Lição 8 - Confiando na
bondade de Deus (Habacuque)
18 a 25 de maio
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 2Cr 26–28
VERSO PARA
MEMORIZAR:
“A Terra se
encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Hc
2:14).
Leituras da Semana:
Pensamento-chave: Podemos
nem sempre entender por que as tragédias acontecem, mas podemos confiar em
Deus, não importando o que aconteça.
Depois de pregar sobre a
presença permanente de Deus em meio às adversidades da vida, um pastor foi
confrontado por uma mulher que, aos prantos, perguntou: “Pastor, onde Deus
estava no dia em que meu único filho morreu?” Percebendo uma profunda tristeza no
rosto dela, o pastor ficou em silêncio, depois respondeu: “Deus estava no mesmo
local em que estava no dia em que Seu Filho Unigênito morreu para nos salvar da
morte eterna.”
Como nós, Habacuque testemunhou a injustiça, a violência e o mal. Pior ainda, Deus
parecia estar em silêncio em meio a tudo isso, embora Ele pedisse que Habacuque
confiasse em Suas promessas.
O profeta não viveu para ver o cumprimento dessas promessas. No entanto, ele
aprendeu a confiar nelas de toda maneira. Seu livro começa com uma queixa para
Deus, mas termina com um dos cânticos mais belos da Bíblia. Como Habacuque,
devemos esperar em fé até o momento em que o mundo “se encherá do conhecimento
da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar”.
Domingo
Ano Bíblico: 2Cr 29–31
Profeta perplexo
1. Leia Habacuque
1. O que o profeta perguntou a Deus? Embora sua situação tenha sido
diferente da nossa, quantas vezes fazemos esse tipo de perguntas?
Habacuque é único entre os profetas,
porque ele não falou ao povo em nome de Deus, mas falou com Deus sobre o povo.
Com um grito de espanto, o profeta começou sua luta para entender os propósitos
de Deus: “Até quando, Senhor [...?]” Na Bíblia, essa pergunta é típica de uma
lamentação (Sl 13:1; Jr 12:4). Ela implica uma situação de crise, da qual a
pessoa procura libertação.
A crise sobre a qual Habacuque pediu ajuda era a violência que permeava a
sociedade. Em hebraico, a palavra para “violência” é hamas, e é usada seis
vezes no livro de Habacuque. O termo implica atos que prejudiquem as pessoas
tanto física quanto moralmente (Gn 6:11).
Sendo profeta, Habacuque sabia bem o quanto Deus ama a justiça e odeia a
opressão. Por isso, ele quis saber por que Deus permitia que a injustiça
continuasse. Por toda parte ele percebia violência e transgressão da lei, e
parecia que os perversos triunfavam sobre os justos. A justiça estava sendo
pervertida pelos poderosos, como ocorreu no tempo de Amós (Am 2:6-8), e como
ocorre com tanta frequência hoje.
A resposta de Deus revelou Seus planos futuros. O Senhor usaria o exército de
Babilônia para punir o povo. Esse anúncio surpreendeu o profeta. Ele não
esperava que Deus usasse um exército tão cruel para disciplinar Judá. Em
Habacuque 1:8, a cavalaria babilônica é comparada a leopardos, lobos e águia,
três predadores cuja velocidade e poder trazem morte violenta às suas presas.
A arrogância implacável de Babilônia não reconhece nenhuma responsabilidade,
não busca arrependimento e não oferece reparações. Ela transgride a ordem mais
fundamental da vida criada. Habacuque foi informado de que o exército de
Babilônia seria usado como uma vara da ira divina (compare com Is 10:5). A
punição ocorreria durante a vida de Habacuque (Hc 1:5). Toda essa situação
levanta perguntas ainda mais difíceis sobre a justiça divina.
Como podemos aprender a confiar na
bondade e justiça de Deus, quando o mundo parece tão cheio de maldade e
injustiça? Qual é o nosso único recurso?
Segunda
Ano Bíblico: 2Cr 32, 33
Vivendo pela fé
Em Habacuque 1:12-17, a resposta de
Deus às perguntas do profeta levanta uma questão ainda mais inquietante: Um
Deus justo pode usar o ímpio para punir os que são mais justos do que eles? A
pergunta de Habacuque no verso 17 tinha a ver com a justiça divina.
Habacuque estava confuso, não apenas pela degeneração de seu próprio povo, mas
também pela certeza de que seu povo seria julgado por outro povo, pior que ele.
O profeta estava bem ciente dos pecados de Judá, mas sabia que os justos do seu
povo não podiam ser comparados com os pagãos babilônios.
