Lição 10 - Reforma: vontade de crescer e mudar
31 de agosto a 7 de setembro
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Ez 11–13
VERSO PARA MEMORIZAR:
“Antes, Ele dá maior graça; pelo que diz: Deus
resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, portanto, a
Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4:6, 7).
Leituras da Semana:
Antes do Pentecostes, os discípulos tinham
significativas necessidades espirituais. Sua compreensão do plano de Deus era
obscura. Eles não conseguiram compreender a missão de Jesus. Depois que foram
tocados pela graça divina, o amor de Cristo quebrou seu coração e eles
experimentaram reavivamento e reforma.
Reavivamento é simplesmente um despertar dos mais profundos anseios espirituais. É uma intensificação dos nossos desejos espirituais quando nosso coração é atraído para mais perto de Deus pela influência do Espírito Santo. Reavivamento não implica que não tivemos uma experiência anterior com Jesus, mas nos chama a uma experiência mais profunda e mais rica. A reforma nos chama para crescer e mudar. Ela nos apela a ir além do status quo [estado atual das coisas] espiritual. Convida-nos a reexaminar nossa vida à luz dos valores bíblicos e permitir que o Espírito Santo nos capacite a fazer as mudanças necessárias para viver em obediência à vontade de Deus.
Nesta semana, estudaremos a vida dos cristãos do Novo Testamento que experimentaram crescimento e mudança em sua experiência espiritual.
Domingo
Ano Bíblico: Ez 14–17
Graça para crescer
A vida dos discípulos mostra um constante
crescimento espiritual enquanto eles caminhavam com Jesus. Quando Cristo chamou
Seus discípulos, as atitudes e ações deles certamente não refletiam a beleza de
Seu caráter.
Tiago e João tinham graves defeitos de caráter.
Eles não estavam preparados para representar o amor de Cristo ao mundo. Não
estavam qualificados para proclamar aos outros a mensagem de graça que ainda
não havia mudado sua própria vida.
Apesar de seus graves defeitos de caráter, Tiago e João desejavam revelar mais plenamente o caráter de Jesus. Eles ansiavam por transformação e reforma em suas próprias atitudes. Crescimento e mudança são parte de nossa experiência cristã.
2. Leia 1 João 2:1-9. O que esses versos revelam
sobre as grandes mudanças que ocorreram com João depois da morte de Jesus? O
que eles nos ensinam sobre o que significa seguir a Jesus?
É muito fácil ficar desanimado com nosso próprio
crescimento espiritual, especialmente quando desejamos realmente ter um
reavivamento e reforma em nossa vida. Por que nunca devemos desistir, quando
desencorajados, sentindo-nos fracassados espiritualmente e pensando que estamos
perdidos? Que promessas podemos suplicar e por que, apesar de nossas falhas,
podemos ter a certeza da salvação?
Segunda
Ano Bíblico: Ez 18–20
Poder de escolha
A mudança ocorre no momento da escolha. A reforma
ocorre quando escolhemos nos submeter ao poder de convencimento do Espírito
Santo e sujeitar nossa vontade à vontade de Deus. Ele nunca forçará nem
manipulará nossa vontade. Ele respeita nossa liberdade. Seu Espírito
impressiona nossa mente, convence-nos e nos leva a fazer o bem. Mas a escolha
de responder aos apelos do Espírito Santo é, sempre e unicamente, nossa.
3. Leia Filipenses
2:12-14. Como essa passagem mostra a necessidade de cooperar com Deus em
nosso crescimento na graça? O que Paulo quis dizer com as expressões
“desenvolvei a vossa salvação” e “Deus é quem efetua em vós?”
Não podemos desenvolver aquilo que Deus já não
tenha realizado em nós. Quando Ele atua em nós por meio do Seu poder
sobrenatural, somos capazes de fazer as escolhas para “desenvolver” em nossa
vida a graça e a força que Ele colocou em nós.
