NOVO TEMPO - LIÇÕES DA BÍBLIA
Lição 6 - Criação e queda
Lição 6 - 2 a
9 de fevereiro
Criação
e queda
Sábado à tarde
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Ano Bíblico: Lv 5–7
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VERSO PARA MEMORIZAR: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o
seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu Lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15).
Um comediante costumava interpretar uma personagem feminina chamada
Geraldina, esposa de um pastor. Em um monólogo: Ela havia voltado para casa com
um vestido novo muito caro. O marido dela (também interpretado pelo mesmo
comediante) ficou irado. Geraldina, em seguida, gritou em resposta: “O diabo me
fez comprar esse vestido! Eu não queria comprá-lo, mas o diabo insistiu tanto!”
Isso devia ser engraçado. Mas nosso mundo e o mal que nele existe mostram que Satanás não é nada engraçado.
Para algumas pessoas, a ideia do diabo é uma antiga superstição que não deve ser levada a sério. A Escritura, no entanto, é inequívoca: embora Satanás seja um inimigo derrotado (Ap 12:12; 1Jo 3:8), ele está aqui na Terra, determinado a causar tanto caos e destruição quanto possível contra a criação de Deus.
Nesta semana, consideraremos o ataque original de Satanás e o que podemos aprender com isso, de modo que, enquanto estamos ainda sob seus assaltos, possamos suplicar a vitória que é nossa em Cristo.
Ano Bíblico: Lv 8–10
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A serpente foi mais astuta
1. Leia Gênesis
3:1. Como é descrito o caráter de Satanás? Como a verdade
dessa representação é revelada nesse verso?
A astúcia da serpente é vista na sua forma de introduzir a
tentação. O inimigo não fez um ataque direto, mas tentou envolver a mulher na
conversa. Observe que as palavras da serpente incluem pelo menos dois aspectos
problemáticos. Primeiro, ela perguntou se Deus realmente fez uma declaração
específica. Ao mesmo tempo, apresentou sua pergunta para levantar dúvidas sobre
a generosidade de Deus. “Será que Deus realmente negou a você todas as coisas?
Ele não lhe deu permissão para comer de toda árvore do jardim?” Ao citar de
modo intencional e incorreto as instruções divinas, a serpente incitou a mulher
a corrigir sua declaração, e conseguiu atraí-la para a conversa. A estratégia
da serpente certamente foi “astuta”.
Nada disso deveria ser surpreendente. Jesus chamou o diabo de mentiroso e pai da mentira (Jo 8:44). Em Apocalipse 12:9, o diabo engana todo o mundo, o que significa que nenhum de nós está seguro, mesmo entre os adventistas do sétimo dia. Satanás, obviamente, não perdeu nada de sua astúcia e engano. Ele ainda usa a estratégia que foi bem-sucedida com Eva. Ele levanta questões sobre a Palavra e as intenções de Deus, esperando suscitar dúvidas e nos envolver em sua “conversa”. Devemos ser vigilantes (1Pe 5:8) a fim de resistir aos seus enganos.
2. Compare Mateus
4:3-10 com Gênesis
3:1. Que estratagema semelhante Satanás utilizou com Jesus, e
por que falhou? Que lições aprendemos com a resposta de Jesus aos ataques do
inimigo? De que forma Satanás nos tenta?
Ano Bíblico: Lv 11, 12
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A mulher e a serpente
Embora Eva conhecesse claramente a ordem de Deus, o que realça sua
culpa, ela fez uma declaração que foi além do que Deus havia dito, pelo menos
conforme o registro bíblico. Deus tinha instruído Adão e Eva claramente a não
comer da árvore. Nada havia sido dito sobre não tocá-la. Visto que não sabemos
o que a levou a dizer isso, é melhor não especular sobre suas causas. No entanto,
não há dúvida de que, ao pensar que não deveria tocar no fruto, ela estaria
menos inclinada a comê-lo, porque ela não poderia comer o que não pudesse
tocar.
Muitas vezes nos deparamos com a mesma situação: alguém apresenta ensinamentos que, na maioria dos pontos, estão em harmonia com as Escrituras. Os poucos pontos que não estão de acordo com a Bíblia podem arruinar tudo. O erro, mesmo misturado com a verdade, ainda é erro.