Habacuque 2:2-4 é uma das passagens
mais importantes da Bíblia. O verso 4, em especial, expressa a essência do
evangelho, o fundamento do verso que começou a Reforma Protestante. Pela fé em
Jesus Cristo, recebemos a justiça de Deus. Essa justiça divina é creditada a
nós e se torna nossa. Isso é conhecido como justificação pela fé.
3. O texto de Habacuque
2:4 é um resumo do caminho da
salvação e do ensino bíblico sobre a justificação pela fé. Como os escritores
do Novo Testamento usam esse verso? Rm
1:17; Gl
3:11; Hb
10:38
Em meio a todo esse tumulto e
perguntas sobre o mal, a justiça e a salvação, Habacuque 2:4 apresenta forte
contraste entre o fiel e o soberbo. A conduta de cada grupo determina seu
destino: os arrogantes fracassarão enquanto os justos viverão pela fé. A
palavra hebraica para fé (‘emuna) é melhor traduzida como “fidelidade”,
“constância” e “confiabilidade”. Embora aquele que vive pela fé não seja salvo
por suas obras, seus atos mostram que ele vive pela fé. Sua fé é revelada em
obras e, assim, a vida eterna é prometida a essa pessoa.
Terça
Ano Bíblico: 2Cr 34–36
A Terra se encherá
(Habacuque 2)
O capítulo 2 de Habacuque traz a
resposta de Deus à pergunta do profeta em Habacuque 1:17. Depois dessa
resposta, temos um cântico que zomba do opressor orgulhoso. Nada menos que
cinco ais (Hc 2:6, 9, 12, 15, 19) afirmam a mensagem de que a destruição de
Babilônia está selada. A punição do inimigo estaria de acordo com o princípio
“medida por medida”. O que os ímpios fizessem às suas vítimas seria, no fim,
feito a eles. Colheriam o que houvessem semeado, porque Deus não pode ser
zombado pelos orgulhosos seres humanos (Gl 6:7).
Em contraste com o opressor que seria julgado por Deus, o justo tinha a
promessa da vida eterna em Cristo, independentemente do que acontecesse com
eles nesta vida. Ao descrever o remanescente fiel no tempo do fim, o livro do
Apocalipse apresenta a expressão “a paciência dos santos” (Ap 14:12, RC). Na
verdade, os justos são persistentes na espera pela intervenção divina, mesmo que
a vejam somente na segunda vinda de Cristo.
4. Leia Hebreus
11:1-13. Como esses versos nos ajudam em nossa luta com as mesmas questões
com as quais Habacuque lutou?
A resposta final de Deus às perguntas
de Habacuque foi a afirmação de Sua presença permanente. Certeza da presença de
Deus e confiança em Seu juízo. Apesar das aparências em contrário, essa é a
mensagem do livro de Habacuque, bem como de toda a revelação bíblica. Fé
profética é confiança no Senhor e em Seu caráter imutável.
“A fé que fortaleceu Habacuque e todos os santos e justos naqueles dias de
grande provação, é a mesma que sustém o povo de Deus hoje. Nas horas mais
escuras, sob as mais proibitivas circunstâncias, o cristão fiel pode firmar-se
sobre a fonte de toda luz e poder. Dia a dia, pela fé em Deus, sua esperança e
ânimo podem ser renovados” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 386, 387).
Quarta
Ano Bíblico: Ed 1–3
Lembrando a glória
divina
5. Leia Habacuque
3. O que o profeta estava fazendo ali, e por que isso é tão importante,
especialmente levando em conta as circunstâncias e perguntas difíceis que ele
estava enfrentando?
Habacuque expressou sua aceitação dos
caminhos de Deus em uma oração cantada (Hc 3:19). Tendo plena consciência do
poder de Deus, ele pediu que o Senhor Se lembrasse de Sua misericórdia quando o
juízo começasse. O profeta lembrou reverentemente os relatos dos grandes atos
de Deus no passado e orou para que Ele trouxesse redenção em seus dias. Parecia
que ele estava entre dois tempos. Com um olho olhava para trás, para o evento
do Êxodo, enquanto com o outro, olhava adiante, para o dia do Senhor. Ele
esperava uma revelação do poder de Deus em sua situação atual.
O hino do capítulo 3 descreve poeticamente a libertação de Israel da escravidão
egípcia. O que havia acontecido na época do Êxodo era um prenúncio do grande
dia do juízo. O piedoso não devia ficar ansioso a respeito do dia do Senhor,
mas devia esperar, perseverar e se alegrar na esperança que lhe pertencia.
