Lição 10 - 2 a
9 de março
Mordomia
cristã e o ambiente
Sábado à tarde
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Ano Bíblico: Dt 18–20
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VERSO PARA
MEMORIZAR:“Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos,
enchei a Terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos
céus e sobre todo animal que rasteja pela Terra” (Gn 1:28).
O mundo em que vivemos é um presente de amor do Deus Criador,
“[d]Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14:7).
Dentro dessa criação Ele colocou os seres humanos, ligados intencionalmente em
relacionamento com Ele, com outras pessoas e com o mundo ao redor. Portanto,
como adventistas do sétimo dia, consideramos que a preservação e cuidado do
meio ambiente estão intimamente relacionados com nosso serviço para Ele.
“Visto que a pobreza humana e a degradação ambiental estão inter-relacionadas,
comprometemo-nos a melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas. Nosso
objetivo é o desenvolvimento sustentável dos recursos, enquanto atendemos às
necessidades humanas. [...]
“Nesse compromisso, confirmamos nossa condição de mordomos da criação de Deus e
cremos que a total restauração será alcançada somente quando Deus fizer novas
todas as coisas” (Extraído de “Cuidando da Criação, uma Declaração da
Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia sobre o Meio Ambiente”, votada
em 12 de outubro de 1992).
Ano Bíblico: Dt 21–23
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Domínio outorgado no princípio
De acordo com Gênesis
1:26, o domínio de Adão se estendeu a todos os
outros seres criados, no mar, na terra e no ar. O domínio inclui a ideia de
governar ou ter poder sobre essas criaturas. Nada é dito a respeito do domínio
sobre as forças da natureza em si, mas apenas sobre as criaturas. E, de acordo
com o texto, essa regra era universal: Adão devia ser, essencialmente, o
governante da Terra.
1. Qual foi a
resposta de Davi para a honra que Deus deu aos seres humanos? O que significam
a “honra e glória” que nos foram dadas, especialmente no contexto dos seres
humanos recebendo o domínio sobre a Terra? Sl 8
De acordo com Gênesis
2:19, uma das primeiras tarefas de Adão foi dar
nome aos animais. Nomes tinham grande significado nos tempos bíblicos. O nome
representava a própria pessoa e, muitas vezes, a situação da pessoa. A
autoridade para dar nomes às aves e animais foi a confirmação da posição de
Adão como governante sobre os animais.
Adão foi incumbido de cuidar do jardim, administrá-lo e atender às
suas necessidades. A raiz hebraica, smr, traduzida ali como “guardar”,
geralmente significa “zelar” ou “proteger”. O jardim foi um presente para Adão,
uma expressão do amor de Deus. Adão também recebeu a responsabilidade sobre
ele, outro exemplo do domínio que lhe foi conferido no momento da criação.
Como nossa compreensão de Deus como Criador, ou ainda mais
especificamente, nossa compreensão da história da criação, deve influenciar
nossa maneira de tratar o meio ambiente? Por que a compreensão dessas coisas
deve nos proteger da indiferença grosseira ou, ao contrário, da devoção fanática
para com o meio ambiente?
Ano Bíblico: Dt 24, 25
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Cuidando de outras criaturas
3. “Todos os
animais da floresta são Meus, como são as cabeças de gado aos milhares nas
colinas” (Sl 50: 10, NVI). Está o tema da
mordomia da Terra implícito nesse texto?
4. Leia Apocalipse
4:11. Qual é a diferença radical entre
esse texto e as noções comuns dos ateus acerca de uma criação sem um criador,
que surgiu unicamente pelo acaso?
Na verdade, a crueldade para com os animais e a indiferença em relação ao seu
sofrimento são amplamente reconhecidas como sintomas de transtornos de
personalidade. Muitas organizações foram criadas para promover o bom tratamento
dos animais, e com razão.
