NOVO TEMPO - LIÇÕES DA BÍBLIA
Lição 7 - Vendo por espelho, obscuramente
Lição 7 - 9 a
16 de fevereiro
Vendo
por espelho, obscuramente
Sábado à tarde
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Ano Bíblico: Lv 23–25
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VERSO PARA MEMORIZAR: “A sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está
escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles” (1Co 3:19).
Em
1802, o teólogo William Paley escreveu um livro intitulado Natural Theology
[Teologia Natural], no qual argumentou que se pode observar a natureza a fim de
desenvolver uma compreensão do caráter de Deus. Ele escreveu extensivamente
sobre as maneiras pelas quais as características dos animais revelam o cuidado
e a habilidade do Criador. No entanto, Paley pode ter exagerado algumas
características, porque ele não reconheceu os efeitos que o pecado e a queda
exerceram sobre a natureza. Apesar disso, seu argumento geral nunca foi
refutado, embora tenham ocorrido numerosas e clamorosas alegações ao contrário!
Charles Darwin, por outro lado, argumentou que um Deus que projetasse todas as
características da natureza não seria bom. Como prova, ele se referiu a um
parasita que se alimenta nos corpos vivos de lagartas e a forma cruel pela qual
um gato brinca com um rato. Para ele, esses exemplos eram evidências contra a
existência de um amoroso Deus Criador.
Compreendemos que Paley estava, obviamente, mais perto da verdade do que
Darwin. Mas a lição desta semana examinará o que a Bíblia tem a dizer sobre a
questão do que a natureza revela e daquilo que ela não revela, sobre Deus.
Ano Bíblico: Lv 26, 27
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A Terra é do Senhor
Um
cientista, certa vez, fez um desafio a Deus. Argumentou que ele poderia criar a
humanidade tão bem quanto qualquer deus. O Senhor disse: “Ok, vá em frente e
faça isso.” O cientista começou a juntar algum pó, mas Deus disse: “Espere um
minuto. Faça seu próprio pó!”
Embora essa história seja apenas uma fábula, a lição é clara: Deus é o único
que pode criar do nada. Deus fez todo o material do Universo, incluindo nosso
mundo, nossas posses e nosso corpo. Ele é o dono legítimo de todas as coisas.
1. Qual é a mensagem básica dos textos a
seguir? O que essa mensagem nos diz sobre a maneira pela qual devemos nos
relacionar com o mundo, com os outros e com Deus? Sl
24:1, 2; Jó
41:11; Sl
50:10; Is
43:1, 2; 1Co
6:19, 20
Um
hino cristão muito apreciado começa com as palavras: “O mundo é de meu Deus”
(Hinário Adventista, 36). Este é verdadeiramente o mundo de nosso Pai, porque
Ele o criou. Não há reivindicação de propriedade mais legítima do que Sua
capacidade de criação. Deus criou e, portanto, possui todo o Universo, os céus,
a Terra e tudo o que neles há.
Não apenas o mundo pertence a Deus, mas Ele também reivindica a propriedade de
todas as criaturas da Terra. Nenhum outro ser tem o poder de criar vida. Deus é
o único Criador e, como tal, o proprietário final de cada criatura. Dependemos
totalmente dEle para nossa existência. Nada podemos dar a Deus, exceto nossa
lealdade. Todas as outras coisas na Terra já pertencem a Ele.
Além disso, pertencemos a Deus, não apenas pela criação, porém, mais importante
ainda, pela redenção. Embora seja um dom maravilhoso de Deus, a vida humana foi
muito prejudicada pelo pecado e termina com a morte, uma perspectiva que
despoja a vida de todo significado e propósito. A vida, como agora existe para
nós, não é tão fantástica. Nossa única esperança é a maravilhosa promessa da
redenção, a única coisa que pode restaurar tudo novamente. Assim, somos de
Cristo pela criação e pela redenção.
Ano Bíblico: Nm 1–3
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Um mundo caído
Uma
coisa é certa: o mundo em que vivemos hoje está muito diferente daquele que
surgiu do Senhor no fim da semana da criação. Certamente, uma poderosa
evidência de beleza e planejamento existe em quase toda parte. No entanto,
somos seres afetados pelo pecado, vivendo neste mundo de pecado e tentando
entendê-lo. Mesmo antes do Dilúvio, o planeta havia sido impactado
negativamente pelo pecado. “Nos dias de Noé uma dupla maldição repousava sobre
a Terra, em consequência da transgressão de Adão e do homicídio cometido por
Caim” (Ellen G. White, Vidas Que Falam [Meditações Matinais 1971], p. 32).