O hino era também uma celebração do poder, glória e natureza vitoriosa de Deus.
O Senhor é descrito como soberano sobre toda a Terra. A revelação de Sua glória
é comparável ao esplendor do nascer do Sol (Hc 3:4).
Deus julga as nações opressoras. No entanto, ao mesmo tempo, Ele operou a
redenção do Seu povo em Seus “carros de vitória” (Hc 3:8). O poder de Deus nem
sempre é visível superficialmente, mas a pessoa de fé sabe que Deus está ali,
não importa o que aconteça.
Habacuque nos convida a olhar com expectativa para a salvação do Senhor, quando
Ele estabelecerá Sua justiça sobre a Terra e encherá o mundo com Sua glória. Ao
cantar louvores ao Senhor, o povo de Deus encoraja uns aos outros a meditar
sobre os atos passados de Deus e sobre a esperança para o futuro glorioso (Ef
5:19, 20; Cl 3:16). O próprio exemplo de Habacuque demonstra como se pode
perseverar ao viver tendo essa visão da salvação.
Pense na liderança do Senhor sobre sua
vida no passado. Isso o ajuda a confiar mais nEle e em Sua bondade, não
importando o que o futuro trará? Por que é sempre tão importante olhar para o
futuro final e eterno que nos espera?
Quinta
Ano Bíblico: Ed 4–6
Deus é nossa força
Ainda que a figueira não floresça, nem
haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam
mantimento; [...] todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha
salvação. O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da
corça, e me faz andar altaneiramente” (Hc 3:17-19).
6. O que há de bom na atitude do profeta em Habacuque
3:17-19? Como podemos cultivar tal atitude? Compare com Fp
4:11
As palavras finais do livro de
Habacuque (Hc 3:16-19) trazem a resposta do profeta à revelação do poder e da
bondade de Deus. Um novo olhar sobre os atos salvadores de Deus despertou a
coragem de Habacuque, enquanto ele esperava o ataque do inimigo. O medo agitou
seu íntimo enquanto ele esperava que o juízo divino caísse sobre sua nação. A
invasão poderia resultar na devastação das figueiras e oliveiras, tão
valorizadas na Palestina, juntamente com as videiras, cereais e o gado,
igualmente necessários. Mas a fé firme do profeta permanecia intocada, porque
ele tinha uma visão do Senhor vivo.
Com base em suas experiências passadas, Habacuque conhecia a fidelidade
absoluta de Deus. Foi por isso que ele se submeteu aos propósitos de Deus
naquela ocasião (Hc 3:16-19). Apesar de todas as circunstâncias desfavoráveis,
o profeta estava determinado a colocar sua confiança no Senhor e na Sua
bondade, não importando se sua situação parecesse desesperadora.
Habacuque esperava com firme confiança, mesmo que não houvesse sinais imediatos
de salvação. Ele foi um profeta que, por meio do diálogo, insultos e hino de
louvor, tem instruído os fiéis ao longo dos séculos a desenvolver uma fé mais
profunda e viva no Redentor. Por seu exemplo, ele incentiva o piedoso cristão a
dialogar com Deus, a colocar à prova sua fidelidade a Ele em tempos difíceis, a
desenvolver esperança no Senhor e a louvá-Lo.
Habacuque encerrou seu livro com uma atitude de fé expressa de modo muito
bonito: Independentemente de como a vida pudesse se tornar difícil, seria
possível encontrar alegria e força em Deus. A mensagem essencial de seu livro
aponta para a necessidade de esperar pacientemente a salvação divina em um
período de opressão, mesmo que pareça não ter fim. “Esperar no Senhor” é o tema
que domina o livro de Habacuque. Esse tema teria relevância especial para nós,
adventistas do sétimo dia que, como nosso nome diz, temos fé na segunda vinda
de Jesus?
Sexta
Ano Bíblico: Ed 7–10
Estudo adicional
Há uma resposta à pergunta de
Habacuque, não em termos de pensamento, mas de eventos. A resposta de Deus
acontecerá, mas não pode ser expressa em palavras. A resposta certamente virá.
‘Ainda que demore, espere-a’ (Hc 2:3, NVI). É verdade, é difícil suportar o
tempo. O justo fica horrorizado com o que vê. Para isso, a grande resposta é
dada: ‘O justo viverá pela sua fé’ (Hc 2:4). Mais uma vez, é uma resposta não
em termos de pensamento, mas de existência. A fé profética é confiança nAquele
em cuja presença a tranquilidade é uma forma de entendimento” (Abraham J.