No entanto, ao mesmo tempo, algumas pessoas têm chegado a afirmar que os seres
humanos não são intrinsecamente mais importantes do que os animais. Assim, os
seres humanos não deveriam receber tratamento preferencial. Em muitos aspectos,
isso é uma linha de pensamento que flui logicamente a partir de um modelo
evolucionista das origens humanas. Afinal, se nós e os animais somos separados
apenas pelo tempo e pelo acaso, por que deveríamos ser mais especiais do que
eles? Um filósofo chegou a argumentar que uma galinha, ou mesmo um peixe, tem
mais “personalidade” do que um feto no ventre ou até mesmo do que uma criança
recém-nascida. Por mais ridículas que essas ideias possam parecer, elas podem
ser derivadas, com uma quantidade razoável de lógica, de um modelo ateísta
evolucionista das origens humanas.
Imagine que você é um evolucionista ateu. Pense nas razões pelas
quais acha que os animais devem ser tratados da mesma forma que os seres
humanos. O que isso diz sobre a importância dos nossos pressupostos para
determinar o resultado do nosso pensamento?
Ano Bíblico: Dt 26–28
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O sábado e o meio ambiente
Como vimos, o conceito de mordomia, no contexto da nossa maneira
de cuidar do planeta, está diretamente ligado à criação. Nossos pontos de vista
sobre a criação influenciam nossas opiniões sobre a forma pela qual devemos nos
relacionar com a criação.
Para alguns, a criação deve ser explorada, usada, e até mesmo saqueada, em
qualquer grau necessário para cumprir nossos desejos e necessidades. Outros, ao
contrário, quase adoram a criação (Rm
1:25). Então, é a visão bíblica que deve nos dar uma perspectiva
equilibrada sobre a forma com que devemos nos relacionar com o mundo que o
Senhor criou para nós.
“Deus separou o sábado como memorial e lembrança perpétua de Seu
ato criador e do estabelecimento do mundo. Ao descansar nesse dia, os
adventistas do sétimo dia reforçam o sentido especial de relacionamento com o
Criador e Sua criação. A observância do sábado destaca a importância da nossa
integração com o meio ambiente como um todo” (Extraído de “Cuidando da Criação,
uma Declaração da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia sobre o Meio
Ambiente”, votada em 12 de outubro de 1992).
Ao apontar o fato de que Deus nos criou e o mundo em que habitamos, o sábado é
um lembrete constante de que não somos criaturas totalmente autônomas, que
podem fazer tudo o que desejam aos outros e ao mundo. O sábado deve nos ensinar
que somos, de fato, mordomos, e que a mordomia implica responsabilidades. E,
como podemos ver no próprio mandamento, a responsabilidade se estende à nossa
maneira de tratar os que estão “abaixo” de nós.
Como você trata as outras pessoas, especialmente as que estão sob
seu comando? Você está tratando-as com respeito, justiça e graça? Ou está
tirando vantagem do poder que você tem sobre elas? Se for o último caso, lembre-se:
um dia você terá que responder por suas ações.
Ano Bíblico: Dt 29–31
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Mordomos da saúde
Como vimos ao longo deste trimestre, a criação original de Deus
era “muito boa”. Tudo e todos saíram das mãos do Criador em estado de
perfeição. Não havia doença, sofrimento nem morte. Ao contrário do modelo
evolutivo, no qual a doença, o sofrimento e a morte são parte dos meios de
criação, essas coisas surgiram somente depois da queda, após a entrada do
pecado. Assim, é apenas no contexto da história da criação que podemos melhor
compreender o ensino bíblico sobre saúde e cura.
6. Leia 1
Coríntios 6:19, 20.
Qual é nossa responsabilidade diante de Deus a respeito do cuidado do nosso
corpo?
É por meio do nosso cérebro que o Espírito Santo Se comunica
conosco. Se quisermos ter comunhão com Deus, devemos cuidar do corpo e do
cérebro. Se abusarmos do nosso corpo, destruiremos a nós mesmos, física e
espiritualmente. De acordo com esse texto, a saúde e nossa maneira de cuidar do
corpo, o “templo de Deus”, é uma questão moral, cheia de consequências eternas.
Cuidar da saúde é uma parte vital do nosso relacionamento com Deus. Obviamente,
alguns aspectos da saúde estão além do nosso controle. Temos genes defeituosos,
estamos expostos a produtos químicos ou outros agentes prejudiciais
desconhecidos e estamos em risco de danos físicos que podem prejudicar nossa
saúde. Deus sabe de tudo isso. Mas na medida de nossas possibilidades, devemos
fazer o melhor para preservar nosso corpo feito à imagem de Deus.
