sexta-feira, 1 de junho de 2012

Escola Sabatina: Evangelismo e Testemunho - Lição 10 - Uma resposta de amor


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Lição 10 – de 2 a 9 de junho
Uma resposta de amor
 
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Sábado à tarde
Ano Bíblico: Jó 3–5
VERSO PARA MEMORIZAR: “Se vocês Me amam, obedecerão aos Meus mandamentos” (Jo 14:15, NVI).

Pensamento-chave: Devemos trabalhar para ganhar pessoas para Cristo. No entanto, precisamos refletir sobre a seguinte questão: O que nos motiva a fazer isso?
Embora nosso Verso Para Memorizar seja mais frequentemente considerado uma referência aos Dez Mandamentos, há também outros mandamentos incluídos. Um dos mais importantes é: “Vão e façam discípulos de todas as nações” (Mt 28:19, 20, NVI ).


Nossa motivação para testemunhar e evangelizar deve ser principalmente a graça de Deus concedida a nós e não um sentimento de culpa, simples obrigação, ou dívida. Não é preciso ser psicólogo comportamental para saber que quase tudo que fazemos é uma resposta a alguma coisa. Isso será verdade também acerca do nosso envolvimento no testemunho e evangelismo. Podemos descobrir nossa motivação simplesmente perguntando por que fazemos o que fazemos. Por que nos envolvemos nas estratégias da igreja para testemunho e evangelismo? Ou, por que não nos envolvemos?


Nesta semana, estudaremos a motivação certa para se envolver na obra do Senhor, e também apresentaremos os perigos de trabalhar com as motivações erradas, como obrigação, culpa ou vergonha. Examinaremos por que a evangelização e o testemunho devem ser nossa resposta de amor ao dom da salvação que Deus nos oferece.

Domingo Ano Bíblico: Jó 6, 7


Motivado pelo amor
Você já se perguntou por que muitas vezes parece difícil motivar as pessoas para assumir compromissos de longo prazo nos projetos da igreja? Talvez a resposta possa ser encontrada ao pensarmos em algumas situações em que seja evidente um alto grau de motivação e comprometimento. O que motiva um pai a doar um de seus rins para salvar a vida de seu filho? Por que mães e pais investem uma pequena fortuna para prover a melhor educação possível para seus filhos? Essas coisas são feitas porque os pais se sentiriam culpados se não fizessem? Será que eles pensam que devem essas coisas aos filhos? Claro que não!


Embora os pais tenham um senso de responsabilidade pelo bem-estar de seus filhos, o amor é certamente a principal força motivadora. Eles fazem o que fazem porque amam. Este ponto deve ser enfatizado repetidamente: fazemos as coisas para Deus porque O amamos e porque sabemos que Ele nos ama.
1. Que prejuízo o medo traz para o amor? Qual é o efeito do amor sobre o medo? 1Jo 4:18, 19
Nosso amor por Deus deve estar enraizado em Seu amor por nós. Deus existia antes de nós e nos amou intensamente desde a criação da humanidade. O amor só pode ocorrer como resultado do amor e em resposta ao amor. É quase infrutífera a obediência à grande comissão evangélica por qualquer outra razão que não seja o amor. Por isso, a preparação espiritual é vital quando buscamos nos envolver no testemunho e evangelismo.


Nosso amor por Deus e nossa vontade de trabalhar com Ele na salvação das pessoas depende de nosso conhecimento dEle. Não é usual que amemos pessoas que não conhecemos. Portanto, para obedecer a Deus por amor é vital conhecê-­Lo pessoalmente.
2. Que razões temos para amar e obedecer a Deus e trabalhar para Ele? Js 22:5; Lc 7:41-43; Jo 14:23; 2Co 5:12-18
Amor e obediência são inseparáveis, desde que ocorram nessa ordem. O verdadeiro amor a Deus sempre resultará em obediência à Sua vontade revelada, mas a obediência não levará necessariamente ao amor (embora isso possa acontecer). Se quisermos que as pessoas trabalhem para Jesus, devemos ajudá-las a desenvolver uma conexão amorosa com Ele.

Segunda Ano Bíblico: Jó 8–10


Motivação pela culpa?
Ao longo dos séculos a culpa tem sido usada para motivar as pessoas à ação. Líderes de evangelismo muitas vezes têm nos lembrado de que Deus nos deu uma responsabilidade e que devemos usar nossos talentos e dons concedidos por Ele. Dizem que Deus e a igreja contam conosco. Se o Senhor fez tanto para nos salvar, como podemos permanecer inativos no aspecto evangelístico? Todas essas tentativas de nos chamar à ação, apresentadas, sem dúvida, com as melhores intenções, sutilmente apelam ao nosso senso de culpa e dívida para com Deus. Parece que a motivação sempre se torna prejudicial quando retira a ênfase do que Deus fez e a coloca no que devemos fazer.
3. Que padrão divino determina a culpa de todos os seres humanos? Por que Deus aponta nossa culpa? Rm 3:19, 20
A forma pela qual Paulo usa a palavra culpável nessa passagem comunica o sentido de responsabilidade. Ele declara em Romanos 3:10que “não há nenhum justo, nem um sequer” (NVI).


A função da lei muitas vezes tem sido comparada a um espelho que revela nossa condição pecaminosa, mas que não pode prover o sabão e a água que nos limpam. Olhando para a lei de Deus, nos tornamos conscientes de nossa pecaminosidade e, ao mesmo tempo, somos atraídos para o Salvador a fim de receber dEle o perdão gratuito e a purificação.