“Quando o homem finito e pecaminoso põe em ação a própria salvação com temor e tremor, Deus é quem efetua nele tanto o querer como o realizar, segundo Sua boa vontade. Deus não agirá, porém, sem a cooperação do homem. Este precisa exercitar ao máximo suas faculdades; deve colocar-se como apto e dócil aluno na escola de Cristo e, ao aceitar a graça que lhe é oferecida livremente, a presença de Cristo no pensamento e no coração lhe dará firmeza de propósito para desembaraçar-se de todo peso do pecado, a fim de que o coração seja tomado de toda a plenitude de Deus e Seu amor”
(Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, p. 134).
A reforma ocorre quando cooperamos com Deus, optando por entregar a Ele tudo o que o Espírito Santo aponta como não estando em harmonia com Sua vontade. A menos que façamos essas escolhas (às vezes muito dolorosas), as positivas mudanças espirituais não ocorrerão.
Deus não removerá pela força os pensamentos egoístas de nossa mente. Não arrebatará misteriosamente os hábitos prejudiciais ou prazeres secretos, mas nos convence do pecado e do que é certo. No entanto, temos que escolher. Então, Ele fortalece nossas escolhas.
O que significa cooperar com Deus no desenvolvimento
da nossa salvação? O que não significa? Qual foi a última vez que você se
sentiu profundamente convencido de algo e, pela graça de Deus, superou o
problema, mesmo tendo que enfrentar uma luta difícil?
Terça
Ano Bíblico: Ez 21–23
Confiança e dúvida
4. O que estava errado com a atitude de Pedro antes
da crucifixão de Cristo? Mt
26:31-35
Pedro não foi capaz de enfrentar as ciladas do
maligno. Ele tentou enfrentar as tentações de Satanás em sua própria força. Com
um presunçoso senso de confiança, tinha pouca ideia da crise que estava por
vir. Sozinho no pátio do sumo sacerdote e tremendo ao som do questionamento de
uma criada, Pedro negou seu Senhor (Mt 26:69-75). Jesus o havia advertido
anteriormente: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar
como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu,
pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos” (Lc 22:31, 32). A
declaração de Jesus apresenta uma encantadora análise da condição espiritual de
Pedro. Confiando em sua própria força, ele se afastou de seu Senhor. Por isso,
Jesus usou a expressão “quando te converteres”. Pedro precisava de reavivamento
espiritual, de mudança de atitude e de reforma.
Pedro e Tomé tinham uma notável característica em
comum. Eles abordavam a fé a partir de uma perspectiva humana. Pedro confiava
no que ele podia fazer; e Tomé, no que podia ver. Eles dependiam de seu
imperfeito julgamento humano. Mas o Pentecostes fez a diferença. O Pedro
transformado pregou destemidamente e três mil pessoas foram batizadas (At
2:41). Pedro percebeu que ele certamente não tinha força para curar o coxo, mas
Jesus tem esse poder e o milagre aconteceu (At 3:2-9).
Quando as autoridades tentaram silenciá-lo, Pedro
proclamou: “Nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (At
4:20). Pedro era um homem transformado. Tomé também foi transformado.
Acredita-se que ele foi pregar o evangelho na Índia. Embora não muito mais seja
dito sobre ele, podemos ter certeza de que também se tornou um novo homem
depois do Pentecostes.
Com quem você se parece mais em temperamento: Pedro
ou Tomé? O que você pode aprender com a experiência deles, para não cometer
erros semelhantes?
Quarta
Ano Bíblico: Ez 24–26
A decisão de voltar
6. Leia Lucas 15:11-21. O que impeliu o filho
pródigo a voltar para casa? Que princípios de reavivamento e reforma
descobrimos nessa passagem?
Reavivamento pode ser definido de maneiras
diferentes. Seja qual for a definição, um aspecto não deve ser esquecido:
reavivamento significa voltar para casa. É uma fome intensa de conhecer
profundamente o amor do Pai. Reforma é a decisão de responder à orientação do
Espírito Santo para mudança e crescimento. É a escolha de desistir de tudo o
que impede o relacionamento mais íntimo com Deus. O filho pródigo não poderia
ter ao mesmo tempo o chiqueiro dos porcos e o banquete do pai.
