sábado, 8 de setembro de 2012

ES – Lição 10 - Vida da igreja (1Ts 5:12-28) – 3º Trim, 2012






NOVO TEMPO

Lições da Bíblia


Vida da igreja (1Ts 5:12-28)








Lição 10 – de 1º a 8 de setembro

Vida da igreja (1Ts 5:12-28)







Sábado à tarde
Ano Bíblico: Ez 14–17

VERSO PARA MEMORIZAR: “Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom” (1Ts 5:20, 21).

Leituras da semana: 1Ts 5:12-28; Mt 5:43-48; Gl 5:22; Fp 4:4; Jo 15:4-6

Pensamento-chave: Paulo deu aos tessalonicenses, tanto líderes quanto membros leigos, conselhos muito práticos e também espirituais sobre a maneira de se relacionar uns com os outros.

Paulo conclui sua primeira carta aos Tessalonicenses com dezessete admoestações (1Ts 5:12-22), seguidas por uma oração de encerramento (1Ts 5:23-27). A lição desta semana começa com três advertências sobre a atitude dos membros da igreja local para com seus líderes (1Ts 5:12, 13). Essas advertências são seguidas por seis imperativos sobre o modo pelo qual os líderes da igreja devem se comportar para com seu povo.

Oito admoestações breves seguem nos próximos sete versos (1Ts 5:16-22). Elas podem ser organizadas em dois grupos: três conselhos sobre uma atitude cristã positiva (1Ts 5:16-18) e cinco a respeito da maneira de se relacionar com a nova luz na forma de profecias (1Ts 5:19-22).

Na oração de conclusão, Paulo resume o tema principal da carta: que os crentes em Tessalônica e em outros lugares continuassem crescendo em santidade até a segunda vinda de Jesus. Em outras palavras, eles deviam viver cada dia em preparação para a vinda do Senhor. Em certo sentido, o que poderia ser mais “verdade presente” do que essa mensagem?

Domingo
Ano Bíblico: Ez 18–20

Resposta ao ministério (1Ts 5:12, 13)

Os dois versos no centro da lição de hoje seguem a admoestação de encerramento da lição da semana passada: “Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente” (1Ts 5:11). Essa obra ocorre na igreja local, no processo de orientação e discipulado. A lição de hoje se concentra no modo pelo qual os discípulos devem responder aos esforços de seus líderes e mestres.

1. Leia 1 Tessalonicenses 5:12, 13. Qual é a lição básica de Paulo e como devemos aplicá-la à nossa vida? De que forma podemos apoiar, amar e trabalhar melhor com os “que [nos] presidem no Senhor”?

A estrutura do grego do verso 12 indica que as três expressões na segunda metade se referem ao mesmo grupo, os líderes da igreja de Tessalônica. Paulo exorta os membros da igreja a “reconhecer” esses líderes, o que significava notar, respeitar ou acatar com apreço. A implicação é que, talvez, alguns na igreja não respeitassem as autoridades.

A palavra admoestar tem a conotação de instruir, advertir ou mesmo “ensinar uma lição de forma enérgica”. Paulo reconhece que os líderes da igreja sempre necessitarão exercitar o “amor severo”. Esse tipo de liderança nem sempre é bem-vinda. No entanto, no verso 13, ele segue pedindo que os membros estimem seus líderes de modo elevado, por causa das questões difíceis com as quais eles têm que lidar. Paulo deseja que todos os membros da igreja estejam em paz uns com os outros.

A linguagem desses versos reflete estratégias antigas para lidar com as pessoas. Os líderes influentes dos dias de Paulo sabiam que lidar com pessoas é um trabalho delicado. Eles encorajavam os líderes a diagnosticar cuidadosamente a condição de seus seguidores, ter sensibilidade para perceber se o seguidor estava aberto à correção, escolher o momento certo e aplicar o remédio adequado. Acima de tudo, os líderes deviam examinar a si mesmos antes de tentar corrigir os outros. Paulo adiciona elementos a esse sistema. Para o cristão, Deus é o modelo de liderança, e o objetivo da liderança da igreja é que a vida dos membros honre a Deus.

Em algumas culturas, há uma tendência de desconfiar e desafiar a liderança; em outras, de se submeter cegamente. Como a atitude da cultura em relação às autoridades tem afetado sua igreja?

Segunda
Ano Bíblico: Ez 21–23

Ministério de apoio (1Ts 5:14, 15)

Nos versos 12 e 13, Paulo abordou maneiras pelas quais os membros da igreja devem tratar seus líderes. No texto de hoje (1Ts 5:14, 15), ele volta a atenção aos líderes da igreja e como eles devem tratar as pessoas sob seu cuidado.

2. Que advertência Paulo deu aos líderes sobre a maneira de tratar os membros da igreja? Considere os princípios do texto. Como podemos aplicá-los ao nosso ministério na igreja? Como devemos praticá-los no trabalho, em casa e no lazer? 1Ts 5:14, 15; Mt 5:43-48

Paulo encoraja os líderes de Tessalônica a que admoestem “os insubmissos” (1Ts 5:14). Os insubordinados eram membros que se recusavam a sustentar a si mesmos. Por causa de sua atitude, era difícil lidar com eles. Essas pessoas deviam ser confrontadas.

