sábado, 22 de dezembro de 2012

ES - Lição 11 - A vida cristã – 4º Trim, 2012







NOVO TEMPO - Lições da Bíblia








Lição 11 de 8 a 15 de dezembro


A vida cristã

 

 






Sábado à tarde
Ano Bíblico: 1 Timóteo

VERSO PARA MEMORIZAR: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a Sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos”(1Jo 3:16).

Pensamento-chave: Qualquer um pode dizer que é cristão. Porém, o que isso significa, em termos práticos?

Meus irmãos, qual é o proveito, se você disser que tem fé, mas não mostrá-la por suas obras? Pode esse tipo de fé salvar alguém?” (Tg 2:14, New Living Translation [tradução nossa]).

A Bíblia enfatiza a “sã doutrina”, mas essa ênfase está no contexto de uma vida santa (
1Tm 1:10; Tt 2:1-5), a fim de salientar que o verdadeiro objetivo do ensino bíblico é uma vida ética, manifestada nas obrigações para com os outros. Na verdade, os textos de Timóteo e Tito ligam a sã doutrina com a vida correta, como se a vida correta fosse em si mesma a sã doutrina!

O cristão é salvo a fim de ser um agente de Deus para a salvação e o bem dos semelhantes, em meio ao grande conflito entre o bem e o mal. A expressão “mente tão voltada para o Céu que não tem utilidade para a Terra”, por mais que seja um clichê, representa uma realidade que os cristãos precisam evitar. Certamente, o Céu é nosso lar definitivo, mas por enquanto, estamos ainda na Terra e precisamos saber como viver aqui.

Nesta semana, estudaremos como algumas práticas cristãs devem se manifestar em nossa vida.

Domingo
Ano Bíblico: 2 Timóteo


Mordomia


Quando pensamos sobre a salvação sendo traduzida no serviço aos outros, não podemos evitar o conceito cristão de mordomia. A Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia define “mordomia” como “a responsabilidade do povo de Deus para com tudo que Deus lhes confiou, e o uso dessas coisas: a vida, o corpo, tempo, talentos e habilidades, bens materiais, oportunidades de ser útil aos outros e o conhecimento da verdade”.

1. Na vida diária, como posso manifestar os maravilhosos princípios ensinados nos textos abaixo? Como essas verdades devem influenciar minha maneira de viver e de me relacionar com os outros, com Deus e com os dons concedidos por Ele?

A Bíblia ensina que o propósito fundamental de toda a criação de Deus é glorificá-Lo. O pecado arruinou essa realidade de modo muito profundo, mas Deus dirigiu Sua ação salvadora para nós, a fim de nos levar a participar novamente, com toda a criação, da glorificação a Deus. Cristo nos comprou por causa da glória de Deus (Ef 1:11-14). Quando reconhecemos em palavras e atos o completo domínio de Cristo sobre nossa vida, glorificamos a Deus. A completa expressão do senhorio de Cristo sobre nossa vida envolve nosso serviço em favor dos outros, por meio do uso do tempo, talentos, habilidades e bens materiais.

Leia novamente os textos para hoje. Quais deles tocam mais seu coração, e por quê? O que o motiva a viver buscando o bem dos outros, bem como o seu próprio? Por que a dedicação da vida aos outros é tão importante para a espiritualidade?

Segunda
Ano Bíblico: Tito

Dízimo: uma pequena parte


“O sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando estes recebessem os dízimos, e os levitas trariam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro” (Ne 10:38); “O povo de Israel e os levitas deverão entregar as contribuições...” (Ne 10:39, NTLH).

Pense na brevidade da vida, pense na absoluta inevitabilidade da morte (a menos que Cristo volte antes que ela ocorra). Pense no que significaria se, como muitos acreditam, a sepultura fosse o fim de tudo. Você está aqui, um espasmo de metabolismo celular que vive sua história (muitas vezes com dor, sofrimento e medo), e depois termina. De uma forma ou de outra, quando todas essas células morrem, nada resta, a não ser o corpo, no qual os bichos e bactérias se alimentam, até que eles também morrem.

Com esse destino, em um Universo tão imenso, parece que nosso planeta, e ainda mais nossa vida individual, são tão insignificantes como se não fossem nada além de uma piada cruel, que a maioria não acha engraçada.

Em contraste com esse cenário, considere o que recebemos em Cristo. Pense no que foi oferecido a nós por meio de Jesus. Medite no que o plano da salvação nos diz sobre nosso valor, e sobre o que foi feito por nós para que não tivéssemos que enfrentar o destino descrito acima.

2. O que recebemos em Cristo? O que essas coisas devem significar para nós? Como essas promessas devem afetar cada aspecto da nossa existência? 1Co 15:51, 52; Ap 21:4; Gl 3:13; Ef 1:6, 7; Ap 22:1-5
“Falo do sistema do dízimo. Contudo, como me parece mesquinho à mente! Quão pequeno o preço! Como é inútil o esforço de medir com regras matemáticas o tempo, dinheiro e amor em face de um amor e sacrifício incomensuráveis e que não se podem avaliar. Dízimos para Cristo! Oh, mesquinha esmola, vergonhosa recompensa por aquilo que tanto custou. Da cruz do Calvário, Cristo pede uma entrega incondicional” (Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v. 4, p. 119, 120).

Depois de tudo que Cristo fez em seu favor, você não pode exercer fé suficiente e devolver a Ele uma pequena parte do que você recebeu?