2. Como o mundo foi “amaldiçoado”, e
quais foram os resultados dessas maldições? Gn
3:17; 4:11,
12; 5:29
A
maldição sobre a terra por causa de Adão deve ter envolvido o reino vegetal,
porque seus resultados incluíram a produção de espinhos e cardos. A implicação
é que toda a criação foi afetada pelas maldições resultantes do pecado. A
citação acima afirma muito claramente que a maldição sobre Caim não se limitou
apenas a ele, mas repousou sobre o mundo inteiro.
Infelizmente, as maldições em virtude do pecado não terminaram ali, porque o
mundo enfrentou outra maldição que o afetou em grande medida. Essa, é claro,
foi o Dilúvio mundial. “O Senhor aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo:
Não tornarei a amaldiçoar a Terra por causa do homem, porque é mau o desígnio
íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como
fiz” (Gn
8:21).
O Dilúvio desorganizou o sistema de irrigação estabelecido por Deus na criação,
despojando o solo de porções de terra e depositando-as em outros lugares. Mesmo
agora, a chuva continua a dissolver o solo, roubando-lhe sua fertilidade e
reduzindo o rendimento da colheita. Deus prometeu graciosamente não amaldiçoar
a Terra novamente, mas o solo que herdamos está muito longe do solo rico e
produtivo que Ele criou originalmente.
Leia Romanos
8:19-22. Embora esses versos sejam difíceis de aceitar, como eles se
relacionam com o que estudamos hoje? Que esperança podemos encontrar neles?
Ano Bíblico: Nm 4–6
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O príncipe deste mundo
Então, perguntou o Senhor a Satanás: Donde vens?
Satanás respondeu ao Senhor e disse: De rodear a Terra e passear por ela” (Jó
1:7); “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor,
como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8).
Como
vimos, o mundo pertence a Deus, tanto pela criação quanto pela redenção. Mas
não devemos esquecer, também, a realidade de Satanás, a realidade do grande
conflito e a realidade da tentativa do inimigo de tomar o controle de tudo o
que puder. Embora, depois da cruz, sua derrota tenha sido assegurada, ele não
se retirará silenciosa ou suavemente. Sua ira e seu poder destrutivo, embora
limitados por Deus a um certo grau, de uma forma que certamente não entendemos
agora, nunca devem ser subestimados. Não devemos esquecer também que, embora
muitas vezes as questões possam parecer obscuras, a batalha final se resume
apenas a duas forças: Cristo e Satanás. Não há meio termo. E, como sabemos,
grande parte deste mundo está sob a bandeira do lado errado. É de admirar que o
mundo esteja tão degenerado?
3. Que importante verdade sobre a realidade e o
poder do maligno é encontrada na Bíblia? Jo
12:31; 14:30; 16:11; Ef
2:2;6:12
No
livro de Jó é afastada uma parte do véu que esconde a realidade do grande conflito,
e podemos ver que Satanás tem a capacidade de causar grande destruição no mundo
natural. Sejam quais forem as implicações da expressão “o príncipe deste
mundo”, uma coisa fica clara: Nesse papel, Satanás ainda exerce uma influência
poderosa e destrutiva sobre a Terra. Essa verdade nos dá uma razão a mais para
perceber que o mundo natural tem sido muito danificado. Precisamos ter muito
cuidado com as lições que tiramos dele a respeito de Deus. Afinal, considere os
grandes erros de interpretação de Darwin a respeito da condição do mundo.
De
que forma você pode ver, nitidamente, a influência destrutiva de Satanás em sua
vida? Por que a cruz e as promessas nela encontradas são sua única esperança?
Ano Bíblico: Nm 7, 8
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A “sabedoria” do mundo
Alcançamos
uma quantidade incrível de conhecimento e informação, sobretudo nos últimos
duzentos anos. Conhecimento e informação, no entanto, não são necessariamente a
mesma coisa que “sabedoria”. Obtemos também uma compreensão do mundo natural
muito maior que a dos nossos antepassados. Todavia, uma “compreensão maior”
também não é a mesma coisa que sabedoria.
4. De que maneira Deus avalia a
suposta “sabedoria” do mundo? Em nossos dias ainda podemos comprovar a tolice
dessa “sabedoria”? 1Co
1:18-21; 3:18-21
Há
muita coisa no pensamento humano que desafia a Palavra de Deus. Seja a questão
da ressurreição de Jesus, da criação ou de qualquer milagre, a “sabedoria
humana” (mesmo quando apoiada pelos “fatos” da ciência) deve ser considerada
“loucura” quando contradiz a Palavra do Senhor.