Heschel, The Prophets [Os Profetas], p. 143).
“A firme palavra da profecia encontrará seu final cumprimento no glorioso
advento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, como Rei dos reis e Senhor dos
senhores. O tempo de espera pode parecer longo, o coração pode ser oprimido por
circunstâncias desanimadoras, muitos daqueles em quem confiamos podem cair ao
longo do caminho; mas, a exemplo do profeta que procurou encorajar Judá em
tempo de apostasia sem precedente, confiantemente declaremos: ‘O Senhor está no
Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a Terra’” (Hc 2:20, RC; Ellen G.
White, Profetas e Reis, p. 387, 388).
Como os comentários acima nos ajudam a compreender melhor as mensagens de
Habacuque?
Perguntas para reflexão
1. Resuma o diálogo de Habacuque com
Deus. Qual foi sua queixa básica? Como ele reagiu às respostas divinas?
2. Será que, aos olhos de Deus, perguntas honestas e até dúvidas são atitude
religiosa mais aceitável do que a mera crença superficial?
3. Os adventistas do sétimo dia de gerações passadas acreditavam que Cristo
voltaria em seu tempo e que eles veriam o cumprimento final de todas essas
promessas maravilhosas. Como podemos aprender a manter a fé enquanto aguardamos
a vinda de Jesus em nossa geração?
Respostas sugestivas: 1. Habacuque perguntou a Deus até
quando a violência e a injustiça, causadas pelo povo de Deus e pelos seus
inimigos, dominariam a terra. Até quando Deus toleraria a opressão? 2. A
esperança trazida pela visão sobre a restauração que ocorrerá no tempo do fim.
Os justos viverão pela fé, esperando o cumprimento dessa visão. 3. Paulo
afirmou que o evangelho revela a justiça divina de fé em fé, de acordo com
Habacuque, que ninguém será justificado pela lei diante de Deus e que os justos
não retrocedem no caminho da fé. Por isso agradam ao Senhor. 4. Pela fé podemos
ter certeza do futuro, ver o invisível e entender que Deus é o Criador; Abel,
Enoque, Noé, Abraão e Sara aceitaram o chamado de Deus, seguiram o caminho da
fé e justiça e enfrentaram dificuldades. 5. Entoando um cântico, no qual
expressou sua angústia, orou a Deus suplicando ajuda, descreveu a atuação de
Deus como Guerreiro e louvou ao Senhor por Sua atuação contra os inimigos de
Seu povo e pela salvação de Seus fiéis. 6. Diante da crise do momento, o
profeta demonstrou confiança e alegria por causa da obra de Deus em favor de
Seus servos e da Sua salvação. Habacuque aprendeu e decidiu estar contente em
toda e qualquer circunstância.
ESCOLA SABATINA
Texto-chave: Habacuque
2:14
O aluno deverá...
Saber: Que
é bom levar a Deus nossas perguntas inquietantes porque, ao discutirmos com o
Senhor, aprendemos Suas lições.
Sentir: Conforto em saber que, embora possamos
ficar desencorajados ao olharmos ao nosso redor, temos esperança quando olhamos
para cima.
Fazer: Aprender
a apresentar a Deus honestamente nossas perguntas inquietantes, nossos
argumentos e queixas. Dessa forma, Ele pode mudar nossos sentimentos,
pensamentos e atitudes.
Esboço
I. Saber:
Deus acolhe nossas queixas
A. Por que é tão importante para nós, assim como foi para os autores bíblicos,
falar com Deus aberta, honesta e sinceramente?
B. Por que é tão difícil esperar pela justiça de Deus?
C. É útil compartilhar nossas queixas com outros, ou é melhor compartilhá-las
apenas com Deus?
II. Sentir: Confiança no Senhor em tempos de
demora
A. Como a confiança no Senhor nos fortalece e edifica?
B. Por que é tão importante proteger os justos?
C. Como podemos evitar o sentimento de desânimo quando o Senhor demora em responder
às nossas perguntas?
III. Fazer: Orações abertas e honestas
A. Por que devemos falar com Deus sobre nossos sentimentos de frustração e
apresentar a Ele nossas perguntas inquietantes?
B. Como você pode ajudar alguém a ser aberto com Deus?
C. Como você pode ajudar um cristão hesitante a conviver com perguntas sem
respostas?
Resumo: A justiça é um ingrediente importante
na vida e deve ser sempre equilibrada com amor. Unicamente um conhecimento
verdadeiro dos propósitos de Deus revelados em Sua Palavra pode nos ajudar a
confiar nEle, apesar das tragédias e demora para obter respostas.