Em contraste com isso, Paulo instrui os líderes da seguinte maneira: “Consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos” (1Ts 5:14).

Os “desanimados” são pessoas que têm pouca autoconfiança ou senso de valor. Estão ansiosas e preocupadas com muitas coisas. Essas pessoas são importantes para Deus. Por isso, os líderes devem incentivá-las.

Os “fracos” são os que têm limitações morais e espirituais. São ingênuos, facilmente desencorajados por dificuldades e têm medo do desconhecido. Seu coração pode estar no lugar certo, mas lhes falta conhecimento e estão perturbados pelo passado. Precisam de ajuda para sobreviver.

Paulo orienta os líderes da igreja a ser pacientes com todos. Enquanto os três primeiros conselhos do verso 14 são ajustados para atender diversas condições, a paciência é sempre apropriada para o cuidado pastoral.

No verso 15, Paulo provavelmente ainda tivesse em mente os líderes. Sempre que aqueles que cuidam são atacados pelos que não apreciam suas admoestações, eles podem ser tentados a retaliar. Mas quando os líderes revidam, demonstram que sua liderança não é motivada pelo espírito de Cristo. Fundamental para a liderança saudável na igreja é ter em mente o bem dos outros.

Os versos 12-15 presumem que haja mestres e discípulos na igreja e é importante haver muito respeito e paciência nesses relacionamentos. Mas não devemos esquecer 1 Tessalonicenses 5:11 (“Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente”). Muitas vezes, o cuidado pastoral deve ser recíproco. Há momentos em que os mestres precisam ser orientados.

Terça
Ano Bíblico: Ez 24–26

Atitudes cristãs positivas (1Ts 5:16-18)

De acordo com 1 Tessalonicenses 5:12-15, os cristãos precisam aprender a aceitar e a oferecer a crítica construtiva. Isso pode acontecer apenas no contexto do relacionamento. A conclusão é de que cada cristão precisa ser responsável perante os outros e deve estar disposto a considerá-los responsáveis. Uma igreja que ora cresce em admoestação e encorajamento.

3. Que três coisas Paulo considerava ser a vontade de Deus para cada crente? Por que cada uma delas é tão importante?1Ts 5:16-18; Gl 5:22; Fp 4:4

Glenn Coon, um querido pregador adventista, gostava de dizer que, na Bíblia há muito mais ordens de se alegrar do que de guardar o sábado. No entanto, raramente damos à alegria a ênfase que ela merece. Uma vida alegre é um dos frutos do Espírito (Gl 5:22; Fp 4:4). E a alegria cheia do espírito é possível mesmo no sofrimento (1Ts 1:6).

Paulo certamente foi um modelo do que significa orar sem cessar. Como já vimos, a primeira carta aos Tessalonicenses está impregnada de oração. Paulo convidou os leitores dessa carta a seguir seu exemplo.

Gratidão é outra atitude cristã positiva que Paulo demonstrou (1Ts 1:2; 2Ts 1:3). Na raiz da depravação pagã estava a falta de gratidão a Deus (Rm 1:21). De acordo com Thomas Erskine, “No Novo Testamento, religião é graça e ética é gratidão” (Citado em F. F. Bruce, Paul: Apostle of the Heart Set Free [Paulo: Apóstolo do Coração Libertado]; United Kingdom, The Paternoster Press, 1977, p. 19). É interessante notar que as palavras gregas para “alegrar-se” e “ser grato” têm a mesma raiz básica. A chave para a alegria piedosa é um espírito contínuo de gratidão a Deus.

Abra seus olhos. Os dons de Deus estão todos à nossa volta. Nós apenas nos esquecemos de Lhe agradecer por eles, muitas vezes porque estamos muito concentrados nas provações e lutas da vida. Se cultivássemos cada vez mais a atitude de gratidão a Deus, nossa caminhada com Ele seria muito mais íntima e nossa vida, cheia de alegria.

Faça uma lista de dez coisas pelas quais você é grato. Seja bem específico. Em seguida, faça de cada item o motivo de uma breve oração a Deus. Observe as mudanças que ocorrerão em toda a sua atitude e perspectiva. Essa prática pode mostrar a você a importância da gratidão em nossa experiência com Deus.

Quarta
Ano Bíblico: Ez 27–29

Conhecendo a “nova luz” (1Ts 5:19-22)

4. “Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal” (1Ts 5:19-22). Como essas palavras podem ser aplicadas em nossa experiência? Que “forma de mal” devemos, na nossa realidade, nos esforçar muito para evitar? (1Ts 5:19-22). Como essas palavras podem ser aplicadas à nossa experiência?
Em 1 Tessalonicenses 5:12-15, Paulo estava advertindo a igreja. Nos versos 19-22, ele apresenta outra forma de admoestação: o dom de profecia. As duas expressões negativas com as quais ele começou essa seção são contínuas na ênfase: “Pare de apagar o Espírito” e “pare de desprezar as profecias” (1Ts 5:19, 20, tradução do autor). Ele estava basicamente dizendo aos tessalonicenses que deixassem de fazer algo que estavam fazendo constantemente.

Embora não saibamos qual problema específico Paulo estava abordando, parece que ele estava exortando os cristãos a ser abertos a mais luz e, ao mesmo tempo, estava dizendo para testá-la, para se certificar de que era realmente luz (2Co 11:14).

