segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

ES - Lição 7 - Jesus e os excluídos sociais – 1º Trim, 2014





Lição 7 - Jesus e os excluídos sociais


8 a 15 de fevereiro





Sábado à tarde

Ano Bíblico: Lv 20–22 


VERSO PARA MEMORIZAR:

"Quanto à mulher, deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: Vinde comigo e vede um Homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?!" (Jo 4:28, 29).


Leituras da Semana:


A jovem, com antecedentes tristes (teve dois filhos fora do casamento no tempo em que estava com quinze anos de idade), agora estava presa, aguardando julgamento. Seu crime foi ter assassinado uma assistente social que devia levar seu bebê, a única pessoa a quem ela amava.

Sem mãe, pai, marido, qualquer parente ou amigo, ela enfrentava sozinha um futuro ameaçador. Mediante as visitas de um pastor, no entanto, essa jovem aprendeu que, apesar de todos os seus erros, da situação desesperadora e de seu futuro incerto, Cristo a amava e perdoava. Independentemente de como a sociedade a visse, ela conhecia por si mesma o eterno amor de Deus. Essa excluída social descobriu significado e propósito em seu Senhor, cujo amor e aceitação transcendiam todas as normas e até mesmo os melhores costumes sociais.

Os adventistas em todo o mundo estarão unidos em um grande movimento de oração! Aproveite essa grande oportunidade.


Domingo

Ano Bíblico: Lv 23–25 

Pessoas "inferiores"

As sociedades estabelecem hierarquias. Pessoas ricas ou cultas costumam conseguir as mais altas posições. Pessoas "comuns" normalmente ocupam os degraus intermediários da escala social. Isso deixa de fora as pessoas consideradas "inferiores", como prostitutas, viciados em drogas, criminosos, sem-teto e outros. No tempo de Cristo, essa lista também incluía os leprosos e os coletores de impostos.


Como Cristo tratou os excluídos sociais?

Qual foi a atitude que colocou os rejeitados pela sociedade à frente dos hipócritas? O que as classes "inferiores" descobriram, que a elite social frequentemente passava por alto? Por que Jesus parecia ter mais facilidade em alcançar as camadas inferiores da sociedade do que as superiores?

Embora endurecidos pelos prazeres pecaminosos e às vezes envoltos pela aparência rude, os excluídos sociais se mostraram ainda mais fáceis de ser alcançados do que a elite arrogante, altiva e hipócrita. Muitas vezes, sob a presunção dos excluídos, se oculta o vazio emocional caracterizado pela baixa autoestima. Com frequência, em especial durante a adolescência, essas pessoas se rebelam abertamente, tentando estabelecer uma identidade pessoal para compensar a insegurança sentida no coração. Essa identidade é propositadamente estabelecida em oposição aos desejos de quem atua como autoridade sobre elas (geralmente os pais).

Jesus não gastou tempo prejudicando a já diminuída autoestima dessas pessoas. Em vez disso, Ele criou um renovado senso de valor pessoal. Estabeleceu esse fundamento, amando e aceitando constantemente os rejeitados, cujo coração muitas vezes era tocado pelo acolhimento caloroso e amoroso da parte de Cristo.

Qual é sua atitude para com os excluídos da sociedade? Em muitas ocasiões você nutre algum sentimento de superioridade em relação a eles? O que significam esses sentimentos?

Prepare sua família e sua igreja para os dez dias de oração e dez horas de jejum!