Além disso, como afirmado anteriormente, grande parte do conhecimento
científico de hoje, especialmente no contexto das origens humanas, começa com
uma perspectiva puramente naturalista. Mesmo que muitos dos maiores gênios da
história científica – Newton, Kepler, Galileu – tenham sido crentes em Deus e
visto seu trabalho como um auxílio para explicar a obra de Deus na criação
(Kepler escreveu: “Ó Deus, eu penso os Teus pensamentos depois de Ti ...”),
tais sentimentos hoje são muitas vezes ridicularizados por segmentos da comunidade
científica.
Alguns até procuram negar as histórias miraculosas da Bíblia, argumentando que
elas realmente foram fenômenos que ocorriam naturalmente e que os antigos,
ignorantes das leis da natureza, interpretaram erroneamente como ação divina.
Há, por exemplo, muitos tipos de teorias naturalistas que procuram explicar a
divisão do Mar Vermelho como algo diferente de um milagre de Deus. Alguns anos
atrás, um cientista sugeriu que Moisés estava drogado, e então ele ficou
alucinado com a ideia de que Deus lhe deu os Dez Mandamentos em tábuas de
pedra!
Por
mais tolas que algumas dessas explicações possam parecer, uma vez que você
rejeite a ideia de Deus e do sobrenatural, você precisa inventar alguma outra
explicação para essas coisas. Por isso, a “loucura” sobre a qual Paulo escreveu
de modo tão claro e profético.
Ano Bíblico: Nm 9–11
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Pelos olhos da fé
O Salmo
8 é um dos mais amados. Para
Davi, como crente em Deus, a criação falava da majestade e amor do Senhor.
5. Que lições específicas Davi
contemplava na criação? Além disso, comparando o que sabemos sobre a criação
hoje com o que era conhecido naquele tempo, por que as palavras de Davi parecem
ainda mais notáveis? Sl
8
Somente
nos últimos cem anos realmente começamos a compreender a vastidão do cosmos e,
em comparação com isso, a nossa pequenez. Não se pode sequer imaginar que
alguém como Davi, exceto pela revelação divina, pudesse ter alguma ideia da
grandeza dos “céus”. Se ele ficou admirado naquela época, quanto mais admirados
nós devemos ficar, sabendo que, apesar do tamanho do Universo, Deus nos ama com
um amor que não podemos nem mesmo começar a entender?
Muitos
já olharam para as estrelas à noite e reconheceram a grandeza de Deus e a
pequenez da humanidade, e louvaram a Deus por Seu cuidado. Outros se
concentraram no problema do mal na natureza e culparam Deus pelos problemas
que, na verdade, são o resultado de suas próprias escolhas ou das atividades do
diabo.
Para o cristão, a criação fala verdadeiramente do cuidado de Deus, mesmo em
meio ao mal introduzido por Satanás. No entanto, por mais poderosos que sejam o
testemunho e a evidência do mundo criado, a revelação é incompleta,
principalmente devido aos resultados da queda e às maldições que ela trouxe.
Leia João
14:9 e pense em Jesus na
cruz. Por que a cruz deve ser sempre a principal revelação sobre a natureza e o
caráter de Deus?
Ano Bíblico: Nm 12–14
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Estudo adicional
Fui
advertida (1890) de que futuramente teremos uma luta constante. A chamada
ciência e a religião serão postas em oposição uma à outra, pois os homens
finitos não compreendem o poder nem a grandeza de Deus. Foram-me apresentadas
estas palavras das Escrituras Sagradas: “Dentre vós mesmos, se levantarão
homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” (At
20:30; Ellen G. White, Medicina
e Salvação, p. 98).
Perguntas para reflexão
1. Pense na “tríplice maldição” (Ellen G. White, Spiritual Gifts [Dons Espirituais], v. 3, p. 88) sobre a Terra (a maldição da queda de Adão, do pecado de Caim e do Dilúvio). O efeito cumulativo dessas maldições, acrescido por milhares de anos, significa que nosso mundo atual é muito diferente da sua forma quando Deus o criou. Por que, então, devemos ser cuidadosos quanto às conclusões que tiramos, a partir do mundo atual, sobre o mundo no princípio?