Existem várias maneiras de enfraquecer o dom de profecia. Uma delas é “apagar o Espírito”. Fazemos isso quando ignoramos ou resistimos à obra de um profeta verdadeiro. Mesmo dentro de nossas fileiras, considere toda a oposição ao dom profético que recebemos na vida e no ministério de Ellen White.

Uma segunda maneira de enfraquecer o dom de profecia é aceitar o que é dito, mas interpretá-la ou aplicá-la de modo equivocado. Podemos lidar com uma mensagem profética tendo a mente aberta, mas aplicar o que é dito de forma inadequada à situação imediata. Precisamos ter muito cuidado com isso. Recebemos um dom maravilhoso e não queremos debilitá-lo pelo uso errado.

Uma terceira maneira de enfraquecer o dom de profecia é dar autoridade profética a pessoas ou escritos que não receberam o dom de Deus. A igreja deve estar continuamente vigilante, pondo à prova todas as coisas para ver se a mensagem profética está edificando a igreja.

Qual tem sido a influência do ministério profético de Ellen White em sua vida? Comente sua resposta com a classe.

Quinta
Ano Bíblico: Ez 30–32

Santidade no tempo do fim (1Ts 5:23-28)

5. O que significa ser santificados “em tudo” e ser “conservados íntegros e irrepreensíveis” na vinda do Senhor? Não deveríamos estar nessa condição agora mesmo? 1Ts 5:23, 24
No texto de hoje, Paulo volta à linguagem da oração. Seu estilo é semelhante ao de 1 Tessalonicenses 3:11-13. Seu tema principal também é semelhante: estar irrepreensível em santidade na segunda vinda de Jesus. Paulo faz aqui uma transição do que os tessalonicenses deviam fazer (1Ts 5:12-22) para o que Deus faz em nós (santidade) e por nós (a segunda vinda de Cristo).

Muitas vezes, os cristãos têm discordado a respeito do que exatamente esse texto revela sobre a natureza dos seres humanos e do tipo de caráter que eles podem esperar ter quando Jesus voltar. Em nosso breve encontro com essa passagem, focalizaremos o que pode ser dito claramente com base no texto.

Paulo está dizendo que Deus alcança a pessoa inteira do crente. Cada parte da vida do cristão deve ser afetada pela santificação à medida que se aproxima a vinda de Jesus. Ao falar de “espírito, alma e corpo”, Paulo não está tentando ser científico e preciso acerca das várias camadas da pessoa humana (no pensamento bíblico, mente e corpo são um todo unificado, não partes que existem separadamente). Ao contrário, ele está expressando que cada parte de nossa mente e do corpo deve ser submetida a Deus. O Senhor deve ter o controle total de nossos pensamentos, sentimentos e ações.

A oração de Paulo se estende do tempo presente até a segunda vinda de Cristo. Os crentes devem ser conservados ou mantidos irrepreensíveis até a vinda do Senhor. Paulo está orando para que a plenitude de sua dedicação a Deus seja mantida até o fim. De acordo com essa carta, os tessalonicenses estavam longe da perfeição, mas o que eles já haviam alcançado valia a pena preservar até a volta de Jesus. Entre outras coisas, Paulo está orando para que eles continuem crescendo na graça por meio de um relacionamento com Jesus (leia também Jo 15:4-6).

De que forma você pode e deve se preparar a cada dia para a vinda do Senhor?

Sexta
Ano Bíblico: Ez 33–35

Estudo adicional

Requer-se muita paciência e espiritualidade para introduzir a religião bíblica na vida familiar e profissional, suportar a tensão dos negócios do mundo e ainda conservar os olhos voltados unicamente para a glória de Deus. Aí é que Jesus era um auxiliador. Nunca estava tão cheio de cuidados do mundo que não tivesse tempo para pensar nas coisas de cima. Expressava frequentemente o contentamento do coração, cantando salmos e hinos celestiais. Muitas vezes os moradores de Nazaré ouviam Sua voz se erguer em louvor e ações de graças a Deus. Por meio de cânticos entretinha comunhão com o Céu e, quando os companheiros se queixavam da fadiga do trabalho, eram animados pela doce melodia de Seus lábios. Parecia que Seu louvor bania os anjos maus e, como incenso, enchia de fragrância o lugar em que Se achava. A mente dos ouvintes era afastada de seu terreno exílio, para o lar celestial” (O Desejado de Todas as Nações, p. 73).

“Coisa alguma tende mais a promover a saúde do corpo e da mente do que um espírito de gratidão e louvor. É um positivo dever resistir à melancolia, às ideias e sentimentos de descontentamento – dever tão grande como é orar” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 251).

Perguntas para reflexão

1. Em sua opinião, qual tem sido a influência de Ellen White sobre a igreja como um todo? Como o ministério dela tem influenciado sua vida?
2. Como a atitude da nossa cultura em relação às autoridades afeta nossa atitude para com a autoridade na igreja? Nossa cultura nos incentiva a desrespeitar as autoridades ou a demonstrar elevado respeito para com elas?
3. Como sua igreja pode fazer um trabalho melhor de orientação aos novos crentes no crescimento do caráter?