4. Que repreensão Jesus
deu aos escribas e fariseus sobre a adição de pensamento humano à Palavra de
Deus? Quais são os perigos de criar regras que supostamente nos protegerão
contra o pecado? Mt
15:7-9; compare com Ap
22:18; Cl 2:20-23
O problema com o pecado não é a falta de regras, mas um coração
depravado. Mesmo na sociedade secular, muitas vezes ouvimos pedidos de mais
leis contra o crime, quando já existem leis suficientes. Não precisamos tanto
de novas leis quanto de novos corações.
De que forma poderíamos estar em perigo de seguir as coisas sobre
as quais somos alertados aqui? Normas baseadas em princípios bíblicos são
essenciais. A questão é: Como podemos ter certeza de que as normas e regras que
aplicamos não nos desviarão do caminho? Comente com a classe.
Ano Bíblico: Lv 12, 13
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Enganados pela evidência
5. Leia Gênesis
3:4-6. Que princípios levaram Adão e Eva à queda? O
que aprendemos com sua experiência que pode nos ajudar a lidar com as tentações
que enfrentamos?
Satanás foi bem-sucedido em envolver Eva no diálogo e em levantar
dúvidas sobre o que Deus havia dito e por quê. Depois, ele disse a Eva que Deus
não estava dizendo a verdade e apresentou uma suposta explicação para o motivo
pelo qual Deus os havia proibido de comer do fruto. De acordo com Satanás, Deus
estava negando algo bom para manter Adão e Eva abaixo de seu pleno potencial.
Ao fazer isso, Satanás desenvolveu sua questão anterior quando perguntou se
Deus havia negado a eles todas as árvores.
Eva utilizou três linhas de evidência que a levaram à conclusão de que ela se beneficiaria ao comer do fruto. Primeiro, ela viu que a árvore era boa para se comer. Talvez ela tivesse observado a serpente comendo o fruto e comentando sobre seu sabor agradável. É interessante que, apesar da orientação para que Adão e Eva não comessem, ela percebeu que o fruto era bom “para se comer”. Que tremendo conflito entre os sentidos e um claro “Assim diz o Senhor”!
Uma segunda linha de evidência que convenceu Eva a comer do fruto foi que ele era agradável aos olhos. Sem dúvida, todos os frutos do jardim eram bonitos, mas por alguma razão, Eva foi especialmente atraída para o fruto que Satanás ofereceu a ela.
O suposto poder do fruto para trazer sabedoria foi uma terceira razão que levou Eva a desejar comê-lo. A serpente assegurou que, ao comer do fruto, ela teria seu conhecimento ampliado e se tornaria igual a Deus. A triste ironia foi que, de acordo com a Bíblia, ela já era igual a Deus (Gn 1:27).
Somos informados de que Eva foi enganada, mas Adão não (1Tm 2:14). Se Adão não foi enganado, por que ele comeu? Adão desobedeceu a Deus conscientemente, escolhendo seguir Eva, em vez de Deus. Quantas vezes esse mesmo tipo de comportamento é visto hoje? Muito facilmente podemos ser tentados pelo que os outros dizem e fazem, ainda que suas palavras e ações sejam contrárias à Palavra de Deus. Adão deu ouvidos a Eva em vez de dar ouvidos a Deus, e o resto é o pesadelo conhecido como história humana (Rm 5:12-21).
Ano Bíblico: Lv 14–16
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Graça e julgamento no Éden – parte 1
Em Gênesis 3, depois da queda, as
palavras iniciais do Senhor são perguntas: “Onde estás? [...] Quem te fez saber
que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? [...] Que
é isso que fizeste?” (Gn
3:9, 11, 13).
6. Em contraste com isso,
a primeira afirmação de Deus no capítulo 3, Sua
primeira declaração de fato, segue essas perguntas. Ao falar com a serpente, o
que Deus disse, e qual é o significado de Suas palavras? Gn
3:14, 15
Pense nas implicações do que aconteceu ali. A primeira declaração de
Deus para o mundo caído foi, de fato, uma condenação a Satanás, e não à
humanidade. Na verdade, mesmo nessa condenação de Satanás, Deus deu à
humanidade a esperança e a promessa do evangelho (v. 15). Ao declarar a
condenação de Satanás, Ele proclamou a esperança da humanidade. Apesar do
pecado de Adão e Eva, o Senhor lhes revelou imediatamente a promessa de
redenção.
Note igualmente que, somente após essa promessa, só depois que a esperança da graça e da salvação foi dada no verso 15 (conhecido também como a “primeira promessa evangélica”), o Senhor pronunciou o juízo sobre Adão e Eva: “E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos [...] E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher [...]” (Gn 3:16, 17).