Depois que vamos a Cristo, não mais somos motivados pelo sentimento de culpa porque a culpa é lavada, coberta pela justiça de Jesus. Agora, fundamentados na salvação, somos motivados a testemunhar aos outros sobre o que Cristo fez por nós.
4. Que princípio da lei confirma nossa culpa? Qual é o segredo para viver de acordo com a lei? Como explicar isso a um novo cristão? Tg 2:10; (ver também versos 8, 9)
O fato de que o pecado em um ponto torna a pessoa culpada de desafiar o Deus que ordenou toda a lei ressalta a inutilidade da tentativa de obter favor aos olhos de Deus através da observância da lei. A violação da lei, por menor que seja, revela um desejo subjacente de fazer nossa própria vontade, em lugar de obedecer a Deus.

Terça Ano Bíblico: Jó 11–14
Motivados para servir
O que você pensaria de alguém que constante e ruidosamente declarasse estar motivado, mas não tentasse realizar nada? E quanto a alguém que dissesse ser dedicado, mas nunca revelasse a que, ou a quem, era dedicado? Como vimos, o amor é o mais poderoso fator de motivação, mas apenas declarar nosso amor, mesmo nosso amor por Deus, não significa nada, a menos que nossas ações estejam de acordo com esse amor. Em outras palavras, esperamos que o amor seja revelado através das ações. Nesse sentido o amor é uma palavra ativa, uma vez que se revela por meio de ações amorosas.
5. Que ações manifestaram o amor de Jesus? Como podemos revelar em nossa vida os princípios demonstrados por Ele? Jo 15:13; Rm 5:6-8
Que maravilhoso Salvador é esse que, deliberada e voluntariamente, deu a vida por causa de Seu grande amor por nós! Aqui está o maior exemplo do que a pessoa que ama é compelida a fazer por aqueles que são amados. E se Jesus afirmasse Seu amor por nós e permanecesse no Céu? E se Ele tivesse declarado Seu amor, mas não fizesse nenhuma promessa para nós nem suprisse nossas necessidades?
6. Que ação revela nosso amor a Deus? Como o Senhor confirma Seu relacionamento de amor conosco? Jo 14:21
Não estamos falando apenas de amor, estamos falando de um relacionamento amoroso. Em toda relação amorosa, nossa motivação é agradar a pessoa que é o objeto do nosso amor. O ato decisivo de salvação realizado por Jesus em nosso favor foi motivado unicamente por Seu amor pela humanidade, que havia quebrado sua ligação com Deus. Qualquer coisa que façamos para Deus que não proceda de um motivo similar sugere que nós realmente não entendemos o que é ter um relacionamento de amor com Deus. O Senhor não quer que nos envolvamos no testemunho e evangelismo porque pensamos que temos uma dívida para com Ele. Ao contrário, Ele deseja que nossa conexão com Ele seja tão intensa que nos motive a fazer o que Lhe agrada e a estar em sintonia com as coisas que são importantes para Ele. O Senhor deseja que O amemos tanto que alcancemos as pessoas a quem Ele ama.
Como podemos ter certeza de que fazemos as coisas para Deus com a motivação certa? Podemos ser uma bênção para os outros, mesmo agindo com os motivos errados? De que forma? Ações corretas por razões erradas acabam sendo boas ações? Comente com a classe.

Quarta Ano Bíblico: Jó 15–17


A armadilha do legalismo
Há uma expressão em inglês que diz: “Não existe almoço grátis”. A ideia é de que, se você recebe algo gratuitamente, isso realmente não é gratuito porque em algum lugar, de alguma forma, em algum momento, você terá que pagar ou compensar. A teoria de que nada é realmente gratuito tem se infiltrado sutilmente no pensamento cristão, uma vez que muitos tentam ser merecedores da salvação por meio da obediência à vontade de Deus.


No vocabulário cristão a palavra legalismo descreve a atitude dos que acreditam que sua obediência a Deus, de alguma forma fará com que Ele os justifique. É claro que, embora a graça de Deus não negue Sua expectativa de obediência, a salvação é fundamentada unicamente nessa graça e em nada mais que façamos.
7. Que grande equívoco a respeito da salvação é tão predominante na mente das pessoas? Somos influenciados por esse tipo de pensamento? Por que é tão fácil ser envolvido por esse pensamento?

Uma religião legalista faz com que o indivíduo se concentre no desempenho pessoal (e muitas vezes no desempenho dos outros) e não na comissão evangélica. Atitudes legalistas podem levar ao orgulho e à arrogância aqueles que são tão cegos que realmente se consideram santos o suficiente para ser salvos. Outra consequência muito ruim é que as atitudes legalistas podem levar ao desânimo e desespero os que percebem que estão muito longe do padrão divino. De toda maneira, essa é uma armadilha que precisa ser evitada, especialmente por uma igreja como a nossa, na qual a obediência à lei é tão importante para a compreensão do significado do evangelho.
8. Qual é a obra fundamental na vida do cristão? A verdade sobre essa obra reforça a verdade sobre a salvação pela fé? Você manifesta essa crença, especialmente quando ninguém está observando? Jo 6:28, 29

Quinta Ano Bíblico: Jó 18, 19


Livre para ser escravo
ABíblia deixa claro que antes éramos escravos do pecado, mas por intermédio de Cristo, deixamos de ser escravos (Rm 6:6), fomos libertados (Gl 5:1), livrados da ira (1Ts 1:10), adotados (Rm 8:15) e regenerados (1Pe 1:23).