2. A ciência é limitada em seu alcance, sendo propensa a resistir à autoridade divina. Além disso, a influência de Satanás é fortemente sentida na natureza, de modo que muito do que vemos é incompatível com a revelação de Deus na Bíblia. Por que é tão importante confiarmos mais nas Escrituras do que na ciência?
3. Por que não devemos nos surpreender ao encontrar alguma tensão entre os eventos sobrenaturais registrados na Bíblia e a abordagem materialista da ciência?
4. Examine a citação acima. Estamos vendo isso se cumprindo em nossa igreja?
Como podemos lidar com esses desafios perigosos à nossa missão e
mensagem, de uma forma que, embora não comprometa nossa posição sobre a criação
e a Palavra de Deus, ainda conserve a igreja como um “lugar seguro” para os que
lutam com essas questões difíceis?
5. Leia Romanos 11:33-36 e Jó 40:1, 2, 7, 8. Qual deve ser nossa atitude para com as dificuldades que encontramos ao procurar harmonizar a ciência e as Escrituras?
Respostas
sugestivas: 1. A Terra e seus habitantes pertencem ao Senhor, porque Ele nos
criou e salvou. Devemos amar a Deus e aos Seus filhos, nossos irmãos. 2. A
maldição sobre a Terra tornou mais difícil a obtenção do alimento. A violência
trouxe maldição sobre a Terra e sobre os relacionamentos sociais. 3. O diabo é
o príncipe do mundo, o príncipe da potestade do ar, o espírito que atua nos
filhos da desobediência. As forças das trevas lutam contra nós. 4. Para Deus, a
sabedoria do mundo é loucura. 5. A majestade da criação desperta o louvor ao
Criador; apesar da grandeza do Universo, Deus valoriza e honra os seres
humanos, criados à Sua imagem. O conhecimento da ciência nos deixa ainda mais
impressionados com as maravilhas da criação. 6. A glória de Deus e a obra de
Suas mãos. Os dias e as noites proclamam o conhecimento de que existe um
Criador por trás das obras do Universo.
ESCOLA
SABATINA
Resumo
da Lição 7 – Vendo por espelho, obscuramente
O aluno deverá...
Conhecer: A diferença entre revelação geral, revelação pela natureza e revelação especial.
Sentir: Como as mensagens da natureza, embora confusas, ainda podem nos ajudar a entender melhor quem é Deus e quem somos em relação a Ele.
Fazer: Permitir que os limites da maldição nos ensinem as nossas limitações humanas e nossa dependência de Deus.
Esboço
I. Conhecer: Revelação geral versus revelação especial
A. O que podemos aprender sobre Deus por meio da maldição do Éden?
B. Qual é a diferença entre revelação especial e revelação geral?
II. Sentir: Avaliando as nossas limitações humanas
A. Como os juízos do Éden nos confrontam com as nossas limitações humanas?
B. Como esses juízos, apesar de suas limitações, ou talvez por causa delas, na verdade nos oferecem conforto e segurança em um mundo destruído?
III. Fazer: Vivendo dentro dos nossos limites
A. Como você pode aprender a se relacionar com Deus ao confrontar as limitações causadas pelas maldições do Éden?
B. Em que áreas da vida você pode aprender a depender mais plenamente de Deus do que você está dependendo agora?
Resumo: Deus Se revela através da
revelação especial, mas também através da natureza, de formas mais limitadas e
gerais. A revelação geral através da natureza transmite mensagens confusas
sobre Deus. Jó nos dá uma perspectiva sobre a razão pela qual o mal natural
ocorre. No entanto, o mal ainda é permitido por Deus. A razão para isso é que a
queda da humanidade foi, em parte, devida ao desejo das criaturas de
transcender os seus limites e se tornarem divinos. As medidas corretivas de
Deus resultaram em maldições que aumentaram as limitações humanas. Essas
limitações nos ajudam a reconhecer mais facilmente que nunca poderemos ser como
Deus e que dependemos de um Deus maior e mais poderoso do que nós mesmos.
Motivação
Conceito-chave para o crescimento espiritual: As mensagens que a natureza transmite a respeito de Deus são confusas devido à queda, a atividade satânica e aos nossos pecados. No entanto, a natureza ainda revela um Deus clemente e amoroso, mesmo enquanto vivemos sob a maldição edênica.
Só para o professor: Relembre à sua classe que, embora a natureza possa nos mostrar coisas sobre quem é Deus, as mensagens confusas da natureza coloca sérios limites na exatidão do conhecimento de Deus que podemos obter através da natureza.
