quarta-feira, 8 de maio de 2013

ES - Lição 5 - Busque o Senhor e viva! (Amós) – 2º Trim, 2013





Lição 5 - Busque o Senhor e viva! (Amós)


27 de abril a 4 de maio





Sábado à tarde   Ano Bíblico: 2Rs 18, 19 

VERSO PARA MEMORIZAR:

“Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e, assim, o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis” (Am 5:14).


Leituras da Semana:


Pensamento-chave: Amós nos lembra que existe vida apenas quando buscamos o Senhor.

Houvessem os filhos de Israel sido leais ao Senhor, Ele teria cumprido Seu desígnio, honrando-os e exaltando-os. Houvessem andado nos caminhos da obediência, Ele os teria exaltado “sobre todas as nações que fez, para louvor, e para fama, e para glória” (Dt 26:19, RC). “Todos os povos da Terra verão que és chamado pelo nome do Senhor”, disse Moisés, “e terão temor de ti” (Dt 28:10, RC). “Os povos [...] ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente” (Dt 4:6). Devido a sua infidelidade, porém, o desígnio de Deus só pôde ser executado por meio de contínua adversidade e humilhação (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 28).

Nesta semana, enquanto continuamos a estudar o livro de Amós, veremos ainda mais as maneiras pelas quais o Senhor apelou ao Seu povo para abandonar seus pecados e voltar a Ele, a única verdadeira fonte de vida. No fim, temos apenas uma entre duas opções: vida ou morte. Não há meio termo. Amós nos mostra um pouco mais sobre as grandes diferenças entre essas escolhas.

Domingo   Ano Bíblico: 2Rs 20, 21 

Odiar o mal, amar o bem

As coisas tinham se tornado muito ruins em Israel. Havia corrupção, opressão e pecado. Chegou o momento em que a própria sobrevivência da nação estava em jogo. Por essa razão, Amós compôs um cântico fúnebre para lamentar a iminente morte de Israel (Am 5:1-15). Muitas vezes, nos livros proféticos, não se faz distinção entre a palavra do profeta e a palavra do Senhor. Assim, a lamentação de Amós é também a lamentação de Deus sobre Israel.

O objetivo desse cântico fúnebre era estimular as pessoas a encarar a realidade. Se elas persistissem em seus pecados, certamente morreriam. Se, por outro lado, rejeitassem o mal e voltassem para Deus, viveriam. Em Sua perfeição de caráter, o Senhor espera de Seu povo conformidade com a Sua vontade.

1. Como se aprende a odiar o mal e amar o bem? Am 5:14, 15; Hb 5:14; Rm 12:9; Pv 8:36

Amós convida as pessoas não apenas a parar de procurar o mal, mas também a odiá-lo e amar o bem. Nesta seção, as ordens são progressivas. Na Bíblia, os verbos amar e odiar (em hebraico ‘ahav e śane’), muitas vezes se referem a decisões e ações, e não simplesmente a sentimentos e atitudes. Em outras palavras, a mudança na atitude das pessoas leva à mudança em suas ações.

2. Nesse contexto, que advertência é encontrada em Isaías 5:20?

“Todo o que nesse dia mau se dispuser a servir a Deus com destemor, segundo os ditames de sua consciência, necessitará de coragem, firmeza e conhecimento de Deus e Sua Palavra. Os que forem fiéis a Deus serão perseguidos, seus motivos impugnados, desvirtuados seus melhores esforços e seus nomes repudiados como perversos. Satanás trabalhará com todo o seu poder enganador para influenciar o coração e obscurecer o entendimento, a fim de que o mal pareça bem, e o bem mal” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 431).

Se podemos ser levados a chamar o mal bem e o bem mal, como podemos aprender a amar o bem e odiar o mal? Qual é a nossa única proteção contra esse engano?


Segunda    Ano Bíblico: 2Rs 22, 23 

Religião habitual

3. Leia Amós 5:23, 24, Oseias 6:6, Mateus 9:13 e Salmo 51:17. Qual é o princípio apresentado nesses textos e como aplicá-lo na vida espiritual? Podemos ser culpados de fazer exatamente o que devemos evitar?

Mais do que a maioria dos outros livros da Bíblia, Amós focaliza a injustiça, crueldade e desumanidade. Ele também apresenta a perspectiva divina sobre tais práticas. Amós pregou que Deus desprezava os rituais vazios do formalismo morto das pessoas, e Ele as chamava para a reforma. O Senhor não estava satisfeito com as formas de adoração exteriores e vazias oferecidas a Ele por aqueles que, ao mesmo tempo, estavam oprimindo os semelhantes para obter ganho pessoal. A vida deles revelava que haviam perdido de vista a essência do que significa seguir ao Senhor. Eles também tiveram uma compreensão totalmente errada do significado mais profundo de Sua lei.