Ciclo do Aprendizado
Motivação
Focalizando a Palavra: Habacuque 3:17, 18
A exemplo de Habacuque, vivemos em um mundo arruinado, de dor e injustiça, que
suscita o questionamento não apenas da existência de Deus, mas sobre quem Ele é
e como é. Habacuque 3:17, 18 resume o conflito do profeta. Em resultado de seu
diálogo com Deus, ele foi inspirado a olhar além das condições então
prevalecentes e reafirmar sua fé na bondade de Deus.
Só para o
professor: Use uma das seguintes atividades de
abertura para estudar as maneiras pelas quais o livro de Habacuque representa o
ciclo de “fé-dúvida-fé renovada”, nas circunstâncias em que parece impossível
conciliar nossa experiência com nossas crenças espirituais.
Perguntas
para discussão:
1. Comente com a classe as semelhanças e diferenças entre a história de
Habacuque e a história de Jó. De que forma essas histórias nos ajudam a
descobrir a melhor maneira de lidar com questões difíceis, quando enfrentamos
injustiça e especialmente sofrimento?
2. Compartilhe exemplos pessoais de crises espirituais que nos ajudam a
compreender de modo mais amplo o estudo desta semana.
Compreensão
Só para o professor: Ao considerar o conteúdo e estrutura
do estudo desta semana, os seguintes elementos no relato bíblico podem ser
pontos de partida úteis para aprofundar a compreensão da história de Habacuque.
Escola Sabatina - Comentário
Bíblico
I. O livro de Habacuque: pano de fundo e estrutura
(Recapitule com a
classe Habacuque 1:2-4.)
O livro de Habacuque pertence a uma época turbulenta na história do povo judeu,
durante a qual o equilíbrio de poder estava mudando dos assírios para os
babilônios. O domínio da Assíria chegou ao fim com a destruição de sua capital,
Nínive, pelos invasores babilônios em 612 a.C. Menos de vinte anos depois que
Habacuque escreveu seu livro, os babilônios também destruíram Jerusalém e
levaram os principais cidadãos de Judá em cativeiro;
Foi nesse contexto, e
tendo essa situação como pano de fundo, que Habacuque clamou a Deus, de acordo
com a seguinte estrutura da narrativa:
Primeira
queixa de Habacuque: Por que o mal em Judá ficava impune?
(Hc 1:2-4).
Resposta de
Deus: Os babilônios punirão Judá (Hc
1:5-11).
Segunda
queixa de Habacuque: Como um Deus
justo pode usar a perversa Babilônia para punir um povo mais justo do que ela?
(Hc 1:12, 13; 2:1).
Resposta de
Deus: Babilônia
será punida, e a fé será recompensada (Hc 2:2-20).
Oração de
Habacuque: Depois de
pedir manifestações da ira e misericórdia de Deus (como havia visto no
passado), ele termina com uma declaração de confiança e alegria em Deus (Hc 3;
http://www.biblestudytools.com/Habakkuk/).
Embora muito condensada, a história de Habacuque ensina pelo menos três
verdades vitais. Primeira, a história revela que lutar com a dúvida pode ser
parte da experiência cristã. Segunda, demonstra a abertura de Deus ao
questionamento de Habacuque (e ao nosso também). E, finalmente, a própria
estrutura da história é um modelo das formas pelas quais os cristãos podem
aprofundar a fé em momentos de dúvida.
Pense nisto: Qual
é o pano de fundo do livro de Habacuque, e como essa estrutura serviu para
enquadrar e dar forma às suas perguntas e conflitos? Como a luta de Habacuque,
por sua vez, criou a moldura ou estrutura para a narrativa de seu livro? Quais
são as três verdades vitais ensinadas pela história de Habacuque?
II. A importância da queixa de Habacuque e da resposta de Deus
(Recapitule
com a classe Hc 1:1-4.)
Certamente, há algo universal nas queixas de Habacuque: o fato de que a
injustiça se alastra no mundo. Hoje, mais do que nunca, os justos são cercados
pelos ímpios, a lei é impotente e Deus parece não Se importar com o sofrimento
de Seu povo (Hc 1:1-4).
Habacuque perguntou por que Deus
permitia que essas coisas acontecessem.
Parece que Habacuque
viveu em 2013, não é mesmo?
