Lição 11 - 9 a
16 de março
Sábado:
feito para o homem
Sábado à tarde
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Ano Bíblico: Js 5–8
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VERSO PARA MEMORIZAR:“O Filho do Homem até do
sábado é Senhor” (Mt 12:8, RC).
No fim do sexto dia, a criação tinha sido concluída (Gn 2:1, 2). O
mundo havia sido transformado em um lugar habitável e tinha sido preenchido com
criaturas vivas. Adão e Eva foram criados à imagem de Deus e receberam um
bonito e bem suprido jardim para habitar. Eles formaram o primeiro casamento e
estabeleceram o primeiro lar. Deus estava satisfeito com o que tinha criado.
Outra coisa, no entanto, foi acrescentada a esse paraíso: o sábado (Gn
2:1-3).
Gênesis 2 refuta a noção comum de que o sétimo dia é o “sábado judaico”. Por
quê? Porque Deus abençoou “o dia sétimo e o santificou” no Éden, antes da queda
e certamente antes que qualquer judeu existisse.
Além disso, o sábado é um memorial da criação de toda a humanidade
(não apenas dos judeus) e, portanto, toda a humanidade deve desfrutar as
bênçãos desse dia.
Nesta semana, estudaremos o ensinamento bíblico sobre esse outro presente dado
no Éden.
Ano Bíblico: Js 9–13
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A criação e o sábado
Em Êxodo 20:8-11, o quarto mandamento se
refere diretamente à semana da criação. Isso é importante porque aponta para o
Éden e para um mundo sem pecado, perfeito, que havia acabado de sair das mãos
do Criador. “O sábado não é apresentado como uma nova instituição, mas como
havendo sido estabelecido na criação. Deve ser lembrado e observado como o
memorial da obra do Criador” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 307).
1. Leia Gênesis
2:1-3. Como o sábado está relacionado com a criação?
Como esses versos ajudam a reforçar a ideia de que Deus, de fato, criou nosso
mundo em seis dias, ao contrário das longas eras sugeridas pela evolução
teísta?
Nesses três versos, é importante notar que se faz referência ao
sétimo dia cinco vezes: em três delas ele é chamado especificamente o “sétimo
dia”. Em duas vezes o dia é mencionado com os pronomes “ele” ou “esse”. Nesses
versos, não resta nenhuma ambiguidade sobre o dia nem sobre o assunto
específico mencionado, isto é, os seis dias da criação precederam o sétimo dia.
2. Leia Hebreus
4:3, 4. A
qual evento o autor de Hebreus aponta em sua explanação sobre o descanso? Por
que isso é importante?
Essa é uma clara referência do Novo Testamento ao relato da
criação em Gênesis, e provê evidência adicional para a verdade histórica da
criação em seis dias, seguida por um dia de descanso.
Hoje, muitos resistem à ideia de que a criação tenha ocorrido em seis dias.
Exigem provas científicas de que o relato é verdadeiro. Mas a própria ciência
tem muitas coisas indefinidas, incertezas e pressupostos. Além disso, haveria
alguma forma de provar uma criação em seis dias literais?
Deus “não removeu a possibilidade da dúvida. A fé deve repousar sobre a
evidência e não sobre a demonstração. Os que desejam duvidar terão oportunidade
para isso. Aqueles, porém, que desejarem conhecer a verdade, encontrarão
terreno amplo para a fé” (Ellen G. White, Educação, p. 169).
Quais são as suas razões para a fé? Por que elas superam todas as
razões para a dúvida?
Ano Bíblico: Js 14–17
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O rico significado do descanso sabático
3. Leia Deuteronômio
5:12-15. Em que aspecto a ênfase do mandamento do
sábado aqui difere da ênfase de Êxodo 20:8-11?
Naquela ocasião, Moisés lembrou aos israelitas que eles deveriam
guardar o sábado porque Deus os tinha livrado do Egito. O texto não diz nada
sobre os seis dias da criação nem sobre o sábado sendo o descanso de Deus. Em
vez disso, a ênfase está na salvação, libertação e na redenção; nesse caso,
redenção do cativeiro egípcio, que é símbolo da verdadeira redenção que temos
em Jesus (1Co 10:1-3).
Em outras palavras, não há conflito entre os textos, nenhuma justificativa para
tentar usar uma passagem para negar a verdade da outra. Moisés estava mostrando
que as pessoas pertencem ao Senhor, em primeiro lugar pela criação, e, em
seguida, pela redenção.