Terça
Ano Bíblico: Filemon

A responsabilidade para consigo mesmo


Jesus disse com muita clareza: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:39). Um texto muito interessante, à luz da ideia de que, muitas vezes, consideramos o amor a si mesmo como o ponto mais alto de tudo o que se opõe tanto ao cristianismo quanto à ideia do verdadeiro altruísmo.

3. O que Jesus quis dizer com essas palavras? Como podemos interpretá-las e aplicá-las, de maneira que reflita a essência do genuíno cristianismo? Mt 22:39
O amor a si mesmo, no sentido cristão, não é egoísmo, não é se colocar à frente de todos e de qualquer coisa. Ao contrário, o amor a si mesmo significa que, ao entender seu próprio valor diante de Deus, você procura viver da melhor maneira possível, sabendo que os resultados dessa vida beneficiarão não apenas a si mesmo (o que é bom), mas também aqueles com quem você entrar em contato, o que é ainda mais importante.

4. Qual é a relação entre a admoestação de Jesus, acima, e os textos abaixo?

A redenção que o pecador obtém em Cristo traz tal unidade com Ele (Gl 2:20) que o cristão deseja viver de acordo com os impulsos de Cristo. O pecador deseja ter a mente de Cristo, não viver mais para si mesmo, mas para Ele, e atender ao chamado à santidade (separação de coisas como paixões, tendências pecaminosas da cultura e impureza moral). Se você ama a si mesmo, deseja o que é melhor para si, e o melhor para você é uma vida comprometida com Deus, que reflete o caráter e amor de Deus, vivida para o bem dos outros. O caminho mais seguro para garantir uma existência miserável é viver apenas para si, nunca pensando no bem dos outros.

Pense mais no que significa amar a si mesmo no sentido cristão. É fácil corromper esse tipo de amor, transformando-o em egocentrismo autodestrutivo? Qual é a única maneira de se proteger contra essa armadilha?

Quarta
Ano Bíblico: Hb 1–3


O casamento cristão


Os seres humanos são seres sociais. Em casa e no trabalho, e em locais públicos e cívicos, as pessoas estão envolvidas em todos os tipos de relacionamentos. O comportamento cristão responsável deve ser evidente em todos esses níveis, e a Bíblia tem princípios relevantes para orientar esses relacionamentos.

5. Qual é a definição bíblica de casamento? Gn 2:21-25; Ml 2:14; Ef 5:28

Hoje se diz que o casamento é difícil de definir, porque o significado do casamento é diferente para pessoas, épocas e culturas diferentes. A Bíblia, porém, não tem essa ideia flexível do casamento. Segundo a Bíblia, o casamento é uma instituição estabelecida por Deus, na qual dois adultos sexualmente diferentes assumem o pacto de compartilhar um relacionamento pessoal, íntimo e duradouro. O casamento bíblico valoriza a igualdade entre homem e mulher. É um profundo vínculo de unidade, em que os objetivos estão harmonizados e há um senso de permanência, fidelidade e confiança. Como ocorre no relacionamento com Deus, a relação entre marido e mulher deve ser guardada de modo sagrado.

Como sabemos muito bem, o casamento, mesmo na igreja, tornou-se algo que é, muitas vezes, tratado com leviandade. As pessoas entram em uma união que eles acreditam que Deus criou, e então, quando as coisas ficam difíceis, se apresentam diante de um juiz humano que, por meio de leis e regras feitas pelo homem, separam o que Deus uniu. Sabemos que algo está terrivelmente errado com esse quadro. No entanto, lutamos para saber o que fazer nessas situações.

Juntamente com as questões da poligamia, concubinato, divórcio, novo casamento, e a prática da homossexualidade, que desafios da sexualidade humana você identifica na sociedade de hoje?

6. Que conselhos fundamentados na Bíblia você pode dar sobre essas questões? (Divida a classe em duplas e peça que os alunos encontrem um texto bíblico sobre o assunto e depois partilhem com os demais.)

Adultério, fornicação e pornografia se espalham na sociedade de hoje, e essas dificilmente são as piores coisas que ocorrem no mundo. No entanto, Deus continua olhando compassiva e misericordiosamente para as falhas humanas. Porém, essas práticas podem e devem ser superadas por meio da graça de Cristo. Os esforços para redimir devem ter um objetivo elevado, a fim de atingir os ideais de Deus, em lugar de buscar justificar e desculpar o pecado, utilizando uma série de desculpas e restrições culturais.

Quinta
Ano Bíblico: Hb 4–6


Conduta cristã


Além da família, o cristão tem outros relacionamentos sociais e profissionais, um claro reconhecimento da visão bíblica de que os cristãos estão no mundo, mas não são do mundo (Jo 17:14-18).

7. Considere as seguintes três áreas da vida cotidiana e comente sobre as responsabilidades do cristão no que diz respeito ao estilo de vida e comportamento:

I) Relacionamento entre patrão e empregado (
Tg 5:4-6; Ef 6:5-9). Além de considerar os empregados como iguais em Cristo, o empregador cristão deve ser guiado pelo princípio de que o trabalho adequado exige compensação adequada. Por outro lado, os trabalhadores cristãos também devem resistir à tentação de ser preguiçosos no trabalho.