Simplificando, o jovem sentiu tanto a falta do seu lar que não podia permanecer onde estava. Em seu coração, havia a ansiedade para retornar. É essa ânsia pela presença de Deus que nos leva a desejar o reavivamento e a reforma. É esse clamor do coração pelo caloroso abraço do Pai que nos motiva também a fazer as mudanças necessárias em nossa vida.
Quando o jovem se preparou para voltar ao lar, planejou seu pedido de desculpas. Ele deve tê-lo ensaiado muitas vezes.
7. Leia o discurso do filho em Lucas 15:18, 19 e a interrupção feita
pelo pai nos versos 20-24. O que essa interrupção
revela sobre a atitude do pai para com o filho e sobre a atitude de Deus para
conosco?
Embora o filho estivesse longe dos olhos, não
estava longe do coração do pai. A cada dia, os olhos do pai o procuravam no
horizonte. A maior motivação para fazer mudanças em nossa vida é o desejo de
não mais entristecer o coração dAquele que nos ama tanto. Enquanto o rapaz
estava chafurdando na lama com os porcos, o pai sofria mais do que o próprio
filho. Reavivamento ocorre quando o amor de Deus quebranta nosso coração.
Reforma ocorre quando decidimos responder a um amor que não desiste de nós,
quando escolhemos desistir de atitudes, hábitos, pensamentos e sentimentos que
nos separam dEle.
A declaração do pai, de que o seu “filho estava
morto e reviveu” não é uma definição esclarecedora do verdadeiro reavivamento?
O que significa estar morto e reviver?
Quinta
Ano Bíblico: Ez 27–29
Fé para agir
Jesus revelou a compaixão e o amor do Pai através
dos milagres que realizou. Ele curou corpos paralisados, a fim revelar uma
capacidade ainda maior de curar almas paralisadas. Restaurou braços e pernas
desfigurados para demonstrar Seu desejo ainda maior de restaurar corações e
mentes deformados. Os milagres de Jesus nos ensinam algo sobre o exercício da
fé, ensinam lições valiosas sobre crescimento e mudança.
Uma das ilustrações mais poderosas de Jesus sobre o poder da fé é encontrada no milagre do enfermo junto ao tanque de Betesda. O pobre homem estava junto ao tanque por 38 anos, sem esperança de cura. Sua vida parecia condenada à pobreza, miséria e sofrimento, até que Jesus chegou.
8. Leia João 5:1-14. Por que Jesus perguntou:
“queres ser curado?” (Jo
5:6). Não é bastante óbvio que qualquer enfermo por tanto tempo gostaria de
ser curado? Qual foi a motivação de Jesus? Qual foi a resposta do homem? Jo
5:7
Jesus não levou em consideração a desculpa do
homem. Ele não enfrentou a desculpa com um argumento. Simplesmente disse:
“Levanta-te, toma o teu leito e anda” (Jo 5:8). A questão essencial era: Seria
possível que esse pobre doente acreditasse na palavra de Cristo e agisse de
acordo com ela, apesar do que ele estava sentindo? Assim que o homem resolveu
agir de acordo com a palavra de Cristo, foi curado! O dom de cura estava em Sua
palavra. A palavra de Cristo levava com ela o poder do Espírito Santo para realizar
o que Cristo declarava.
“Se você crê na promessa – crê que está perdoado e purificado – Deus supre o fato: você é curado, exatamente como Cristo conferiu ao paralítico poder para caminhar quando o homem acreditou que estava curado. Assim é se você crer.
“Não espere até sentir que está curado, mas diga: “Creio-o; assim é, não porque eu o sinta, mas porque Deus o prometeu” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 51).
Por que é tão importante que acreditemos nas
promessas de Deus acerca do perdão, especialmente quando nos sentimos
condenados e culpados pelos nossos pecados? Por que o perdão deve preceder a
reforma em nossa vida? Por que é importante acreditar que hoje também podemos
vencer pelo poder de Cristo?