“Ninguém que professe piedade considere com indiferença a saúde do corpo, nem
se iluda com o pensamento de que a intemperança não é pecado e não afetará sua
espiritualidade. Existe uma estreita afinidade entre a natureza física e a
moral. O padrão de virtude é elevado ou rebaixado por meio dos hábitos físicos
[...] Qualquer hábito que não promova o perfeito funcionamento saudável do
organismo humano degrada as mais elevadas e nobres faculdades” (Ellen G. White, Conselhos Sobre Saúde, 67).
Ano Bíblico: Dt 32–34
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Princípios de mordomia cristã
7. “Toda boa
dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda
como sombras inconstantes” (Tg 1:17). Como esse texto ajuda a estabelecer a
base para um conceito de mordomia fundamentado na Bíblia?
Muitas vezes tendemos a pensar em mordomia em termos de dinheiro.
No entanto, como vimos nesta semana, a mordomia envolve muito mais do que isso.
Porém, seja lidando com dinheiro, com preocupações ambientais ou com nossa
saúde, existem certos princípios envolvidos na boa mordomia, princípios que têm
seu fundamento último na criação descrita em Gênesis. No fim, visto que Deus é
nosso Criador, e que tudo que temos é dádiva dEle, devemos ser bons mordomos de
tudo o que foi confiado a nós.
8. Leia Mateus
25:14-30. Como essa parábola ilustra as
recompensas da boa mordomia? Qual é a mensagem da parábola sobre os princípios
da mordomia em geral?
“Cristo confia a Seus servos ‘Seus bens’ – alguma coisa que deve
ser usada para Ele. Dá ‘a cada um a sua obra’. Todos têm seu lugar no plano
eterno do Céu. Todos devem colaborar com Cristo para a salvação das pessoas.
Tão certo como nos está preparado um lugar nas mansões celestes, há também um
lugar especial designado na Terra, onde devemos trabalhar para Deus” (Ellen G.
White,
Parábolas de Jesus, p. 326, 327).
O que você está fazendo com os talentos que recebeu do “Pai das
luzes”? Que escolhas você pode fazer que lhe permitirão usar esses dons em um
serviço melhor para a causa do Senhor?
Ano Bíblico: Js 1–4
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Estudo adicional
Os seguidores de Cristo foram redimidos para o serviço. Nosso
Senhor ensina que o verdadeiro objetivo da vida é servir. […] A lei de servir
se torna o vínculo que nos liga a Deus e a nosso semelhante” (Ellen G, White, Parábolas de Jesus, p. 326).
Perguntas para
reflexão
1. Alguns secularistas propuseram que o valor da vida não deve ser medido pela
condição humana, mas pelo potencial para viver de modo agradável. Eles podem
valorizar um chimpanzé jovem e saudável mais do que a um ser humano velho e
doente.
Peter Singer argumenta que, em certos casos, os seres humanos não devem ter
mais direitos do que alguns animais: “Os que protestam contra o aborto, mas se
alimentam regularmente de frangos, porcos e bezerros mostram apenas uma
preocupação tendenciosa pela vida dos membros de nossa espécie. Porque, a
partir de qualquer comparação justa das características moralmente relevantes,
como racionalidade, autoconsciência, percepção, autonomia, prazer, dor, e assim
por diante, o bezerro, o porco e o muito ridicularizado frango, ficam bem à
frente do feto em qualquer fase da gravidez. Se fizermos a comparação com um
feto de menos de três meses de idade, um peixe mostraria mais sinais de
consciência” (Peter Singer, Writings on an Ethical Life [Escritos sobre uma
Vida Ética; New York, NY, The Ecco Press, 2000, p. 156).
Singer é evolucionista. Ele acredita que não há nenhuma diferença qualitativa
evidente entre nós e os animais. Acabamos de evoluir para algo diferente do que
eles evoluíram, isso é tudo.
O que está errado com essa descrição? Como devemos responder a esse raciocínio?