Nos
séculos XVI e XVII, teologias naturais foram uma busca popular de muitos
intelectuais cristãos. Essa obsessão com a teologia natural levou a um grande
debate sobre quanto podemos conhecer sobre Deus por meio do estudo da natureza.
A maioria dos protestantes era pessimista sobre a capacidade da teologia
natural de revelar Deus, devido à sua crença de que tanto a natureza quanto a
razão humana haviam sido arruinadas pelo pecado. A partir dos debates sobre a
teologia natural, foi feita uma distinção entre dois tipos de revelação divina:
geral e especial. A revelação geral se refere a aspectos sobre Deus que podem
ser inferidos por meio do estudo da natureza. A revelação geral é vista como
limitada naquilo que ela pode nos revelar. Paulo apresentou apenas dois dos
atributos invisíveis de Deus que os gentios poderiam inferir da natureza: Seu
eterno poder e divindade (Rm
1:19, 20). Sem dúvida, podemos obter outras conclusões, mas não há dúvida
de que a revelação geral pode ser deficiente em clareza devido às mensagens
confusas da natureza.
Por outro lado, a revelação especial é o tipo de revelação em que Deus comunica
informações específicas e claras aos seres humanos, por meio dos profetas,
sonhos, visões e comunicação direta. Parece que muitas das teologias naturais
produzidas descobriram uma revelação especial na natureza, criando uma clareza
maior do que podemos encontrar no mundo natural. No entanto, mesmo a presença
de calamidades, doenças e incerteza neste mundo podem ser um testemunho do amor
e da graça de Deus.
Pergunta de abertura: Compartilhe uma experiência em que algo aparentemente negativo
acabou sendo uma bênção em sua vida. O que esse resultado sugere sobre a
maneira pela qual percebemos as calamidades e dificuldades em nossa vida?
Compreensão
Só para o professor: Embora Gênesis 3 contenha a primeira promessa evangélica clara, a maldição sobre o homem e a Terra ainda tem um papel redentor na experiência humana e, assim, testemunha da graça e do amor de Deus.
Espinhos,
ervas daninhas e morte: a maldição que fala do amor
(Recapitule com a classe Gn
3:16-19.)
"Os céus proclamam a glória de Deus" (Sl
19:1), disse o salmista, mas quem entende a mensagem? Adoradores animistas
muitas vezes têm uma visão muito mais terrível de Deus porque acham que a natureza
é caprichosa e incerta. O futuro trará inundação ou seca? O meu filho ficará
doente e morrerá, ou crescerá até a idade adulta? Calamidade e bênção parecem
estar a uma piscadela de distância.
O darwinista devoto não parece estar em situação muito melhor. Que tipo de Deus
teria criado propositadamente através de processos aleatórios, cheios de
sofrimento? David Hull, como observado anteriormente, considerou que "O
Deus de Galápagos" – dos processos aleatórios e evolutivos – "é
negligente, desperdiçador, indiferente e quase diabólico" (David L. Hull, “The
God of the Galápagos” [O
Deus de Galápagos], Nature 352; 8 de Agosto de 1991, p. 486). Outros teólogos
afirmam que a evolução mostra que Deus é bom, mas limitado em poder. Ele não
pode erradicar o sofrimento e o mal, mas com empatia Ele sofre conosco. De
qualquer forma, parece que esse não é o "tipo de Deus a quem estaríamos
inclinados a orar" (p. 486).
Por outro lado, os crentes na criação veem uma ordem básica e uma estrutura
racional natureza que testemunham de um hábil Criador. Os Salmos
8 e 19 enaltecem essa perspectiva. A crença
na criação teve um papel fundamental no desenvolvimento do método científico,
porque os cientistas acreditavam que Deus criou de forma ordenada, racional e
compreensível, tornando possíveis resultados experimentais preditivos. Apesar
das influências do pecado – catástrofes, doenças, e coisas semelhantes – os
cientistas ainda discerniam uma ordem fundamental e lógica na natureza. Assim,
a natureza apresenta duas faces: uma de males casuais e outra de ordem e
planejamento divinos.
As mensagens conflitantes encontradas na natureza levam a questões profundas
sobre Deus, especialmente no que diz respeito à teodiceia. Como a natureza pode
testemunhar de um Deus bom quando bebês morrem e coisas semelhantes acontecem?