Sexta
Ano Bíblico: Ez 30–32
Estudo adicional
“Que nenhum homem apresente a ideia de que o ser
humano tem pouco ou nada a fazer na grande obra de vencer, pois Deus não faz
nada pelo homem sem sua cooperação. Não digam que, depois de terem feito tudo
que puderem, Jesus irá ajudá-los. Cristo disse: ‘Sem Mim nada podeis fazer’ (Jo
15:5). Do princípio ao fim o ser humano deve cooperar com Deus. A menos que o
Espírito Santo atue no coração humano, a cada passo tropeçaremos e cairemos. Os
esforços da pessoa por si sós não são nada, mas inutilidade. Por outro lado, a
cooperação com Cristo significa vitória. [...] Nunca deixe na mente a impressão
de que há pouco ou nada para fazer, por parte da humanidade, mas ensine as
pessoas a cooperar com Deus, para que elas possam ser bem-sucedidas em vencer”
(Ellen G. White, A New Life [Uma Nova Vida], p. 38, 39).
“Toda verdadeira obediência vem do coração. Deste procedia também a de Cristo. E se consentirmos, Ele de tal maneira Se identificará com nossos pensamentos e ideais, dirigirá nosso coração e espírito em tanta conformidade com Seu querer, que, obedecendo-Lhe, não estaremos senão seguindo nossos próprios impulsos. [...] Mediante o apreço do caráter de Cristo, por meio da comunhão com Deus, o pecado se nos tornará aborrecível” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 668).
Perguntas para reflexão
1. O crescimento na vida cristã ocorre quando
reivindicamos pela fé as promessas de Deus. Quais são as promessas feitas para
nós? (1Jo 1:7-9; Fp 4:13; Tg 1:5-8; Rm 8:31-39). Como você pode aprender a
acreditar nelas por si mesmo?
2. O que significa desenvolver nossa salvação com “temor e tremor”? O que deve nos fazer temer e tremer?
3. Alguma vez você, como Pedro, fez uma promessa a Deus, mas falhou em cumpri-la, por mais sincero que você tenha sido? O que você aprendeu com esse erro? Quais princípios encontramos na Bíblia que nos permitirão obter as vitórias prometidas?
Respostas sugestivas: 1. Eles eram vingativos;
desejaram destruir os samaritanos porque nãos os acolheram; desejaram os
melhores lugares no reino de Deus, à direita e à esquerda de Jesus. 2. João se
tornou humilde, amoroso, obediente e passou a confiar em Jesus. Anunciou que
Jesus havia morrido para salvar pessoas de todo o mundo. Depois de andar com
Jesus, João se tornou como Jesus. 3. A salvação começa com o perdão oferecido
na cruz, mas continua na vida vitoriosa do cristão, na qual deve existir
cooperação entre o poder de Deus que atua em nosso coração e nosso poder de
decisão, que permite a atuação divina em nós e nos faz crescer espiritualmente.
4. Foi presunçoso e precipitado nas palavras. Deixou de confiar no poder de
Deus. Não conhecia a si mesmo e não previa sua reação de covardia. 5. Ele foi
incrédulo: queria ver para crer. Precisamos crer primeiro na Palavra de Deus e ter
esperança. Então o Senhor fará maravilhas por nós. 6. A fome, a necessidade
provocada pela miséria de sua vida; o fracasso em tentar resolver sozinho seus
problemas; a humilhação e a vergonha de cuidar de porcos e não poder comer o
que os porcos comiam; lembrança da riqueza e da bondade do pai; disposição para
se humilhar. Somos os pródigos espirituais. Precisamos voltar para casa. 7. O
pai teve compaixão do filho e o recebeu com amor e alegria, assim como Deus faz
conosco. 8. Queria dar ao homem a oportunidade de demonstrar fé no Seu poder de
cura. A esperança daquele havia sido frustrada muitas vezes, mas em Jesus ele
encontrou a solução para seu problema. Ele aceitou e foi curado.