2. Leve para a classe o texto “Cuidando da Criação, uma Declaração da
Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia sobre o Meio Ambiente”, votada
em 12 de outubro de 1992 (procure no site
adventist.org/beliefs/statements/main-stat5.html.) Se não for possível, use os
trechos citados na lição de sábado. Como essa declaração relaciona a criação em
Gênesis ao meio ambiente? Como uma visão adequada da criação pode nos proteger
de tomar uma posição extrema?
Respostas
sugestivas: 1. Davi louvou a grandeza
de Deus em criar as maravilhas da Terra e colocar todas as coisas sob o domínio
e cuidado do ser humano. 2. O homem foi colocado no jardim para o cultivar e
guardar. Essa é a obra da mordomia cristã. 3. Sim, porque a mordomia cristã
envolve a noção de que todos os animais e todo o planeta pertence ao Senhor.
Por isso, devemos zelar pelo ambiente da melhor maneira possível. 4.
Acreditamos que Deus criou todas as coisas e por Sua vontade elas existem. 5.
Mordomia cristã inclui: 1. Trabalhar durante seis dias; 2. Cuidar dos recursos
da Terra; 3. Santificar o sábado como memorial da criação; 4. Gastar tempo
especial com o Senhor, com a família e com a comunidade. 6. Devemos glorificar
a Deus em nosso corpo e espírito porque fomos comprados pelo sangue de Cristo.
7. Visto que toda boa dádiva e todo dom perfeito são dados por Deus, devemos
usá-los para glória de Deus e para Seu serviço. 8. Os mordomos que
multiplicaram os talentos recebidos serão aprovados e recompensados com maiores
responsabilidades e alegrias. Deus nos dá talentos e espera que negociemos com
eles, para que o Seu reino cresça e mais pessoas sejam salvas.
ESCOLA
SABATINA
Resumo
da Lição 10
Mordomia
cristã e meio ambiente
O aluno deverá...
Reconhecer: O plano de Deus para a mordomia do ambiente do Éden.
Sentir: A importância de cuidar da criação de Deus no contexto da crença na
breve volta de Cristo.
Fazer: Aceitar a responsabilidade de ser um bom mordomo da natureza e do meio
ambiente.
Esboço
I. Conhecer: Guardiões da Terra
A. O cristianismo leva à deficiência na mordomia do meio ambiente? Por quê?
B. Na criação, como o domínio da humanidade foi limitado?
II. Sentir: Cuidando do ambiente
A. Por que cuidar do meio ambiente é importante, mesmo que sintamos que Cristo
virá em breve?
B. O relato da criação inspira você a servir mais e a proteger o meio ambiente?
III. Fazer: Sendo mordomos melhores
A. De que forma você pode usar sua influência pessoal para ser um melhor
mordomo deste mundo?
B. Além da proteção à Terra, que outras áreas da mordomia Deus chama os
cristãos a praticar? Como podemos ser mordomos fiéis nessas áreas?
Resumo: O domínio dado a Adão e Eva na criação não é irrestrito, no
sentido de fazer com o ambiente o que quisessem. O domínio humano foi limitado,
por exemplo, pelo fruto proibido. Além disso, a humanidade foi colocada no Éden
para servir e proteger o Jardim, não para explorá-lo e destruí-lo. Alguns, no
entanto, tentaram culpar o cristianismo pelos nossos problemas ecológicos,
afirmando que o cristianismo tem uma teologia inerentemente exploradora, com
base em Gênesis
1. As limitações ao poder humano apresentadas emGênesis
1 e outras informações refutam essa posição. Finalmente,
devemos considerar a questão: Por que cuidar do meio ambiente se você acredita
que Jesus voltará em breve?
Ciclo do aprendizado
Motivação
Conceito-chave para o crescimento espiritual: A criação revela que Deus criou a humanidade para cultivar e
cuidar de Seu mundo, não para explorá-lo e saqueá-lo. Isso deve afetar nossa
maneira de tratar os seres indefesos.
Na Bíblia, a justiça é um conceito de relacionamento de aliança. É
sobre quem você é, não apenas o que você faz. Em resumo, a justiça é estar na
orientação adequada quanto aos relacionamentos para com os membros da
comunidade da aliança, que, na lição desta semana, é a comunidade da criação.