As passagens que mencionam a santificação nos lembram de que só
Deus pode nos tornar santos. Somente o Criador pode criar um novo coração
dentro de nós.
Considere três razões para a observância do sábado e como elas estão
relacionadas. Primeira: guardamos o sábado em reconhecimento do fato de que
Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Segunda: observamos o
sábado porque Deus é Aquele que nos redimiu e nos salvou em Cristo. Terceira:
guardamos o sábado porque Ele é o único que nos santifica, o que ocorre apenas
pelo poder criador de Deus (Sl
51:10; 2Co 5:17).
Portanto, as teorias que negam a criação em seis dias tendem a diminuir a graça
de Deus e aumentar o valor de nossos próprios esforços a fim de nos tornarmos
bons o suficiente para obter a salvação. A história da criação nos lembra da
nossa total dependência da graça e do sacrifício de Cristo em nosso lugar.
Como o sábado nos ajuda a entender melhor nossa absoluta
necessidade da graça de Deus para tudo na vida? Como esse conhecimento deve
influenciar nossa maneira de viver?
Ano Bíblico: Js 18–21
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Jesus e o sábado
5. Leia Marcos
2:27, 28. Que
verdade fundamental sobre o sábado Jesus revelou? Como podemos aplicar esse
princípio à nossa experiência com o sábado?
Jesus e Seus discípulos tinham acabado de passar por um campo de
cereais. Os discípulos, com fome, tinham apanhado algumas espigas para comer. O
ato de colher o cereal enquanto a pessoa estivesse passando por um campo não
era problema, visto que as regras da sociedade permitiam isso. A alimentação é
uma necessidade, e era perfeitamente aceitável que os discípulos saciassem a
fome comendo o que encontrassem enquanto caminhavam. O problema era que os
líderes religiosos consideravam mais importantes do que as necessidades humanas
as regras inventadas por eles mesmos para a observância do sábado. Esse era um
ponto permanente de controvérsia entre Cristo e os fariseus. A resposta de
Jesus indica que as prioridades deles estavam erradas. O sábado deve ser um dia
de bênção para o ser humano e não ser usado como desculpa para prolongar o
sofrimento.
6. Que outra atividade
Jesus fez no sábado, apesar da controvérsia que isso gerou? Mt
12:9-13; Lc
13:10-17; Jo 5:1-17
A questão da validade do sábado não surgiu em nenhuma das
controvérsias registradas nos evangelhos sobre esse dia. Ao contrário, o
assunto era como o sétimo dia devia ser guardado e não se devia ser abolido ou
substituído.
O exemplo de Jesus mostra não apenas que o sábado continua sendo algo que deve
ser observado, mas também mostra como deve ser observado. E uma coisa que
podemos ver claramente a partir de Seu exemplo é que o trabalho feito no sábado
para ajudar a abrandar o sofrimento humano não é transgressão do sábado. Ao
contrário, o exemplo de Jesus mostra que fazer o bem ao semelhante é exatamente
a maneira de guardar o sábado.
De que maneira sua observância do sábado poderia refletir melhor
os princípios observados no exemplo de Jesus?
Ano Bíblico: Js 22–24
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O sábado e os últimos dias
7. Leia 2 Pedro
3:3-7. Compare a descrição dos escarnecedores dos
últimos dias com nossa sociedade contemporânea. O que os escarnecedores negam e
por quê?
Os escarnecedores afirmam que a natureza tem continuado a existir
sem interrupção, uma alegação conhecida entre os cientistas como “uniformismo”.
Isso é equivalente a negar que os milagres acontecem. Essa afirmação é usada
para negar que o Senhor virá como prometeu.
Observe, porém, como Pedro ligou a negação da segunda vinda de Cristo com a
negação dos relatos da criação e do Dilúvio. A rejeição de um leva à rejeição
dos outros!
8. Leia Apocalipse
14:6, 7. Em
meio às dúvidas e objeções dos escarnecedores, que mensagem será proclamada com
poder celestial?
Os escarnecedores estão errados. Vivemos sob o juízo pré-advento e
somos chamados a adorar “Aquele que fez o céu e a Terra, e o mar” e tudo o
mais. Essa é a linguagem da criação. O texto faz alusão a Êxodo 20:11 e aponta a importância da criação e do sábado no fim dos tempos.
Visto que o sábado simboliza a história bíblica da criação e redenção, a
rejeição da história da criação leva à rejeição do sábado e ao estabelecimento
de um substituto de origem humana. O resultado, indicado em Apocalipse 14:8-10, é a fornicação
espiritual e separação de Deus.