COMENTARIO
Introdução
David Cox disse: “Mudança de valores e ideais é mais importante que mudança de estruturas”. Certa ocasião quando fui recebido numa igreja como novo pastor, ouvi um líder dizer que meu maior desafio seria liderar e concluir uma ampla reforma daquele grande templo. Eu sabia que ele estava errado porque a maior tarefa de todo líder religioso é promover a reforma espiritual na vida dos membros.
Reforma é todo processo de dar uma nova forma a algo, aplicação de mudanças com o propósito de promover melhoramentos, crescimento, aperfeiçoamento. Algo novo ou pelo menos um conjunto de alterações precisa ser introduzido para que aconteça uma genuína reforma. Assim, como uma realidade dinâmica, a reforma nos conclama para um movimento de mudança de um estado para outro melhor. Não podemos dizer que houve reforma sem que tenha havido melhoramento.
Para que uma reforma espiritual seja completa, deve haver correção de rota, reestruturação de metas, renovação de compromissos, reorganização das prioridades e regeneração da natureza. Isso significa crescimento e mudança sob os princípios da Palavra de Deus; parte do processo é a decisão de se colocar sob a influência do Espírito Santo.
“Quando o Espírito de Deus toma posse do coração, transforma a vida. Os pensamentos pecaminosos são afastados, renunciadas as más ações; o amor, a humildade, a paz tomam o lugar da ira, da inveja e da contenda. A alegria substitui a tristeza, e o semblante reflete a luz do Céu” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 173).
Domingo, 1º de setembro - Graça para crescer
"...Devemos ter por muito preciosa a obra que o Senhor tem feito progredir por meio do Seu povo observador dos mandamentos, e que, pelo poder da Sua graça, se tornará mais forte e mais eficiente à medida que o tempo avança. (...) Sua experiência será de crescimento constante até que, com poder e grande glória, o Senhor desça do Céu para aplicar aos Seus fiéis o selo da vitória final" (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 440.
Muitos personagens bíblicos experimentaram impressionante mudança e crescimento espiritual. Poderíamos citar, entre outros, Moisés, Abraão, Jacó e Davi. Ao andarem com Deus estiveram sob a influência do Espírito Santo e passaram por visível transformação do caráter. Sua experiência evidenciou que a caminhada cristã é um processo de santificação, de constante melhoramento “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estrutura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13).
Esse fenômeno se manifestou também na vida dos discípulos, a exemplo de Tiago e João. Seus defeitos de caráter, sua visão estreita, seu egoísmo e egocentrismo se manifestaram em vários momentos da sua caminhada com Cristo. Mas um processo de crescimento e mudança estava acontecendo à medida que o tempo passava.
“Todos os discípulos tinham sérias falhas de caráter quando Jesus os chamou ao Seu serviço. O próprio João, que chegou a ter mais íntimo convívio com o Manso e Humilde, não era de si mesmo dócil e submisso. Ele e seu irmão foram chamados de "filhos do trovão" (Mc 3:17). Durante o tempo em que viveram com Jesus, todo menosprezo a Ele mostrado lhes despertava a indignação e a combatividade. Mau gênio, vingança, espírito de crítica, tudo se encontrava no discípulo amado. Era orgulhoso e ambicioso de ser o primeiro no reino de Deus. Mas dia a dia, em contraste com seu próprio espírito violento, contemplava a ternura e longanimidade de Jesus, e aprendia-Lhe as lições de humildade e paciência” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 295).
A primeira carta de João revela a nova experiência daquele que tinha sido chamado de “filho do trovão” (Mc 3:17) e se tornou um ancião cheio de ternura por aqueles que tratava como “meus filhinhos”. Em toda a sua carta, João demonstrou o tratamento cheio de bondade e amor de um pastor que anela a salvação de seus irmãos em Cristo. João foi transformado. Seus valores, crenças e cosmovisão mudaram mediante a ação do Espírito Santo. A fonte foi mudada e toda a corrente ficou diferente.