Balaão demonstrou sua injustiça abusando de sua jumenta. Por outro lado,
Provérbios 12:10 declara que “o justo atenta para a vida dos seus animais”. A
lei do Antigo Testamento protegia até mesmo os animais de carga de seu inimigo.
Ao encontrar o boi ou o jumento de um inimigo lutando para se
levantar debaixo da sua carga, a pessoa devia ajudar a aliviar o seu
sofrimento, mesmo que fosse o animal do seu inimigo (Êx 23:5). Esses princípios
têm relevância para nós hoje?
Para entender melhor o ponto principal dessa questão, é útil considerar o
dilema ético de José durante seu noivado com Maria, no qual ele descobriu que
ela estava grávida e ele não era o pai. Mateus diz: "José, seu esposo,
sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente” (Mt
1:19). José, que acreditava ter sido terrivelmente prejudicado por sua noiva,
procurou evitar envergonhar Maria precisamente porque essa é a maneira pela
qual os justos agem.
Sim, José iria responsabilizá-la, mas procurou fazer isso da forma menos
vergonhosa possível, a fim de proteger sua dignidade. José estava num
relacionamento justo, mesmo com sua inimiga aparente. Que exemplo de ética da
criação!
Compreensão
Só para o professor: Deus não deu a Adão e Eva domínio ilimitado sobre a Terra. Seu
domínio devia ser exercido dentro de condições e limites divinamente
prescritos. Exploração da criação de Deus não faz parte do pacote do domínio da
criação.
Servir e proteger: uma ordem divina
Em 1973, Lynn White Jr. publicou um artigo contundente, “The Historical Roots of our Ecologic
Crisis” [“As Raízes Históricas de Nossa Crise Ecológica"], na
obra Western Man and Environmental Ethics: Attitudes Toward
Nature and Technology [O
Homem Ocidental e a Ética Ambiental: Atitudes em Relação à Natureza e a
Tecnologia (Reading, Massachusetts, Addison-Wesley Publishing Co., 1973, p.
18-30). White afirmou que a teologia cristã, fortemente baseada no conceito do
domínio da criação, proveu uma base teológica para a promoção de uma visão de
exploração no relacionamento do homem para com a natureza e, portanto, essa
exploração tem causado a nossa atual crise ecológica. O artigo de White fez
algum bem ao desencadear uma cadeia de reações dentro do cristianismo, inclusive
entre os evangélicos, ao procurar refutar White e os proponentes de uma visão
de exploração, enquanto defendiam a mordomia cristã como modelo de cuidado do
ambiente com base na criação. É verdade que apareceu uma teologia de exploração
na história cristã, especialmente durante a Revolução Industrial. No entanto, a
maioria dos expositores a favor da exploração fez mau uso das informações
bíblicas ao construir seus argumentos. É provável, porém, que a maioria dos
judeus e cristãos não tenham mantido tais pontos de vista.
Em primeiro lugar, depois que Adão e Eva receberam o domínio conjunto, o texto
diz: "Dominem". Mas esse domínio é imediatamente limitado. Uma árvore
não estava sob seu domínio, e o seu fruto era proibido. Além disso, em Gênesis
2, a humanidade foi colocada no jardim para "servi-lo e protegê-lo"
(essa é uma tradução literal das raízes abad (trabalhar ou servir), da qual é
derivado o termo para servo, e shamar (guardar, vigiar ou, com relação ao
sábado, guardar e observar). A humanidade não recebeu qualquer autoridade para
fazer o que quisesse, nem para explorar e saquear a criação de Deus. O ser
humano era um governante vassalo, subordinado às políticas do suserano
soberano, Deus.
Embora a humanidade tenha recebido um nível mais elevado de proteção moral do
que os animais ou a natureza (Gn
9:5, 6), esse privilégio não implica logicamente que a natureza e
os animais sejam desprovidos de proteção divina. O mandamento do sábado
tipifica esse ponto. As pessoas abordadas pelo mandamento são agentes de poder.