O obreiro eficaz para Deus é aquele que entregou a Ele o passado e aceitou Seu poder para operar no presente e no futuro. Em outras palavras, os que foram libertados por Cristo podem ser Seus escravos. Se não entendermos essa verdade, pode parecer estranho que a libertação leve à escravidão, mas isso é tão verdadeiro quanto os ditados: “Para estar cheios espiritualmente devemos nos esvaziar continuamente”, e “O caminho para a vitória é se entregar constantemente”.
9. O que Paulo, Timóteo, Tiago e Simão Pedro queriam dizer quando declararam que eram servos de Deus e de Jesus Cristo? Como devemos aplicar essa ideia em nossa vida? Fp 1:1; Tg 1:1; 2Pe 1:1
Normalmente, os servos ou escravos eram propriedade de um senhor, o qual os obrigava a trabalhar. Atuar pelo Mestre no sentido cristão é uma escolha totalmente voluntária. Deus nos ama demais para forçar nossa vontade. Quando Timóteo, Tiago e Simão Pedro usaram essas palavras estavam indicando sua completa identificação com Cristo e com Sua causa. Eles estavam afirmando seu serviço inteiramente para Ele como seu Senhor. Estavam renunciando à sua presunção a fim de que os outros olhassem somente para Jesus. Nessa descrição da escravidão vemos dedicados seguidores prometendo lealdade e devoção através do serviço altruísta.
10. De que tipo de escravidão precisamos ser libertados? Qual é o caminho para a liberdade? Jo 8:34-36
Os ouvintes de Jesus sabiam muito bem que os escravos não tinham nenhuma garantia. Eles poderiam ser vendidos ao capricho do seu dono, enquanto o filho do senhor estava sempre garantido no lar. Jesus usou a situação contemporânea dos escravos para transmitir uma importante verdade espiritual. Se o Filho de Deus o tornar espiritualmente livre da escravidão do pecado, você estará realmente livre. Seria incomum que escravos libertados se colocassem voluntariamente de volta na escravidão no sentido literal; mas, espiritualmente, isso é o que acontece quando somos libertados da escravidão do pecado e nos tornamos escravos de Cristo (Rm 6:17, 18). Se estamos livres das coisas que fazem com que nos concentremos em nós mesmos, estamos livres para considerar os outros e o que podemos fazer para beneficiá-los. Nisso reside a chave para uma vida de serviço.

Sexta Ano Bíblico: Jó 20, 21
Estudo adicional
Assim como qualquer bom veículo automotivo acaba quebrando, como resultado da falta de manutenção regular, muitos valiosos ministérios da igreja são negligenciados por causa da falta de manutenção planejada e regular.


Para que seu ministério se mantenha sadio e no caminho certo, considere a seguinte lista de verificação de continuidade: (1) Mantenha sua ligação pessoal com Cristo. Lembre-se sempre de que você está em um ministério de parceria com o Senhor. (2) Mantenha sua visão pessoal. Você ainda sente a importância de seu ministério? Seus objetivos são tão claros e fortes como quando você começou a se envolver com esse ministério? (3) Mantenha sua comunicação. Relatórios constantes são importantes para assegurar apoio contínuo. As pessoas estão ocupadas, e precisam ser lembradas de como esse ministério está se desenvolvendo e também de como podem se envolver. (4) Mantenha seu entusiasmo. É verdadeiro o ditado que diz: “Nada produz tanto entusiasmo quanto o entusiasmo.”
Demonstre seu entusiasmo contínuo acerca de seu ministério e os outros também ficarão animados. (5) Mantenha seu foco. Não se desvie com outros deveres ou programas que o impedirão de dedicar o tempo e a energia de que seu ministério atual necessita para sobreviver e crescer.
Perguntas para reflexão


1. Que ideias a citação a seguir apresenta sobre a relação entre amor a Deus e serviço para Ele? “Cristão alerta é o cristão que trabalha, buscando zelosamente fazer tudo que está em suas forças para o avançamento do evangelho. À proporção que aumenta seu amor pelo Redentor, também aumenta o amor por seus semelhantes” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 261).


2. “Os que nunca experimentaram o amor terno e cativante de Cristo não podem guiar outros à fonte da vida. Seu amor no coração é um poder que constrange e que leva os homens a revelá-Lo na conversação, no espírito misericordioso e terno, no reerguimento da vida daqueles com quem se associam. ” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 550, 551). Peça que os alunos compartilhem suas próprias experiências com o amor de Deus e a forma pela qual chegaram ao conhecimento desse amor.
Respostas sugestivas: 1. O medo produz tormento; aquele que teme não é aperfeiçoado no amor; o perfeito amor lança fora o medo; no amor não existe medo. 2. Deus nos ama e nos perdoa em Cristo; o amor de Cristo nos constrange; Jesus morreu e ressuscitou por nós, para que vivamos para Ele. 3. A lei; Deus aponta nossa culpa diante da lei para mostrar que somente por Sua graça e amor podemos ser justificados. 4. Somos culpados se guardamos a lei, mas tropeçamos em um dos mandamentos; o segredo é amar o próximo, sem acepção de pessoas. 5. Deu a vida em favor dos amigos; morreu por nós quando éramos fracos e pecadores; devemos dedicar a vida para salvar os pecadores. 6. Guardar Seus mandamentos; Jesus Se manifesta na vida da pessoa que O ama. 7. Rejeitar a justiça mediante a fé e tentar estabelecer a própria justiça, com base nas obras; o orgulhoso tenta pagar pela salvação. 8. Crer em Jesus Cristo; a obra que Deus produz em nós é a fé na salvação que Ele realizou; nossas ações manifestam essa obra divina. 9. Os escravos eram comprados para obedecer a um senhor; o cristão foi comprado por sangue e dedica a vida ao serviço do Senhor. 10. A escravidão do pecado; o Filho de Deus pode dar a verdadeira liberdade.
Resumo da Lição 10 – Uma resposta de amor


Texto-chave: João 14:15


O aluno deverá...