Na verdade, Deus rejeitou seus rituais religiosos porque não procediam da fé. As palavras mais importantes de Amós 5:1-15 estão na ordem para buscar ao Senhor e viver (Am 5:6). A atitude de buscar ao Senhor é contrastada com o ato de fazer peregrinações aos famosos centros religiosos em Betel, Gilgal, e Berseba (Am 5:5), três cidades com santuários que estavam destinados à destruição.

O que Deus realmente queria era justiça e retidão na Terra. A ordem de “buscar ao Senhor” é paralela à ordem de “buscar o bem”. O Senhor chamou o remanescente a se distanciar das más práticas, do formalismo religioso, e deixar que a retidão corra como um rio; e a justiça, como um ribeiro perene. Embora a justiça envolva o estabelecimento do que é certo diante de Deus, a retidão é a qualidade de vida em relação a Deus e aos outros na comunidade. A imagem aqui apresentada é a de um povo religioso, cuja religião tinha sido degenerada em nada, senão formas e ritos sem a mudança de coração que deve acompanhar a verdadeira fé (Dt 10:16). Devemos ter muito cuidado!

Terça    Ano Bíblico: 2Rs 24, 25 

Chamado para ser profeta

Amós era de Tecoa, em Judá, mas Deus o enviou para profetizar em Israel. Ele foi ao reino do norte e pregou com tal poder que a terra não podia “sofrer todas as suas palavras” (Am 7:10). Certamente, muitos israelitas olharam para Amós com suspeita e o rejeitaram como mensageiro de Deus. Apesar da rejeição, ele cumpriu fielmente seu ministério profético.

4. Leia Amós 7:10-17. Como o profeta foi recebido? Que outros exemplos bíblicos revelam a mesma atitude? O que aprendemos com esses exemplos?

Entre os que não gostaram da pregação de Amós estava Amazias, sacerdote de Betel, que acusou o profeta de conspiração contra o rei de Israel. Betel foi um dos dois santuários reais, os próprios centros do culto apóstata. Amós havia predito em público que, se Israel não se arrependesse, seu rei morreria pela espada e o povo seria levado cativo. Amazias ordenou que Amós voltasse para a terra de Judá, onde suas mensagens contra Israel seriam mais populares.

Em sua resposta ao sacerdote, Amós afirmou que seu chamado profético viera de Deus. Alegou que não era um profeta profissional que podia ser contratado para profetizar. Amós se distanciou dos profetas profissionais que profetizavam em busca de ganho.

Falar a verdade não garante a aceitação, porque a verdade às vezes pode ser desconfortável e, se ela perturba os que estão no poder, pode despertar séria oposição. O chamado de Deus impeliu Amós a pregar de maneira tão franca e corajosa contra os pecados do rei e da nobreza do reino do norte que ele foi acusado de traição.

Qual é a nossa atitude quando ouvimos que nossas ações e nosso estilo de vida são pecaminosos e trarão punição sobre nós? O que nossa resposta diz sobre nós mesmos e sobre a necessidade de uma mudança de coração e atitude?

Quarta   Ano Bíblico: 1Cr 1–3 

O pior tipo de fome

5. “Eis que vêm dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a Terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. Andarão de mar a mar e do Norte até ao Oriente; correrão por toda parte, procurando a palavra do Senhor, e não a acharão” (Am 8:11, 12). Como devemos entender esses versos?

Em Amós 8, o profeta descreve os efeitos devastadores do juízo de Deus sobre o Israel impenitente. Deus punirá o povo por seus pecados enviando fome sobre a Terra. Mas nos versos 11 e 12, o profeta fala de fome e sede da Palavra de Deus. Essa tragédia se destacará acima de todas as outras, porque Ele ficará em silêncio, e nenhuma outra fome poderá ser pior.

Muitas vezes, quando o povo de Israel experimentava grande angústia, ele se voltava para o Senhor em busca de uma palavra profética, na esperança de orientação. Dessa vez, a resposta de Deus consistirá no silêncio. Uma parte do juízo de Deus sobre Seu povo será a retirada de Sua Palavra por meio dos Seus profetas.

