lá as coisas erradas que os filhos cometem. Uma família segundo o coração de Deus é um misto de cuidado e proteção, juntamente com disciplina e admoestação. Porque se na família não houver esses dois componentes, os resultados serão nefastos!

O apóstolo Paulo fala de disciplina e de admoestação. Qual é o significado dessas duas palavras? A palavra disciplina nesse contexto (paidaia), na Bíblia, tem dois significados. O primeiro se refere à punição ou castigo. Nas sociedades antigas, em Roma por exemplo, opater (o pai) tinha direito de propriedade sobre os filhos, podendo vendê-los como escravos, deserdá-los, açoitá-los, lançá-los na prisão, ou até matá-los quando fossem adultos. A legislação judaica, por sua vez, autorizava a morte do filho desobediente. Paulo não tinha em mente esse tipo de disciplina. Sabemos disso justamente pela afirmação da primeira parte do verso que estamos estudando.

O outro significado ou sentido para disciplina é educação, referindo-se aos elementos que favorecem o desenvolvimento mental, moral e do caráter da criança. Provavelmente, esta seja a ênfase do apóstolo Paulo.

O significado de admoestação é instrução e advertência. Com essa palavra, entende-se que os pais têm o dever de ensinar seus filhos nos caminhos do Senhor, e têm a obrigação de chamar a atenção deles quando estiverem fazendo algo errado. Ou seja, os pais não devem negligenciar seu papel de chamar a atenção de seus filhos.

A esse respeito, é esclarecedor um texto de Ellen G. White para nós pais e mães:

“Todo lar cristão deve ter regulamentos; e os pais, em palavras e comportamento de um para com o outro, devem dar aos filhos um exemplo precioso e vivo do que desejam que eles sejam. A pureza da linguagem e a verdadeira cortesia cristã devem ser constantemente praticadas. Ensinem as crianças e os jovens a respeitar a si mesmos, a ser leais para com Deus, leais aos princípios; ensinem a respeitar e obedecer à lei de Deus. Esses princípios lhes regerão a vida e serão guiados em suas relações com os demais. Esses princípios criarão uma atmosfera pura, cuja influência encorajará as pessoas no caminho ascendente que conduz à santidade e ao Céu”.10

Conclusão

No livro de Deuteronômio 6:7 está escrito o seguinte a respeito da educação religiosa de nossos filhos, sobre a instrução de valores aos nossos filhos: “TU AS INCULCARÁS AOS TEUS FILHOS... TU DELAS FALARÁS... TU AS ATARÁS... TU AS ESCREVERÁS...” (6:7, ênfase acrescentada).

O que Deuteronômio está dizendo é que nós, pais, somos responsáveis pela educação de nossos filhos. Deuteronômio 6 afirma categoricamente que os pais devem ensinar a Palavra de Deus aos filhos, no culto matutino, no café da manhã, no caminho para a escola, em um passeio no parque, num jogo de futebol, numa brincadeira de bonecas, no culto vespertino, e ao colocá-los na cama.11Certamente, cabe aos pais ensinar aos filhos a Palavra de Deus. Essa é uma responsabilidade que não podemos terceirizar, delegando-a ao pastor da Igreja, à professora da Escola Sabatina, ao professor de Ensino Religioso, ao instrutor da classe bíblica, ao líder do Pequeno Grupo, ou ao Diretor do Clube de Desbravadores. Não! Ensinar as belezas e os mistérios da Palavra de Deus é uma responsabilidade primária de nós pais. Deuteronômio 6: 7 diz: “Tu as inculcarás aos teus filhos... tu delas falarás, tu as atarás, tu as escreverás” (ênfase acrescentada).

- Sim, é verdade que o pastor da Igreja expõe em seus sermões a Palavra de Deus, e nossos filhos a aprendem. Mas, em última instância, esse precioso aprendizado é desafio, privilégio e responsabilidade de nós pais no lar.

- Sim, é verdade que as professoras e os professores da Escola Sabatina infantil explicam de modo criativo e interessante a lição para nossos filhos e filhas. Mas nós pais temos a responsabilidade de estudar com eles, de cobrar deles o estudo da lição em casa.

- Claro que nossos filhos e filhas podem participar de classes bíblicas e de pequenos grupos. Mas é nossa responsabilidade, como pais, estudar com eles diariamente em casa, explicando-lhes com esmero o significado da Bíblia, tirando suas dúvidas.

- Claro que os nossos filhos devem aprender a Palavra de Deus no Clube de Desbravadores. Mas a responsabilidade plena é nossa, como pais e mães.

- Temos que alfabetizar nossos meninos e meninas na Palavra de Deus. As outras pessoas e recursos certamente nos ajudarão. Mas esse é um privilégio e uma responsabilidade que não devemos ceder a ninguém.

Minha sugestão é que, em algum momento nesta semana, pais e filhos façam uma reunião em família e conversem sobre as coisas boas que a família está fazendo, e reflitam sobre as mudanças necessárias. É tempo de levar a sério o compromisso de discipular os filhos.


Autor: Pr. Adolfo Suárez1:adolfo.suarez@unasp.edu.br
Editor: Pr. André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisão: Josiéli Nóbrega


 Fonte: Casa Publicadora Brasileira (http://www.cpb.com.br/)

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