Os adventistas do sétimo dia se voltaram para o tema do grande conflito para
ajudar a explicar a mensagem confusa da natureza. Com base na história de Jó,
entendemos que os desastres naturais são consequências gerais do pecado ou das
atividades diretas de Satanás. Mas esse pensamento não explica adequadamente os
juízos de Gênesis
3. Visto que Deus pronunciou uma maldição, incluindo a morte, sobre os
seres humanos e a Terra, parece que devemos levar em conta mais do que meras
influências satânicas, a fim de explicar o mal natural. Por que Deus imporia
espinhos, ervas daninhas e morte?
É possível argumentar que o problema fundamental com Adão e Eva foi uma falha
em reconhecer e aceitar que eles eram criaturas com limitações vivendo sob a
soberania divina. O casal tentou transcender seus limites de criatura e ser
como Deus, sem limites. Assim, a ação disciplinar de Deus teve que ser
apropriada à transgressão. Por isso, Deus impôs uma maldição, aumentando o
nível de limitações sobre a humanidade, a fim de reiterar e reforçar a ideia de
que somos criaturas limitadas que necessitam da soberania do Criador. Embora
Deus não ocasione todo o mal natural, Ele permitiu que a humanidade seguisse o
governante de sua escolha, Satanás, mas não sem limitações protetoras. Assim,
temos mensagens misturadas de maldição e bênção neste mundo. No entanto, quando
consideradas como uma ferramenta de disciplina, mesmo a maldição fala de um
Deus amoroso, que busca nos ajudar a retornar a um relacionamento adequado com
Ele. Assim, mesmo as confusas mensagens de maldição refletem a graça, tanto
quanto a primeira promessa de redenção em Gênesis
3:15.
Pense nisto: Paulo falou que tinha “um espinho na
carne", que Deus não removeria. Ao contrário, Deus disse a Paulo que Seu
poder seria aperfeiçoado através da fraqueza de Paulo – o espinho na sua carne.
Paulo, portanto, utilizou o espinho como uma ferramenta para treinar a si mesmo
a fim de ver os "espinhos" como instrumentos disciplinares da bênção,
que ensinam sobre dependência de Deus. Quais são alguns espinhos que você pode
transformar em instrumentos espirituais, ensinando você a depender mais de
Deus?
Aplicação
Só para o professor: A lição desta semana tocou brevemente na cena do juízo de Gênesis 3:8-21. Esse é o primeiro exemplo bíblico de Deus realizando um juízo "investigativo". Note a ordem: primeiro Deus conduz uma investigação, e então pronuncia a sentença.
Perguntas de reflexão:
1. Por que Deus conduziu uma investigação? Por que não apenas chegar e anunciar a culpa e dar fim ao processo?
2. Qual foi o propósito de responsabilizar os seres humanos em Gênesis 3? Foi um ato disciplinar, redentor ou punitivo? O que na história provê a evidência para apoiar sua resposta?
Criatividade
Só para o professor: Vivemos em um mundo que nos encoraja a estender e até mesmo desafiar os nossos limites. No entanto, parte de um relacionamento adequado com Deus requer que reconheçamos os limites estabelecidos para nós na criação.
Atividade para discussão: Você tem a tendência de ignorar os limites de Deus para sua vida?
Como você pode reconhecer mais a sua necessidade do domínio soberano do Senhor
em sua vida?
2. De que forma o dilúvio afetou nossa compreensão do mundo criado e o que o estudo dele e de seus efeitos pode responder?
3. De que forma a revelação sobre o grande conflito entre o bem e o mal nos ajuda a entender as mazelas do mundo?
4. Por que não podemos confiar unicamente em nossas capacidades mentais para entender o mundo que nos rodeia?
COMENTÁRIO
Lição
7 – Vendo por espelho, obscuramente
Michelson Borges, jornalista pela UFSC e
mestre em teologia pelo Unasp
Nahor Neves de Souza Jr., geólogo pela Unesp e doutor em engenharia pela USP
Nahor Neves de Souza Jr., geólogo pela Unesp e doutor em engenharia pela USP
Introdução
Ideia
central 1: O pecado estragou a criação, mais ou menos
como alguém que borra uma pintura antes perfeita. Em diferentes escalas e em
várias situações, ainda é possível ver o extraordinário estilo do Pintor, mas
os borrões são reais e podem atrapalhar uma correta percepção da realidade.