Conhecer:
O tipo de experiência pessoal necessária para que se possa dar um testemunho convincente do amor de Deus.


Sentir: Disposição de receber o amor de Deus, o qual desperta, suaviza e purifica o amor pelos outros, e leva ao desejo de compartilhar as experiências com Deus.
Fazer: Servir a Cristo por amor, assim como Cristo nos ofereceu Sua vida por amor.
Esboço


I. Conhecer: Amor constrangedor


A. Por que a culpa e o dever não são bons motivadores para o testemunho?


B. A experiência de ser liberto da culpa e da escravidão do pecado, e se tornar filho de Deus, feliz e seguro, transborda em testemunho sincero da bondade de Deus.


II. Sentir: Amor que desperta


A. Por que é importante meditar no sacrifício de Cristo por nós, acreditar que Ele nos ama, aceitar Seu amor e entregar o coração a Ele?


B. Seu amor por nós desperta nosso amor por Ele.
C. Por que o amor é um pré-requisito fundamental para o testemunho verdadeiro?


III. Fazer: Amor obediente


A. Quando amamos e somos amados, o que muda em nossos relacionamentos?


B. O amor verdadeiro resulta em obediência, e nossa obediência amorosa demonstra um relacionamento de amor com Deus.


Resumo: O serviço amoroso de Cristo por nós desperta um relacionamento de amor com Deus e serve de base para nosso verdadeiro testemunho do amor de Deus por nós, refletido em nosso ministério de amor para com os outros.
Ciclo do aprendizado


Motivação


Conceito-chave para o crescimento espiritual: O amplo e incondicional amor de Deus por Suas criaturas é o padrão para avaliar nossa fé e testemunho. Refletir esse amor divino, ainda que palidamente, é a essência do que significa ser embaixador de Cristo.


Só para o professor: O complexo, muitas vezes oculto, reino da motivação humana, influencia cada aspecto da nossa vida física e espiritual. Nesta semana, ajude a classe a descobrir maneiras práticas de separar os fios dos motivos saudáveis e não saudáveis para o testemunho.


Atividade de abertura: Este foi considerado um dos mais bárbaros "experimentos científicos" realizados. No século XIII, Frederico II, imperador do Sacro Império Romano, tentou descobrir o idioma que Deus deu a Adão e Eva no Jardim do Éden. Em sua teoria, ele sugeriu que, se os bebês recém-nascidos fossem isolados de todas as línguas faladas, eles acabariam aprendendo a falar a "linguagem natural" da humanidade. E assim o imperador preparou seu experimento. Ele tomou uma série de recém-nascidos de seus pais e os entregou aos cuidadores, que foram proibidos de falar, abraçar ou brincar com as crianças. Os bebês foram até manipulados com instrumentos especiais, para garantir que eles nunca experimentassem o toque humano.


Mas Frederico não teve a oportunidade sequer de provar ou refutar sua teoria sobre a "linguagem natural". Embora fossem regularmente alimentados, banhados e vestidos, cada um dos bebês morreu antes de atingir a idade da fala. Por quê? Estudiosos modernos têm atribuído a deficiência no desenvolvimento dos bebês principalmente à ausência de amor, expresso por meio do toque e voz humanos. (Daniel G. Amen, Change Your Brain, Change Your Life [Mude Seu Cérebro, Mude Sua Vida]; Nova York, Three Rivers Press, 1998, p. 73).


Pense nisto: Em sua opinião, por que uma das necessidades humanas mais fundamentais é dar e receber amor? Isso poderia estar relacionado com o caráter daquele que nos criou? Leia Sofonias 3:17, Lucas 13:34 e Apocalipse 3:20, observando especialmente as imagens. O que devemos pensar de um ser de poder incomensurável que anseia cantar sobre nós, reunir-nos como uma galinha ajunta seus pintinhos e que está à porta do nosso coração e bate? Separe alguns momentos para considerar a natureza extraordinária do amor divino, que fomos chamados a partilhar com o mundo.


Compreensão


Só para o professor: Conduza a classe no estudo de importantes passagens bíblicas que revelam que o Senhor tem um profundo desejo de que o "amor" defina nossa resposta a Ele.


Comentário Bíblico


I. Uma revolução do amor


(Recapitule com a classe Rm 5:6-8; 1Jo 4:7-21.)


Ágape é a palavra grega usada repetidamente pelos escritores do Novo Testamento para descrever o transcendente, abnegado amor revelado por Deus à humanidade. Mas esse era um conceito estranho no mundo pagão que circundava a igreja cristã primitiva. Na filosofia pagã, "misericórdia" e "piedade" eram consideradas "defeitos de caráter". Havia uma prática amplamente aceita de "descartar" meninas recém-nascidas. Existia a crença de que as divindades pagãs eram tão propensas a atormentar os seres humanos quanto a ajudá-los.


Nesse contexto, o conceito cristão do amor ágape era nada menos do que uma bomba cultural. No lugar dos deuses pagãos, egoístas e caprichosos, o cristianismo reconhecia que havia um ser divino que buscava ativamente um relacionamento de amor com a humanidade. E ainda mais radical era a ideia de que esse Deus esperava que os homens tratassem uns aos outros com o mesmo tipo de amor!