Esses agentes de poder têm a capacidade de negar o descanso sabático aos seus
filhos, servos, boi, jumento e ao estrangeiro em suas portas. O denominador
comum desse grupo potencialmente oprimido era precisamente a sua impotência
para resistir à privação injusta e forçada do descanso sabático. Com o sábado,
Deus mostrou que Ele concedeu direitos básicos de não exploração aos fracos e
indefesos. Faz sentido que o memorial da criação partilhe do mesmo espírito de
cuidado e atenção de Gênesis
1 e 2. Isso pode ser visto no poema sobre o sábado em Isaías 58,
no qual parte da observância do sábado é cessar a opressão dos pobres e
desamparados, não apenas para guardar um dia para a prática religiosa. Isaías
não procura o ativismo político contra os opressores. Em vez disso, ele chama
os próprios opressores a guardar o sábado, deixando seus caminhos de exploração
sobre os mais fracos e desamparados.
Pense nisto: Por que cuidar da Terra e do meio ambiente, se Jesus virá em
breve? Que princípios bíblicos nos exortam a evitar fugir da nossa mordomia da
Terra em nome da segunda vinda de Cristo?
Aplicação
Só para o professor: A criação nos chama a uma vida de não exploração sobre aqueles
sobre os quais exercemos poder.
Perguntas para
testemunho:
1. Sobre quem você tem poder? Como os princípios da criação e o
sábado influenciam você no exercício do poder?
2. Até que ponto podemos usar a tecnologia para obter maior controle da
natureza? Que princípios devem dirigir as nossas conclusões?
Criatividade
Só para o professor: Mordomia é uma ordenança da criação que significa que pertencemos
a Deus.
Atividade para
discussão:
1. Visto que eu não sou o dono de mim mesmo, quais são as minhas
obrigações e deveres para com o meu Dono?
2. Como a mordomia da criação define e esclarece o tipo de reivindicações que
Deus tem sobre nós?
3. Acreditar que eu sou o dono de mim mesmo faz diferença na minha maneira de
lidar com os outros e com as reivindicações de Deus sobre mim?
COMENTÁRIO
Michelson Borges, jornalista pela UFSC e mestre em teologia pelo
Unasp
Nahor Neves de Souza Jr.,
geólogo pela Unesp e doutor em engenharia pela USP
Introdução
Ideia central 1: Gênesis 1:28 traz a ordem de Deus ao primeiro casal: que se multiplicassem
e “dominassem” a Terra. Além disso, conforme o Salmo
8:6, foi dado ao ser humano domínio sobre as
obras criadas por Deus. Diferentemente do que ensinam os darwinistas, o ser
humano é qualitativamente superior às outras criaturas, mas se torna
responsável por isso na medida em que deve usar sua sabedoria inigualável e seu
senso moral para administrar a criação e zelar por ela (Gn
2:15). Essa compreensão nos ajuda a evitar dois extremos: (1) o desprezo
pela natureza e (2) a divinização da natureza.
Ideia central 2: O mandamento do sábado é um lembrete de nossa dependência do
Criador e de nossa responsabilidade para com a criação, já que ele é o memorial
dessa criação (Êx
20:8-11). Outra maneira de mostrar que somos administradores dos bens que
nos foram confiados por Deus é cuidando de nosso corpo, chamado na Bíblia de
“santuário do Espírito Santo” (1Co 6:19, 20). Cuidar da saúde é uma questão
espiritual, pois tudo o que afeta o corpo, afeta também a mente, e a mente é o
canal de comunicação de Deus conosco. Deus está disposto a nos ajudar na
administração daquilo que Ele nos dá: corpo, talentos, recursos materiais e
tempo.
Para refletir
1.O que significa a ordem de
Deus para que o ser humano “domine” sobre a criação? A correta compreensão
desse assunto nos livra de dois equívocos. Quais?
2. De que maneira o sábado nos lembra de que somos administradores da
criação?
3. Segundo a Bíblia, qual é o principal motivo pelo qual devemos
cuidar da saúde?