Para um observador desavisado, que se concentra apenas na face
disforme da
natureza, os espinhos, a doença e a morte parecem atentar contra o caráter do
Criador. Por isso Deus nos deu a revelação escrita, a Bíblia Sagrada, a fim de
que nela Ele pudesse explicar o que realmente aconteceu e o que acontecerá com
a Terra. O dilúvio também afetou grandemente o mundo originalmente criado por
Deus (e soluciona certos “mistérios geológicos”), o que torna ainda mais
necessária a revelação divina a fim de que entendamos muita coisa relacionada
com este planeta.
Ideia
central 2: Embora seu poder seja
misericordiosamente restringido por Deus, Satanás tem certo domínio sobre este
mundo, o que explica as muitas tragédias que assolam a humanidade. Não fosse
essa restrição, certamente este planeta já estaria no caos absoluto. Assim,
devemos ter cuidado com a maneira pela qual interpretamos o mundo à nossa
volta. Esse cuidado, os darwinistas não têm, nem podem ter. Muito embora o amor
de Deus e Seu eterno poder se manifestem claramente por meio de Suas obras
criadas (Rm 1:19, 20), a violência, a competição e o predatismo são
reais, consequências naturais do pecado intensificadas pela atuação de Satanás.
Tudo isso faz com que “toda a criação [suporte] angústias até agora” (Rm 8:22).
Devido a nossos limitados conhecimentos e às informações “truncadas”
provenientes da natureza caída e mesmo da nossa mente fragilizada pela
decadência do pecado, não podemos nos amparar unicamente em nossa sabedoria
(1Co 3:19, 20). Não dá para confiar somente nos pensamentos que nosso cérebro é
capaz de gerar. Precisamos da Revelação.
Para refletir
1. Por que a natureza por si
só é incapaz de nos fornecer uma compreensão adequada de Deus?
2. De que forma o dilúvio afetou nossa compreensão do mundo criado e o que o estudo dele e de seus efeitos pode responder?
3. De que forma a revelação sobre o grande conflito entre o bem e o mal nos ajuda a entender as mazelas do mundo?
4. Por que não podemos confiar unicamente em nossas capacidades mentais para entender o mundo que nos rodeia?
Ampliação
Microevolução versus macroevolução
No meio acadêmico específico da biologia histórica, que se dedica
à compreensão das transformações passíveis de ocorrer nos seres vivos, dois
tipos de mudanças geralmente são consideradas: transformações macroevolutivas e
mudanças microevolutivas (figura 1). Esses dois modos de alteração nos
organismos são reais? Podem ser cientificamente caracterizados? Na verdade, a
possibilidade das mudanças macroevolutivas e o nível de abrangência das
transformações microevolutivas dividem biólogos, geólogos e paleontólogos.
Figura
1
Muito
embora tenhamos a consciência de que tudo ao nosso redor muda ou se transforma,
tanto a matéria quanto os seres vivos são também regidos por leis fixas ou
imutáveis, o que nos possibilita compreender racionalmente, por meio da
investigação científica, a própria natureza e as mudanças possíveis. Nesse
sentido, procuraremos descrever os principais aspectos envolvidos nesse tema
importante, fundamentados na excelente contribuição de Junker e Scherer, no
livro Evolução – Um Livro Texto Crítico (Sociedade Criacionista Brasileira, 2002).
Na
macroevolução, considera-se o surgimento de novos órgãos, novas estruturas e
novos planos corporais, ou seja, a transformação de um tipo
básico (eventualmente
extinto) em outro. Pressupõe-se, ainda, o aparecimento de material genético
qualitativamentenovo. Embora os processos “macroevolutivos” envolvam,
convencionalmente, a geração de novos gêneros, famílias, ordens, classes e
filos, no contexto deste comentário, a macroevolução teria uma abrangência
mais restrita, não incluindo o táxon gênero. Portanto, a formação
de alguns novos gêneros pertenceria ao campo (aqui considerado mais
amplo) da microevolução (figuras 1 e 2).
Figura
2
Na verdade, a macroevolução carece de evidências. No próprio registro fóssil,
de onde deveriam ser extraídos seus principais argumentos, encontramos
exatamente o oposto. Entre as várias evidências desfavoráveis a esse presumível
processo transformador, duas se destacam:
1. O repentino e
inexplicável surgimento dos seres (praticamente todos os filos) – a explosão
cambriana – sugerindo uma
“árvore” filogenética invertida. Na realidade, até hoje não foi encontrada
nenhuma evidência de um ancestral comum (Last Universal Common Ancestor, LUCA)
que possa justificar uma origem abiogenética.