“Os pais não podem cometer pecado maior que permitir que seus filhos nada tenham para fazer. As crianças aprendem logo a amar a ociosidade, e se tornam homens e mulheres inúteis e ineficientes. Quando tiverem idade suficiente para ganhar sua subsistência e achar ocupação, trabalharão de modo negligente e preguiçoso, e contudo esperarão ser remunerados como se fossem fiéis” (Ellen G. White,
Parábolas de Jesus, p. 345).

II) Deveres cívicos (
Rm 13:1-7). Os cristãos colocam Deus em primeiro lugar em todas as coisas e avaliam todas as ações e responsabilidades a partir dessa perspectiva. Por essa razão, o cristão se oporá, por exemplo, a toda discriminação, sob qualquer forma, mesmo que seja sancionada oficialmente. Ao mesmo tempo, “a lealdade a Deus em primeiro lugar não autoriza ninguém a se tornar independente e criar desarmonia social e caos. Os cristãos pagam impostos, participam dos deveres cívicos, respeitam as leis de trânsito e de propriedade, e cooperam com as autoridades civis em restringir ou controlar a criminalidade e violência” (Handbook of Seventh-day Adventist Theology [Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia]; Maryland, Review and Herald Publishing Association, 2000, p. 701).

III) Responsabilidade social (
Is 61:1-3; Mt 25:31-46). Comente a seguinte declaração à luz dos textos citados acima: “O cristão pode exercer sua vocação de buscar o reino de Deus se, motivado pelo amor ao próximo, prossegue em seu trabalho nas comunidades morais da família e da vida econômica, cívica e política. ... Somente pelo envolvimento no trabalho cívico em prol do bem comum, pela fidelidade na vocação social, é possível ser fiel ao exemplo de Cristo” (H. Richard Niebuhr, Christ and Culture [Cristo e a Cultura]; HarperCollins Publishers, 1996, p. 97).

Em seu trabalho e interação social, as pessoas conseguem detectar seus valores cristãos? Seja honesto com você mesmo (não importa quanto isso seja doloroso!). Que aspectos de sua vida atraem pessoas à sua fé? O que sua resposta diz sobre sua maneira de viver?

Sexta
Ano Bíblico: Hb 7–9

Estudo adicional


Leia da Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, Nisto Cremos, edição de 2010, capítulos 22 e 23; e de Miroslav M. Kis, “Estilo de Vida e Comportamento do Cristão”, em Raoul Dederen (editor), Handbook of Seventh-day Adventist Theology [Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia], p. 675-723.

“O sistema de doação foi ordenado a fim de evitar o grande mal: a avareza. Cristo viu que, no desempenho dos negócios, o amor às riquezas seria a maior causa da eliminação da verdadeira piedade do coração. Ele viu que o amor ao dinheiro se congelaria profunda e solidamente no coração humano, fazendo parar o fluxo de generosos impulsos e bloqueando seus sentimentos às necessidades dos sofredores e aflitos” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 547).

“Se alguém possui saúde e energia, esse é seu capital, e ele precisa fazer correto uso dele. Se despende horas em ociosidade e desnecessárias visitas e conversas, é relapso nos negócios, o que a Palavra de Deus proíbe. Esses têm um trabalho a fazer para prover suas famílias e pôr de parte meios, para fins caritativos, conforme Deus os prosperar (
1Co 16:2).

“Não fomos postos neste mundo meramente para cuidar de nós mesmos, mas somos chamados a ajudar na grande obra da salvação, imitando assim a vida de Cristo, abnegada, altruísta e útil” (Ellen G. White, 
Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 325).

Perguntas para reflexão

1. A questão do casamento e o divórcio é motivo de grande preocupação, como deveria ser, tendo em conta que o divórcio é tão excessivo em alguns países. Como podemos aplicar o claro ensino da Bíblia, ao abordar esse tema? Se aplicássemos os ensinamentos de Jesus de maneira mais rigorosa, as pessoas estariam menos propensas ao divórcio? Comente essa questão.

2. Pense mais na questão do dízimo. Alguns argumentam que deveriam ser livres para dar o dízimo a quem quisessem, em vez de utilizar os canais do corpo da igreja organizada, da qual são membros. Qual é o grande perigo dessa atitude?

Respostas sugestivas: 1. Lembrando que as bênçãos vêm de Deus e devem ser usadas para Sua glória; sendo fiel ao Senhor; colocando o interesse dos outros acima dos meus; dedicando a vida para salvar pessoas. 2. Esperança de ressurreição e transformação; libertação das lágrimas, morte, tristeza, dor e da maldição da lei; perdão e vida eterna, na presença de Deus; essas promessas devem nos levar a testemunhar do amor de Deus. 3. Assim como amamos e cuidamos de nós mesmos, devemos amar nosso próximo. 4. Se Jesus Se humilhou por amor aos outros, devemos igualmente ser humildes ao lidar com o próximo; Jesus Se tornou igual a nós; não devemos nos sentir superiores aos semelhantes; devemos dar a vida pelos outros; assim glorificamos a Deus. 5. A união entre o homem e a mulher, quando deixam o pai e a mãe e se tornam uma só carne; aliança vitalícia de fidelidade matrimonial; uma união de amor em que o marido deve amar sua mulher como ao seu próprio corpo. 6. Dê três minutos a cada dupla para essa atividade, e depois conceda um minuto a cada uma delas, para mencionar os textos encontrados. 7. Sugestão: divida a classe em três grupos, dê a cada um deles duas tarefas: (1) examinar uma das três responsabilidades citadas e (2) sugerir coisas que podem ser feitas para cumprir essas responsabilidades.