Segunda

Ano Bíblico: Lv 26, 27 

Perdão para uma adúltera

2. Leia João 8:1-11. Que lições esse relato oferece sobre a maneira de tratar pecadores rejeitados?

Revigorado espiritualmente após Seu retiro no Monte das Oliveiras, Jesus voltou ao templo. As multidões se reuniram. Enquanto Cristo ensinava, os fariseus arrastaram uma mulher adúltera até Ele. Questionaram Jesus acerca da legislação de Moisés referente ao adultério, que prescrevia a execução do culpado. Jesus percebeu que o questionamento não era sincero. O objetivo era apanhá-Lo em uma armadilha. O poder de aplicar a pena de morte havia sido removido dos tribunais judaicos. A liderança da nação raciocinou que o número de Seus seguidores seria prejudicado Se Ele rejeitasse publicamente o apedrejamento da mulher. Por outro lado, se Ele aprovasse a execução, seria acusado de ter usurpado a autoridade romana.

Apanhada em meio às intrigas políticas dos líderes, ali estava a mulher indefesa e culpada. Alheia ao ministério de Jesus, possivelmente ela não conhecia Sua natureza misericordiosa. Quando pareceu que a sentença de morte seria pronunciada, Ele iniciou Sua declaração com palavras inesquecíveis: "Aquele que dentre vós estiver sem pecado [...]" (Jo 8:7).

Essas palavras nivelaram as coisas. Pessoas sem pecado poderiam ser autorizadas a executar a punição sem piedade. Entretanto, em certo sentido, as pessoas pecadoras eram obrigadas a ser misericordiosas. Mas, com exceção de Jesus, não havia ali pessoas sem pecado. Gradualmente os líderes religiosos se dispersaram, e essa excluída social, embora fosse culpada, recebeu a graça.
"Em Seu ato de perdoar a essa mulher e animá-la a viver vida melhor, resplandece na beleza da perfeita Justiça o caráter de Jesus. Conquanto não use de paliativos com o pecado, nem diminua o sentimento da culpa, procura não condenar, mas salvar. O mundo não tinha senão desprezo e zombaria para essa transviada mulher; mas Jesus profere palavras de conforto e esperança. O Inocente Se compadece da fraqueza da pecadora, e estende-lhe a mão pronta a ajudar. Ao passo que os fariseus hipócritas denunciam, Jesus lhe recomenda: 'Vai-te, e não peques mais.'" (Jo 8:11, RC; Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 462).

Embora Ellen G. White apresente mais detalhes sobre a intriga envolvendo essa mulher, ela era uma adúltera apanhada em flagrante. A trama dos líderes não mudou esse fato. Então, por que ela foi perdoada? Como podemos aprender a mostrar misericórdia aos culpados, e ao mesmo tempo não "atenuar" o pecado?

Se você começar a participar, toda a igreja será impactada! Ore todos os dias por um propósito especial!


Terça

Ano Bíblico: Nm 1–3 

O menor entre os menores

3. Leia 
Marcos 5:1-20. Compare a situação desse homem com a dos modernos moradores de rua e dos doentes mentais. Note eventuais semelhanças e diferenças. Como a sociedade moderna trata as pessoas que sofrem de doenças mentais? Por que Jesus ordenou que essa cura fosse divulgada, embora Ele sempre tenha aconselhado outros a manter segredo?

De nossa perspectiva, é difícil imaginar alguém numa situação tão terrível, a ponto de viver num cemitério. Embora alguns argumentem que esse homem era simplesmente um louco, o texto ensina o contrário. Além disso, o que aconteceu com os porcos mostra que o problema dele era espiritual.

Um ponto crucial nessa história é que ninguém, não importa quão insano esteja – quer por possessão demoníaca, doença mental ou uso de drogas – deve ser ignorado. Em alguns casos, é necessária ajuda profissional, que deve ser providenciada quando possível.

Como cristãos, devemos nos lembrar de que Cristo morreu por todos. Mesmo aqueles a quem consideramos fora de nosso alcance merecem toda compaixão, respeito e bondade possíveis. Além disso, quem somos nós para julgar que alguém é um caso perdido e está além do poder de Deus? Do nosso ponto de vista, as coisas podem parecer ruins, mas da perspectiva divina cada ser humano é de valor infinito. Se não fosse pela cruz, nosso caso seria impossível. Essa é uma questão que merece ser lembrada quando nos confrontamos com pessoas perturbadas e arruinadas.