Muitos de nós olhamos para o mundo ou para nossa vida e aparentemente vemos
ausência de Deus e Sua justiça. Como a história de Habacuque revela, não apenas
devemos levar a Deus nossos dilemas e questões, mas, ao fazer isso, o próprio
caráter de Deus é revelado. O fato de que Deus permite o questionamento de Si
mesmo por um de Seus seguidores oferece uma informação valiosa sobre Sua
natureza. Deus é sensível, acolhe as perguntas e está disposto e apto para
prover respostas, mesmo quando essas respostas sejam difíceis de dar (por
exemplo, Ele disse a Habacuque que a justiça que Ele buscava podia demorar um
pouco para chegar).
O conteúdo da resposta divina a Habacuque também contém a seguinte mensagem
espiritual duradoura: Deus reafirma Seus princípios de justiça. Ele revela que,
embora Seu tempo para executar a justiça possa não se encaixar em nosso
cronograma, esse tempo é perfeito.
A sequência de “dúvida/questionamento/compromisso com Deus” na história de
Habacuque é completada pela aceitação final da fidelidade e bondade de Deus. O
triunfo de sua fé, ainda que as condições ao redor dele não tivessem mudado,
fala da promessa de que Deus dará compreensão e respostas suficientes para
nossa necessidade. Além disso, ele traz uma lição importante, que é a de estar
aberto para as respostas que estão fora da nossa expectativa.
Pense nisto: Que
verdade sobre Deus as perguntas de Habacuque revelam?
Aplicação
Só para o professor: Apresente
aos alunos as perguntas para reflexão a seguir. O objetivo dessas perguntas
será encontrar maneiras práticas de incorporar as verdades de Habacuque na vida
individual e comunitária dos cristãos.
COMENTÁRIO
Luiz Gustavo S.
Assis é formado em teologia pelo Unasp Campus 2 e atualmente exerce a função de
pastor distrital no bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, RS.
Ampliação
Confiando na bondade de Deus (Habacuque)
Habacuque pode não ser seu livro bíblico favorito e pode ser que você demore
para encontrá-lo em sua Bíblia. Mas eu diria que os três capítulos que o
compõem são profundamente atuais em nosso relacionamento com Deus. É impossível
não se identificar com os questionamentos e afirmações do profeta. É difícil
não ficar confuso com o silêncio de Deus diante dos clamores do Seu porta-voz.
Como confiar na bondade de Deus quando Ele não Se manifesta e as coisas vão de
mal a pior?
Conhecendo o livro
Diferente de Oseias e Amós, Habacuque não menciona nenhum rei que possa
facilitar a datação de sua obra. Como no caso de Joel e Obadias, temos que
reunir informações que nos ajudem a identificar o período em que o profeta
atuou e escreveu. Por isso, apresento a seguir duas informações úteis para esse
propósito:
Caldeus:
Em 1:6, os caldeus são mencionados. Ora, os caldeus são os conhecidos
babilônios dos livros de Jeremias e Daniel. Quando o reino de Israel foi
destruído em 722 a.C., Babilônia não figurava entre as potências da
Mesopotâmia. A Assíria era a grande potência daquela região geográfica. Mas um
rival começou a despontar no horizonte do antigo oriente médio. Seu nome era
Nabopolasar. Ele conseguiu reunir um exército de babilônios e outros povos
mercenários e em 612 a.C. conquistou e destruiu Nínive, a capital do
enfraquecido império assírio. Veremos isso com mais detalhes quando estudarmos
o profeta Naum, na próxima semana. O foco de Nabopolasar se voltou para o sul,
para o Egito, outro possível rival, para estabelecer a hegemonia do império
neo-babilônico. Em 605 a.C., numa batalha realizada em Carquemis, cidade
localizada entre a atual Turquia e a Síria, os egípcios foram derrotados. Mas
na ocasião, quem liderou o exército de Babilônia foi um jovem príncipe chamado
nos tabletes cuneiformes de Nabu-kudurri-usur. Nós o conhecemos como
Nabucodonosor! Foi diante dessa assustadora ameaça que Habacuque escreveu seu
livro.
(Fonte: scriptures.lds.org)
(Imagem de Nabucodonosor e uma
inscrição de seu nome. Fonte: Wikpedia)
O nome do
profeta: O nome Habacuque está relacionado
com a palavra babilônica habbaququ, termo que pode significar tanto a planta
como a fruta de uma árvore. Até agora, os nomes dos profetas estudados (Oseias,
Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias) são claramente hebraicos com um
significado religioso. Porém, Habacuque foge à regra. Se você está bem
lembrado, Daniel e seus três companheiros tiveram seus nomes hebreus mudados
para nomes babilônicos (cf. Dn 1:6-7). Será que Habacuque não seria o nome
babilônico de outro jovem hebreu levado por Nabucodonosor para Babilônia? É
difícil afirmar algo assim, mas é, no mínimo, intrigante. Apesar de não ter
sido tão expressivo como o ministério do profeta Daniel, Habacuque estava sendo
usado pelo mesmo Deus, na mesma época!