Se o povo de Deus continuar a ser desobediente, diz o profeta, virá o tempo em que eles estarão ansiosos para ouvir a mensagem, mas será tarde demais para voltar à Palavra de Deus, na esperança de escapar do juízo. Esse é o resultado da recusa persistente de Israel em ouvir a mensagem de Deus por intermédio de Amós. Como Saul antes de sua última batalha (1 Sm 28:6), as pessoas um dia perceberão o quanto precisam da Palavra de Deus.

Uma população inteira procurará freneticamente a Palavra de Deus, a mesma Palavra que foi ignorada no tempo do profeta. Os jovens serão especialmente afetados. Enquanto as gerações anteriores tinham ouvido e rejeitado a Palavra de Deus, os jovens nunca terão a oportunidade de ouvir a proclamação profética.

6. Quais são os efeitos terríveis do silêncio de Deus? 1Sm 14:37; Sl 74:9; Pv 1:28; Lm 2:9; Os 5:6; Mq 3:5-7

De que forma é possível silenciar a voz de Deus em nossa vida? Por mais assustador que seja esse pensamento, reflita sobre suas implicações. Como podemos ter certeza de que isso não acontecerá conosco?


Quinta    Ano Bíblico: 1Cr 4–6 

A restauração de Judá

O profeta se voltou da imagem obscura do pecado do povo e juízos resultantes para as promessas gloriosas da futura restauração (Am 9:11-15). O dia do Senhor, anteriormente descrito como dia do castigo (Am 5:18), agora é um dia de salvação, porque salvação, não punição, é a última palavra de Deus para Seu povo. No entanto, a salvação virá depois da punição, não em lugar dela.

Em meio a toda escuridão e destruição, Amós encerrou seu livro com uma mensagem de esperança. Diante da perspectiva de um exílio imediato, a dinastia de Davi havia caído tão fundo que já não podia ser chamada de casa, mas de cabana. Porém, o reino de Davi seria renovado e unido sob um único governante. Para além das fronteiras de Israel, outras nações invocariam o nome de Deus e desfrutariam de Suas bênçãos, juntamente com Israel. O livro termina com essa nota feliz e esperançosa.

Os profetas bíblicos não ensinaram que a punição divina existia por causa da punição em si. Por trás de quase todas as advertências estava o chamado para salvação. Embora a ameaça de exílio fosse iminente, o Senhor encorajou o remanescente com a promessa de restauração para a Terra. O remanescente desfrutaria da renovação da aliança. Os que experimentassem o juízo veriam Deus agindo para salvar e restaurar.

7. Qual é o cumprimento final das promessas de Amós sobre a restauração do povo de Deus? Lc 1:32, 33; At 15:13-18

Muitos professores judeus consideravam Amós 9:11 uma promessa messiânica dada a Abrão, reafirmada a Davi, e expressa ao longo do Antigo Testamento. O novo rei da linhagem de Davi reinará sobre muitas nações, em cumprimento da promessa de Deus a Abrão (Gn 12:1-3). O Messias reinará até mesmo sobre os inimigos, como Edom. As ruínas restauradas do povo de Deus nunca mais serão destruídas.

Por meio da vinda de Jesus Cristo, o maior Filho de Davi, Deus cumpriu Sua bondosa promessa. Tiago citou essa passagem de Amós para mostrar que a porta da salvação está aberta para que os gentios participem plenamente dos privilégios da aliança confiada à igreja. No Messias prometido, descendente de Abraão e Davi, Deus ofereceria Suas bênçãos redentoras a judeus e gentios.

O cumprimento final dessas promessas a todos os que as aceitam, judeus ou gentios, será visto apenas na segunda vinda de Cristo. Como podemos manter viva essa esperança e promessa, não permitindo que ela desapareça em meio às tensões da vida?


Sexta   Ano Bíblico: 1Cr 7–9 

Estudo adicional

Nossa posição diante de Deus depende, não da quantidade de luz que temos recebido, mas do uso que fazemos da que possuímos. Assim, mesmo o pagão que prefere o direito, na proporção em que lhe é possível distingui-lo, acha-se em condições mais favoráveis do que os que têm grande luz e professam servir a Deus, mas desatendem a essa luz e, por sua vida diária, contradizem sua profissão de fé” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 239).

Perguntas para reflexão

1. Você odeia o mal e ama o bem, ou chama o mal bem e o bem mal? Por que esse perigo prevalece especialmente quando a cultura e a sociedade começam a mudar seus valores de forma a aceitar determinados comportamentos, estilos de vida e atitudes claramente condenadas na Bíblia? Não somos imunes às tendências culturais e sociais em que estamos imersos, não é verdade? Pense nas mudanças que aconteceram em sua cultura e sociedade ao longo dos anos. Por exemplo, que coisas antes consideradas vergonhosas e proibidas, agora são abertamente expressas, praticadas e consideradas boas ou, pelo menos, “não estão erradas”? Como essas mudanças afetaram as atitudes da igreja em relação a essas coisas? O que podemos fazer para não cair na armadilha perigosa de chamar o mal bem? Ao mesmo tempo, que mudanças culturais para o bem têm influenciado a igreja em um bom caminho, um modo que reflita mais de perto os princípios de amor e aceitação revelados pela vida de Jesus?