Segunda,
2 de setembro - Poder de escolha
O
filósofo alemão Immanuel Kant disse que “toda reforma interior e toda mudança
para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço.”
Embora questionável e seriamente comprometida pelo dogmatismo característico desse
pensador, a frase enfatiza um detalhe que não podemos esquecer: o processo de
mudança, crescimento e reforma espiritual contempla a participação humana no
nível da escolha.
A escolha é nossa. Isso nos é garantido pela dádiva do livre arbítrio. Sempre seremos capazes de escolher se seremos ou não submissos à influência do Espírito Santo. Ele não nos força, apela; não impõe, convida; não coage, constrange.
Para que haja a mudança é necessário que façamos a escolha certa. É a voz convincente do Espírito Santo que permite o acesso, que abre as portas, que volve a atenção para a ação.
Sujeitar nossa vontade à vontade de Deus e permitir que Ele nos transforme à Sua semelhança será sempre uma prerrogativa nossa. Deus nos deu esse atributo e não o tomará de volta. Mas, anelante, esperará sempre que façamos a escolha certa. Ele nos diz: “Escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos à Sua voz, e achegando-te a Ele; pois Ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias; para que fiques na terra que o Senhor jurou a teus pais, a Abraão, a Isaque, e a Jacó, que lhes havia de dar” (Dt 30:19-20).
A cooperação do homem no processo de mudança e crescimento espiritual não é algo do que ele deva se orgulhar como sendo um meio pelo qual será operada sua redenção. Será sim, mais um motivo para ele glorificar o nome de Deus por ter-lhe permitido exercer as faculdades a ele providas pelo próprio Criador, abrindo as avenidas da alma para que entre a luz do Céu e as trevas sejam dissipadas.
A escolha, cooperação e entrega são tarefas que Ele nos confiou, mas as realizaremos no contexto de uma resposta à primeira ação dEle em nossa vida. Foi nesse sentido que Jesus disse: “Não Me escolhestes vós a Mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu nome pedirdes ao Pai Ele vo-lo conceda” (Jo 15:16).
Harmonia
entre a vontade de Deus e a nossa será o desdobramento final da genuína
reforma: o alinhamento das vontades, das prioridades e das agendas. O que é
nosso se adequará ao que é de Deus. Sua soberania será reconhecida e nossa
dependência e submissão serão manifestas. Quando isso acontecer,
experimentaremos uma constante diminuição da crise existente entre a vontade de
Deus e a nossa, aquela crise descrita por Paulo no capítulo sete da epístola
aos Romanos (Rm 7:17-24). A nova experiência será de harmonia porque a vontade
de Deus será boa, agradável e perfeita. Então se cumprirá em nossa vida o que
está descrito em Romanos 12:2: “Não sede conformados com este mundo, mas sede
transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”.
Terça, 3
de setembro - Confiança e dúvida
Uma falsa confiança ou a confiança própria é algo realmente ameaçador para um cristão, porque são sentimentos perigosos para aqueles que estão lidando com dilemas que vão muito além das capacidades do homem natural e finito. Pedro é um exemplo a ser examinado.
“Ocultos em seu coração havia elementos de mal que as circunstâncias fariam germinar. A menos que ele fosse levado à consciência de seu perigo, esses elementos se demonstrariam sua eterna ruína. O Salvador viu nele um amor-próprio e segurança que sobrepujariam mesmo o amor de Cristo. Em sua vida se revelara muito de enfermidade, pecado não mortificado, descuido de espírito, gênio não santificado e temeridade para entrar em tentação. A solene advertência de Cristo era um chamado a exame de coração. Pedro necessitava desconfiar de si mesmo, e ter maior fé em Cristo. Houvesse ele recebido com humildade a advertência, teria recorrido ao Pastor do rebanho para que guardasse Sua ovelha” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 673).