Tertuliano, escritor cristão do segundo século, registrou como o amor cristão atraía a atenção pagã: "São principalmente as obras de um amor tão nobre que levam muitos a colocar uma marca sobre nós. 'Veja', dizem eles, "como eles se amam" (Apologia, cap. 39). Mesmo o imperador Juliano, inimigo da igreja cristã, reconheceu, em 362 d.C., que os “ímpios galileus apoiam não apenas os seus pobres, mas também os nossos" (Rodney Stark, The Rise of Christianity: A Sociologist Reconsiders History [A Ascensão do Cristianismo: Um Sociólogo Reconsidera a História; Princeton, N. J., Princeton University Press, 1996, p. 84).


Atividade: Ao reler 1 João 4:7-11, peça que os alunos imaginem que estão ouvindo essas palavras com os ouvidos de alguém mergulhado nas normas culturais e religiosas do paganismo. Quais podem ter sido suas reações, e por quê?


Pense nisto: Como o fato de saber mais sobre esse contexto cultural o ajuda a melhor compreender as razões para a ênfase do amor ágape como algo central para a identidade e testemunho dos cristãos?


II. Mais que um sentimento


(Recapitule com a classe 2 Coríntios 5:14-21.)


O "amor" pode significar coisas diferentes em contextos diferentes. Então, qual é a natureza do amor que alimenta o testemunho cristão? Leia 2 Coríntios 5:14-21 e observe as várias facetas do amor cristão.


A. É irresistível ("Pois o amor de Cristo nos constrange” [v. 14, NVI]). A palavra constranger está intimamente relacionada com "obrigar", "forçar" ou "exigir". Isso implica que nossa escolha é de alguma forma limitada. Você acha que Paulo estava sugerindo que o amor de Cristo nos coage de alguma forma? Se não, em sua opinião, por que Paulo usou essa palavra específica para descrever a influência do amor de Cristo em nossa vida?


B. Ele transforma ("As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” [v. 16, 17, NVI]).


C. Ele não vem sozinho, mas com uma missão específica ("Portanto, somos embaixadores de Cristo” [v. 20, NVI]).


Considere as palavras de Ellen G. White: "O amor não pode existir sem se revelar em atos exteriores, assim como o fogo não pode ser mantido aceso sem combustível” (Testemunhos para a Igreja, v. 1, p. 695).
III. “Destruidores”


(Recapitule com a classe Rm 3:19-20; 1Jo 4:18.)


Os motivos realmente importam? Muitos pensadores influentes ao longo da história, desde Nicolau Maquiavel a John Stuart Mill, têm dito que não. Eles assumiram uma postura "utilitarista", argumentando que o importante é o resultado das ações, não a motivação, nem a moralidade das ações. O que você acha?


Leia as severas palavras de Cristo sobre a hipocrisia em Mateus 23:25-27. Ali, Cristo rejeita explicitamente a ideia de que se fazemos as coisas certas, nossos motivos são irrelevantes. Ele nos chama para uma vida integrada, em que não haja separação entre ações e convicções. Por que isso é tão importante para Ele?


Pense nisto: Leia Filipenses 1:15-18. Por que Paulo disse que ainda se regozijava, embora a motivação fosse errada? Ele estava dizendo que a motivação realmente não importa? Por quê? Como essas palavras de Paulo podem ser conciliadas com as de Cristo em Mateus 23?


Que "destruidores" as Escrituras identificam que podem manchar nossos motivos e corromper nossa resposta de amor a Deus? Por exemplo, medo de que nunca estaremos à altura (Rm 3:19, 20); intensa consciência da nossa culpa diante de Deus (leia a lista de acusações contra a natureza humana contida em Romanos 3:10-19); orgulho e todas as suas variantes, incluindo inveja, vaidade e ambição (Fp 1:15-17; Jo 12:43).


Atividade: O que a culpa, o medo e o orgulho têm em comum? Todos eles nos fazem olhar para dentro de nós e nos tornam preocupados com as próprias necessidades, desejos e interesses.


Escreva dois títulos em um quadro de escrever ou em um pedaço de papel: "Testemunho motivado por interesse próprio" e "Testemunho motivado pelo amor." Peça que a classe pense em possíveis diferenças entre essas duas abordagens. Como seria o desempenho de cada uma delas dentro da metodologia de evangelismo que escolhemos? Que expectativas poderíamos ter? Em longo prazo, teríamos capacidade de formar discípulos para Cristo? O que as duras palavras de Cristo em Mateus 23:13-15, sobre a abordagem evangelística dos fariseus acrescenta a essa discussão?


Aplicação


Só para o professor: Como podemos conservar nossos motivos, quando se trata de compartilhar a fé? Comente com a classe as formas práticas de integrar aos nossos pensamentos a cada dia os princípios bíblicos examinados.
Os Sete Grandes Motivadores. Os profissionais do marketing estudam a psicologia dos consumidores a fim de criar campanhas publicitárias mais eficazes. Como um publicitário afirma, por trás de cada venda estará um dos "sete grandes motivadores" da publicidade: ganância, medo, culpa, raiva, desejo de exclusividade, salvação e lisonja. (Joe Greenfield, "Use One of These 7 Great Motivators to Ensure Online Marketing Success!” [Use Um dos 7 Grandes Motivadores para Assegurar o Sucesso do Marketing Online];


Atividade: De que forma é evidente que o diabo utiliza uma abordagem semelhante, adaptando suas tentativas de corromper nossos motivos, tendo em mente nossas fraquezas pessoais? Comente uma "campanha publicitária" imaginária que os inimigos de Cristo poderiam usar em um esforço para criar uma barreira entre nossas atividades de testemunho e nosso amor por Cristo. Quais seriam as mensagens principais?