A maior
catástrofe ambiental da história humana
O mundo em que vivemos apresenta condições gerais bastante
favoráveis à vida, especialmente quando o comparamos aos demais planetas do
sistema solar. No entanto e infelizmente, determinados danos
ambientais ocasionados
por desastres naturais – destacando-se as catástrofes geológicas – agridem
frequentemente nosso planeta. Qualquer processo geológico, natural ou induzido,
que coloque em risco a vida humana, pode ser considerado um risco geológico
(definição convencional). Seu âmbito inclui os acontecimentos locais
(deslizamentos, que podem ser induzidos pela própria atividade humana),
regionais (terremotos, maremotos, etc.) e, principalmente, os globais, que
podem ameaçar a totalidade da espécie humana (erupções vulcânicas
catastróficas, impacto de asteroides, etc.).
Recentemente, a geologia convencional tem considerado a hipótese
de que eventuais catástrofes de amplitude global tenham provocado extinções em
massa. Esses desastres naturais cíclicos teriam interrompido esporadicamente os
prolongados períodos (supostos milhões de anos) de relativa calmaria geológica.
Durante esses longos intervalos, processos naturais (com destaque para a
seleção natural) teriam promovido a lenta e gradual evolução dos seres, desde o
primeiro ancestral até a atual biodiversidade. Mesmo com alguns avanços nos
últimos trinta anos (inclusão de eventuais catástrofes), mas sob a forte e
negativa influência da geocronologia padrão, esse quadro interpretativo da
geologia histórica constitui um prejuízo acumulado incalculável para o
progresso do conhecimento geológico.
Na verdade, se existe uma área promissora no campo da investigação
científica que disponibilize dados significativos para a melhor compreensão dos
primórdios da história da Terra e de seus ocupantes, essa área é a geologia
diluvialista. Com efeito, diferentemente da versão tradicional da geologia, as
extensas e espessas deposições sedimentares, com seu notável conteúdo fóssil
(mortandade em massa e rápido soterramento), distribuídos por toda a superfície
da Terra, estão associadas a outros quatro fenômenos geológicos globais, já
identificados e descritos cientificamente. Esse seis fenômenos geológicos de
amplitude global (figura 1) constituem evidências mais do que suficientes que
apontam para uma catástrofe geológica de proporções globais, cujo contexto
histórico e cronológico se encontra claramente exposto no relato bíblico do
dilúvio: a maior catástrofe ambiental da história humana!
Um quadro de fenômenos geológicos globais, com uma geocronologia
curta (horas, dias, semanas e meses) pode ser apreciado no livro de Souza Jr.
(2004): Uma Breve História da Terra (Sociedade Criacionista
Brasileira). Nesse livro encontram-se mais
evidências e explicações sobre as inconsistências e improbabilidades de se
conciliar etapas de lentas e graduais transformações evolutivas com a formação
do registro fóssil ou coluna geológica fanerozoica. O desenvolvimento de seis
fenômenos geológicos globais, contínuos e interligados (figura 2), aponta para
um cenário mais condizente com a realidade dos fatos geológicos e
paleontológicos. Um interessante modelo explicativo do provável significado da
disposição (mais ou menos ordenada) dos seres no registro fóssil poderá ainda
contribuir para compreensão melhor da história fanerozoica:
“A disposição relativamente organizada do conteúdo fóssil
retrataria: a morte catastrófica e o soterramento rápido e ordenado dos seres
(mobilidade diferenciada); o sepultamento contínuo e sequencial de plantas e
animais (flutuabilidade seletiva), que antes viviam organizadamente
distribuídos (zoneamento paleoecológico).”
A associação da descrição bíblica do dilúvio com os fenômenos
geológicos globais (eventos extraordinários que podem se desenvolvernaturalmente) explicaria
apenas parcialmente o ocorrido. Muitos detalhes ficariam sem respostas, como
por exemplo: o encaminhamento dos animais em direção à arca; o desencadeamento
do próprio dilúvio; a preservação dos seres no interior da embarcação durante o
terrível e devastador cataclismo; etc. Esses e outros aspectos requerem, em
princípio, a intervenção sobrenatural de Deus (figura 3). Mas, de toda
maneira, a coerente combinação de conhecimento bíblico-histórico (o dilúvio de
Gênesis) com o conhecimento científico (fenômenos geológicos globais) confirma a
própria definição de criacionismo (ver figura 2 da lição 2).