Não deixe de entender este ponto: a promessa da salvação vem primeiro, e depois o juízo. O juízo é apresentado unicamente no contexto do evangelho. Caso contrário, o juízo não significaria nada, exceto condenação, mas as Escrituras são claras: “Deus enviou o Seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3:17, RC).
Por que é tão importante sempre meditar no fato de que o propósito
de Deus é nos salvar, não nos condenar? Como o pecado nos leva a perder de
vista essa verdade fundamental? Isto é, como o pecado nos afasta de Deus?
Ano Bíblico: Lv 17–19
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Graça e julgamento no Éden – parte 2
Em Gênesis 1 e 2, Deus pronuncia declarações (ou
imperativos), como: “Haja luzeiros no firmamento dos céus [...] Produza a terra
seres viventes [...] Não é bom que o homem esteja só.” Todas essas declarações
tratam da criação e do estabelecimento da humanidade nessa criação. Como vimos
ontem, a declaração seguinte registrada na Bíblia ocorre em Gênesis 3:14, 15, na qual o Senhor oferece
o evangelho à humanidade.
Assim, nas Escrituras, as declarações iniciais de Deus lidam com a criação e com a redenção. Essa redenção ocorre no contexto do próprio juízo. Teria que ser assim. Afinal, qual seria o propósito do evangelho, quais seriam as “boas-novas”, se não houvesse juízo, nenhuma condenação da qual pudéssemos ser salvos? O próprio conceito do “evangelho” traz em si mesmo a noção de condenação, uma condenação que não precisamos enfrentar. Essa é a “boa-nova”!
Embora tenhamos violado a lei de Deus e apesar de sabermos que Deus julgará essas violações, em Cristo Jesus somos poupados da condenação que esse juízo, inevitavelmente, traria.
7. Criação, evangelho e
juízo aparecem não apenas nas primeiras páginas da Bíblia, mas nas últimas
também. Leia Apocalipse
14:6, 7. De que maneira esses versos estão
relacionados com os três primeiros capítulos de Gênesis? Isto é, que ideias
paralelas são encontradas nesses versos?
Em Apocalipse 14:6, 7, vemos uma declaração de
Deus como Criador, um tema fundamental nas páginas iniciais de Gênesis. Em Apocalipse 14, no entanto, o “evangelho
eterno” vem em primeiro lugar, sendo seguido pelo anúncio do juízo, como em Gênesis 3. O juízo está ali, mas
não antes do evangelho. Assim, o fundamento da nossa mensagem da verdade
presente tem que ser a graça, a boa-nova de que, apesar de merecermos a
condenação, podemos ser perdoados, purificados e justificados por meio de
Jesus. Sem o evangelho, nosso destino seria o mesmo da serpente e de sua
descendência, diferente do destino da mulher e de sua semente. E algo
maravilhoso: Essa grande notícia já apareceu no Éden, na primeira declaração de
Deus ao mundo caído.
Ano Bíblico: Lv 20–22
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Estudo adicional
Deus deu aos nossos primeiros pais o alimento que pretendia que a
humanidade comesse. Era contrário ao Seu plano que se tirasse a vida a qualquer
criatura. Não devia haver morte no Éden” (Ellen G. White, Conselhos para a
Igreja,
p. 228).
“Satanás apresenta a divina lei de amor como uma lei de egoísmo. Declara que nos é impossível obedecer-lhe aos preceitos. A queda de nossos primeiros pais, com toda a miséria resultante, ele a atribui ao Criador, levando os seres humanos a olhar a Deus como autor do pecado, do sofrimento e da morte. Jesus devia patentear esse engano” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 24).
“Entretanto o homem não ficou abandonado aos resultados do mal que havia escolhido. Na sentença pronunciada sobre Satanás era já sugerida uma redenção. [...] Essa sentença proferida aos ouvidos de nossos primeiros pais foi para eles uma promessa. Antes de ouvirem acerca dos espinhos e cardos, de trabalhos e tristezas que deveriam ser o seu quinhão, ou do pó a que deveriam voltar, ouviram palavras que não poderiam deixar de lhes dar esperança. Tudo que se havia perdido, rendendo-se a Satanás, poderia ser recuperado por meio de Cristo” (Ellen G. White, Educação, p. 27).
Perguntas para reflexão
1. Temos criado regras e tradições que podem nos tornar semelhantes às pessoas que Jesus condenou? Ao mesmo tempo, que compromissos podemos assumir para seguir mais intensamente os princípios da verdade?