"Apenas mais um trabalho a fazer": Em seu livro The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism [A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo], de 1905, o sociólogo alemão Max Weber criou a expressão "ética puritana do trabalho". Ele traçou a linha de pensamento teológico desde Martinho Lutero até depois de João Calvino. Weber argumentou que essa teologia produziu uma forma de cristianismo que tornou o ideal do "trabalho árduo" uma das virtudes fundamentais da vida piedosa.


Perguntas para reflexão


1. Em lugar da motivação com base no amor a Deus, de que forma abordamos o testemunho com a "ética protestante do trabalho"? Demonstramos, por meio de nossas ações, a crença de que trabalhar duro o suficiente e durante o tempo suficiente pode "realizar o trabalho"? Quais são alguns dos perigos de focalizar as obras em nossa abordagem do testemunho e evangelismo? De que maneira podemos ficar preocupados em "ganhar pessoas", em vez de formar discípulos? Quais são os perigos de elevar nossa importância e diminuir o papel do Espírito Santo? Como isso poderia levar ao desânimo, especialmente se não alcançamos nossos alvos?


Ellen G. White escreveu: "Deus poderia ter confiado aos anjos celestiais a mensagem do evangelho e toda a obra de amoroso ministério... Mas, em Seu infinito amor, preferiu tornar-nos cooperadores Seus" (Caminho a Cristo, p. 79).


Como você reage a essa afirmação? Para os envolvidos em uma abordagem de testemunho orientada para as obras, como essa revelação poderia funcionar como um metafórico balde de água fria sobre suas cabeças?


Criatividade


Só para o professor: Use os momentos finais do estudo da lição para orientar a classe de volta para a pessoa de Cristo – a âncora da nossa fé e testemunho.
Em um mundo ideal, nosso compromisso de testemunhar fluiria puramente de nossa resposta ao sacrifício de Cristo e ao Seu amor por nós. No entanto, nas palavras das Escrituras, e em nossa própria experiência, vemos que há outras forças poderosas atuando, forças que podem subverter nossas boas intenções. Como podemos desfazer o nó desesperadamente complicado de nossos motivos e desejos, conscientes e inconscientes? Precisamos fazer isso? Ou basta simplesmente reconhecer nossa incapacidade e submeter toda a confusão nas amorosas mãos do nosso Criador?


Atividade: Encerre a classe lendo o Salmo 51:1-13, que Davi escreveu depois de se arrepender do pecado de adultério com Bate-Seba. Davi reconheceu sinceramente que Deus o conhecia completamente – as coisas boas, más e terríveis. Então, Davi se rendeu humildemente, mas com confiança, à misericórdia de Deus. Leia o salmo com atitude de reflexão e oração. Focalize especialmente osversos 10-13. De que forma essas palavras resumem os principais temas desta lição?
Comentário Uma Resposta de Amor
Pr. Marcelo E. C. Dias


Professor do SALT/UNASP


Doutorando (PhD) em Missiologia pela Universidade Andrews

O importante estudo desta semana poderia ter aparecido antes no trimestre como parte de um questionamento lógico que precede o engajamento na missão. Obviamente ele também acontece como verificação das motivações do missionário, durante uma vida de dedicação e serviço a Deus, respondendo à pergunta: “Por que(m) evangelismo e testemunho?”
I. A glória de Deus
A Bíblia ensina que a glória de Deus é manifesta de muitas formas, como por exemplo pela natureza (Sl 19:1-6). Mas de forma maravilhosa através do plano da salvação, que culmina com a missão de Jesus ao mundo: uma revelação da glória Deus (Jo 1:14). Colossenses 1:16 (“Tudo foi criado por meio dEle e para Ele”,) e Romanos 11:36 (“Porque dEle, e por meio dEle, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente”) ensinam que Deus está no centro do Universo e, por isso, é o recebedor de toda a glória. O Apocalipse revela a questão da glória a Deus (ver Ap 1:17; 5:6-14; 7:9-10) e o desfecho desse grande conflito num contexto de adoração.


Na Bíblia, as nações são convocadas a reconhecer a grandeza do único Deus criador dos céus e da Terra e a se unir em louvor a Ele. O salmista escreve sobre o propósito redentorde Deus para todos os povos e a reação deles: “Louvem-Te os povos, ó Deus; louvem-Te os povos todos” (Sl 67:3), “Lembrar-se-ão do Senhor e a Ele se converterão os confins da Terra; perante Ele se prostrarão todas as famílias das nações” (Sl 22:27) e “Todas as nações que fizeste virão, prostrar-se-ão diante de Ti, Senhor, e glorificarão o Teu nome” (Sl 86:9).


Durante o ministério encarnacional de Cristo, o tema da glorificação  esteve sempre presente. Jesus glorifica o Pai (Jo 7:18; 17:1) e é o “resplendor” da Sua glória (Hb 1:3); afinal, Ele tem uma missão de glorificação (Jo 17:4). Mas esse propósito é extensivo a toda a criação, por isso a missão de Jesus também foi “para que os gentios [glorificassem] a Deus por causa da Sua misericórdia” (Rm 15:9). Todos os que aceitam o convite do evangelho, rendem glória a Deus. Assim é com os discípulos de Cristo (Jo 17:9-10) e a Igreja (Ef 1:5-14).