Pense em pessoas que estejam realmente arruinadas, mental, espiritual, fisicamente ou por qualquer motivo. Tente vê-las da maneira que o nosso amoroso Deus as vê. Além de orar por elas, o que você pode fazer para atender às suas necessidades e mostrar-lhes algo do amor incondicional de Deus?

Se você nunca jejuou, aproveite a oportunidade para fazê-lo no dia 13 de fevereiro! Ore por isso!

Quarta

Ano Bíblico: Nm 4–6 

A mulher junto ao poço

4. Leia João 4:5-32 e responda às seguintes perguntas:

a. Que convenções sociais Jesus quebrou e por quê? O que isso deveria nos dizer sobre as "convenções sociais" e como elas deveriam ser consideradas quando interferem no nosso testemunho? Que convenções sociais podem estar atrapalhando seu testemunho a outras pessoas?

b. De que maneira Jesus confrontou a mulher acerca de sua vida pecaminosa? Que lições podemos tirar de Sua abordagem?

c. O que essa história revela sobre os preconceitos dos discípulos de Jesus? Somos culpados dessa mesma atitude?

d. Embora impressionada com o fato de que Jesus sabia que ela havia sido sexualmente promíscua, quais palavras dela revelaram suas dúvidas sobre quem era Jesus? A partir desse relato, que lições podemos aprender sobre nossa própria necessidade de paciência quando se trata de fazer discípulos?

Mais de 17 milhões de pessoas estarão unidas em oração! Esse movimento irá começar amanhã! Você está pronto?


Quinta

Ano Bíblico: Nm 7, 8 

Publicanos e pecadores

É difícil imaginar como teria sido nosso mundo se não houvesse pecado. A beleza da natureza, mesmo depois de milênios, ainda atesta a majestade, o poder e a bondade de Deus. Nossa mente obscurecida pelo pecado não consegue entender plenamente como teriam sido a humanidade e as relações humanas se nosso mundo não houvesse caído. Uma coisa de que podemos ter certeza é que não existiriam as distinções de classe, preconceitos e fronteiras étnicas e culturais que causam impacto em cada sociedade e cultura.

Também é triste dizer que é pouco provável o desaparecimento desses limites antes da volta de Cristo. Ao contrário, enquanto nosso mundo piora, não há dúvida de que essas barreiras se tornarão maiores. Como cristãos, porém, devemos fazer o que pudermos, e de todas as formas possíveis, para superar esses obstáculos que têm causado tanto pesar, sofrimento e dor em nosso mundo, especialmente naqueles que a sociedade rejeita em maior grau.

5. Leia Mateus 9:9-13. De que maneira a essência do verdadeiro cristianismo é revelada no texto, não apenas no que Jesus disse, mas no que Ele fez? Concentre-se especialmente nas palavras: "Misericórdia quero, e não sacrifício" (Os 6:6). Levando em conta o contexto, por que devemos ter cuidado para não ter a mesma atitude que Jesus condenou, visto que estamos inseridos em alguma sociedade específica e, portanto, influenciados por seus preconceitos e barreiras sociais?

"Os fariseus observaram Cristo assentado e comendo com publicanos e pecadores. Ele era calmo e senhor de si, gentil, cortês e amigável. Embora não pudessem deixar de admirar a figura apresentada, ela era tão diferente de seu próprio curso de ação que não podiam suportar a visão. Os altivos fariseus se exaltavam e menosprezavam os que não tinham sido favorecidos com os privilégios e a luz que eles tinham recebido. Odiavam e desprezavam os publicanos e pecadores. No entanto, aos olhos de Deus, sua culpa era maior. A luz do Céu estava brilhando em seu caminho, dizendo: 'Este é o caminho, andai por ele' (Is 30:21), mas eles haviam desprezado a dádiva" (Ellen G. White, The SDA Bible Commentary [Comentário Bíblico Adventista], v. 5, p. 1088).