2. Eva confiou nos próprios sentidos, em vez de confiar numa ordem muito clara de Deus. Por que para nós é tão fácil fazer a mesma coisa?
3. Algumas culturas julgam ser tolice a ideia de um diabo literal; outras, em contrapartida, podem ser obcecadas com o poder do mal e dos espíritos malignos. Como é em sua cultura? Como você pode aprender a encontrar equilíbrio ao lidar com a realidade das batalhas sobrenaturais em que nos encontramos?
Respostas sugestivas: 1. Ele é astuto, por isso distorceu as palavras de Deus. 2.
Seduzir Jesus a não depender do Pai, pelo ato de transformar pedras em pães e
usar um milagre em proveito pessoal, pela sugestão para que Ele Se lançasse do
pináculo do templo e pelo convite para adorar ao diabo. O inimigo foi vencido
porque Jesus enfrentou as tentações com a Palavra de Deus. 3. A mulher disse
que podia comer do fruto de todas as árvores, exceto da árvore que estava no
meio do jardim, mas disse que não podia tocar na árvore, o que Deus não havia
dito. O principal erro dela foi se deter na conversa com Satanás e desconfiar
do Senhor. 4. Chamou-os de hipócritas, porque adoravam ao Senhor apenas com
palavras e não com o coração. Cumpriam mandamentos de homens e não a lei de
Deus. Há uma maldição para quem acrescenta ou tira partes da revelação de Deus.
As tradições humanas podem prejudicar nossa vida espiritual. 5. Creram na
mentira de Satanás: podiam pecar e não morreriam. Duvidaram de Deus, desejaram
ser iguais a Ele e conhecer os segredos do Senhor. Cobiçaram a beleza e o sabor
do fruto. 6. A serpente recebeu uma maldição maior do que todos os animais: ela
teria que rastejar e comer pó. Deus colocaria inimizade entre a serpente e a
mulher, o Descendente da mulher feriria a cabeça da serpente e a serpente
feriria o calcanhar do Descendente da mulher. 7. O evangelho eterno chama todas
as nações da Terra a temer, glorificar e adorar o Criador, evitando assim a
condenação do juízo. O evangelho, o Criador e o juízo de Apocalipse são os
mesmos de Gênesis.
ESCOLA
SABATINA
Resumo
da Lição 6 – A criação e a queda
O aluno deverá...
Conhecer: O ataque original de Satanás contra a humanidade e analisar a dinâmica das tentações enfrentadas tanto por Eva no Éden quanto por Cristo no deserto.
Sentir: A importância de confiar na Palavra de Deus, mesmo quando as observações e a experiência entram em aparente conflito com a Palavra.
Fazer: Comprometer-se a confiar na Palavra de Deus mais do que em suas próprias opiniões e percepções.
Esboço
I. Conhecer: A dinâmica do ataque original de Satanás
A. O que podemos aprender, por meio da história de Eva, sobre a dinâmica das tentações de Satanás?
B. Da mesma forma, o que as tentações sofridas por Cristo nos revelam sobre as estratégias de Satanás e o poder que Deus nos dá para superá-las?
II. Sentir: Confiando na Palavra de Deus mais do que em nossos sentidos
A. Como a história de Eva nos ajuda a estimar mais a Palavra de Deus?
B. O fruto proibido teria sido fácil de resistir, se tivesse sido amargo ou podre.
Mas o pecado não seria tentador se não parecesse doce. Como
podemos cultivar o desejo de resistir a essa "doçura", não importando
o quanto o pecado seja atrativo?
III. Fazer: Comprometendo os nossos caminhos com Deus
A. Como você pode confiar na Palavra de Deus mais plena e completamente?
B. Quais são as maneiras pelas quais você pode permitir que Deus viva a Sua vida e Sua Palavra, de modo mais pleno e completo por meio de sua vida?
Resumo: O ataque original de Satanás ao nosso planeta revela algumas dinâmicas importantes no processo da tentação. Satanás fez com Eva experimentasse uma dissonância entre suas percepções da árvore proibida e a ordem divina de se abster de comer do seu fruto. A maneira pela qual Eva lidou com esse conflito pode nos mostrar como podemos acertar ou errar ao enfrentar a tentação hoje.
Ciclo do aprendizado
Motivação
Conceito-chave para o crescimento espiritual: Ao compreender as questões e dinâmicas subjacentes a todas as tentações nos tornamos mais preparados para o sucesso espiritual. Essas dinâmicas são destacadas na história da queda em Gênesis 3.