Na era
da autoajuda muitos concluem erroneamente que são capazes de realizar sozinhos
as mais desafiadoras tarefas, até mesmo enfrentar e vencer os três inimigos
mais poderosos que se têm colocado em confronto com os filhos de Deus. São
eles:
-
Satanás. O mais poderoso inimigo que está sempre diante de nós.
- O
mundo. Poderoso inimigo que está sempre ao redor de nós.
- A
natureza carnal. Poderoso inimigo que está sempre dentro de nós.
Mesmo o
crente mais presunçoso deveria desconfiar de si mesmo diante desses três
poderes. Mas muitos, como Pedro, não têm ideia da gravidade do conflito que já
os envolve nem da crise que está prestes a desabar sobre a cabeça dos filhos de
Deus. “Estamos mesmo no limiar do tempo de angústia, e acham-se diante de nós
perplexidades com que dificilmente sonhamos” (Testemunhos Seletos, v. 3 p.
306).
Todos os que desejam obter vitória nesta batalha devem depositar sua confiança nAquele que venceu o mundo, o inimigo e a natureza humana; o único nome pelo qual importa que sejamos salvos: Jesus Cristo.
Assim como Pedro precisava se converter (Lc 22:32), necessitava de uma experiência de reavivamento e reforma para para poder enfrentar as crises e provas que viriam, muitos cristãos também precisam da mesma experiência antes que possam vencer as provas deste tempo.
Pedro "insistia com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo Te negarei. Assim disseram todos" (Mc 14:31). Os demais discípulos também não compreendiam toda a extensão da prova que sobre eles cairia e, confiando em si mesmos, declararam ser capazes de permanecer ao lado de Cristo na hora mais probante, o que, de forma humilhante, se provou um engano, porque a crise revelou o despreparo deles.
Na vida de Tomé e de Pedro um reavivamento seguido de reforma faria a diferença, e o Pentecostes veio para isso. “Tomé não quis acreditar, enquanto não pusesse o dedo na ferida feita pelos soldados romanos. Pedro O havia negado em Sua humilhação e rejeição. Essas penosas lembranças apresentavam-se diante deles em nítidos traços. Tinham estado com Ele, mas não O conheceram nem apreciaram. Como, no entanto, tudo isso lhes comovia agora o coração, ao reconhecerem a própria incredulidade!” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 508).
Depois do Pentecostes, uma nova espécie de confiança se apoderou deles. Não mais confiavam em si mesmos , mas aprenderam a buscar o poder na fonte e foram transformados. Todos, com exceção de Judas, eliminaram a dúvida, aprenderam a viver pela fé e, revestidos de poder do alto, se tornaram grandes homens de Deus.
Quarta, 4 de setembro - A decisão de voltar
Desde que Adão deixou aquele ponto de encontro com Deus no Éden e de lá foi expulso, estamos todos, num grau maior ou menor, em uma rota de fuga. Fomos alienados da presença de Deus, não porque Ele quisesse assim. Já é tarde e precisamos voltar. Cada um tem que tomar sua decisão e implementar outras ações para que o reencontro aconteça. Isso é reavivamento e reforma.
O
Espírito Santo está orientando: “Este é o caminho, andai por ele sem vos
desviardes nem para a direita nem para a esquerda” (Is 30:21). Sob essa luz
vinda da Palavra de Deus (Sl 119:105) veremos com clareza o rumo que precisamos
tomar de volta à presença do Pai.
Mudança e crescimento estão envolvidos nessa decisão de voltar por um caminho que nunca deveria ter sido tomado, porque cada passo dado nos afastou mais de Deus. Agora, precisamos crer que Ele “guiará os mansos em justiça e aos mansos ensinará o seu caminho” (Sl 25:9).
Este caminho de volta não será fácil “porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” (Mt 7:14). Por isso, teremos que renunciar a alguma coisa que já reputamos como valorosa em nossa vida, mas, como Davi, podemos crer: “Deus é a minha fortaleza e a minha força, e Ele perfeitamente desembaraça o meu caminho” (2Sm 22:33).