Resumo: No texto da semana, Paulo focalizou especialmente a qualidade espiritual da vida da igreja. Os cristãos devem orientar uns aos outros e ser alegres e agradecidos. Eles também devem estar abertos a novas verdades, principalmente a verdade profética, mas devem ser cuidadosos em sua avaliação das novas ideias. Acima de tudo, Paulo nos chama a uma completa submissão a Deus em todas as áreas da vida pessoal e a manter o pensamento na vinda de Jesus.

Respostas sugestivas: 1:Devemos acatar e apreciar nossos líderes, atentando para suas exortações, seguindo suas orientações e demonstrando espírito de gratidão e cooperação. 2: Os líderes devem admoestar os insubmissos, consolar os desanimados, amparar os fracos, ser pacientes e promover o perdão e o bem entre os irmãos; devem tratar a todos com amor, mesmo os injustos. 3: Alegria, oração e gratidão; são importantes porque demonstram a ação do Espírito Santo na vida e indica submissão aos mandamentos divinos. 4: Abrindo o coração para a influência e ensinamento do Espírito Santo na obra dos profetas, tendo o cuidado de verificar se as profecias são verdadeiras; evitando o mal, na forma de falsas profecias, conduta impura e atitude desordenada; devemos viver em santidade. 5: A cada dia e no dia da vinda de Jesus, devemos consagrar toda a nossa vida ao Senhor, espírito, alma e corpo; se aceitarmos o desafio, Deus é fiel para realizá-lo.


Resumo da Lição 10 – Vida da igreja (1Ts 5:12-28)







O aluno deverá...

Saber: A importância do papel de líderes e membros da igreja na vida e bem-estar das comunidades de fé.

Sentir: O desejo de tornar a igreja um lugar em que líderes e membros convivam em harmonia.

Fazer: Decidir ser uma influência positiva e amorosa, para o bem dos outros.

Esboço

I. Saber: A necessidade de bons líderes e seguidores comprometidos

A. A obra de Deus sempre prosperou sob o cuidado de bons líderes espirituais. Que qualidades Deus deseja ver nos líderes da igreja, e como suas responsabilidades devem ser realizadas? 1Tm 3:1-7; Tt 1:6-9; 1Ts 5:14.
B. Que exemplos você encontra entre os juízes e reis de Israel que ilustram a influência positiva ou negativa que os líderes têm sobre os outros?
C. Jesus disse: "’Toda... casa dividida contra si mesma subsistirá’"(Mt 12:25). O que os líderes e membros da igreja podem fazer para unir a igreja?

II. Sentir: Atitude de gratidão

Você tem se beneficiado da admoestação, encorajamento e ajuda oferecidos pela igreja? Como você se sentiu diante dessas ações?

III. Fazer: Gratidão e influência pessoal

A. Sendo líder ou seguidor, cada um tem algum tipo de influência. Sua influência torna a igreja um lugar melhor?

B. O que você pode fazer para mostrar sua apreciação e amor pelo trabalho dos líderes da sua igreja?

Resumo: Líderes e membros da igreja em geral devem cumprir suas respectivas funções com uma atitude de respeito e amor uns pelos outros, enquanto trabalham juntos para fazer avançar a causa de Deus.

Ciclo do aprendizado

Motivação

Conceito Chave para o Crescimento Espiritual: A vida no corpo de Cristo deve ser fundamentada na submissão completa a Deus e marcada pela expressão de amor mútuo, respeito e apoio entre os líderes da igreja e os membros em geral.

Um famoso especialista em liderança diz que toda a ascensão ou queda se deve à liderança. Por mais chocante que isso pareça, a própria história testemunha a verdade dessa afirmação. Seja nas histórias dos reis de Israel no Antigo Testamento ou nas histórias mais recentes do mundo dos negócios e sobre os líderes mundiais, percebemos que os líderes desempenham um papel extraordinário em determinar o sucesso ou o fracasso do povo e dos acontecimentos que estão sob sua liderança.

Para destacar o tipo de diferença que um líder cristão pode fazer no mundo ou na igreja, reflita nas seguintes qualidades de um líder de sucesso. Um líder de sucesso é aquele que: 1. Usa seu poder para o bem no momento certo e da maneira correta; 2. É responsável por seus próprios erros; 3. É honesto não apenas nas coisas grandes, mas também nas pequenas; 4. Motiva e inspira os outros; 5. Lidera pelo exemplo; 6. Põe os outros em primeiro lugar; 7. Supera as adversidades; 8. Mantém sua integridade com firmeza; 9. Sabe quando pode se comprometer sem prejudicar os princípios; 10. Coloca o serviço ao próximo acima da promoção pessoal (John C. Maxwell, Developing the Leader Within You [Desenvolvendo o Líder Dentro de Você]; Nashville; Thomas Nelson, Inc., 1993, p. IX, 201, 202).

Pense nisto: Embora essas qualidades de liderança certamente sejam inspiradoras, muito frequentemente elas parecem ser mais a exceção do que a regra. O que uma pessoa precisa fazer para manifestar ou desenvolver tais habilidades de liderança?

Compreensão

Comentário Bíblico

I. A importância e as responsabilidades dos líderes da igreja

(Recapitule com a classe 1Ts 5:12-15.)