Só para o professor: Enfatize que o nosso entendimento do pecado, salvação e dinâmicas da tentação são afetados pela nossa maneira de ver a historicidade do texto de Gênesis.
A história de Eva e a serpente é um clássico, mesmo nos círculos
literários seculares. O impacto da história sobre nós será determinado, em
grande medida, pelo nosso ponto de vista acerca de sua historicidade. Se Gênesis
1–3 não está fundamentado em fatos históricos, isso significaria que o autor de
Gênesis estava construindo suas crenças religiosas a partir de uma combinação
de sua imaginação com a cultura antiga. Tal construção sugeriria que nossas
crenças não estão baseadas em revelações factuais de Deus, mas na criatividade
humana. Em contrapartida, quando Gênesis 1-3 é aceito como historicamente
correto, então Deus age na história, revelando planos e propósitos para a
humanidade e considerando os seres humanos responsáveis por sua resposta às
revelações do Senhor.
Gênesis 1-3, portanto, desempenha um papel fundamental na determinação da autoridade da Palavra de Deus para você como crente. A história da queda destaca uma tensão que surgiu entre a experiência humana e a revelação divina. Essa dinâmica da percepção humana versus a Palavra de Deus tem um papel fundamental na história da queda de Gênesis 3.
Pergunta de abertura: Descreva uma situação na qual os seus sentidos o enganaram - um momento no qual o que você viu, sentiu ou percebeu acabou se mostrando errado. O que isso diz sobre a confiabilidade das percepções humanas?
Compreensão
Só para o professor: A dinâmica da tentação na queda de Eva apresenta conceitos valiosos para a nossa vida espiritual. Essa dinâmica é demonstrada também nas tentações enfrentadas por Cristo e é explorada no comentário a seguir.
Não só de pão
(Recapitule com a classe Gn 3:1-6.)
Em Gênesis 2:16, 17, Deus disse à humanidade que se eles comessem da árvore proibida, certamente morreriam. A serpente astuta fez uma pergunta enganosamente simples (Deus os proibiu de comer de todas as árvores?) para levar Eva a imaginar a verdadeira questão: "Por que Deus os proibiu de comer dessa única árvore?" O objetivo da pergunta era plantar em Eva sementes de descontentamento contra Deus. Visto que a árvore era um componente de uma ordem criada que Deus havia declarado boa, por que seria declarada proibida?
Eva respondeu à serpente, repetindo a proibição e penalidade estabelecidas, mas acrescentou outra razão para não tocar na árvore, a de que ela morreria. A serpente replicou que ela não morreria, sugerindo que Deus estava mentindo para ela a fim de impedi-la de alcançar a posição de divindade ao lado de Deus. A serpente prometeu que ela poderia, de fato, alcançar esse status por meio da desobediência. Visto que o argumento dependia da crença de Eva de que Deus a estava enganando, o que a pode ter levado a aceitá-lo como verdadeiro?
Em Gênesis 3:6, Eva analisou a árvore proibida. Ela observou que a árvore “era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento”. A árvore parecia saudável, não mortal. Ela sentiu uma divergência entre suas observações e a revelação de Deus. Além disso, embora não explicitamente abordado no texto bíblico, a mais astuta criatura pareceu adquirir a sua capacidade linguística ao comer o fruto proibido, tornando fácil para Eva concluir que a Palavra de Deus havia sido falsificado. A mensagem implícita da serpente foi: "Se comendo o fruto fui capaz de falar, o que ocorrerá com você, sendo feita à imagem de Deus, se comer deste fruto? Você se tornará uma divindade ao lado de Deus. Considere o que o fruto fez por mim!" Para Eva, essa “evidência" foi uma contradição poderosa à verdade divina. Assim, Eva foi forçada a escolher entre suas observações e análises e a Palavra de Deus. Ela escolheu suas habilidades, assim se rebelando contra a Palavra de Deus e Sua soberania.