Hoje é o dia de ser abençoado e de abençoar outras pessoas por meio da oração. Interceda por pelo menos cinco pessoas!

Sexta

Ano Bíblico: Nm 9–11 

Estudo adicional

Leia de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 183-195: "Junto ao Poço de Jacó"; p. 333-341: "Cala-te, Aquieta-te"; p. 460-462: "Por Entre Laços"; e A Ciência do Bom Viver, p. 164-169: "Auxílio aos Tentados"; p. 171-182: "A Obra em Favor dos Intemperantes"; p. 183-200: "Os Desempregados e os Destituídos de Lar".

"A classe que Ele nunca favorecia era a daqueles que ficavam à parte na própria estima, e olhavam os outros de alto para baixo. [...]

"Os caídos devem ser levados a sentir que não é demasiado tarde para serem íntegros. Cristo honrou o homem com Sua confiança, colocando-o assim em sua própria honra. Mesmo aqueles que haviam caído mais baixo, Ele tratava com respeito. Era para Cristo uma contínua dor o contato com a inimizade, a depravação e a impureza; nunca, porém, proferiu Ele uma expressão que mostrasse estarem as Suas sensibilidades chocadas ou ofendidos os Seus apurados gostos. […] Ao partilharmos de Seu Espírito, olharemos todos os homens como irmãos […] Então nos aproximaremos deles de modo a não desanimá-los nem repeli-los, mas a despertar esperança em seu coração" (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 164, 165).

Perguntas para reflexão

1. Que atitudes você precisa mudar a fim de se tornar uma testemunha eficiente para com os excluídos? Que práticas sua igreja precisa mudar?

2. Como Jesus evitava tanto desculpar o pecado como condenar os pecadores? De que modo Ele utilizou a confiança para reverter a espiral descendente dos excluídos? Uma vez que os marginalizados geralmente desconfiavam dos religiosos, como Cristo fez para que essas pessoas ficassem à vontade com Ele?

3. Que barreiras se interpõem entre os excluídos sociais e sua igreja?

Respostas sugestivas: 1. Jesus os acolheu, comeu com eles e buscou resgatá-los. 2. Embora tentem fazer isso, pecadores não podem condenar seus semelhantes. Mesmo podendo fazer isso, Jesus não tentou condenar a pecadora. Embora a tenha perdoado, Jesus não justificou o pecado, mas ordenou que a mulher vivesse de maneira diferente. 3. A exemplo do que ocorreu com o endemoninhado, nossa sociedade rejeita os doentes mentais, drogados, desamparados e pessoas dominadas pelo mal. Gadara era uma região de pagãos e não haveria necessidade de ocultar o milagre de Jesus, porque ali não havia oposição a Cristo, como na Judeia. 4. a. Os judeus menosprezavam e hostilizavam os samaritanos, considerando-os pagãos detestáveis; também não conversavam com mulheres em público. Jesus ignorou essas convenções e tratou a samaritana como uma preciosa alma, apesar de conhecer sua má reputação. Devemos ignorar todos os preconceitos que atrapalhem nosso testemunho. b. Dialogando com amor e tato, Jesus mostrou que conhecia sua vida e seus pecados. c. Os discípulos ficaram espantados porque Jesus conversou com a mulher samaritana. d. Ela perguntou qual era a adoração correta, em relação às tradições judaica e samaritana. Ela estava impressionada, mas ainda tinha dúvidas. 5. Com base em sua religião formal e condição social, os fariseus se consideravam mais santos do que os publicanos e outros pecadores, e desprezavam os que pareciam mais pecadores do que eles. Jesus condenou sua atitude hipócrita, exemplificando como devemos nos aproximar dos marginalizados e repartir com eles a misericórdia divina.

Ore intensamente hoje. Peça que Deus aumente sua fé. Conte às pessoas escolhidas que você está orando por elas.