A exemplo da experiência do filho pródigo, veremos que o abraço caloroso de perdão e aceitação do Pai celestial fará com que toda renúncia e sacrifício tenham valido a pena. Ainda mais, entenderemos que não perdemos nada; aquilo que deixamos por amor a Cristo, por mais valioso ou importante que pudesse parecer, se assemelha à capa esfarrapada que o cego de Jericó lançou de si para poder correr para os braços de Jesus (Mc 10:50). Nesse sentido podemos compreender que reavivamento acontece quando Deus vem ao nosso encontro e reforma acontece quando nós decidimos viver de acordo com a vontade do Pai.
Quinta, 5
de setembro - Fé para agir
Ainda hoje é importante acreditar. A fé sempre foi a principal reposta de um coração convertido e contrito. Quando a graça de Deus encontra a resposta de fé, um ciclo se completa e esse fenômeno desencadeia uma série de outros. Podemos ver isso claramente nos milagres de Jesus. Mudanças acontecem, é gerado crescimento e vidas são transformadas.
Em Jerusalém, junto ao tanque chamado Betesda, a experiência de Jesus com o paralítico nos deixa uma poderosa lição de fé e ação subsequente (Jo 5).
Agir pela fé e não pela vista é o nosso desafio (2Co 5:7). Na verdade, um desafio duplo: o de exercer fé e o de agir. Isso é verdade porque já fomos advertidos de que “sem fé impossível agradar a Deus” (Hb 11:6) e de que “tudo o que não é de fé é pecado” (Rm 14:23, RC). Mas sabemos que “assim também a fé sem obras é morta” (Tg 2:2). Daí o duplo desafio:primeiro a fé e depois as ações concretas. Estamos falando de atitude de crença ou crença em ação.
Como o homem enfermo junto ao tanque Betesda, somos desafiados a crer na Palavra de Deus e agir em conformidade com essa orientação. O que parece óbvio ao se falar para cristãos pode ser um grande desafio para muitos. Cremos a ponto de agir? Essa pergunta ainda ecoa em nós.
Nosso desafio de fé e ação. Assim como Jesus falou ao homem acerca da cura e ordenou-lhe que se levantasse (Jo 5:6,8), hoje Ele nos desafia a crer e agir: “Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei”(Jo 15:12); “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe” (Lc 17:3-4); “Vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no Céu; e vem, e segue-Me” (Mt 19:21). Cada desafio desses é um chamado à prática da fé, à crença em ação.
Se, pela fé, agirmos de acordo com a palavra de Cristo, seremos curados do egoísmo, do rancor, do ódio e de todas as mazelas que oprimem a raça humana. Seremos libertos dessa condição deplorável como era o caso do homem junto ao tanque.
Aquele que se apegar à palavra de Cristo e agir pela fé, cumprindo Sua vontade, verá o poder de Deus se manifestando em sua vida. Foi assim com o cego de Jericó. Ele agiu pela fé. “Jesus lhe disse: vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho” (Mc 10:52).
Será que nós, pobres doentes, acreditamos na palavra de Cristo quando Ele diz: “buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33)?
Estamos buscando o reino de Deus, Seus interesses e prioridades, Sua comunhão e instrução como o bem mais precioso? É essa a prioridade em nossa agenda diária?
Conclusão
“Sob a guia do Espírito Santo, a mente que sem reserva se dedica a Deus, desenvolve-se harmoniosamente, e é fortalecida para compreender e cumprir as reivindicações de Deus. O caráter fraco, vacilante, transforma-se em outro, forte e inabalável. A dedicação contínua estabelece tão íntimo relacionamento entre Jesus e Seus discípulos, que o cristão assimila o caráter de seu Senhor. Tem visão mais clara, mais ampla. Seu discernimento é mais agudo, seu julgamento mais equilibrado. Tão avivado é ele pelo poder vitalizante do Sol da Justiça, que é habilitado a produzir muito fruto para glória de Deus” (Obreiros Evangélicos, p. 285,286).
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