Satanás tentou enganar Jesus usando as mesmas táticas. Na cena do batismo de Mateus 3, Deus falou audivelmente do céu, afirmando a identidade de Jesus como Filho de Deus. Em Mateus 4, Jesus entrou no deserto e não comeu por 40 dias. É possível presumir que, após 40 dias sem comer e sem conforto material, Jesus não parecia nem Se sentia como o Filho de Deus. De acordo com Ellen G. White, quando Satanás apareceu, ele o fez como um anjo de luz, como Paulo nos adverte que ele vai fazer (2Co 11:14). Provavelmente, Satanás parecia como o Filho de Deus, e Jesus parecia mais como um anjo caído. O foco principal do ataque de Satanás foi desafiar o que Deus havia dito a Cristo seis semanas antes. Foi como se Satanás efetivamente sugerisse: "Você não pode confiar no que ouviu há seis semanas no batismo. Faça algo material e miraculoso para provar a Si mesmo que você é o Filho de Deus.” Em Seus limites humanos, tudo que Jesus estava observando e experimentando sugeria que o anúncio batismal estava errado. Como Eva fez, Cristo teve que escolher entre Suas percepções e análises e a Palavra de Deus. Agora podemos ver o significado de Sua resposta: "Não só de pão [o que ele vê e analisa] viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4:4).
Pense nisto: Sendo que Cristo foi tentado em todos os pontos como nós o somos (Hb 4:15), como as tentações de Eva e Cristo nos ajudam a entender mais as questões espirituais envolvidas em nossas tentações?
Aplicação
Só para o professor: Com as perguntas a seguir, oriente a classe além da filosofia teórica, a fim de confrontar os limites de suas percepções e análises.
Perguntas para reflexão
1. Como Satanás tenta falsificar a Palavra de Deus para você, para que você escolha suas próprias observações e análises acima da Palavra de Deus? O que você escolherá, e por quê?
2. As observações e análises humanas são mais confiáveis do que a Palavra de Deus? Por quê?
3. Por que minha escolha é importante, quer eu escolha as minhas observações ou a Palavra de Deus? O que Gênesis 3 nos diz sobre responsabilidade e juízo?
5. Como a responsabilidade e a graça estão inter-relacionadas em Gênesis 3? Qual é o propósito da graça em Gênesis 3?
Criatividade
Só para o professor: Queremos terminar com uma nota edificante. Feche com uma marca positiva, enfatizando a necessidade e a alegria de confiar na Palavra de Deus.
Atividade para discussão: O que posso fazer para confiar na Palavra de Deus, implícita e completamente, mesmo quando ela parece contradizer os nossos sentidos?
A criação e a queda
Michelson Borges, jornalista pela UFSC e mestre em teologia pelo
Unasp
Nahor Neves de Souza Jr., geólogo pela Unesp e doutor em engenharia pela USP
Nahor Neves de Souza Jr., geólogo pela Unesp e doutor em engenharia pela USP
Introdução
Ideia central 1: O primeiro e mais poderoso
engano de Satanás consistiu em lançar dúvidas sobre a palavra e o caráter de
Deus (sim, porque Eva era muito inteligente e ele teve que “caprichar” na
tentação). Eva foi enganada porque alimentou a dúvida, ao passo que, no
deserto, Jesus venceu por Se manter firme no “está escrito” (Mt 4:3-10). Eva
deu mais importância aos sentidos dela do que à Palavra de Deus. O fruto lhe
pareceu agradável ao paladar, aos olhos e à mente. Finalmente, Satanás
conseguiu “contaminá-la” com o desejo dele: o de ser igual a Deus. Adão
preferiu ouvir e seguir a esposa que tinha preferido ouvir o inimigo. Esta
sempre é a base da tragédia humana: deixar de ouvir o Criador para ouvir o
enganador ou os próprios sentimentos/sentidos.
Ideia central 2: Gênesis 3:9, 11 e 13
apresenta as perguntas que Deus fez ao casal culpado. A primeira delas foi:
“Onde estás?” Evidentemente, Deus sabia onde eles estavam e o que haviam feito,
mas queria que Seus filhos se manifestassem. Queria que eles se
conscientizassem do pecado. Em seguida, Deus condenou Satanás (v. 14) e
anunciou a solução/redenção por meio do Descendente (v. 15). Finalmente, o
Senhor falou das consequências do pecado, entre as quais a morte (v. 16-19). A
condenação existe, mas não cairá sobre os seres humanos que aceitarem o
Substituto. Assim, tanto em Gênesis 3 quanto em Apocalipse 14:6 e 7, a graça
precede o juízo. Deus sempre oferece a salvação antes da condenação.
Para refletir
1. Em que consistiu a
primeira mentira de Satanás, dita para Eva?