Deus está chamando pessoas para adorá-Lo como Criador e em nenhum lugar da
Bíblia encontramos algo como o sábado, que aponte tão plenamente para Ele como
Criador. Não é de admirar que vejamos o sábado, o sinal original de Deus como
Criador, como sendo fundamental nos últimos dias.
Como a rejeição de uma criação em seis dias literais enfraquece a
importância do sábado? Nesse caso, por que deveríamos ser fiéis quando surgir a
perseguição?
Ano Bíblico: Jz 1–3
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Um salmo para o sábado
9. Leia o Salmo 92. Com
base nesse texto, como deve ser a experiência da guarda do sábado? Por que, ao
pensarmos no Senhor, devemos expressar o tipo de alegria revelada nesse salmo?
Obviamente, o salmista conhecia o Senhor, sabia como era Ele, o
que tinha feito e sabia o que o Senhor faria no futuro. Por essas razões ele
expressa sua alegria.
Considere, também, os temas profundos expressos nesse “salmo para o dia de
sábado”.
Em primeiro lugar, há louvor e gratidão a Deus por Sua bondade e fidelidade.
Além disso, qualquer “salmo para o sábado” incluiria, obviamente, o
reconhecimento de Deus como Criador, o que também vemos aqui.
Perceba igualmente aqui o tema do juízo. Na Bíblia, o juízo de Deus não é
apenas contra os ímpios, mas também em favor dos justos (Dn
7:20-28). Esses dois aspectos do juízo também são revelados nesse salmo.
Mesmo que não vejamos essas promessas cumpridas agora, temos a promessa de que
esse juízo ocorrerá no fim dos tempos, quando Deus fará novas todas as coisas (Ap
21:5).
Se não encontrarmos nada mais nesse salmo, devemos entender que o sábado é um
tempo para se deleitar no Senhor, alegrar-se nEle, em tudo que Ele fez e ainda
promete fazer por nós. O tom do salmo é de alegria, louvor e felicidade, não
por causa de algo que o salmista tivesse feito, mas apenas por causa de tudo
que o Senhor havia feito e prometia fazer.
Recebemos um presente muito especial: a sétima parte da nossa vida, separada a
cada semana para descansarmos e nos alegrarmos nas obras do Senhor por nós,
livres da correria e do estresse da existência terrena.
Como você pode aprender a se alegrar no sábado? Se você não está
tendo essa experiência, qual é a razão?
Ano Bíblico: Jz 4, 5
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Estudo adicional
Deus criou o homem à Sua própria imagem. Não há aqui mistério. Não
há lugar para a suposição de que o homem evoluiu, por meio de morosos graus de
desenvolvimento, das formas inferiores da vida animal ou vegetal. Tal ensino
rebaixa a grande obra do Criador ao nível das concepções estreitas e terrenas
do homem. Os seres humanos são tão persistentes em excluir a Deus da soberania
do Universo, que degradam ao homem e o despojam da dignidade de sua origem. […]
A genealogia da humanidade, conforme é dada pela inspiração, remonta sua origem
não a uma linhagem de micróbios, moluscos e quadrúpedes que se desenvolveram,
mas ao grande Criador” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 45).
Perguntas para reflexão
1. Por que a conexão entre o sábado e a criação é tão significativa
nesses últimos dias? Como essa verdade é expressa em Apocalipse 14:6, 7? A convicção a respeito da criação divina
pode nos ajudar a observar o sábado com mais firmeza?
2. Quase na mesma época que Charles Darwin começou a promover sua teoria da
evolução, Deus levantou uma igreja que manteve o sábado como crença distintiva.
Mais ainda, Ele levantou essa igreja para proclamar as três mensagens angélicas
de Apocalipse 14, que nos convidam especificamente a adorar Aquele que criou os
céus e a Terra. O que, então, poderia ser mais trágico, ou mais profundo
afastamento da fé, do que os professos membros da igreja argumentarem em favor
da evolução?
3. Nos últimos anos, a ciência revelou uma complexidade na vida que confunde a
mente. Sabemos agora que, mesmo a mais “simples” célula é mais complicada e
mais intrincada do que Darwin provavelmente jamais imaginou.
Considere isto: muitos cientistas acreditam que a vida surgiu por acaso. No
entanto, quanto mais complexidade a ciência encontra na vida, menos provável se
torna que o acaso possa ter feito isso. Ou seja, quanto mais a ciência revela
sobre a complexidade da vida, menos provável se torna a grande teoria da
ciência sobre a origem da vida, a evolução ateísta. Comente esse assunto com a
classe.