O processo pode ser esboçado da seguinte maneira: à medida que homens e mulheres ouvem a mensagem de Cristo, recebem o Seu perdão e buscam viver sob o Seu senhorio, glorificando a Deus com sua vida e se tornam adoradores do Altíssimo no sentido mais amplo do termo (Encountering Theology of Mission, p. 80).
II. Motivações para a missão
Historicamente, Bosch aponta vários textos bíblicos que serviram como referência, quase um verso áureo, para a motivação à missão. No período dos pais da igreja, João 3:16 parecia ser o preferido; no período medieval, Lucas 14:23 (“Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a Minha casa”) ocupou esse papel; e para os reformadores, Romanos 1:16 (“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”) teria sido o texto principal. O período do Iluminismo é mais complexo e talvez não haja um texto único. Tanto Atos 16:9, a visão de Paulo sobre o macedônio em relação a outras etnias e religiões, como João 10:10 e seu forte apelo àqueles que enfatizavam a assistência social e uma vida repleta de coisas boas, foram bastante proeminentes. A partir de William Carey, o pai das missões modernas, e a publicação do seu folheto em 1792, foi que a Grande Comissão de Mateus 28 passou a ocupar esse lugar central (Transforming Mission, p. 339).


Três princípios são observados neste estudo: (1) tudo começa nAquele onde a missão se origina e se concentra, em Deus; (2) as nossas motivações para amar a Deus devem permanecer puras, assim como nossas motivações para a missão; e (3) não há um motivo isolado que possa explicar o crescimento do zelo missionário.


A glória de Deus se encontra no topo da lista. É inerente ao caráter de Deus, transpõe a era de pecado da história humana, aponta para o propósito da criação de Deus e da Sua restauração final. John R. W. Stott afirma que “a exaltação de Jesus Cristo à direita do Pai, isto é, à posição de suprema honra, provê o mais forte de todos os incentivos missionários (The Contemporary Christian, p. 366).


Mais recentemente, John Piper tem despertado a reflexão nesse sentido dizendo que a “missão existe porque a adoração não existe.” Por isso, a maior motivação para a missão é levar o evangelho às nações para que todos se tornem adoradores do Rei. Ele acredita que a adoração “é o combustível e o objetivo da missão (Let the Nations Be Glad, p. 17).


Além da breve sinopse da seção anterior, vale ressaltar a ênfase doxológica da missão do apóstolo Paulo. Ele reconhecia que “todas as coisas existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graça por meio de muitos, para a glória de Deus” (2Co 4:15). E até mesmo considerava seus irmãos “mensageiros das igrejas e glória de Cristo” (2Co 8:23).


Distorção: Resquícios do Iluminismo ainda minam o motivo da glória de Deus como incentivo para a missão. O racionalismo científico desse período buscou eliminar tudo que pertencia à esfera sobrenatural da cosmovisão ocidental. Na melhor das hipóteses, a glória de Deus passou a ser vista como um conceito totalmente etéreo. Certamente que a “orientação doxológica leva a igreja a se guardar de qualquer processo de humanização ou horizontalização na missão” (Christopher Little, Missions in the Way of Paul, p. 51).


Desafio: O desafio de manter a glória de Deus como princípio englobador da vida do cristão muitas vezes está relacionado a limitar seu relacionamento com Deus a um dia, a um culto, à igreja. “A noção da glória de Deus só pode atuar dentro de um contexto consciente da unidade da vida e do domínio real de Cristo em todas as esferas da vida” (Transforming Mission, p. 286).


O amor é o segundo traço do caráter de Deus que deve compor a motivação para a missão. Assim como a glória, o amor de Deus é eterno e, de forma especial, manifesto no plano da salvação no ministério de Jesus. Diferentemente da glória, o amor é um atributo comunicável e, portanto, possível de ser encontrado e desenvolvido no ser humano, como resposta à iniciativa divina. Assim, (1) o amor de Cristo pelo descrente me motiva a levá-lo a conhecer o amor de Deus; (2) o amor de Cristo pelos demais através dos crentes implica que o amor pelo próximo transborda no coração dos Seus filhos; (3) o amor de Cristo pelos crentes os faz compreender que, porque Deus os ama, em gratidão, eles servem; e (4) o amor do crente por Cristo, como resposta, também produz o serviço (Encountering Theology of Mission, p. 179).


Bosch nos lembra que a iniciativa de Deus não elimina o engajamento humano e que a Sua majestade é o outro lado da Sua graça e amor na busca pelo ser humano (Transforming Mission, p. 285).


Reforçando a singularidade de Jesus, é importante notar que essa motivação é encontrada somente no cristianismo em contraste com as demais religiões mundiais. Voluntariado e serviço sacrifical é mais raro no Hinduísmo, Budismo e Islamismo. Razões éticas e obediência/culpa são as motivações mais comuns nesses casos. “Conhecer, amar e servir a um Deus transcendente e pessoal é a raiz de todo o voluntariado ocidental.”


Distorção: Quando o “amor ao próximo” está enraizado num sentimento de superioridade ou uma visão etnocêntrica, o resultado é desastroso. A história do cristianismo está recheada de exemplos em que a motivação evangelística foi impulsionada por esses sentimentos colonizadores de não somente comunicar o evangelho, mas também tornar a todos mais “civilizados” e ocidentais.


Desafio: O secularismo provavelmente tem oferecido o maior perigo de distorção já que tem redefinido o amor em termos desconectados de Deus. Assim, é possível amar sem que isso seja um dom divino. Por vezes, até o amor a Deus é descrito e expresso em maneiras bastante humanistas.


Urgência. A compreensão escatológica atrelada às profecias bíblicas aponta para a atualidade como o fim do tempo do fim - o último período profético antes do fechamento da porta da graça e a volta de Cristo. Certamente, essa compreensão da Igreja Adventista tem um papel importante na motivação para a missão. Existe necessidade de pressa para conduzir muitos a um relacionamento com Cristo. Bosch identifica que esse não é o caso somente da igreja adventista. Karl Gutzlaff (1803-1851) e J. Hudson Taylor (1832-1905), missionários importantes na China, também foram motivados pelas expectativas escatológicas. Paras os grupos que se seguiram a essas iniciativas, Mateus 24:14 se tornou um texto missionário importante por relacionar a pregação do evangelho com a vinda de Cristo (Transforming Mission, p. 316).