Adam Sedgwick (1785-1873) é reconhecido como responsável pelo
lançamento das bases científicas da geologia. Ele contribuiu para as definições
dos períodos Cambriano e Devoniano e na construção da própria coluna geológica.
O interessante é que Sedgwick foi criacionista e acreditava no dilúvio de
Gênesis ou nas evidências geológicas de catástrofes súbitas. Para esse ilustre
geólogo britânico, os estratos sedimentares foram depositados por águas
catastróficas. As possíveis origens dos grandes
volumes de água que devastaram a superfície da Terra durante o dilúvio
podem hoje ser mais bem compreendidas (figuras 4 e 5).
Sedgwick foi professor de geologia na prestigiada Universidade de
Cambridge e presidente da Sociedade Geológica de Londres. Como autêntico
criacionista, sentia-se à vontade para associar a geologia à ética e à
narrativa bíblica de Gênesis 7 e 8. Charles Darwin (1809-1882), discípulo de
Sedgwick, infelizmente, desconsiderou os preciosos ensinamentos científicos do
grande mestre, o qual, consternado, se sentiu no dever de criticar publicamente
o modelo de evolução de seu ex-aluno. Hoje, após 154 anos, à luz do
conhecimento geológico disponível, temos que admitir que Sedgwick estava
coberto de razão.
- Leia Gênesis
1:29. Um estudo da Universidade Heinrich-Heine,
na Alemanha, traz evidências de que o consumo de frutas e legumes pode melhorar
o aprendizado, a memória e o raciocínio. Os benefícios físicos dessa dieta já
são bem conhecidos.
- Segundo matéria publicada no site Nutrição em Pauta, “os adventistas do
sétimo dia (ASD) têm sido objeto de muitos estudos epidemiológicos. Os resultados
sugerem fortemente que os ASD estão vivendo mais por seguirem certos princípios
dietéticos herdados a partir de suas crenças religiosas, como vegetarianismo,
ênfase no consumo de grãos integrais, frutas, hortaliças e abstinência de
tabaco e álcool. [...] Adventistas vegetarianos californianos tendem a ser
menos obesos, bebem menos café [na verdade, a orientação da igreja é para se
evitar a cafeína], comem mais leguminosas e produtos à base de proteína
vegetal. Além disso, exercitam-se com maior regularidade. Tanto a ausência de
carne quanto a adição de frutas, castanhas e hortaliças parecem exercer grande
influência na prevenção de câncer e doença cardíaca, bem como no aumento da
longevidade. [...] A experiência de saúde da população ASD tem sido estudada
por pelo menos 51 anos. Existem mais de 300 artigos científicos abordando
estudos sobre a saúde dos ASD publicados em periódicos científicos da
Dinamarca, Holanda, Noruega, Japão, Austrália, além dos bem conhecidos estudos
da Universidade de Loma Linda, Califórnia, EUA”.
- O jornal norte-americano Daily Mail, em sua edição
de 20 de novembro de 2008, traz um artigo sobre longevidade. Entre as dicas
para se viver mais apontadas na matéria – use fio dental, vá à igreja, ria
diariamente, etc. –, está esta: “Seja um adventista do sétimo dia.” O texto
diz: “Os adventistas do sétimo dia vivem em média quatro anos a mais que o
resto de nós [...]. Analisando dados obtidos das dietas dos adventistas do
sétimo dia que são vegetarianos estritos e outros estudos a longo prazo, o Dr.
[Pramil] Singh afirma que ‘os que são vegetarianos há um bom tempo têm uma
vantagem de 3,6 anos de vida e vivem cerca de 86,5 anos’.”
- Você quer viver mais e melhor? Siga estes princípios bíblicos: temperança
(equilíbrio em tudo); regime alimentar apropriado (o mais natural possível);
uso abundante de água (seis a oito copos por dia, entre as refeições); ar puro;
luz solar em horários apropriados; exercício físico e repouso; confiança em
Deus.
Assista ao programa “Em Busca das Origens”. Clique aqui.
Assista também à exposição geral da Lição “Origens” (aqui).
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