Respostas sugestivas: Respostas sugestivas: 1. No sábado a criação foi concluída. A obra
de Deus nesse dia foi descansar, abençoar e santificar o tempo semanal de
comunhão entre seres humanos e Deus, para que a humanidade se lembrasse do
Criador. 2. O descanso de Deus no sétimo dia, após a conclusão das obras da criação
do mundo. 3. Deuteronômio destaca a libertação da escravidão egípcia como razão
para a observância do sábado. Êxodo enfatiza a criação. 4. O sábado é um sinal
entre Deus e o povo que Ele santifica. 5. O sábado foi feito para o homem. É
uma bênção concedida pelo Senhor. 6. Jesus curou o homem da mão ressequida,
curou a mulher encurvada e o paralítico junto ao tanque de Betesda. 7. Andam
segundo as próprias paixões. Por isso, rejeitam a promessa da segunda vinda de
Jesus e duvidam da criação divina. Não aceitam a verdade porque não querem
compromisso com Deus. 8. O evangelho eterno, que nos convida a temer a Deus e
Lhe dar glória, pois é chegada a hora do Seu juízo, e a adorar o Criador. 9.
Uma experiência de alegria e gratidão pelas obras de Deus e de confiança na
proteção do Senhor. Devemos ser alegres por causa da bondade e justiça de Deus.
ESCOLA
SABATINA
Resumo
da Lição 11
Sábado:
feito para o homem
O aluno deverá...
Reconhecer: Que o sábado foi dado à humanidade antes da queda como um meio de
revigorar o relacionamento da humanidade com Deus a cada semana.
Sentir: A importância de reconhecer e proteger os direitos dos outros para a experiência
do sábado.
Fazer: Guardar o sábado com gratidão, de uma forma que revigore o
relacionamento com Deus e evite privar os outros dessa experiência.
Esboço
I. Saber: Deus e o sábado
A. Por que Adão e Eva necessitavam do sábado em um mundo não caído?
B. Como a guarda do sábado revela o propósito de Deus para a nossa vida?
II. Sentir: A dádiva do sábado
A. O quarto mandamento identifica uma lista de criaturas sobre as quais temos o
poder de privar do descanso sabático. Por que é importante sentir a necessidade
de proteger o repouso sabático dessas criaturas?
B. Fomos feitos para a comunhão íntima com Deus. Como a observância do sábado
pode fortalecer o seu desejo de aprofundar a sua comunhão com o Criador?
III. Fazer: Santificando o
sétimo dia
A. Como o sábado revigora o nosso relacionamento com Deus?
B. Como podemos usar a nossa influência para proteger o acesso dos outros ao
descanso do sábado?
Resumo: O sábado foi dado antes da
queda como uma ferramenta para ajudar os seres humanos a se lembrarem de quem
eles são: criaturas finitas sob a soberania de um Deus infinito. O sábado,
portanto, foi dado como uma ferramenta para revigorar o relacionamento com
Deus. Como tal, o sábado mostra que Deus nos fez para ser mais do que meros
produtores de produtos e serviços. Fomos feitos para ter um relacionamento
íntimo com Deus. Além disso, em um mundo pecaminoso, temos o poder de privar os
outros dessa experiência revigorante, ao fazer com que eles continuem a
produzir produtos e serviços para nós no sábado. O quarto mandamento nos chama
a exercer o auto-domínio e a usar o nosso poder para proteger o acesso dos
outros ao descanso do sábado.
Ciclo do aprendizado
Motivação
Conceito-chave para o crescimento espiritual: A criação e o sábado estão
intimamente ligados. A negação da criação tende a levar à negação de outras
verdades bíblicas, como o sábado, o Dilúvio, a segunda vinda de Cristo, o novo
céu e a nova Terra.
Só para o professor: Ajude a classe a perceber
que o ensino da criação está intimamente ligado ao restante da teologia
bíblica. Mude sua visão da criação, e você será forçado a mudar outras coisas
para manter a consistência lógica.
Nossa lição menciona o fato de que Pedro conecta a negação da
criação à negação do Dilúvio e de outros ensinamentos bíblicos. Pedro pode ter
sido uma testemunha antiga de tais fenômenos, mas o mesmo padrão também está
vivo e intenso atualmente. teólogos do processo, teólogos evolucionistas e
outros negam a criação em seis dias de Gênesis 1 como história factual. Alguns
desses teólogos também negam a segunda vinda de Jesus, os novos céus e a nova
Terra, e outras coisas. Para eles, a ciência moderna tem rejeitado as
Escrituras como sendo meras fábulas. Uma vez que a fé na autoridade das
Escrituras diminui, a religião se torna uma coleção de ideias religiosas
humanamente construídas, nada mais.