É importante lembrar que, quando Paulo escreveu essas instruções finais aos tessalonicenses, a igreja de Tessalônia tinha apenas alguns meses de existência e era composta basicamente de gentios convertidos. Isso significa que os líderes nomeados pelo apóstolo haviam tido pouco tempo para um treinamento formal antes de ser repentinamente (e certamente de modo desconfortável) lançados no centro das atenções. Ainda que eles fizessem o seu melhor para preencher a lacuna de poder deixada pela ausência de Paulo, é compreensível que nem todos ficassem satisfeitos com os novos arranjos. Uma coisa era ouvir Paulo, mas uma coisa totalmente diferente ouvir líderes que eram novos cristãos, assim como qualquer um deles.

À luz da perseguição enfrentada pelos Tessalonicenses depois da partida de Paulo, não é difícil imaginar que os líderes da igreja tenham cometido alguns erros ao longo do caminho e que alguns membros provavelmente não levassem muito a sério sua autoridade. Foi contra esse pano de fundo que Paulo exortou os conversos tessalonicenses a acatar com apreço os seus líderes e valorizá-los pelo trabalho que eles faziam (1Ts 5:12).

Em que tipo de trabalho os líderes de Tessalônica estavam envolvidos? Paulo não apresenta muitos detalhes, mas mostra algumas evidências que nos ajudam. Primeiro, Paulo descreve os líderes locais como aqueles que “trabalham entre” os irmãos (1Ts 5:12). A palavra traduzida como “trabalho” se refere a um tipo difícil de trabalho e aos exaustivos esforços associados ao trabalho manual. Levando em conta que os líderes de Tessalônica muito provavelmente tivessem empregos de tempo integral, além de suas responsabilidades na igreja, eles certamente ficavam fisicamente esgotados no fim do dia. Mas a parte muito mais difícil do ministério é a exaustão espiritual, mental e emocional que resultam das preocupações com os fardos, angústias e necessidades dos outros.

Outro aspecto do trabalho dos líderes da igreja era a tarefa da “admoestação”, que se refere ao ofício de advertir contra o mau comportamento e as consequências que resultam de tal comportamento. Mesmo que a tarefa de admoestar nunca seja fácil, é importante notar que a palavra usada por Paulo não envolve o tipo de repreensão severa que deixa uma pessoa se sentindo menosprezada e amargurada. O objetivo da admoestação não é ferir, mas curar.

Embora os líderes da igreja sejam responsáveis pelo cuidado de sua congregação local, Paulo deixa claro que o trabalho do ministério não deve ser responsabilidade única dos líderes. Todos somos chamados a cuidar uns dos outros, seja advertindo os desobedientes, encorajando os desanimados ou ajudando os fracos espiritualmente (Rm 14:1, 2; 1Co 8:10, 11). Em todos os casos, é importante lembrar de ser paciente (Rm 15:1; 1Co 13:4) com aqueles a quem estamos ministrando.

Pense nisto: Paulo declara que o ministério é uma obra que pertence tanto aos líderes quanto aos membros em geral. Por que é importante não fazer do ministério uma tarefa exclusiva da liderança?

II. A última palavra

(Recapitule com a classe 1Ts 5:23, 24.)

As instruções de Paulo à liderança e aos leigos deixa claro que o tipo de vida que Deus deseja para Seu povo não acontece automaticamente, uma vez que a pessoa vem para Jesus. Depende de determinação pessoal para entregar a vida ao Senhor diariamente e de tomar a cada momento a decisão de colocar as necessidades dos outros antes das nossas. Mas isso ainda não é suficiente. Paulo deixa claro que todos necessitamos do ensinamento e liderança cristãos. A preparação para o reino de Deus não é uma tarefa solitária, mas também requer o afetuoso cuidado e apoio da família da igreja.

Mas agora, depois de todas as instruções que Paulo havia dado sobre viver de modo agradável a Deus (1Ts 4:1), ele lembra os tessalonicenses de que, no fim, Deus é o único capaz de produzir tal mudança em nossa vida. Não podemos fazer com que isso aconteça. O poder necessário para ter uma vida de santidade está em Deus e somente em Deus (1Ts 3:13). E, se quisermos, Ele fará essa obra em nossa vida.

Pense nisto: Quando falam sobre a maneira de viver a vida cristã, algumas pessoas usam a expressão “Let go, and let God” [Abra mão da sua vontade e permita que Deus realize a vontade dEle]. Em que sentido essa expressão é verdadeira, e em que sentido está equivocada?

Aplicação

Perguntas para reflexão

1. Paulo designa a responsabilidade de admoestar tantos aos líderes quanto aos leigos. Que lição obtemos a respeito de como lidar com os pecados na igreja a partir do ensinamento de Jesus em Mateus 18:15–20 e da situação que Paulo descreve em 1 Coríntios 5:1-5?

2. Paulo termina suas cartas com instruções específicas relevantes às necessidades de cada congregação. Compare Fp 4:1-9 e Cl 4:2-18com 1Ts 5:12-22. Que aspectos dos conselhos de Paulo são iguais? Qual é a razão para os conselhos semelhantes?

3. Embora os tessalonicenses estivessem experimentando perseguição por causa de sua fé, Paulo os instruiu a dar graças em tudo (1Ts 5:18). O que Paulo estava querendo dizer? Com Base em que eles poderiam ser gratos?

Perguntas de aplicação

1. Como podemos demonstrar respeito e consideração pelos líderes da igreja quando lidamos com conflitos? E nos casos de problemas de comportamento?