Resumo da lição 11 – A vida cristã



Texto-chave: 1 João 3:16

O aluno deverá:

Conhecer:
 As responsabilidades do cristão com relação ao tempo, talentos e outros recursos pessoais e materiais, e suas responsabilidades para com a família e a comunidade.

Sentir: A generosidade e benevolência que o exemplo de auto-sacrifício de Cristo inspira.

Fazer: Dar aos outros tão generosamente quanto Deus lhe tem dado.

Esboço do aprendizado

I. Conhecer: Interessados, simpáticos e compreensivos

A. Que riqueza deu Deus aos cristãos, e como são devidas a Ele?

B. Que princípios orientadores da mordomia norteiam a responsabilidade do cristão em relação aos dons das posses e relacionamentos?

II. Sentir: A fonte de todo bem

A. Que exemplos deu Cristo de auto-sacrifício e generosidade?

B. Que resposta a benevolência de Cristo requer de Seus seguidores, e como essas emoções e resultantes ações podem nos guardar contra o egoísmo e a cobiça?

III. Fazer: Dar

A. Como os cristãos podem devolver a Deus, à família, à comunidade e ao mundo em geral de forma a completar o círculo de benevolência?

B. Como o cultivo da beleza e da santidade do casamento reflete o relacionamento dos cristãos com Deus?

C. Quais são as responsabilidades civis dos cristãos em sua vizinhança, sua nação e para com a comunidade global?

Resumo: Deus conferiu dons aos Seus filhos e demonstrou pela vida de Cristo o altruísmo que caracteriza Sua natureza. Seus filhos são chamados a refletir Sua benevolência no uso de Seus dons de recursos pessoais, materiais, familiares e da sociedade.

Ciclo do aprendizado

MOTIVAÇÃO

Conceito-chave para o crescimento espiritual: O cristianismo prático inclui viver e administrar nossa vida cotidiana de forma que reflita nosso amor a Deus e pelos que nos rodeiam.

Só para o professor: Na primeira seção, nosso objetivo é ajudar os membros da classe a refletir sobre o que é alcançado pela vida cristã prática.

Discussão de abertura: O que a expressão cristianismo prático transmite a você? A lição desta semana destaca temas que ligados às relações patrão/empregado, aos deveres cívicos, ao casamento cristão, à auto-estima, ao dízimo e a mordomia, e os relaciona à prática do cristianismo. Refletindo sobre os vários temas em conjunto, a lição levanta a questão: Como podemos praticar a experiência cristã e espiritual em nossa vida cotidiana e em nossos relacionamentos?

Pergunta para consideração: Como você definiria um estilo de vida cristão e o que o torna cristão?

Compreensão

Só para o professor: É essencial aprofundar o relacionamento entre Deus e os nossos bens e as implicações que essa relação representa para nossa fé e doações dentro do contexto da experiência diária.



Comentário Bíblico

I. Não se esqueça!

(Leia com membros de sua classe 
Deuteronômio 8:11-20.)

O erudito J.A. Thompson afirma: "Deuteronômio é um dos maiores livros do Antigo Testamento. Sua influência sobre a religião doméstica e pessoal de todas as eras não foi superada por qualquer outro livro da Bíblia. Ele é citado mais de oitenta vezes no Novo Testamento e, portanto, pertence a um pequeno grupo de quatro livros do Antigo Testamento a que os primeiros cristãos faziam referência frequente" (Deuteronomy: An Introduction and Commentary [Deuteronômio: Introdução e Comentário; Londres: Inter-Varsity Press, 1974], p. 11). Em Deuteronômio, os discursos de Moisés reportam a história da origem de Israel, seguida da atenção à lei cerimonial com as questões de culto, alimentos puros e impuros e os dízimos. Além disso, as ordenanças civis, bem como as diversas legislações sobre o casamento, sobre pais e filhos desobedientes, são abordados.

É também em Deuteronômio 8 que Moisés lembra aos filhos de Israel a últimas misericórdias de Deus para com eles. Ele lhes diz: "Pois o Senhor, o seu Deus, os está levando a uma boa terra...  terra de trigo e cevada, videiras e figueiras, de romãzeiras, azeite de oliva e mel...,  terra onde não faltará pão e onde não terão falta de nada. [...]  Depois que tiverem comido até ficarem satisfeitos, louvem o Senhor, o seu Deus, pela boa terra que lhes deu" (v. 7-10, NVI).

Observe cuidadosamente a admoestação forte que se segue: "Tenham o cuidado de não se esquecer do Senhor, o seu Deus, deixando de obedecer aos Seus mandamentos, às Suas ordenanças e aos Seus decretos que hoje lhes ordeno. Não aconteça que, depois de terem comido até ficarem satisfeitos, de terem construído boas casas e nelas morado, de aumentarem os seus rebanhos, a sua prata e o seu ouro, e todos os seus bens, o seu coração fique orgulhoso e vocês se esqueçam do Senhor, o seu Deus, que os tirou do Egito, da terra da escravidão. [...] Não digam, pois, em seu coração: ‘A minha capacidade e a força das minhas mãos ajuntaram para mim toda esta riqueza’. Mas lembrem-se do Senhor, o seu Deus, pois é Ele que lhes dá a capacidade de produzir riqueza, confirmando a aliança que jurou aos seus antepassados, conforme hoje se vê" (v. 11-18, NVI).