A criação, portanto, funciona como um teste decisivo da nossa visão acerca das
Escrituras e de sua autoridade. Se a pessoa julga que a Bíblia está errada
sobre as origens, é mais provável que ela questione outras histórias
miraculosas, como o Dilúvio, a ressurreição de Jesus, ou conceitos como o
sábado. A questão central não é a criação em si, mas o impacto da negação de
Gênesis 1 sobre a autoridade bíblica.
Pergunta de abertura: Uma pessoa com uma fé
humanamente construída aborda as Escrituras de modo diferente daquele que
considera as Escrituras a Palavra autorizada de Deus? Como você pode perceber
se a sua fé é humanamente construída ou baseada na Bíblia?
Compreensão
Só para o professor: O sábado é mais do que um dia de descanso. Deus nos fez para ser
mais do que apenas produtores de bens e serviços para Ele. O sábado é um dia
para renovar nosso relacionamento com Deus.
As dimensões mais profundas da guarda do sábado
Ao redor de um campus de universidade adventista do sétimo dia não
é incomum ver regularmente carros com adesivos que dizem: "O sétimo dia é
o sábado, e Deus nunca o mudou." Essa afirmação sugere uma pergunta: É
possível que os adventistas do sétimo dia se concentrem tanto em qual é o dia
do sábado que ignorem as dimensões mais profundas da guarda do sábado? Além
disso, não é raro ouvir a explicação de que o sábado aumenta a produtividade
humana. Ao descansar um dia, podemos produzir mais durante os seis dias
seguintes. Mas o sábado é apenas um dia de descanso, permitindo que nos
destruamos com excesso de trabalho durante os outros seis dias? Se esse fosse o
caso, por que o sábado teria sido necessário no Éden antes da queda, no qual o
cansaço não era, presumivelmente, um fator significativo? Por que a humanidade
sem pecado precisava do sábado? Várias razões podem ser citadas.
Em primeiro lugar, Adão e Eva tinham tarefas a fazer no jardim. Porém, Deus
ordenou que eles não fizessem essas tarefas no sábado. Essa proibição sugere
que Deus fez a humanidade não apenas para a produção de bens e serviços.
Comunhão íntima com Deus era uma prioridade maior do que simplesmente a
produção eficiente. O amor de Deus por nós não está fundamentado naquilo que
produzimos para Ele. Em vez disso, Seu amor estende um convite para uma amizade
especial e pessoal com Ele. Além disso, parece que até mesmo Adão e Eva
poderiam ficar tão absorvidos nas tarefas relacionadas a servir e proteger o
jardim que esquecessem a soberania do Senhor sobre eles.
Assim, mesmo antes da queda, o sábado provia um tempo para revigorar a
orientação para o relacionamento com Deus, fazendo a pessoa lembrar de que ela
era uma criatura finita sob as ordens de um Deus soberano e também
misericordioso. Seja antes da queda ou depois dela, essa renovação das forças é
uma função vital do sábado.
Em segundo lugar, Adão e Eva tiveram que aceitar o sábado de acordo com os
termos e o tempo divinos, reconhecendo assim Seu direito de fazer
reivindicações nesse aspecto. Para Adão e Eva, o sábado foi o seu primeiro dia
inteiro de existência. Eles não tinham como saber quanto tempo havia ocorrido
antes que obtivessem consciência. O senso comum pode ter sugerido a eles que o
ecossistema perfeitamente desenvolvido que contemplavam não poderia ter surgido
poucos dias antes. A única maneira pela qual eles podem ter sido informados
sobre o que realmente havia acontecido é que Deus deve ter revelado a eles a
natureza dos dias anteriores da criação. Pela fé, eles tinham que aceitar que o
sábado era de fato o sétimo dia da história da Terra e se submeter a um ciclo
semanal ordenado por Deus. Assim, a guarda do sábado é um ato de fé, que aceita
o calendário divino e reconhece o Seu direito de organizar o nosso tempo e
adoração. O sábado, portanto, ajuda a destacar e reverter o problema de Eva:
ela esqueceu quem ela era e tentou se tornar igual ao Criador. O sábado nos mostra
que Deus nos fez não apenas para ser benefícios utilitários para Si mesmo. O
dia do Senhor foi criado para promover uma comunhão íntima entre Deus e a
humanidade.