A mensagem de Habacuque
A seguir você pode conferir uma estrutura básica da obra de Habacuque:
I. Primeiro questionamento de
Habacuque (1:1-4)
II. A resposta de Deus (1:5-11)
III. Segundo questionamento de
Habacuque (1:12–2:1)
IV. A resposta de Deus (2:2-20)
V. Oração de Habacuque
Dois temas se destacam ao longo dos
três capítulos:
Justiça:
Habacuque afirma que Deus é santo e justo (1:12-13; 3:3), nunca indiferente ao
pecado e à injustiça. Ele punirá o ímpio (1:5-11; 2:2-20), tanto é que já fixou
um tempo específico (2:3) na história para revelar Sua justiça e julgamento
contra o mal. Através de sua obra, ele informa aos fiéis de cada geração que
uma triste realidade nunca deve ser tomada como verdadeira e definitiva. Por
mais que isso demore para mudar, Habacuque afirma que Deus vindicará o justo.
Fé:
Fé é necessária para suportar a injustiça (2:4). Mesmo quando a vida parece
confusa, o povo de Deus deve esperar pacientemente o livramento, crendo que Ele
colocará tudo em ordem (2:3). Assim como Abraão esperou pacientemente pelo
cumprimento da promessa divina (Hb 6:13-15), e como Habacuque e o remanescente
fiel deviam esperar a justa resposta do Senhor (2:3; 3:16), da mesma forma os
fiéis de todas as épocas devem esperar com fé pelo cumprimento dos propósitos
de Deus (Rm 1:17; 5:1-2). Na verdade, fé não é um mero sentimento nem um
posicionamento intelectual. O vocábulo hebraico para fé é ‘emunah, que
carrega em si a ideia de firmeza. Não se trata de pensamento positivo, mas de
uma vida que é depositada nas mãos do Senhor, diariamente, e esperando somente
nEle por soluções.
A relevância da mensagem de Habacuque
O
problema do sofrimento:
Habacuque estava perplexo com o silêncio de Deus diante da violência, da
maldade e da injustiça (1:1-4). Somos confrontados diariamente com essas
realidades e muitas vezes temos que conviver com o mesmo silêncio da parte de
Deus. Como mencionei no comentário da lição de Joel, esse é um tópico
extremamente delicado, um dos questionamentos mais intimidadores para o cristão
atual. Afinal, se Deus existe, por que Ele não evita o mal? Por que não impede
a violência? Por que Se cala diante da injustiça? Algumas respostas prontas
para esses questionamentos não satisfazem a dor de uma mãe que tenta
desesperadamente superar a perda do filho, ainda pequeno.
Você já deve ter ouvido falar de C. S. Lewis, alguém que voltou a aceitar a fé
cristã após experimentar o vazio do ateísmo e do panteísmo. Um de seus
principais livros tem por título O Problema do Sofrimento (Vida,
2009), onde ele afirma: “Deus sussurra aos nossos ouvidos por meio de nosso
prazer, fala-nos mediante nossa consciência, mas clama em alta voz por
intermédio de nossa dor. Ela é seu megafone para despertar o homem surdo.”
Creio que essa informação tenha suporte bíblico, como pode ser visto na
história de Manassés, em 2 Crônicas 33. Esse rei de Judá estava ensurdecido
pelo pecado. O verso 10 diz que Deus falou a ele e ao seu povo, mas eles “não
Lhe deram ouvidos”. O verbo hebraico empregado ali é qashab, que
tem o sentido de estar com os ouvidos tapados. Como Deus conseguiria falar ao
coração de Manassés? Foi somente quando esse rei estava como prisioneiro em uma
das celas do complexo penitenciário da antiga Nínive, que ele “reconheceu que o
Senhor era Deus” (v. 13) O sofrimento acaba sendo uma inesperada medida divina
para nos tornar sensíveis à Sua voz.
Olhando para os dias do profeta Habacuque, é notório que o reino de Judá estava
cada vez mais anestesiado pelo pecado. Dê uma rápida lida em alguns capítulos
do livro de Ezequiel (especialmente o 16 e o 23) para obter uma noção do
comportamento do povo de Jerusalém. Sem dúvida, são alguns dos discursos mais
severos de Deus sobre a nação. Diante de circunstâncias como essas, como
acordá-los? Como fazê-los ouvir a voz de Deus? Através da dor e dor sofrimento.