2. No campo da biologia e da paleontologia, a inexistência daquelas
que seriam as mais importantes evidências científicas de modificações graduais
capazes de gerar novas funções, novos sistemas, etc. Ou seja, na coluna
geológica, onde estão os supostos e inumeráveis seres, ou fósseis de transição
(ou intermediários)?
As mutaçõese
a própria seleção
natural não são
capazes de produzir nova informação
genética.
Na verdade, a seleção
natural – mais
uma força conservativa do que criativa – é totalmente incapaz de provocar
mudanças macroevolutivas, não importando quanto tempo esteja “disponível”.
Sendo assim, a origem abiogenética da vida e outras supostas transformações
macroevolutivas, que teriam originado toda a atual biodiversidade, situam-se,
predominantemente, no campo das conjecturas, em flagrante antagonismo com a própria
realidade dos fatos.
Já
na microevolução, as modificações ou variações ocorrem exclusivamente no âmbito
de um tipo básico –
figuras 1, 3, 4 e 5 (ver Lição 6).
As alterações de órgãos se desenvolvem em estruturas ou planos de
construção já existentes. As mudanças não progressivas em questão
possibilitariam então a geração de variedades dentro da mesma espécie, bem
comoa formação de novas espéciese novos gêneros. É
importante salientar que a microevolução jamais pode ser considerada como base
para os presumíveis processos macroevolutivos. Com efeito, se o criacionismo
valoriza apenas a “microevolução”, já o evolucionismo, diferentemente, não
sobrevive sem a macroevolução.
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Ou seja, os processos microevolutivos, nos quais ocorre apenas a otimização de
estruturas já existentes, estariam totalmente desvinculados dos presumíveis
mecanismos responsáveis pela evolução geral dos seres (macroevolução). Mesmo
que o improvável ocorresse, ou seja, transformações microevolutivas contínuas,
elas jamais produziriam mudanças macroevolutivas, desenvolvidas
progressivamente, pois a seleção natural não gera complexidades.
Na verdade, a microevolução se ajusta muito mais ao modelo
criacionista, comparativamente ao paradigma evolucionista. Adaptações e
mudanças microevolutivas podem efetivamente ocorrer, inclusive de maneira muito
rápida. Não deveríamos ainda nos esquecer da capacidade adaptativa fantástica
dos seres vivos, revelando a extraordinária sabedoria de um Deus criador e
mantenedor, que atua neste mundo afetado pelo pecado. A criação, inicialmente
perfeita, hoje reflete obscuramente o poder, o amor e a bondade de Deus.
Com efeito, após a queda relatada em Gênesis 3, se desencadearam
processos degenerativos (face
disforme da natureza,
tema considerado na Lição 11), tanto nos organismos biológicos como no meio
ambiente. Após a Grande Catástrofe, ocorreram mudanças ambientais ainda mais
drásticas. Verificam-se então incríveis alterações metabólicas nos seres, cujo
potencial para a sobrevivência teria sido previamente implantado pelo mesmo
Deus criador e mantenedor.
A manifestação das transformações microevolutivas adaptativas
possibilita, então, que muitas espécies de plantas e animais estejam
perfeitamente aptas a sobreviver em novos e precários ecossistemas. Como
exemplo, podemos mencionar o extraordinário equilíbrio ecológico identificado
em ambientes extremamente inóspitos como desertos, regiões gélidas, gêiseres,
etc., originalmente inexistentes, e que abrigam seres perfeitamente adaptados
(extremófilos).
Assim, dependendo da “lente conceitual” que a pessoa adotar, a
realidade se lhe apresentará mais ou menos desfocada. Por tudo o que temos
considerado, o evolucionismo é um “espelho” bastante opaco, fornecendo
“imagens” distorcidas da vida e da origem dela.
Conclusões
–
Além de ser limitada nossa capacidade de observação e de completo entendimento
a respeito do que observamos, devemos levar em conta o fato de que a Grande
Catástrofe (dilúvio) alterou drasticamente a superfície da Terra, dificultando
ainda mais as observações, especialmente se esse evento não é levado em conta
pelo observador.
–
“Microevolução” ou diversificação de baixo nível é um fato científico e explica
bem as variações limitadas verificadas nos seres vivos. Os criacionistas
concordam com isso. Macroevolução é extrapolação não científica que não condiz
com a realidade dos fatos.
–
Leia o texto “O pior cego é o que não quer ver” (aqui).
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Leia o texto “Vendo o mundo natural pelas lentes de um físico” (aqui).
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