Pense
nisto: Além
da diferença entre os dias, qual é a diferença entre a observância do sábado e
a forma pela qual as pessoas observam o domingo? Como essas diferenças
beneficiam a vida espiritual?
Aplicação
Só
para o professor: Aqueles que contratamos e empregamos
têm direito ao descanso sabático. Deus tem direito à sua observância do sábado.
Nós temos o poder de privar as pessoas do seu direito ao descanso sabático e
também de privar Deus de Seu direito.
Perguntas para testemunho:
1. Você
vê as pessoas como ferramentas utilitárias criadas para produzir produtos e
serviços para você mesmo, ou as vê como tendo sido criadas para algo mais? Como
essa perspectiva afetará sua maneira de tratar os outros?
2. A quem você pode explorar e dominar? Como os princípios da criação e o
sábado influenciam sua maneira de exercer esse poder?
Criatividade
Só para o professor: As duas versões do quarto mandamento
mostram que o sábado celebra o poder criador e o poder redentor.
Atividade para discussão:
1. Qual
é a relação entre o poder criador e o poder redentor?
2. Se Deus tivesse criado através de processos evolutivos, como isso teria
afetado nossa compreensão da relação entre poder criador e poder redentor? O
que poderia mudar em nossa compreensão do novo nascimento e da renovação
espiritual?
3. Qual é a diferença entre os princípios cristãos do crescimento e
desenvolvimento do caráter e os processos da evolução? Por que o crescimento
cristão não é simplesmente uma forma de evolução?
COMENTARIO
Michelson Borges, jornalista pela UFSC e mestre em teologia pelo
Unasp
Nahor Neves de
Souza Jr., geólogo pela Unesp e doutor em engenharia pela USP
Introdução
Ideia central 1: O
fato de o sábado (assim como o casamento) ter sido instituído na criação (Gn
2:1-3), antes do pecado, revela que (1) ele foi dado à humanidade, pois,
naquele momento, havia apenas Adão e Eva sobre a Terra, e (2) ele celebra a
criação, sendo, portanto, um “patrimônio” da humanidade e não de algum povo
específico. Êxodo 20:8-11, o mandamento do sábado, reafirma a literalidade da
semana da criação e confirma que o sábado é o sétimo dia e não outro. Hebreus
4:3 e 4 também se refere ao descanso do sétimo dia, numa clara afirmação de que
os autores do Novo Testamento consideravam literal a semana da criação.
Ideia central 2: O
sábado representa também a libertação do pecado, conforme Moisés enfatiza em
Deuteronômio 5:12-15. Assim, o sétimo dia afirma que pertencemos duplamente a
Deus: pela criação e pela redenção. Além de criados e redimidos por Deus, somos
também por Ele santificados, e o sábado é igualmente um sinal dessa
santificação (Ez 20:12, 20; Êx 31:13). Se a semana da criação não fosse
literal, com seis dias de 24 horas seguidos do sétimo, todo esse significado do
sábado seria perdido. Para deixar claro esse aspecto libertador do sábado,
Jesus Se disse Senhor dele (Mc 2:27, 28) e realizou curas nesse dia (Mt
12:9-13; Lc 13:10-17; Jo 5:1-17). Como Criador do céu e da Terra, Jesus
obviamente é Senhor do sábado e, com Sua conduta, nos ajudou a entender no que
consiste a verdadeira observância do sétimo dia, um dia de libertação e graça.
Ideia central 3. Um dos sinais que apontam para a proximidade
da volta de Jesus é a ousadia dos escarnecedores. Segundo o apóstolo Pedro (2Pe
3:3-7), esses incrédulos e zombadores afirmam que o mundo está do mesmo jeito
há milhões de anos e que o dilúvio bíblico é um mito antigo, não um fato
histórico – Pedro liga, assim, a descrença no dilúvio com a descrença na volta
de Jesus. Assim como um evento ocorreu, o outro também ocorrerá. Presentemente,
há um povo sobre a Terra proclamando exatamente a mensagem de que existe um
Deus Criador cujo Filho em breve voltará (Ap 14:6, 7). O “efeito dominó” é
claro: se a crença na semana da criação é abalada, a crença no sábado como
memorial da criação e da redenção também é enfraquecida. Nesse terreno
pantanoso, fica mais fácil negar o Deus Criador apresentado na Bíblia.
Para refletir
1. Como a instituição do sábado refuta a
ideia de que ele teria sido criado para um povo apenas?
2. Como Êxodo 20:8-11 e Hebreus 4:3, 4
confirmam a literalidade da semana da criação?