O valor dessas palavras não é apenas por ser um lembrete aos filhos de Israel sobre sua dívida para com Deus por tudo, mas a importância de longo alcance das palavras é significativa também para nosso tempo histórico e nossa experiência de vida.

Jesus repetiu as palavras de Moisés sobre as posses. Na verdade, Ele falou sobre a riqueza, dinheiro e posses mais do que sobre qualquer outro assunto. Ele fez isso em relação à vida cotidiana, abordando o dinheiro gasto no mercado e pela família.

Por quê? Parece que a advertência de Moisés havia sido esquecida. Esse mesmo perigo está presente quando, hoje, nos esquecemos de Deus como provedor, e atribuímos ao dinheiro um poder divino que faz pensar que estamos no controle e somos autônomos.

Pense nisto: O dinheiro existe no reino das coisas que podem ser adoradas. Mas, de acordo com Moisés, por que Deus deu a Seu povo o poder de adquirir riquezas? Qual é a relação entre deixar de honrar os mandamentos e o culto ao dinheiro? Como a obediência à lei pode ser uma salvaguarda contra a adoração de Mamom?

II. Fé e confiança

Hoje, em muitos países, são abundantes os mitos culturais no que diz respeito à riqueza e às posses. Esses mitos dizem que as coisas trazem felicidade, e que ter um pouco mais de dinheiro é a resposta. No entanto, a verdade bíblica afirma que a qualidade da vida não está refletida na abundância de bens, e que aquele que ama o dinheiro nunca terá o suficiente.

Essa verdade nos leva ao cerne da vida cristã prática em relação à fé e à confiança. Em que as pessoas normalmente têm fé ao tomar decisões sobre como vão ganhar, dar e gastar seu dinheiro? A resposta a essa questão cultural está na própria capacidade, no trabalho, no seguro da casa, nos investimentos, pensões, filhos, educação e bens.

Em quem a Bíblia diz que devemos colocar nossa confiança? A resposta está em DEUS.

Portanto, um estilo de vida cristão terá valores diferentes do consumismo. Terá sua base na fé e também em dar generosamente.

Pense nisto: Que princípios bíblicos devem moldar nossas atitudes e práticas quanto ao uso do dinheiro? Qual diz a Bíblia ser a verdadeira fonte da felicidade? Por que a fonte da verdadeira alegria não pode ser encontrada nas coisas materiais?

III. Dízimos e ofertas

A devolução do dízimo e a doação de ofertas é um poderoso antídoto contra o perigo do esquecimento de Deus e submissão à força da cultura e seus mitos sobre os bens e o dinheiro. Ao dizimar fiel e regularmente, estamos participando do ato de adoração que coloca Deus em Seu devido lugar, que é o primeiro lugar em nossa vida e em todas as nossas relações diárias.

O livreto Fé e Finanças: Planejamento Financeiro Como Fator de Fé, do Departamento de Mordomia da Divisão Norte-Americana, afirma: "À medida que dizimamos, colocamos Deus em primeiro lugar. Reconhecemos que Ele é o dono de tudo o que temos em nossas mãos. Admitimos que somos administradores-gerentes (p. 36).

Esse livreto muito útil também apresenta "passos simples para dizimar com alegria". São os seguintes, de forma resumida e adaptada (p. 36, 37):

Passo 1: Aceitamos nosso relacionamento com Deus. Devemos primeiramente reconhecer que a verdadeira adoração só pode vir de um coração em sintonia com Deus. Assim, o primeiro passo é aceitar nosso relacionamento com Deus.
Passo 2: Aceitamos Deus como criador.

Como criador, Ele provê todas as nossas necessidades. Reconhecemos essa verdade no ato de adoração a Ele, colocando-O em primeiro lugar na devolução de nosso dízimo. Ao buscar Seu reino e Sua justiça em primeiro lugar, fazemos a escolha de viver uma nova vida. Dessa forma, o dízimo é uma ferramenta que nos ajuda a mudar nossas prioridades.

Passo 3: Renunciamos à nossa propriedade e aceitamos a Sua.

Adoramos a Deus com nosso dízimo para nos lembrar de que tudo pertence a Ele e de que precisamos de Sua ajuda para administrar os 100 por cento para Sua honra e glória. Dessa forma, aceitamos nossa responsabilidade de supervisionar cuidadosamente todos os dons que Ele colocou ao nosso cuidado.

Passo 4: Reconhecemos o cuidado, a orientação e o amor de Deus.
O dízimo que devolvemos a Deus nos lembra de que Ele cuida de nós, que Ele está intimamente envolvido em todos os detalhes de nossa vida e que, antes de dar o dízimo, Ele já supre todas as nossas necessidades diárias.

Passo 5: Aceitamos que devemos ser santos para Deus.

Por ser Ele o proprietário, e por pertencermos a Ele, Ele nos faz santos e nos separa totalmente para Seu uso especial. No dízimo, podemos reconhecer que somos completamente Seus, e cada parte de nossa vida pertence a Ele. Assim, nosso dízimo se torna uma confissão de que nós, também, somos "separados" por Deus.

Passo 6: Reconsagramos a vida a Deus.

Quando aceitamos que o dízimo é santo, e que pertence a Deus, reconhecemos a bênção que temos em lidar com o que é santo. Para fazer isso bem, temos de levar nosso dízimo a Ele no contexto de nossa experiência diária com Deus. O dízimo torna-se então uma oportunidade para reconsagração completa da vida a Deus.