Distorção: Uma ênfase exclusiva ou desproporcional nessa motivação tem conduzido a um certo alarmismo por parte de alguns que são tentados a fazer um julgamento a respeito do destino final das pessoas para impressioná-las a aceitar Jesus. Outra consequência dessa abordagem tem sido uma visão missiológica parcial que não contempla a visão integral do evangelho e uma compartimentalização da sua proclamação.


Desafio: O otimismo científico presente nestes dias leva muitas pessoas a duvidar de que o mundo teria um fim e essas pessoas passam a confiar na capacidade humana de resolver seus problemas. Outros não têm conhecimentos bíblico e histórico que lhes ofereça uma visão adequada da soberania de Deus e Suas promessas.


Obediência. Em conexão com a ênfase na Grande Comissão, essa se tornou a principal motivação no fim dos séculos 19 e 20. Missionários importantes como Robert Morrison (1792-1834) e Adoniram Judson (1788-1850) claramente creditaram a obediência à grande comissão como sendo a principal motivação para seu trabalho.


Paulo reconhecia essa obrigação em proclamar o evangelho (Rm 1:14, Gl 2:7) como legítima. Mas tem a igreja hoje sentido o mesmo chamado e missão? O senso de chamado à mordomia do evangelho é uma importante motivação.


Distorção: A ênfase exclusiva nesta motivação facilmente incorre no perigo do legalismo. A obediência ao mandado missionário divino segue as mesmas dinâmicas para a obediência a Deus em todas as esferas da vida cristã.


Desafio: A dificuldade em se reconhecer autoridades tem tirado o peso dessa motivação em vários contextos. A Bíblia, no entanto, não requer uma obediência irracional, mas fundamentada no relacionamento com Deus.


Chamado divino. O apóstolo Paulo teve um chamado dramático na sua história de conversão e engajamento na missão. Assim como ele, muitas outras personalidades da história da missão creditaram ao seu chamado divino a principal motivação. Missionários tradicionais colocavam a o trabalho missionário em primeiro lugar. Sua atividade como professores, evangelistas e professores vinha em segundo plano. A grande maioria deles atesta de um chamado e convicção pessoal de que Deus tem um plano para a vida deles.


Se reconhecermos que desde Abraão Deus tem mantido uma aliança que envolve a missão a todos os povos da Terra através do Seu povo, como Pedro (At 3:25) e Paulo (Gl 3:8, 1 Co 9:16, Rm 9:2) reconhecem, então essa responsabilidade recai sobre a Igreja. O ministério do Espírito Santo através dos dons espirituais e o desenvolvimento do fruto do Espírito também inclui um chamado para exercer um ministério, no corpo de Cristo, ligado à missão.


Distorção: Uma das distorções dessa motivação é ver o serviço missionário como um meio para se aproximar de Deus buscando negação do eu, penitência e sacrifício. Esse asceticismo é bem ilustrado por algumas ordens monásticas medievais.


Desafio: A super ênfase no lado experiencial, individual e voluntário do chamado para a missão sem a confirmação prática do corpo de Cristo torna, às vezes, essa ideia do chamado um tanto quanto abstrata.


Compaixão.Essa dimensão prática do interesse sincero pelo próximo certamente é parte da missão. Mateus9:35-36 descreve o ministério de Jesus com base no seu sentimento de compaixão pelas multidões. No Antigo Testamento, a história de Jonas é uma grande reprimenda ao povo de Israel pela desobediência à missão, mas acima de tudo pela falta de compaixão. Efésios 2 é uma descrição incrível da realidade espiritual daqueles que não conhecem a Deus e não ouviram sobre o sacrifício de Jesus que deve alimentar a compaixão pelo próximo.


Distorção: Para aqueles que observam, a diferença parece ser muito sutil entre compaixão e pena. No entanto, na essência são motivações diferentes, sendo que só a primeira tem respaldo no amor de Deus. Uma segunda distorção são as obras assistenciais como desencargo de consciência ou devido a um espírito aventureiro.


Desafio: Obviamente num contexto de consumismo e egocentrismo em que todos buscam os seus objetivos, a compaixão também é um desafio.
III. Minha motivação
A motivação para a missão está diretamente relacionada com a maneira pela qual se promove, recruta, ora e desenvolve projetos missionários. Ela é comunicada e alimentada através de sermões, testemunhos, encontros pessoais, relatórios missionários, livros, revistas, sonhos, consciência, mas principalmente o estudo da Bíblia.


Algumas distorções, apresentadas anteriormente, parecem funcionar melhor para levar pessoas à ação em curto prazo. No entanto, essa visão utilitarista não tem respaldo bíblico e desacredita a liderança e a igreja a médio e longo prazos.


Devemos nos refrear de julgar a motivação daqueles que estão empenhados na missão principalmente se não estamos dispostos a nos sacrificar da mesma forma. Por outro lado, devemos nos lembrar de que, durante toda a história, Deus tem misericordiosamente tolerado esforços humanos imperfeitos e motivações questionáveis para fazer avançar Sua obra (Paulo menciona esse problema em Fp 1:15, 17-18).


No entanto, todo missionário, seja transcultural ou local, deve ter a consciência de que, por definição, é aquele que é enviado. Portanto, é necessário que a pessoa tenha convicção de que está sendo enviado por Deus e que sua motivação é aprovada por Ele. A missão deve fluir, acima de tudo, da glória e de volta para a glória de Deus (Encountering Theology of Mission, p. 84).




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