3. O que o fato de Jesus ter realizado
curas no sábado revela sobre um dos significados desse dia?
4. Como o mandamento do sábado está
relacionado com as controvérsias que precedem a volta de Jesus?
O Deus do natural e do
sobrenatural
Geralmente,
aqueles que questionam a existência de Deus (dimensão supranatural) também
consideram a própria Bíblia como uma coleção de mitos, cujas narrativas seriam
essencialmente simbólicas (não
históricas), portanto, não literais. De acordo com a mesma visão ateísta, a
própria natureza, por ser passível de investigação científica, dispensaria
qualquer tipo de interferência externa, tanto para sua origem como para sua
sustentabilidade. Assim, a negação de Deus exclui qualquer tipo de atividade sobrenatural,
bem como não admite quaisquer ações de Deus no mundo natural.
No
entanto, para aqueles que consideram a Bíblia como a Palavra de Deus e também
se interessam pelo estudo do livro da natureza, não haveria dificuldades para
reconhecer as ações ordinárias (mundo natural) e extraordinárias (mundo sobrenatural)
de um Deus poderoso e amoroso (ver comentários das lições 8 e 9). Da mesma
forma, considerando a Bíblia como sua própria intérprete, por meio de um estudo
minucioso e interativo, teríamos excelentes oportunidades de identificar em
suas páginas os símbolos e
seus correspondentes significados, bem como as narrativas verdadeiramente
históricas ou literais.
As
atividades de Deus na primeira semana – que revelam o incomensurável poder sobrenatural do
Criador –, sem dúvida alguma, não podem ser reproduzidas empiricamente. No
entanto, as leis conservativas estabelecidas na ocasião pelo mesmo Deus são
passíveis de ser compreendidas cientificamente pela mente humana (estudo do mundo natural).
Para nunca nos esquecermos dessa dupla e ampla atividade divina, o próprio
Criador separou um dia sagrado – o sábado – como memorial da criação, dia de
descanso pleno, quando então podemos apreciar calmamente a beleza e a harmonia
da natureza criada e, ao
mesmo tempo, desfrutar da companhia e das influências, mesmo que invisíveis (sobrenaturais),
de um Deus que nos ama, nos mantêm vivos e nos restaura.
Quando
nos referimos ao dilúvio de Gênesis (ver comentário da lição 10), é importante
realçar que as referências a dia, mês e ano (para o início e o fim da Grande
Catástrofe) se repetem em outros cinco momentos na narrativa bíblica. Essa
precisão na medida do tempo não deixa margem para dúvidas quanto à literalidade dos
dados cronológicos, realçando assim não apenas a historicidade de um fato real,
mas também definindo, de maneira inequívoca, a duração desse evento
cataclísmico: um ano e dez dias.
Da
mesma forma, não há como interpretar alegoricamente ou simbolicamente a
abrangência do dilúvio, restringindo-o à região da Mesopotâmia. A descrição
bíblica dos efeitos da Grande Catástrofe sobre
o mundo pré-diluviano (Gn 7:21-23) reflete claramente seu caráter mundial que,
por sua vez, se harmoniza plenamente com a abrangência igualmente global do
registro fóssil (vítimas “imortalizadas” do dilúvio).
Com
efeito, quando se estuda a Bíblia contextual e reverentemente, de Gênesis a
Apocalipse, é possível identificar quando Deus agesobrenaturalmente (os
atos criativos na semana da criação, os milagres, etc.) e quando Ele se
comunica por meios naturais –
leis criadas por Ele e que regem o comportamento da criação (a matéria e a
própria vida), passíveis de serem compreendidas racionalmente ou mesmo
cientificamente. No entanto, é importante frisar que a compreensão científica
dos processos e fenômenos naturais não é condição sine qua non para
a compreensão ou aceitação da natureza sobrenatural da Divindade. Ou seja, não necessitamos
do conhecimento científico do mundo natural para assegurarmos a existência de Deus.
Também
não é difícil compreender a necessidade da manifestação ora do natural, ora
do sobrenatural e a
utilização de símbolos,
quando o onipotente Deus deseja Se revelar de maneira didática e acessível à
limitada e frágil mente humana. O estudo cuidadoso e comparativo da Bíblia nos
revela ainda um Deus que Se interessa profundamente pelo bem-estar presente e
futuro do ser humano. Consideremos, como exemplo, o trato amoroso e paciente de
Deus para com o povo de Israel: Ele recomendou obediência às leis naturais (leis
de saúde, higiene, etc.), manifestou-Se mediante atos sobrenaturais (abertura
do Mar Vermelho, a dádiva do maná, etc.), utilizou sombras ou símbolos (os
rituais do Tabernáculo) e guiou literalmente esse povo (historicidade dos quarenta
anos de peregrinação do Egito a Canaã).