Será que conosco poderia ser diferente?
A inutilidade dos ídolos (Hb 2:18-20)
Após apresentar suas queixas diante de Deus, Habacuque finalmente teve uma
resposta do Senhor. A última parte desse discurso aparentemente foge
completamente dos questionamentos que o profeta havia levantado. O que os
ídolos tinham a ver com o caos nacional provocado pelo exército babilônio? Na
Bíblia, a essência da idolatria é depositar confiança em algo feito pelas mãos
humanas, em lugar de colocá-la em Deus. Esse era um perigo nos dias do profeta
e também para nós.
Há alguns anos, ouvi a emocionante história de um cristão que morava na cidade
de Chicago, na década de 1860. Seu nome era Horatio Spafford. Ele perdeu
tragicamente suas quatro filhas em um naufrágio. “Salva sozinha” foram as
palavras de abertura do telegrama de sua esposa enviado da Inglaterra dando a
trágica notícia. Em determinado momento da viagem para encontrar a esposa,
Spafford foi avisado que o local em que eles estavam passando era exatamente o
mesmo do trágico incidente. Imagino uma tempestade de sentimentos invadindo a
mente desse homem. Mas diante de tamanha dor, suas mãos conseguiram reunir
forças para escrever as palavras do hino It’s Well With My Soul, traduzido em nosso hinário
como “Sou Feliz com Jesus” (HA, 230), uma canção que tem fortalecido a fé de
milhares de cristãos ao redor do mundo. Esse é o sentimento de alguém que
reconhece a inutilidade dos artifícios humanos para explicar a dor e o
sofrimento e consegue encontrar calma somente na pessoa do Filho de Deus. Por
mais que não percebamos, nosso Senhor Se apresenta como o soberano Rei
assentado em Seu trono e diante de quem toda a Terra deve ficar em silêncio
(2:20). Nas palavras de Ravi Zacharias, “tempo é um pincel com o qual Deus
pinta Sua obra-prima”. As perplexidades de hoje farão sentido no amanhã.
Futuro
com esperança: (3:17-20)
Sem dúvida, esta é uma das mais belas
passagens bíblicas. Gosto da maneira pela qual a Nova Versão Internacional apresenta
esse texto. “Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras;
mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas
lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu
exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação. O Senhor, o
Soberano, é a minha força; Ele faz os meus pés como os do cervo; Ele me
habilita a andar em lugares altos.” Mesmo sabendo qual seria o resultado final
das investidas de Nabucodonosor contra Judá, Habacuque estava convicto de que a
forma enigmática de Deus trabalhar é melhor do que a descrença em Seu caráter.
A parte final do verso, em minha opinião, é significativa: “Ele me habilita a
andar em lugares altos”. Já pude experimentar esse sentimento de andar em
lugares altos. Minha esposa e eu desfrutamos de alguns instantes o sublime
sentimento de estar a quase quatro mil metros de altitude em Chamonix Mont
Blanc, na França. É uma sensação difícil de ser esquecida. Não existem
obstáculos para a visão. O horizonte se torna mais amplo e o silêncio é
ensurdecedor!
Esse texto de Habacuque esteve em minha mente durante todos os dias que ali
estive. E creio que existe uma lição importante para transmitirmos aos alunos
das nossas unidades. Em nossa caminhada com Deus, podemos andar num vale em que
nossa visão seja prejudicada. Nada tem sentido e é fácil perdermos o rumo. Em
contrapartida, as últimas palavras do profeta demonstram um interesse divino em
nos proporcionar uma visão privilegiada dos acontecimentos desta vida. Um
futuro com esperança. Esperança que não pode ser encontrada em artifícios
humanos, mas somente em um relacionamento com nosso soberano Senhor. Quando nos
relacionamos com Ele, é mais do que natural termos essa mudança de perspectiva.
Como disse o grande evangelista britânico do século passado, G. Campbell
Morgan, “nossa alegria é proporcional à nossa confiança e nossa confiança é
proporcional ao nosso conhecimento de Deus”. Somente assim conseguiremos
confiar em Sua bondade. Que bela mensagem é a do profeta Habacuque!
Ignace J. Gelb, Thorkild Jacobsen, Benno Landsberger, A. Leo
Oppenheim, The Assyrian Dictionary of
the Oriental Institute of the University of Chicago, (Chicago: Oriental
Institute, 1956), p. 13.
Vídeos
Introdução - Esboço da
Lição “Busque ao Senhor e Viva” (aqui).
Esboço da Lição 8 -
Confiando na bondade de Deus (Habacuque) (aqui).
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