ESCOLA SABATINA AUXILIAR


Texto-chave: João 4:28-30

O aluno deverá...

Saber: Compreender o fato de que, em comparação com os outros, os cristãos têm uma vida privilegiada. Geralmente, nosso padrão de vida é um pouco mais elevado que o dos que nos rodeiam, e temos menos problemas com os vícios em comparação com nossos semelhantes.

Sentir: Entender profundamente que esses privilégios trazem consigo algumas responsabilidades.

Fazer: Comprometer-se a ser sensível às necessidades dos rejeitados em sua comunidade, assim como Jesus fazia, a fim de erguê-los da humilhação social e econômica.

Esboço

I. Saber: Servir Jesus significa ajudar os outros.

A. A lição desta semana dá quatro exemplos de pessoas que, muitas vezes, consideramos "excluídas". Que tipo é mais provável que você encontre em suas atividades diárias?

B. Até que ponto Deus espera que saiamos da nossa rotina para ajudar aqueles que necessitam de nosso auxílio?

II. Sentir: O serviço a Cristo em favor dos excluídos requer "discipulado radical."
A. Até que ponto você está disposto a sair da sua "zona de conforto" a fim de servir os excluídos em nome de Cristo? Onde você traçaria a linha?
B. É necessário que nos sintamos desconfortáveis para saber que estamos fazendo algo de bom? Se assim for, o que isso diz sobre nosso conceito de serviço?

III. Fazer: Perceba as pessoas ao seu redor

A. Por vezes, ajudar aos outros pode significar distribuir comida ou dinheiro.

Mas, isso significa tratar apenas um sintoma do problema. Qual é o verdadeiro problema?

B. Além da pergunta: "Que faria Jesus?", talvez, outra boa pergunta seja: "Como posso fazer o melhor em Seu nome?"

RESUMO: Ajudar os excluídos da sociedade representa um dos maiores desafios do mundo. Mas isso não significa que não devemos fazer o que pudermos para superá-lo.


Ciclo do Aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: João 4:28-30

Conceito-chave para o crescimento espiritual: Provavelmente não haja nada mais difícil do que olhar para além do exterior dos excluídos da sociedade. No entanto, nossa profissão de cristianismo não será autêntica se não pudermos detectar algo da imagem de Deus em cada pessoa.

Somente para o professor: A lição desta semana destaca histórias bem conhecidas da Bíblia. Embora as histórias em foco discutam os excluídos da sociedade, a maioria de nós achará que é praticamente impossível imaginar as condições em que vivem.

Atividade de abertura/Reflexão: Escreva em tiras de papel os seguintes exemplos de excluídos sociais:

- Pessoas sem-teto

- Viciados em metanfetamina e outras drogas

- Crianças sem escola

- Prostitutas

- Adolescentes emocionalmente perturbados

- Imigrantes ilegais

- Fugitivos da justiça

- Pedintes

- Adolescentes grávidas

Coloque as tiras de papel em um cesto ou uma caixa e, em seguida, peça que cada membro da classe retire uma e leia. Em seguida, peça que cada aluno imagine como essas pessoas devem viver. Imagine uma entrevista com perguntas significativas, como:

- Onde você mora?

- Como você consegue dinheiro para sobreviver?

- Em quem você confiaria?

- Como as pessoas tratam você?

- Qual tem sido sua experiência com pessoas que frequentam a igreja?

- Como você imagina que pode sair de suas dificuldades?

- De que você mais se arrepende?

A maioria de nós pode imaginar apenas situações com as quais teve experiência pessoal. Os exemplos mencionados acima, embora reais, não fazem parte da experiência pessoal da maioria de nós. Então, como podemos nos identificar com essas pessoas? Mais importante ainda, como vamos ministrar àqueles que viveram essas experiências?