Pense nisto: De que forma o dízimo nos fornece uma ferramenta para adorar a Deus? De que forma isso nos ajuda a pôr Deus em primeiro lugar em nossa vida em todos os sentidos? Como o dízimo deve ser um reconhecimento tangível de nosso incrível relacionamento com Ele?

Aplicação

Só para o professor: Divida os membros de sua classe em pequenos grupos (de três a cinco cada, se possível) e peça que comentem as seguintes questões. Em seguida, reúna todos e convide-os a partilhar suas respostas.

Atividade: Como criador de todas as coisas, Deus nunca transferiu a propriedade de Sua criação para as pessoas. Quando reconhecemos essa verdade, cada decisão de gasto também se torna uma decisão espiritual. A questão pertinente, em seguida, não será "Senhor, o que queres que eu faça com o meu dinheiro?", Mas sim: "Senhor, o que queres que eu faça com o Teu dinheiro?"

Como podemos nos lembrar constantemente e nos tornar conscientes da propriedade de Deus?

Como podemos ir além do reconhecimento intelectual da propriedade de Deus e comunicar essa informação ao nosso coração e ações cotidianas?

Além de devolver os dízimos e dar ofertas, onde mais e em que mais, em termos dos dons de Deus para mim, posso ser capaz de dar?

Criatividade
Só para o professor: Forneça papel ou cartões e caneta ou lápis, se houver. Como alternativa, este exercício pode ser realizado sem o material, simplesmente discutindo a resposta à pergunta. Divida sua classe em pequenos grupos (de três a cinco cada, se possível). Peça que trabalhem em conjunto sobre esta atividade e, quando terminarem, convide cada pequeno grupo a compartilhar suas respostas com a classe em geral.

Atividade: Dentro de seu pequeno grupo, criem e escrevam o epitáfio de um mordomo fiel. Qual poderia ser?

Pensamento de conclusão: Muitas vezes, os epitáfios são culpados de elogiar demais ou dizer muito pouco. Parte do problema com os epitáfios é sua brevidade: eles são necessariamente breves. Afinal, uma lápide tem espaço limitado sobre o qual inscrever muito mais do que nome e data de nascimento e de óbito do falecido. O outro problema é a tendência de sentimentalizar as qualidades do morto para, talvez, dourar o pior pecador com qualidades santas que ele nunca possuiu, no esforço de apagar lembranças dolorosas ou decepções que ele provocou, enquanto viveu.

Seja qual for o caso, nem sempre um epitáfio fornece a descrição mais exata do caráter do falecido. À luz desses pensamentos, considere o epitáfio que você escreveu. Como você pode fazer para não cair nem no exagero nem no eufemismo? Ou, dizendo de outra forma, como os princípios que você aprendeu nesta semana podem ajudar essa verdade a ser vivida agora e não ser mera inscrição em granito polido quando você estiver sete palmos abaixo da terra?


Comentário da Lição 11 – A Vida Cristã


Felippe Amorim
Professor de História, Ensino Básico Iaene e Graduando em Teologia, Salt-Iaene, 2012
Otoniel de Lima Ferreira
D.Min. Professor de Evangelismo e Crescimento de Igreja Salt-Iaene


Introdução

Um dos mais revolucionários períodos da história do cristianismo foi a época da Reforma Protestante. Grandes homens de Deus se levantaram nesse período. Porém, o que mais marcou esse acontecimento histórico foi a doutrina da justificação pela fé. Eles anunciaram com veemência a salvação somente pela graça de Cristo.

Um dos textos-fundamentais para essa importante doutrina está em Efésios 2:8-10. Esses versos nos dizem muito. Além de exaltarem a graça de Deus, ainda nos mostram qual é o resultado da salvação. Fomos salvos para as boas obras. Encontramos um conceito parecido na metáfora do cristão como luz do mundo e sal da Terra. O texto termina desta maneira: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos Céus” (Mt 5:16). Existe um padrão estabelecido por Deus para a vida do cristão. As boas obras devem ser uma preocupação constante na vida do cristão e apenas precisam ser colocadas no lugar certo.

Mordomia cristã

Antigamente, quando se pensava em mordomia, se imaginava apenas dízimos e ofertas. A mordomia cristã por algum tempo deu muita ênfase apenas ao dinheiro e ao comportamento. Isso representou grande prejuízo para a geração presente. Com isso, não vai uma crítica aos líderes do passado, pois eles tentaram fazer o seu melhor.

Para entendermos mordomia cristã é útil começarmos pela definição de mordomo: “Pessoa encarregada de gerenciar e ser responsável pela propriedade ou negócios de outrem” (Tratado de Teologia Adventista, p. 722).

Quando tratamos de mordomia quanto às coisas de Deus, então nos referimos a um conceito mais amplo. A aplicação da definição para a vida cristã ficaria assim:  Mordomia é mais que uma doutrina bíblica, é tudo de mim em resposta ao tudo de Deus (Seminário de Enriquecimento Espiritual I – Divisão Sul-Americana). Mordomia é cuidar dos negócios de Deus na Terra e administrar tudo que Deus nos dá.

Em diversos lugares na Bíblia encontramos a figura do mordomo como um empregado com autoridade sobre a administração dos bens do senhor. Abaixo seguem três exemplos:

1 – “Disse Abraão ao seu servo, o mais antigo da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe a tua mão debaixo da minha coxa” (Gn 24:2).

2 - Depois disse Faraó a José: Porquanto Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu. Tu estarás sobre a minha casa, e por tua voz se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu (Gn 41: 39, 40).