2. Paulo diz que os cristãos devem ser pacientes e bondosos para com todos. Os outros percebem você como alguém bondoso e paciente? Se não, o que você pode fazer para mudar a percepção deles?

3. O que mais o encorajou espiritualmente no estudo de 1 Tessalonicenses?

Criatividade

Só para o professor: Os seres humanos aprendem melhor quando têm um modelo ou exemplo a seguir. Use a seguinte atividade para ajudar os alunos a imaginar e apresentar exemplos concretos das qualidades abstratas de liderança destacadas no Passo 1.

Atividade: Divida a classe em grupos de no máximo cinco pessoas. Coloque um número ao lado de cada uma das dez qualidades de liderança listadas no Passo 1 e dê uma cópia para cada pessoa. Oriente os grupos a escrever o nome de pelo menos uma pessoa que ilustra positivamente cada uma das qualidades de liderança. Depois que eles terminarem, peça que os grupos compartilhem suas listas.
                                                                  
Para concluir, encoraje os alunos a levar suas listas individuais para casa e colocá-las na porta da geladeira ou em algum lugar visível. Incentive cada um deles a olhar para a lista durante a semana a fim de demonstrar as qualidades de liderança durante as semanas seguintes.

Lição 10 – VIDA DA IGREJA

Texto – 1 Tessalonicenses 5:12-28
Secretário Ministerial 
Associação Paulistana

Uma nova seção começa claramente em 5:12. Paulo já havia completado suas instruções e exortações específicas acerca da ética cristã e da vinda do Senhor, e então, se voltou para uma terceira área de instrução e encorajamento gerais.

O tema da lição desta semana me enche de entusiasmo, pois tem a ver com um aspecto prático na vida da igreja. A meu ver, um dos grandes anseios de todo adventista leal é ver sua congregação cheia de entusiasmo e motivada para cumprir a missão que lhe foi designada. Ao rever o direcionamento seguro que Paulo ofereceu à comunidade cristã de Tessalônica, fica estabelecido um modelo de procedimentos para nós, membros da igreja do século 21.

Em primeiro lugar, o Novo Testamento conheceu unicamente membros ativos da igreja. A imagem moderna de igreja composta de uma massa passiva, em favor da qual se empenham alguns “ministros” não é bíblica e contradiz a essência de uma igreja de Jesus. Por isso, a presente carta ao mesmo tempo salienta e pressupõe como fato, o que Paulo expressou com as seguintes palavras: “consolai uns aos outros”, “todos vós sois filhos do dia e filhos da luz”, “exortai uns aos outros”, “edificai um ao outro” (Werner de Boor).

“Consolar”, “exortar” e “edificar” é algo de que não apenas “pastores” são encarregados ou exclusivamente “autorizados”. Nessas congregações vivas e ativas existiam pessoas “que [labutavam] em [seu] meio”. Porque a longo prazo, nenhuma comunhão de pessoas pode subsistir somente com os respectivos serviços voluntários. Não é possível existir sem serviços organizados e permanentes. Daí a suprema importância de unidade e sincronia entre pastores, obreiros e membros, voluntários nas igrejas de nossos dias.

Resposta ao ministério (1Ts 5:12,13)

Com a ausência dos fundadores, o estabelecimento de uma liderança na igreja era uma das principais preocupações. Mas a pergunta sempre era: “quem estará preparado para assumir essa responsabilidade?” Há listas de qualificações nas epístolas pastorais que orientavam Timóteo e Tito nas nomeações de anciãos e diáconos em Éfeso e Creta (1Tm 3:1-11; Tt 1:5-9). Mas no caso de Tessalônica, o texto não informa como foram selecionados os novos líderes. O verso 12 sugere que os apóstolos simplesmente reconheciam a liderança emergente. A exortação à comunidade era: “agora vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam”.

Os que deviam ser reconhecidos como líderes e que recebiam a aprovação apostólica eram aqueles que faziam o trabalho. O que legitimava a liderança não era sua posição nem destaque social, como era a prática comum nas sociedades grega e romana, mas o trabalho que realizavam entre os membros da congregação.

Paulo descreveu o trabalho desses líderes de três maneiras. No texto grego aparece somente um artigo que rege os três particípios que aclaram sua função, portanto não se deve pensar que se tratasse de três tipos distintos de líderes. Todos eles são “os que trabalham arduamente entre vós, e vos guiam e admoestam no Senhor”.

“Trabalham arduamente” – vem de um verbo que significa um tipo de labor esgotante. É usado repetidas vezes para descrever os labores ministeriais em favor das igrejas (1Co 3:8; 15:58; 1Ts 3:5), e destaca o fato de que o verdadeiro líder se esforça pelo bem-estar da igreja. Os primeiros líderes da igreja em Tessalônica deviam ser como Jason (At 17:5-9), que dirigiam a congregação. Os que guiavam os irmãos eram os mesmos que buscavam seu benefício. Também eram os que admoestavam a congregação, isto é, os que corrigiam seus erros doutrinários e morais.

Lembre-se: na congregação dos tessalonicenses, os que se destacavam por seu trabalho, sua direção, provisão, proteção e correção eram aqueles que deviam ser reconhecidos como os verdadeiros líderes. Não a posição social nem os títulos, mas a atividade entre os irmãos era o que os separava para esse ministério. Não seria esse um belo modelo para nossas igrejas hoje?