Certamente,
a mais impressionante manifestação da versátil natureza divina pode ser
claramente identificada na pessoa de Jesus, com Sua dupla dualidade sobrenatural/natural e simbólico/literal que
se harmonizam com perfeição: a Divindade (o Filho de Deus, Ser sobrenatural)
encontra-Se eterna e intimamente ligada à humanidade (o Filho do homem, corpo natural);
todo o simbolismo dos
rituais do templo encontra seu pleno cumprimento no maior evento (literal) da
história da humanidade: o supremo sacrifício expiatório de Cristo na cruz do
Calvário, ocorrido há aproximadamente dois mil anos.
Na
verdade, as ações de Jesus em Seu próprio ministério, fossem corriqueiras ou
miraculosas, revelavam extraordinária coerência e competência, conferindo assim
credibilidade aos ensinamentos dEle e confiabilidade à inspiração divina da
Bíblia em sua totalidade. Portanto, naquilo que é importante para nossa clara e
harmoniosa compreensão de toda a Bíblia e da natureza, podemos distinguir, nos
atos divinos, o natural do sobrenatural e o simbólico do literal.
- Do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado (o ocaso do Sol é o
referencial bíblico para a passagem dos dias – ver Lv 23:32), o sétimo dia
permanece em meio ao tempo, entre duas semanas, e entre duas épocas também: o
passado e tudo o que foi feito e o futuro e aquilo que ainda pode ser
realizado. É “o passo atrás antes do salto adiante”; um dia especial que
acrescenta qualidade à vida humana.
- Ao separarmos o sétimo dia da semana para fins religiosos (culto a Deus,
auxílio aos necessitados, contato com a natureza), estamos reconhecendo o
Senhor como o todo-poderoso Criador do Universo. E o sábado é mais do que um
simples repouso físico, é antes de tudo uma pausa para um contato mais íntimo
com Deus, de tal maneira que as outras atividades ficam para depois.
- Explicações astronômicas podem ser dadas para os anos, meses e dias, mas não
para o ciclo semanal. Ao considerar os povos do passado, podemos observar que
sempre houve uma divisão de tempo chamada “semana”, consistindo de sete dias,
sendo o sétimo, o sábado, com um nome formado a partir de uma raiz comum – nas
línguas semíticas sbt ou spt – que
em vários idiomas significa “descanso”. Algo, no mínimo, curioso.
- O sétimo dia da semana aparece pela primeira vez em Gênesis 2:1-3, como um
presente a toda humanidade, assim como o matrimônio (Gn 1:28). O texto bíblico
nos diz que, no sétimo dia, Deus (1) “descansou” de toda a Sua obra (v. 2), (2)
abençoou esse dia (v. 3), (3) e o santificou (v. 3).
- O verbo hebraico utilizado em Gênesis 2:2 para descansar é shabat, que
tem sua origem em outro verbo, yashab, cujo significado é “sentar”. Qual a implicação
disso? Após uma longa e exaustiva caminhada durante a semana, o sábado é o dia
em que nos sentamos para descansar fisicamente. Antes de continuar a caminhada,
Deus proporciona um break para
Seus filhos.
- O verbo usado em Êxodo 20:11 é nuah. Não se trata de descanso apenas no sentido
físico. Nuah tem a
ideia de tranquilidade, repouso e relaxamento. Para aqueles que vivem uma vida
agitada, dividida entre trabalhos e estudos, o sábado se apresenta como um
oásis no meio do deserto. Não é apenas descanso físico; é também descanso
mental.
Somos informados pelo Novo Testamento de que Jesus, o personagem principal da
fé cristã, observava o sábado (Lc 4:16); e que Paulo, o grande missionário do
cristianismo primitivo, também observava esse dia (At 13:14, 27, 42, 44).
- O sábado é um símbolo preciso do que é a salvação. Em lugar de santificar um
local, Deus santificou o tempo, e o tempo sempre vem ao nosso encontro,
semanalmente. Da mesma forma, temos a garantia de que nosso Deus é aquele que
sai ao nosso encontro quando insistimos em viver longe de Sua presença.
- Leia Isaías 58:13, 14. Que princípios básicos podemos extrair desse texto
para desfrutarmos sábados agradáveis?
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