2. Pense mais na ideia de “fome” da Palavra de Deus. De que modo é provável que isso aconteça? Será que o Senhor esconderá propositalmente a verdade das pessoas, ou será que as atitudes delas as tornarão totalmente fechadas à Palavra?

3. Como adventistas do sétimo dia que têm tantos motivos para acreditar nas verdades recebidas, não estamos em perigo de pensar que nosso conhecimento dessas verdades é tudo de que precisamos? Como as verdades com as quais fomos abençoados devem afetar nossa maneira de viver e interagir com os outros, na igreja e em nossa comunidade? Como podemos viver as verdades que nos foram confiadas? Por que isso é tão importante?

Respostas sugestivas: 1. Procurando o bem e não o mal; estabelecendo a justiça; crescendo espiritualmente pelo conhecimento e prática da Palavra de Deus; apegando-se ao bem e à sabedoria. 2. “Ai dos que ao mal chamam bem [...]; que fazem da escuridade luz [...]; põem o amargo por doce [...]” 3. Se não praticamos a justiça, o som dos cânticos de louvor e dos instrumentos musicais não têm valor diante de Deus; misericórdia e conhecimento de Deus são mais importantes do que sacrifícios; arrependimento tem mais valor do que aparência de justiça. 4. Foi perseguido e acusado de conspiração. Jeremias, Zacarias (2Cr 24) e Elias também foram rejeitados, porque as pessoas não queriam ouvir a mensagem de Deus. 5. O Senhor deixaria de Se revelar ao povo, indicando Sua separação do povo rebelde. No futuro, o Espírito Santo será retirado dos pecadores impenitentes. 6. Saul não obteve resposta de Deus. O rompimento da comunicação com Deus destrói a prosperidade material; os que rejeitam a Deus, depois O procuram e não encontram; os profetas ficarão envergonhados. 7. O reinado do Messias sobre Israel e todas as nações que O aceitarem. 


ESCOLA SABATINA


Auxiliar - Resumo

Texto-chave: Amós 5:14

O aluno deverá...

Saber: Que Deus deseja nosso bem, e que buscar o Senhor e Seus verdadeiros valores é encontrar vida.

Sentir: Que o mal traz desastres e destrói o que é significativo e bonito. Fazer o bem não apenas parece bom, mas traz resultados positivos.

Fazer: Procurar a restauração da vida buscando a Deus de maneira sincera e honesta.

Esboço

I. Saber: Buscar o Senhor

A. Como você busca o Senhor?

B. Por que Deus disse que estaria com Seu povo, quando já estava com eles, falando com eles, e chamando-os ao arrependimento?

C. O que significa dizer que Deus está com Sua igreja?

II. Sentir: Buscar o bem, odiar o mal

A. Qual deve ser nossa atitude para com o pecado e os pecadores?

B. Como o amor rejeita as coisas prejudiciais? Como o verdadeiro amor pode ferir e curar ao mesmo tempo?

III. Fazer: Restauração do relacionamento

A. Como você busca a Deus cada dia?

B. Como podemos tornar significativos os hinos, rituais e hábitos religiosos?

C. Como podemos nos livrar do autoengano, do relacionamento ruim com Deus e da sensação de falsa segurança?

Resumo: Rituais vazios e comportamento nocivo disfarçados sob o nome do Senhor não podem satisfazer e levar a relacionamentos significativos com Deus e os outros. Buscar verdadeiramente o Senhor e seguir Sua vontade traz verdadeira vida.


Ciclo do Aprendizado


Motivação

Focalizando a Palavra: Amós 5:14, 15, 18, 21

Conceito-chave para o crescimento espiritual: No centro da mensagem de Amós – um profeta visto muitas vezes como a voz da condenação – está o tríplice apelo para “buscar o Senhor”, “amar o bem” e “viver” (Am 5: 4, 6, 15). Somente voltando ao Senhor de todo o coração é possível encontrar uma vida abundante e satisfatória.