O verso 13 chama os irmãos à lealdade para com os que eles mesmos reconheciam como seus líderes e aos demais membros da comunidade cristã. O alto respeito é demonstrado num contexto de profundo amor fraternal e não simplesmente como a sujeição de um súdito a alguém de posição superior. A relação entre os irmãos e seus líderes não era a única preocupação. O apóstolo também chamou os cristãos a um compromisso de lealdade entre si: “vivam em paz uns com os outros”.

No campo das relações humanas, a expressão “viver em paz” denotava a ausência de discórdia e a manutenção da harmonia entre as pessoas. Parece que o relacionamento entre os membros da igreja tessalonicense era bastante bom (1:3; 4:9-10), mas alguns irmãos não estavam trabalhando e sua dependência como “clientes” causava tensão (v. 14). Por isso  a exposição apostólica terminou com uma oração pela paz.

Ministério de apoio (1Ts 5:14, 15)

Deixando o tema da lealdade comunitária, Paulo exortou os irmãos a respeito de como eles deviam responder aos vários grupos dentro da congregação. Ele mencionou os “insubmissos”, os “desanimados” e os “fracos” (parece que esses “sempre os [teremos conosco]”), e finalmente instruiu sobre qual devia ser a atitude correta “para com todos”.

Essa responsabilidade ministerial não era somente para os líderes, mas para todos os membros da igreja. Isso quer dizer que, embora a liderança tivesse um papel importante dentro da congregação, o trabalho do ministério não se colocava exclusivamente em suas mãos. Os membros da congregação tinham (e têm) parte na responsabilidade comum de ajudar uns aos outros para sua edificação.

Aqui a instrução começa com o vocativo “irmãos”, e a exortação “que admoesteis os insubmissos”. A igreja não devia permanecer passiva frente à conduta desordenada de seus membros, mas devia responder para corrigir seu comportamento. Os que necessitam de admoestação são os insubmissos (em grego ataktous), os “que estão fora de ordem”, ou “indisciplinados”. Esse é o sentido do termo que se encontra em vários textos da época, inclusive nos “estatutos” do ginásio de Bereia que prescreve as medidas disciplinares que se deviam tomar para corrigir a conduta dos que não seguiam os regulamentos.

Em seguida, o apóstolo exortou aos tessalonicenses: “estimulem os desanimados”. Esses eram os que estavam em sério perigo de cair em apostasia. Tanto a adversidade que sofriam como a morte de seus amados, eram motivos suficientes para que alguns membros da congregação se desanimassem. A responsabilidade dos demais, frente a essa necessidade, era “estimular”, isto é, animá-los para que cobrassem novo ânimo.

Paulo também focalizou um grupo identificado como “os fracos”, a respeito dos quais insistiu para que fossem amparados. Os fracos, ou débeis, podiam ser simplesmente os que não tinham boa posição social, talvez por terem a condição de escravos ou libertados, ou por causa de situação econômica adversa. Lembre-se de que a sociedade grega não considerava a debilidade uma virtude. Portanto, é gratificante ouvir como a igreja do Senhor deve agir. Os irmãos precisam ajudar os débeis, interessando-se por eles. Os que a sociedade secular pisoteia, recebem ajuda e apoio da igreja.

Atitudes cristãs positivas (1Ts 5:16-18)

Nos versículos para hoje são descritas algumas características positivas do cristão como alegria, oração e gratidão. A vida assim orientada se coaduna com a vontade de Deus.

A primeira exortação da trilogia é – “estejam sempre alegres”. Essa alegria deve sempre acompanhar o cristão, não importa as circunstâncias em que se encontre. O apóstolo nunca negou que a adversidade traz tristeza. Ele não era masoquista. Mas reconhecia que, em meio a situações angustiosas, a presença de Deus através de seu Espírito pode infundir na alma esperança e gozo no coração.

O segundo apelo da trilogia é “orai sem cessar”. Custou-me algum tempo para que eu entendesse corretamente esse imperativo. Passar cada momento consciente em oração seria psicologicamente uma meta impossível de alcançar. Até que descobri o sentido hiperbólico do advérbio grego adialeiptôs, que significa a instrução do Senhor de orar sob toda circunstância e nunca se dar por vencido (Lc 18:1). Claramente, a oração não se limita a horas prescritas, mas deve ser um elemento comum e constante na vida diária.

A terceira exortação é: “deem graças a Deus em toda situação”, ou seja, o agradecimento a Deus deve ser um aspecto central de nossa relação com Ele. O apóstolo concluiu essa trilogia de conselhos sobre atitudes cristãs positivas explicando que alegria, oração e ações de graças são o que Deus quer de nós: “Esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus”.

Conhecendo a “nova luz” (1Ts 5:19-22)

O último grupo de exortações que Paulo comunicou à igreja inclui cinco imperativos que se referem ao uso e controle de um dos dons do Espírito Santo dentro da comunidade: a profecia. O ciclo de exortações sobre o dom de profecia começa com duas proibições contra a tentativa de impedir seu uso na igreja: “não apaguem o Espírito, não depreciem as profecias”.