2. Por que a mulher caiu na armadilha?
3. O que as perguntas que Deus fez ao casal revelam sobre as intenções dEle?
Ampliação
A origem da biodiversidade
Apesar da queda humana no pecado e das consequências negativas
disso sobre a criação (degeneração, predação, doença, morte), em Sua
misericórdia, Deus criou mecanismos para minimizar os efeitos deletérios do
mal. Um exemplo disso é o sistema imunológico capaz de lidar com as agressões
de organismos externos causadores de doenças. Outro exemplo é a capacidade
adaptativa dos seres vivos (também chamada por James Gibson de diversificação
de baixo nível), o que lhes possibilita viver em ambientes
variados. Ou seja, o extraordinário potencial adaptativo dos organismos originalmente
criados (submetidos, após a queda, a pequenas modificações “microevolutivas”
ligadas à ampla variedade de ambientes novos) propiciou o desenvolvimento de
uma exuberante diversidade de seres, também conhecida como biodiversidade.
Na análise desse tema, é necessário considerar não apenas o
surgimento primordial dos seres, mas a distribuição deles no vasto registro
fóssil e a continuidade da sua história, até a atual biodiversidade. Na
realidade, quando se procura construir a história da vida em nosso planeta,
pelo menos três modelos das origens podem ser identificados:
1. Na proposta do fixismo, valoriza-se a imutabilidade dos seres
vivos. Ou seja, toda a biodiversidade hoje existente foi criada no princípio
por Deus. Admite-se, então, uma relação direta (biunívoca) entre todos os seres
originalmente criados (tipos originais), com todos os representantes da atual
biodiversidade (tipos atuais). Um “feixe de varas paralelas” retrata muito bem
esse modelo (ver porção inferior da figura 1).
2. Na concepção evolucionista (ateísta) se constrói a “grande árvore
da vida” (ver parte inferior da figura 2). Na base dessa “árvore filogenética”,
o primeiro ser vivo surge espontaneamente a partir de matéria não viva (abiogênese). Em seguida,
transformações lentas (milhões de anos), graduais e não dirigidas teriam
produzido todos os seres da história da vida – “galhos” que se bifurcam
continuamente.
3. Uma “floresta de árvores” representa o modelo criacionista (porção
superior das figuras 1 e 2). Tipos básicos (criação) corresponderiam então aos
vários troncos desse “grande conjunto de árvores”. Mudanças posteriores após a
queda e recrudescidas após a Grande Catástrofe estariam representadas pela copa
dessa imponente “floresta” que caracterizaria a própria história da
biodiversidade.
Figura 1
Figura 2
Já identificada naturalmente e bem estabelecida empiricamente, a
realidade de que os seres vivos são passíveis de pequenas modificações
(diversificação de baixo nível ou “microevolução”, assunto explicado na próxima
lição) inviabiliza qualquer argumento favorável ao modelo 1. Ou seja, o fixismo
se mostra indefensável, tanto bíblica quanto cientificamente.
A distribuição global dos seres preservados no registro fóssil
(paleontologia) certamente deveria ser considerada na história da
biodiversidade. Analisando-se a disposição dos grandes grupos de seres (filos,
classes eordens) no próprio registro fóssil, verifica-se que:
– No registro fóssil, os grupos de seres aparecem subitamente, não
gradualmente.
– Inexistem diversificações e ramificações do geral para o
particular.
– Cada grande grupo de planta ou animal teve uma “história”
independente e distinta de todos os demais grupos.
– Esses grupos são tão diferentes entre si, em seu primeiro
aparecimento, como são hoje.
– Não existe nenhum traço de ancestral comum nem de autênticos
seres de transição.
Portanto, a conclusão definitiva é de que a distribuição dos
fósseis na coluna geológica jamais poderá ser representada por “árvore(s)
filogenética(s) ou evolutiva(s)”. Assim, as presumíveis transformações macroevolutivas
do modelo 2 (tema considerado na lição 7) são, sem dúvida alguma,
insustentáveis tanto bíblica quanto cientificamente.
No terceiro modelo, destaca-se a importância de se compreender o
verdadeiro significado do termo “segundo a sua espécie”, repetidamente
mencionado (dez vezes) no primeiro capítulo de Gênesis. Com efeito, a “espécie”
de Gênesis possui um significado mais amplo do que aquele implícito no táxon
espécieutilizado pela biologia convencional. Na verdade, como já dissemos, os
organismos criados por Deus na primeira semana foram dotados com a capacidade
de propagação com modificações, que têm resultado em um amplo leque de
adaptações e especializações dentro de tipos básicos (ver figura 3 da Lição 10
– História da biodiversidade).