Compreensão

Somente para o professor: As histórias seguintes são todas muito conhecidas, tão familiares que você pode ser tentado a passá-las por alto. Resista à tentação de tocar apenas nos pontos altos, sem se preocupar em fazer perguntas penetrantes.


Comentário Bíblico

I. Surpreendida no ato

(Leia com a classe Jo 8:1-11.)

Muitas vezes, Jesus era o centro das atenções indesejadas. Mas, dessa vez, a mulher arrastada e jogada diante dEle era a imagem do desespero. Os guardiões da moralidade da sociedade a tinham arrastado para diante de Jesus, sob o pretexto de defender a lei, com a intenção de prendê-Lo.

Vamos ser claros. Esses fariseus e mestres da lei não estavam preocupados com a justiça. Se estivessem, teriam levado tanto o homem quanto a mulher que haviam apanhado no ato de adultério. Não! Sua única intenção em apresentar apenas a mulher a Jesus era declará-Lo culpado: (1) por desprezar a lei de Moisés, ou (2), por assumir prerrogativas que pertenciam somente a seus opressores romanos.
Eles esperavam colocar Jesus em uma situação da qual não houvesse escape.

Evidentemente, Jesus enxergou a armadilha dos fariseus e mestres da lei. Em vez de responder diretamente, Ele simplesmente Se abaixou e começou a escrever na areia. Então, fez a declaração que deve ter soado para a mulher como uma sentença de morte: "Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra" (v. 7). E voltou a escrever na areia.

Quando Jesus Se levantou e encontrou apenas a mulher diante Si, Ele perguntou: "Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou?"

"Ninguém, Senhor", disse ela.

"Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado (v. 10, 11, NVI).

Embora alguns possam considerar que Jesus estivesse "colocando panos quentes sobre o pecado", a maioria dos excluídos da sociedade não precisa ser lembrada de seus erros. Afinal, eles têm que conviver com seus erros todos os dias. Pessoas que insistem em "chamar o pecado pelo seu nome exato" fariam bem em se lembrar das palavras de Jesus: "Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dEle" (Jo 3: 17, NVI).

Pense nisto: A vida de discipulado requer disciplina. Mas a disciplina não precisa ser dura nem condenatória. Afinal, na vida, experimentamos reforço positivo e negativo. Qual tipo de reforço deve caracterizar os cristãos? Por quê?

II. Um caso perdido

(Recapitule com a classe Mc 5:1-20.)

Esta história tem todas as características de um filme de terror de Hollywood: um homem desequilibrado vivia no cemitério local. De vez em quando, pessoas corajosas o dominavam, acorrentavam e oravam para que ele não fizesse mal a ninguém. Nesse meio tempo, ele podia ser ouvido gritando dia e noite e se cortando com pedras.

A prova de que o homem não era completamente impossível foi evidenciada quando Jesus Se aproximou dele, pois ele reconheceu Jesus. "Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?", ele perguntou (v. 7).

Sob a palavra de Jesus, os espíritos maus deixaram o homem. Quando os habitantes do lugar se aproximaram para ver por que havia tanta agitação, eles encontraram o homem "assentado, vestido e em perfeito juízo" (v. 15, NVI).

Quando Jesus Se preparava para partir, o homem pediu permissão para acompanhá-Lo. Mas Ele respondeu: "Vá para casa, para a sua família e anuncie-lhes quanto o Senhor fez por você e como teve misericórdia de você" (v. 19, NVI).

Essa parece ter sido uma forma bastante estranha de discipulado. Temos de supor que as influências que levaram o homem àquela situação caída ainda existiam. Por que Jesus o deixou? Que tipo de apoio o homem poderia esperar de quem o conhecia? Que tipo de boatos aqueles que o conheciam provavelmente espalhariam?

De fato, o registro bíblico conta que "o povo começou a suplicar a Jesus que saísse do território deles" (v. 17, NVI). Por que as pessoas fizeram isso? Poderia ser porque elas preferiam as coisas como estavam antes de Jesus chegar? A vida delas teria sido de alguma forma perturbada pela cura do homem? Teria sido por causa do prejuízo sofrido com a morte dos porcos?