3 – “Assim José achou graça aos olhos dele, e o servia; de modo que o fez mordomo da sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha” (Gn 39:4).

É nesse sentido que a palavra mordomia é aplicada ao contexto cristão. Assim como os servos na antiguidade, nós também devemos cuidar de tudo que pertence a Deus. A palavra grega para mordomo é oikonomos, ou seja, aquele que guarda a casa. Daí derivaoikonomia,que é a administração da casa. Podemos encontrar esse conceito nos seguintes textos bíblicos: Lucas 16:2-4, 1 Coríntios 9:17, Efésios 1:10. Sendo assim, cada cristão é um oikonomos. “Servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4:10).

Podemos começar a entender a mordomia pela criação. Deus é o Criador, portanto, o dono de tudo. Adão e Eva deveriam ser mordomos da criação. “A narrativa é cuidadosamente redigida a fim de esclarecer para sempre (1) a soberania de Deus, Sua condição de proprietário e Seu direito de precedência; (2) nossa tarefa de cultivar e guardar a Terra; (3) nossa responsabilidade e dever de prestar contas como seres morais, criados à imagem de Deus” (Tratado de Teologia Adventista, p. 725)

A Bíblia repete este conceito da total posse de Deus em textos como o Salmo 24:1 e 50:10-12. A própria árvore do conhecimento do bem e do mal no Éden era um símbolo da soberania de Deus. Outro conceito importante a respeito da mordomia é que só podemos usar os bens do proprietário como Ele determinar.

A mordomia nos dízimos

Algumas pessoas não conseguem ficar à vontade com o assunto dos dízimos e ofertas. Isso acontece porque elas ainda não compreenderam a fundo o que significa o ato de devolver os dízimos. Esse ato é simplesmente um reconhecimento das bênçãos recebidas de Deus. O Senhor supre nossas necessidades básicas.

Muitos encaram o dízimo como a ação do homem para provocar a reação de Deus. Na realidade, a devolução do dízimo é uma reação do homem às bênçãos que ele já recebeu de Deus. Somente um coração grato pode dizimar da forma correta.

Vamos analisar o que a Bíblia fala a respeito dos dízimos. Em Gênesis 14:18-20 encontramos Abrão devolvendo o dízimo: “Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo; e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da Terra! E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo”.

Jacó também teve essa atitude: “Esta pedra que tenho posto como coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente Te darei o dízimo” (Gn 28:22). Encontramos também os dízimos como forma de reconhecimento de Deus como proprietário: “Também todos os dízimos da terra, quer dos cereais, quer do fruto das árvores, pertencem ao Senhor; santos são ao Senhor”

(Lv 27:30).  Ainda encontramos a ligação entre os dízimos e a honra a Deus: “Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda” (Pv 3:9).

Em Números 18:21, encontramos o propósito dos dízimos: “Eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, o serviço da tenda da revelação”. Os filhos de Levi eram os líderes espirituais da igreja naquela época. “No mesmo dia foram nomeados homens sobre as câmaras do tesouro para as ofertas alçadas, as primícias e os dízimos, para nelas recolherem, dos campos, das cidades, os quinhões designados pela lei para os sacerdotes e para os levitas; pois Judá se alegrava por estarem os sacerdotes e os levitas no seu posto” (Ne 12:44). Lemos ainda: “Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, porque Ele é o que te dá força para adquirires riquezas; a fim de confirmar o seu pacto, que jurou a teus pais, como hoje se vê” (Dt 8:18).

A mais clássica, incisiva e conhecida passagem sobre dízimos e ofertas é a de Malaquias 3:8-12: “‘Pode um homem roubar de Deus? Contudo vocês estão Me roubando. E ainda perguntam: ‘Como é que Te roubamos?’ Nos dízimos e nas ofertas. Vocês estão debaixo de grande maldição porque estão Me roubando; a nação toda está Me roubando. Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em Minha casa. Ponham-Me à prova’, diz o Senhor dos Exércitos, ‘e vejam se não vou abrir as comportas dos Céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las. Impedirei que pragas devorem suas colheitas, e as videiras nos campos não perderão o seu fruto’, diz o Senhor dos Exércitos. ‘Então todas as nações os chamarão felizes, porque a terra de vocês será maravilhosa’, diz o Senhor dos Exércitos.’”

“Como a ti mesmo”

Outra parte muito importante da mordomia cristã é o cuidado com o corpo, o qual recebemos de Deus. A Bíblia diz: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22:39). Não mais que a nós mesmos nem menos, mas “como a ti mesmo”. Apenas poderemos amar e cuidar do nosso próximo à medida que amamos e cuidamos de nós mesmos. Não devemos confundir com egoísmo. Cuidar de si mesmo conforme o ensinamento bíblico não é o narcisismo vivido por alguns.

Ellen White escreveu: “O cérebro é a capital do corpo, a sede de todas as forças nervosas e da ação mental. Os nervos procedentes do cérebro controlam o corpo. Pelos nervos do cérebro são transmitidas impressões mentais para todos os membros do corpo, como se fossem fios telegráficos. Eles controlam a ação vital de todas as partes do organismo. Todos os órgãos de movimento são governados pelas comunicações que recebem do cérebro” (Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 69).