Esse tipo básico é equivalente ao termo “espécie”
utilizado na narrativa bíblica da criação (Gn 1 e 2). Assim, os tipos básicos
podem hoje ser correlacionados a unidades taxonômicas mais abrangentes (gênero
e família), além da unidade básica (espécie). Nesse caso, a origem das
“espécies” não estaria vinculada ao “tronco” de uma única “árvore”, mas sim a
uma “floresta”, cujos “troncos” corresponderiam aos vários
tipos básicos (versão criacionista das figuras 1 e 2). Ou seja, alguns
“troncos” representariam a unidade família(por exemplo, a família Canidae – cães, raposas, lobos e chacais),
outros seriam equivalentes a gênero e outros ainda corresponderiam à própria
espécie.
Assim, todas as espécies biológicas unidas direta ou indiretamente
por cruzamento são consideradas pertencentes a um tipo
básico. Essa unidade taxonômica pode ser testada experimentalmente,
portanto, reflete um conceito que está em harmonia com as afirmações da
taxonomia biológica, passíveis de serem verificadas cientificamente. Para se
caracterizar um tipo básico, exige-se
apenas que a célula-ovo fecundada inicie um desenvolvimento embrionário
resultante do patrimônio genético dos dois progenitores. Na verdade, os tipos
básicos corresponderiam, em princípio, às unidades da criação.
Finalmente, não é difícil constatar que o modelo 3 se harmoniza
muito melhor com a realidade dos dados biológicos, paleontológicos e bíblicos.
Enquanto o registro fóssil aponta para a Grande Catástrofe (Gn 6 a 8, assunto
da Lição 10), o princípio fundamental da biologia, de que “vida só provém de
vida”, nos convida a retroceder no tempo, por ocasião da criação da vida e do
primeiro ser humano, quando, evidentemente, encontraremos a fonte de toda a
vida: o Projetista Divino, Deus criador e sustentador.
De certa forma, a ciência ajuda a demonstrar que tudo o que diz
respeito à vida foi planejado com sabedoria e carinho. Mesmo após a queda, Deus
Se mostrou bondoso ao prover recursos e criar mecanismos para que a vida
sobrevivesse e se adaptasse a um mundo hostil – mundo esse que será finalmente
restaurado pelo Criador, de acordo com o projeto original dEle, conforme
veremos mais adiante.
O grande empenho de Satanás consiste em distorcer o caráter de
Deus e apresentá-Lo como mau e injusto. Assim como o inimigo mentiu para Eva
levando-a a duvidar da palavra e das intenções do Criador, ele continua
mentindo por meio de filosofias que geram confusão e afastam as pessoas do
“assim diz o Senhor”. Nosso planeta deu muitas voltas desde que Adão e Eva
comeram o fruto da rebelião, mas certas coisas mudaram muito pouco desde então.
Conclusões
– Em seu diálogo com Eva, Satanás, usando a serpente como médium,
procurou levar a mulher a duvidar da palavra de Deus e a confiar mais em seus
sentidos. Pouca coisa mudou desde então, exceto os métodos e os meios à
disposição do inimigo de Deus. Ele continua se valendo de filosofias que negam
ou a existência do Criador ou a veracidade de Sua Palavra escrita. Ele continua
criando e usando maneiras de entorpecer a mente por meio da estimulação
exagerada dos sentidos. O conselho de Paulo em Romanos 12:2 continua mais atual
do que nunca: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela
renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (NVI).
– Gênesis 3:15 é o evangelho anunciado com séculos de antecipação.
Ali Deus revelou a solução definitiva para o pecado e o ponto focal de todas as
esperanças: o Descendente da mulher, que seria ferido pelos pecados humanos
instigados pela “serpente”, desferiria golpe mortal no inimigo, ao morrer
inocentemente na cruz do Calvário.
– O autor da Lição escreveu: “Em Apocalipse 14:6, 7, vemos uma
declaração de Deus como Criador, um tema fundamental nas páginas iniciais de
Gênesis. Em Apocalipse 14, no entanto, o ‘evangelho eterno’ vem em primeiro
lugar, sendo seguido pelo anúncio do juízo, como em Gênesis 3. O juízo está
ali, mas não antes do evangelho. Assim, o fundamento da nossa mensagem da
verdade presente tem que ser a graça.”
– De certa forma, a graça de Deus também se manifesta no fato de
ter Ele dotado os seres vivos de certa capacidade de variação limitada, porém
necessária para sobreviver no mundo pós-pecado.
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