O verbo do primeiro imperativo significa literalmente “extinguir um fogo”, e metaforicamente “aniquilar” ou “fazer que desapareça”. Alguns estavam tentando proibir as manifestações do Espírito na igreja. Sendo que a presença do Espírito na comunidade se compara a um fogo (Lc 3:16; At 2:3), o verbo “apagar” era próprio para descrever os intentos de eliminar suas manifestações. O Espírito “apagado”significa a cessação das profecias. A presença do Espírito Santo na igreja se unia tão intimamente com a profecia que não surpreende que os apóstolos respondam à intenção de frear o uso do dom de profecia com a exortação: “não apaguem o Espírito”.

A segunda exortação repete a ideia da primeira, com a diferença de que se abre parcialmente a janela para ver porque alguns queriam apagar o dom profético. O autor disse à igreja: “não depreciem as profecias”, ou melhor, não as rejeitem com desprezo. Alguns não somente menosprezavam, mas rejeitavam os oráculos proféticos na igreja. O uso do dom profético era bastante comum na igreja primitiva (At 2:17, 18; 11:27; Rm 12:6; 1Co 11:4, 5), e provavelmente houvesse na congregação de Tessalônica aqueles que profetizavam.

A esta altura de nosso estudo, é preciso lembrar ao leitor que, conforme Paulo, o propósito principal da profecia na comunidade cristã, não era predizer o futuro, mas “edificar, animar e consolar”, com ênfase especial sobre a edificação (1Co 14:1-5, 12, 26). Porém, claramente havia problemas em mais de uma congregação concernente ao falso uso dos dons. Por isso, foram tomadas medidas para que as igrejas pudessem discernir se as profecias realmente eram inspiradas pelo Espírito Santo (1Co 14:29; 1Jo 4:1-3). Um dos dons do Espírito é exatamente o de “discernir espíritos” (1Co 12:10), que tem o propósito de julgar a validez das profecias.

Sabemos que havia manifestações de oráculos pagãos em Tessalônica ligadas ao culto de Ísis e Serapis. O questionamento das profecias por parte de vários ramos filosóficos, somado à decisão da igreja de se distanciar dos cultos aos ídolos (1:9), ajudam-nos a identificar as condições e o ambiente que levavam alguns a desprezar as profecias.

Entretanto, o conselho do apóstolo foi que, em vez de rejeitar as mensagens proféticas, a reação da igreja devia ser mais balanceada:“julgai todas as coisas, retende o que é bom”.

“Todas as coisas” que se devem submeter à prova são as profecias que alguns rejeitaram. Isso significa “provar para verificar o caráter de algo”. Os apóstolos reconheciam que a igreja tinha a responsabilidade de verificar se as profecias eram genuínas ou não. Isso por causa da presença de falsos profetas e profecias que promoviam doutrinas espúrias na igreja antiga. Uma vez havendo submetido as profecias à prova, o dever dos membros da congregação era “apegar-se” ao que é bom.

O verso 22 conclui afirmando que os crentes deviam se afastar de toda “classe de mal”, fosse qual fosse, incluindo as profecias não autênticas. Os cristãos devem, portanto, descartar qualquer revelação que a comunidade julgar espúria. A igreja não deve tratar as profecias genuínas com presteza e não deve se apegar às revelações patentemente falsas.

Santidade no tempo do fim (1Ts 5:23-28)

O apóstolo chegou ao final de sua carta. A primeira parte da conclusão começa com uma bênção expressa em forma de oração e termina com um pedido pelas orações dos tessalonicenses: “irmãos, orai por nós”.

Gostaria de destacar ainda dois itens:

“Que todo vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros...” (v. 23). O adjetivo traduzido como “todo seu ser” significa“completo”, “inteiro”. Para que os tessalonicenses entendessem que a santificação abrange todo o ser, Paulo incluiu os termos antropológicos “espírito, alma e corpo” para descrever os diferentes aspectos da natureza humana. Este é o único lugar nos escritos paulinos em que o apóstolo empregou os três para descrever a totalidade da natureza humana.

Concernente às palavras “saudai todos os irmãos com um beijo santo”, pode-se dizer que o beijo no mundo antigo significava várias coisas: o amor entre membros de uma família, honra, respeito, amizade. O beijo boca a boca, que expressa o amor erótico não era comum. O mais conhecido era o beijo dado na fronte ou na face em saudações ou despedidas entre familiares, amigos e pessoas de respeito. Também em ocasiões oficiais como os jogos ou quando se faziam contratos e também como sinal de reconciliação. Nas comunidades cristãs que abrangiam todas as classes sociais (escravos, libertados e livres) e várias raças (macedônios, romanos e judeus), o beijo santo servia como afirmação de unidade de todos na mesma fé.

Finalmente, Paulo ordenou: “que esta epístola seja lida a todos os irmãos”. Ele entendia a importância de reunir todos os irmãos da cidade para ouvir a mensagem de sua carta. Não devemos esquecer que havia analfabetos entre os membros de qualquer comunidade como essa e eles precisavam da ajuda de outros para ouvir a mensagem dos apóstolos. Não há dúvida de que a igreja lia essa epístola em muitas ocasiões e era edificada (A exposição deste estudo se baseia em 1 e 2 Tessalonicenses de Eugenio Green).

Encerro este comentário como Paulo encerrou sua epístola: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco”.

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