Só para o professor: A lição desta semana adverte contra a religião barata e falsas expectativas sobre o Dia do Senhor. O dia do juízo era compreendido nos dias de Amós como um dia de vingança contra os inimigos. Os inimigos dos fiéis pereceriam, mas os fiéis herdariam o reino de Deus. No entanto, Amós advertiu que o Dia do Senhor seria também um dia de severo juízo para Seu povo, porque ele havia abandonado a autêntica vida espiritual. Sua religião era apenas exterior, cheia de ações e de rituais, e não consistia em uma transformação interior e relacionamentos verdadeiros. Leia as fortes palavras que descrevem como Deus odiava a adoração a Ele prestada: não havia sentimento em sua adoração nem havia justiça (Am 5:21-27). A mensagem de Amós foi o último apelo de Deus na tentativa de impedir Israel de fazer o mal. Se nada mudasse, todo o Reino do Norte desapareceria. Infelizmente, isso aconteceu em 722 a.C., com a vitória da Assíria – tudo porque Israel se recusou a ouvir o Senhor, Seu mensageiro e Sua Palavra.

Discussão de abertura: O que aconteceria se você começasse sua classe de Escola Sabatina, ou se o pregador começasse o sermão, dizendo: “Ai de vocês que desejam a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo” (paráfrase de Amós 5:18). “Ai de vocês que vivem tranquilos na igreja e se sentem seguros, mas em sua vida diária esquecem o Senhor e Sua vontade!” (Paráfrase de Amós 6:1).

Que reação você esperaria? As pessoas ficariam chocadas?

Perguntas para discussão:

1. Uma mensagem tão vital como a segunda vinda de Jesus poderia ser usada contra as pessoas, e ser pervertida para servir a interesses egoístas, deixando assim de oferecer a esperança que deve trazer?

2. O que podemos fazer para não cair na armadilha da complacência, autoconfiança e egocentrismo, enquanto aguardamos a bendita esperança, a volta de nosso Senhor Jesus Cristo?

Compreensão

Só para o professor:A estrutura literária do livro de Amós tem a forma de quiasmo (estrutura de espelho), que foi uma das muitas estruturas literárias usadas na antiguidade:

A. Juízos de Deus sobre as nações, incluindo Judá e Israel (Am 1, 2)

B. Juízos de Deus sobre Israel (Am 3, 4)

C. Apelo de Deus ao Seu povo: Buscar o Senhor e viver (Am 5)

B’. Juízos de Deus sobre Israel (Am 6, 7)

A’. Certeza dos juízos de Deus e promessa de restauração final (Am 8, 9)

Essa estrutura literária demonstra que o centro da profecia de Amós não é uma mensagem de destruição, mas de esperança.

Comentário Bíblico

I. Busque o Senhor e viva

(Recapitule com a classe Am 5:6.)

O sinal de um profeta verdadeiro é que ele chama ao arrependimento (Jl 2:12-17; Ez 14:6; 18:30-32; 33:11; João Batista, Jesus e os apóstolos também se envolveram nessa obra – Mt 3:2; Mc 1:15; At 2:38; 3:19; 2Co 5:20). Amós fez o mesmo. Como servo de Deus, ele lembrou às pessoas a aliança que haviam feito com o Senhor. Essa aliança continha bênçãos e maldições 

(Lv 26; Dt 27–30); Amós enumerou as maldições sob as quais Israel estava em perigo de cair.

A única solução para sua crise espiritual era um retorno ao Senhor. Ele apelou a eles: “Buscai ao Senhor e vivei” (Am 5:6); caso contrário, o juízo divino os consumiria como fogo. Nada seria deixado. Todos os centros da falsa religião seriam destruídos, e os adoradores corruptos iriam para o exílio (Am 5:27; 7:17).

Pense nisto: Como você pode ajudar seus irmãos em Cristo a ver as consequências negativas de suas decisões e escolhas erradas? Tendo o objetivo de salvá-los, como você pode ajudá-los a buscar o Senhor? Lembre-se de que o único poder que leva as pessoas ao arrependimento é a bondade de Deus (Rm 2:4).

II. Adoração genuína e sacerdócio falso

(Recapitule com a classe Am 5:21, 22.)

Amós ressaltou a necessidade da verdadeira adoração. Sair das formalidades e rituais vazios para o verdadeiro Deus salvaria toda a nação do sofrimento de muitas tragédias. Deus condenou fortemente a adoração fria, manipuladora e insatisfatória: “Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembleias solenes não tenho nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles” (Am 5:21, 22). A atitude do adorador é a questão crucial. Adoração significa cultivar um relacionamento genuíno com o Deus vivo. A essência da adoração não é o nosso desempenho, técnicas de manipulação, graça presunçosa ou rituais mecânicos (Is 1:11-14; Mq 6:6, 7). Deus disse mais: “Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras” (Am 5:23). A verdadeira adoração vem de um coração disposto a seguir a vontade de Deus e obedecer a Seus mandamentos. Amor, verdade e justiça devem ser combinados na vida dos que O louvam (Am 5:24; compare com Gn 4:7; Dt 6:5; 10:12, 13; Is 1:15-20; Mq 6:8; Jo 4:23).