“Satanás se aproxima do homem com suas tentações, como um anjo de luz, como fez com Cristo. Ele tem trabalhado para levar o homem a um estado de fraqueza física e moral, a fim de o poder vencer com suas tentações, triunfando em seguida sobre sua ruína. E tem sido bem-sucedido em tentar o homem a condescender com o apetite, a despeito dos resultados. Sabe bem ser impossível ao homem desempenhar-se de suas obrigações para com Deus e seus semelhantes, enquanto prejudica as faculdades que Deus lhe deu. O cérebro é a capital do corpo. Se as faculdades perceptivas se obscurecem devido à intemperança de qualquer espécie, as coisas eternas deixam de ser discernidas” (Mensagens aos Jovens, p. 236).

O cuidado com o corpo é uma área importante da mordomia cristã, como vemos em Romanos 12:1-2.” Quando Paulo escreveu a expressão “sacrifício vivo”, certamente estava pensando nos rituais do santuário. Como um bom judeu, ele conhecia bem as regras para escolher um cordeiro para ser imolado no lugar do pecador. Deveria ser um cordeiro sem mácula e sem defeito (Lv 1:10). Somos convocados a nos apresentarmos a Deus como um sacrifício, mas ao contrário dos cordeiros do templo, nós não precisamos morrer, pois Jesus já morreu em nosso lugar. Devemos ser um sacrifício vivo. Contudo, os cuidados com a qualidade do sacrifício no templo do Antigo Testamento devem nos indicar os cuidados com nosso próprio corpo. Na primeira parte do verso, Paulo indica que Deus considera todos os aspectos da vida do adorador, inclusive o físico.

O apóstolo chamou a atenção para os cuidados que devemos ter com nossa saúde física quando nos apresentamos diante dEle. Ellen White confirma essa preocupação: “Os homens podem, portanto, tornar impuro seu corpo, por pecaminosas condescendências. Não santificados, estão inaptos para ser adoradores espirituais, e não são dignos do Céu. Se o homem abraçar a luz que em misericórdia Deus lhe dá com respeito à reforma de saúde, ele pode ser santificado pela verdade e habilitado para a imortalidade. Mas se desprezar essa luz e viver em transgressão à lei natural, terá que pagar a penalidade” (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 70).

Em referência ao mesmo texto, ela disse: “Onde quer que possam estar, aqueles que estão verdadeiramente santificados haverão de elevar a norma da moral, conservando corretos hábitos físicos e, como Daniel, apresentando aos outros um exemplo de temperança e renúncia. Cada apetite depravado se torna uma concupiscência. Tudo que combate a lei natural cria um estado doentio. A condescendência com o apetite produz má digestão, enfraquece o fígado, aflige a mente e, assim, perverte o temperamento e a mente do homem. E essas faculdades debilitadas são ofertadas a Deus, que não aceitava as vítimas para o sacrifício, a menos que fossem imaculadas! É nosso dever manter nossos apetites e hábitos de vida em conformidade com a lei natural. Se os corpos oferecidos sobre o altar de Cristo fossem examinados minuciosamente como os sacrifícios dos judeus, quem seria aceito? [...] O coração não pode manter consagração a Deus, enquanto os apetites e as paixões são satisfeitos à custa da saúde e da vida. Aqueles que transgridem as leis das quais depende a saúde, deverão sofrer a penalidade. Eles têm de tal modo limitado suas capacidades em todo sentido, que não podem, devidamente, desempenhar seus deveres para com os semelhantes e assim deixam, totalmente, de atender às exigências de Deus” (Santificação, p. 29).

Todos os cristãos, especialmente aqueles que receberam luz especial sobre a reforma de saúde, devem estar atentos às advertências inspiradas a respeito desse assunto. Os que professam anunciar as três mensagens angélicas estão, de certa forma, vinculados a essa mensagem: “A reforma de saúde, foi-me mostrado, é parte da terceira mensagem angélica, e está com ela tão intimamente relacionada como está o braço e a mão com o corpo humano” (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 32). A terceira mensagem angélica diz respeito à adoração e nenhuma mente entorpecida por um corpo doente pode adorar da maneira correta.

Para que não existam dúvidas do que seria esta mensagem de saúde, podemos dizer sucintamente que a reforma de saúde consiste em aplicar à vida os oito remédios naturais estabelecidos por Deus: “Ar puro, luz solar, abstinência, repouso, exercício, regime conveniente, uso de água e confiança no poder divino” (A Ciência do Bom Viver, p. 127).

Não podemos descuidar também da nossa espiritualidade, pois, disso depende nossa salvação. Ellen White escreveu: “O tempo dedicado ao estudo da Palavra de Deus e à oração trará lucro centuplicado” (Review and Herald, 11 de junho de 1908).

A mordomia da conduta
Deus estabeleceu alguns princípios para regermos nossos relacionamentos. No contexto do trabalho, o nosso testemunho cristão é muito importante, como percebemos em Tiago 5:4-6 e Efésios 6:5-9.

A mordomia também envolve a responsabilidade dos pais: “Os pais não podem cometer pecado maior que permitir que seus filhos nada tenham para fazer. As crianças aprendem logo a amar a ociosidade, e se tornam homens e mulheres inúteis e ineficientes. Quando tiverem idade suficiente para ganhar sua subsistência e achar ocupação, trabalharão de modo negligente e preguiçoso, e contudo esperarão ser remunerados como se fossem fiéis" (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 345).

Se encararmos a mordomia cristã a partir do prisma de que Deus é o dono de tudo que somos e temos, compreenderemos as verdadeiras bênçãos de sermos mordomos fiéis de Deus.


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