A falsa adoração, por outro lado, é motivada pelos opostos do amor, verdade e justiça. Para o Israel idólatra, Betel, no sul do Reino do Norte, era o centro da falsa adoração. Ali estavam localizados um santuário real e o templo do reino (Am 7:13). Esse lugar de culto, juntamente com Dã, no norte de Israel, foi estabelecido por Jeroboão, quando ele abandonou a fidelidade a Roboão, rei de Judá e ao templo de Jerusalém. Ele fez dois bezerros de ouro e colocou cada um deles em locais designados para que fossem adorados (para mais detalhes leia 1 Reis 12:26-33). Em ambos os lugares, ele construiu altares, nomeou sacerdotes e instituiu festas. Tudo isso era falsa adoração. Em vão Deus tentou impedir esse culto pervertido de Jeroboão por meio de ações dramáticas de um homem de Deus anônimo (1Rs 13).

Em seu ministério, Amós enfrentou forte oposição de Amazias, o sacerdote de Betel, mas o juízo do Senhor caiu sobre o falso sacerdote e sua família; não sobre o profeta de Deus (Am 7:10-17).

Pense nisto: Observe a palavra talvez em Amós 5:15. Mesmo que você busque o Senhor, se arrependa e faça o que é bom e correto, não pode merecer a misericórdia de Deus e Sua salvação. Deus não pode ser manipulado, forçado ou impelido a fazer alguma coisa. Mas você pode ter certeza de que Deus, em Sua misericórdia, sempre responde ao clamor de um coração humilde e contrito (Is 57:15; Mt 8:3, 1Jo 1:9). Essa ênfase não é apenas de Amós; outros profetas sublinharam o mesmo pensamento (Jl 2:14; Jn 3:9; Sf 2:3).

Aplicação

Só para o professor: Deus interveio milagrosamente no passado em favor de Israel. No entanto, muitas vezes nos esquecemos de que Ele trabalha para a salvação de todos os povos. Não temos muita informação na Bíblia sobre as formas de Deus atuar na história em benefício de todos os povos, mas Amós 9:7 é um exemplo esclarecedor dessa obra divina em favor das nações. Deus afirmou poderosamente: “Não sois vós para mim, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes? [...] Não fiz Eu subir a Israel da terra do Egito, e de Caftor, os filisteus, e de Quir, os sírios?” Enfatize a imparcialidade de Deus – como Ele quer salvar e abençoar a todos, o mundo inteiro, porque essa é a Sua vontade (Is 45:22; compare com Gn 12:3).


COMENTARIO


Luiz Gustavo S. Assis é formado em teologia pelo Unasp Campus 2 e atualmente exerce a função de pastor distrital no bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, RS.

Ampliação

No comentário anterior, abordamos o ambiente histórico do profeta Amós bem como seus dois principais assuntos (justiça social e julgamento), principalmente entre os capítulos 1 e 4. Sendo assim, o comentário desta semana tem como foco os capítulos finais (5–9) e uma abordagem mais prática, em vez de histórica e teológica. A seguir, você poderá ler alguns dos tópicos discutidos nesta semana e suas implicações para a prática do cristianismo:

1. “Buscai o bem e não o mal” (Am 5:14): Essa frase é parte do lamento do profeta pelo povo de Israel. No verso 15, a mesma ideia é repetida e de maneira mais enfática: “aborrecei o mal, e amai o bem”. Isso foi um desafio para os leitores/ouvintes de Amós e, com certeza, também é para nós. O mal, de maneira muito estranha, se tornou interessante para nossa geração. A violência e a perversão sexual são aplaudidas em Hollywood. Sites para relacionamento extraconjugal existem aos milhares. Tornou-se natural expor-se de maneira inadequada na internet, entre outras formas de comportamento. Como viver o apelo divino de buscar o bem? Acredito que dois passos sejam fundamentais nessa caminhada:

a. Reconhecer e detestar a própria pecaminosidade (nos atos, pensamentos e motivos), e decidir seguir o divino mandamento de total liberdade moral, integridade, e pureza. (cf. Sl 51:3-6; 1Co 6:18-20; Mt 5:28; Jo 8:32-36).

As palavras do profeta Ezequiel, se referindo a esse assunto, são claras: “Então vos lembrareis dos vossos maus caminhos, e dos vossos feitos, que não foram bons; e tereis nojo em vós mesmos das vossas iniquidades e das vossas abominações.” (Ez. 36:31, RC). Somente consegue aborrecer o mal quem já experimentou o vazio que o pecado provoca no coração daquele que o pratica.

b. Consagrar e entregar a vontade (poder de escolha) para Deus a cada dia; aceitar Seu divino “transplante de coração”, habitar continuamente nEle e confiar em Seu poder protetor (cf. Sl 51:10; Pv 3:5-6; Rm 6:11-14; Jo 15:5; 1Pe 1:5; Gl 2:20; Ef 4:22-24).

“E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis” (Ez 36:26, 27, RC). Esse é um dos textos mais revolucionários da Bíblia. Leia novamente com atenção a parte destacada. É o próprio Deus, através do Seu Espírito, que nos leva à obediência! Seremos capazes de amar o bem somente se experimentarmos isso diariamente. Deveríamos seguir estritamente esse conselho de Ellen White:

“Consagrem-se a Deus pela manhã; façam disso sua primeira tarefa. Seja a sua oração: "Toma-me, Senhor, para ser Teu inteiramente. Aos Teus pés deponho todos os meus projetos. Usa-me hoje em Teu serviço. Permanece comigo, e permite que toda a minha obra se faça em Ti" (Ellen White, Caminho a Cristo, p. 70).

2. Rituais vazios: Além da vida particular dos israelitas, Deus também estava preocupado com o ritualismo vazio. Acredito que seja impossível separar essas duas realidades, vida espiritual particular e  congregacional. A grande verdade é que, se eu não adoro a Deus particularmente, dificilmente serei capaz de adorá-Lo em família. E se eu não O adoro em família, dificilmente minha família e eu seremos capazes de adorá-Lo de maneira coletiva. Era exatamente isso que se via nos dias de Amós. Imagine Deus dizendo para a igreja que você frequenta: “Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembleias solenes não tenho nenhum prazer” (Am 5:21). Ou então: “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras” (vs. 23). Uma simples reunião religiosa não garante a aprovação divina. O coração deve estar em sintonia com as palavras e com a mensagem.

Se o fundamento da adoração congregacional é a vida devocional, quem sabe seja útil para você, como professor da Escola Sabatina, compartilhar sua própria experiência de comunhão com Deus e apresentar meios que ajudem seus alunos. A seguir, menciono algumas sugestões dadas pelo teólogo adventista Jon Paulien em seu livro Deus no mundo real (CPB, 2008). Procuro sempre aplicá-las à minha vida devocional:

a. Oração pessoal: Esse é o primeiro aspecto da experiência religiosa que tende a perder espaço na vida de um cristão. Podemos passar a semana inteira sem orar e ainda assim conseguirmos aparentar um bom cristianismo, de maneira externa, evidentemente. Torne isso uma prioridade. Como mencionamos no segundo comentário da lição de Oseias, encontre alguém que o(a) auxilie nessa tarefa. Esse alguém deve ser mais experiente na caminhada espiritual do que você. Lembre-se de que uma vida de oração não é o mesmo que viver em um monastério. Você pode orar enquanto está dirigindo ou dentro do ônibus para o trabalho. O importante é sempre elevar o pensamento a Deus e expor-Lhe os verdadeiros sentimentos do coração. Será que estamos ocupados demais para orar?
No entanto, o ideal é dedicar um tempo especial para orar antes de sair para as atividades do dia. Isso nos motivará a manter a atitude de comunhão com Deus ao longo dia.

b. Cultive leituras espirituais interessantes: Sem uma vida de oração, o interesse por leituras espirituais tende a diminuir. Se isso não acontecer, a leitura bíblica se tornará incisiva, polêmica e irrelevante. Como desenvolver o hábito de leitura da Bíblia? Você pode acompanhar o movimento mundial da Igreja Adventista chamado “Reavivados por Sua Palavra”, a leitura de um capítulo por dia. Dou aqui dois conselhos: 1) não torne esse momento uma leitura teológica. Certa ocasião, tentei entender todos os tipos de sacrifícios de Levítico na minha leitura devocional. Não passou do primeiro dia! 2) Por causa disso, no começo, leia os trechos mais fáceis da Bíblia: Evangelhos, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Gênesis. Em seguida, leia o Novo Testamento inteiro. Depois, leia todo o Antigo Testamento. Ao ler Ezequiel, ou as longas porções sobre sacríficios nos livros de Levítico e Números, você poderá ter dificuldade de entender. Nesse caso, busque ajuda de pastores, anciãos e de outras literaturas teológicas. Poderá também pensar que esses trechos da Bíblia tratam apenas de informações técnicas e irrelevantes. Mas lembre-se de que toda a Bíblia é a Palavra de Deus. Somos desafiados a ler toda a Bíblia, buscando compreender sua mensagem, com a ajuda do Espírito Santo. Para isso, é preciso orar antes de ler a Bíblia, tendo respeito e devoção diante da Palavra do nosso amoroso Criador. Lembre-se: se você não adora a Deus de maneira particular, não será capaz de adorá-Lo em família.

c. Culto familiar: Culto familiar não é o culto sabático. Isso deve nos alertar sobre o perigo da demora nesse momento, especialmente para aqueles que têm filhos. Nosso culto familiar tem uma duração máxima de 20 minutos. Lemos um capítulo da Bíblia (Provérbios, Salmos, cartas de João, Colossenses, etc.) e alguns parágrafos de um livro de Ellen White (Parábolas de JesusMente, Caráter e PersonalidadeO Desejado de Todas as Nações”, etc.) e terminamos com uma oração. Lembro-me de uma família, mãe e filho, com quem convivi por quase dois meses em Tocantins. Eles não possuíam o conhecimento que eu estava adquirindo na Faculdade de Teologia, nem conheciam a gramática grega e hebraica que estavam bem claras na minha mente. No entanto, lembro-me de acordar ao som de hinos que ambos cantavam e de leituras de textos bíblicos. Por fim, não é o tanto que você sabe sobre Deus ou sobre a Bíblia que conta, mas como você vive essas verdades. Se não sabemos adorar em família, nossa adoração congregacional correrá sério risco de se tornar como a dos israelitas: vazia!

3. O Silêncio de Deus: “Eis que vêm dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a Terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. Andarão de mar a mar e do Norte até ao Oriente; correrão por toda parte, procurando a palavra do Senhor, e não a acharão” (Am 8:11, 12). Gostaria de olhar esse texto por outro ângulo. Vivemos numa geração marcada pela agilidade nas informações. Basta um clique para se descobrir informações que antigamente estavam apenas em obras de uma biblioteca universitária. No entanto, todo esse avanço trouxe séries consequências. Recentemente, tive acesso à obra “A Geração Superficial: O que a Internet Está Fazendo com o Nosso Cerébro”, de Nicholas Carr (Agir, 2012). Por meio de pesquisas recentes, o autor demonstra, entre outras coisas, como nossa capacidade de se concentrar está sendo minada graças à web; como o universo de informações diante dos nossos olhos está nos tornando cada vez mais superficiais em nossa compreensão de assuntos. Mais do que isso, como somos bombardeados por informações minuto a minuto, nosso cerébro acaba tendo dificuldade de selecionar o que é relevante e o que não é. Pior ainda, ele acaba pendendo para aquilo que é irrelevante.

Diante disso, faço duas perguntas para mim mesmo: 1) será que sentimos necessidade de buscar conhecer a vontade de Deus através da Sua Palavra?; 2) será que nosso ritmo desenfreado pode nos proporcionar a atenção necessária para entender aquilo que Deus deixou registrado em Seu livro?

Certa vez, alguém disse que um benefício do comunismo na antiga União Soviética e na China foi deixar vazios os corações dos moradores dessas nações. Por causa disso, o cristianismo cresce assustadoramente nessa parte do mundo. De maneira paralela, quando a Bíblia se torna um simples objeto, também nos tornamos vazios e corremos o risco, como Saul, de procurar respostas em locais extremamente perigosos (cf. 1 Sm 28).

Futuro glorioso: Os versos finais do livro de Amós trazem consigo a esperança de um futuro glorioso. O conhecimento de Deus seria espalhado entre os povos da Terra, não apenas no território de Israel. Foi assim que a igreja primitiva viu o cumprimento dessas palavras de Amós (cf. At 15:15-18). Durante essa semana mais de 17 milhões de adventistas espalhados ao redor do mundo estão estudando as profecias de Amós. Que melhor ilustração do que esta para demonstrar como o conhecimento de Deus não ficou limitado às fronteiras do espaço e do tempo de Israel no 8º século a.C.? Isso deve nos confortar com o pensamento de que os esforços missionários de muitas igrejas podem aparentar um fracasso, mas a Palavra de Deus age como uma bigorna, esmagando vícios, filosofias e abrindo corações para a mensagem do evangelho.


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