Pense nisto: Tudo o que sabemos hoje sobre doenças mentais e vícios era praticamente desconhecido daqueles que viviam na época de Jesus. E seria um erro supor que devamos ignorar as práticas médicas estabelecidas e simplesmente orar pelos que têm a mente confusa. Mas também temos que afirmar que o poder de Deus está disponível em situações em que, humanamente, nada mais pode ser feito.

Comente: Em certo sentido, como membros de uma humanidade caída, todos nós estamos "excluídos" do Céu. Como esse lembrete poderá nos ajudar na próxima vez que formos tentados a nos distanciar daqueles que estão oprimidos, aflitos, e precisam de nossa ajuda?

III. Pedindo um favor

(Recapitule com a classe Jo 4:5-32)

A história da mulher que Jesus encontrou junto ao poço de Jacó é um exemplo de que Jesus ignorou os padrões sociais estabelecidos para chegar a uma pessoa necessitada.

Por exemplo: normalmente, os judeus não se relacionavam com os samaritanos. Além disso, era altamente improvável que um judeu pedisse um favor de um samaritano (reflexo da antipatia mútua que eles nutriam). Finalmente, era incomum que uma mulher falasse com um homem com quem ela não estava relacionada. No entanto, ali está Jesus, quebrando todos esses tabus culturais.

É improvável que qualquer dos discípulos de Jesus se tivesse sentido à vontade fazendo o que Jesus fez. Mas o fato de que essa história está na Bíblia é um poderoso lembrete de que as tradições humanas não nos devem impedir de alcançar pessoas de todas as classes. Afinal, a atividade de Jesus em favor da mulher também foi o meio de chegar a toda a aldeia.

Pense nisto: Às vezes, nossos esforços para alcançar outras pessoas exigem que ignoremos ou ponhamos de lado as tradições estabelecidas ou os padrões sociais.

Perguntas para reflexão

1. Que padrões sociais mudaram em sua mente? Como a igreja teve participação em provocar essas mudanças?

2. Em geral, você acha que as pessoas religiosas demonstram resistência ou têm facilidade em se sensibilizar pelos párias da sociedade? Dê exemplos.

Aplicação

Somente para o professor: Parte da nossa capacidade de alcançar e discipular pessoas de outras origens sociais depende do grau de familiaridade que temos com a forma pela qual essas pessoas vivem.

Aplicações à vida diária: A maioria das pessoas com quem temos contato regularmente é muito parecida conosco. Mas, se formos alcançar pessoas de diferentes estratos sociais – especialmente os excluídos da sociedade – seremos obrigados a deixar de lado nossos padrões estabelecidos e nossa zona de conforto. Pense em um momento em que você tentou fazer isso. Qual foi o resultado? Como isso mudou sua vida?

Criatividade e atividades práticas

Somente para o professor: Alcançar os excluídos sociais pode exigir uma reorientação bastante séria. Mas, na verdade, nossa tradição cristã valoriza o esforço para alcançar as pessoas em maior risco de ser marginalizadas e abandonadas.

Atividade: Leia os seguintes textos, substituindo "pecador(es)" por "excluído(s)".

Salmo 25:8
Salmo 51:13
Mateus 9:13
Mateus 11:19
Lucas 15:1, 2
Lucas 19:7
Romanos 5:8 – 1
Timóteo 1:15

Como a atitude de Deus para com os "excluídos" é revelada nesses textos? Com quanta seriedade devemos tomar essa atitude? Em outras palavras, como nosso comportamento deve mudar se considerarmos essas pessoas como Deus as considera?

Planejando atividades: O que sua classe de Escola Sabatina pode fazer, na próxima semana, como resposta ao estudo da lição?


COMENTARIO SEMANAL


Autor: Pr. Adolfo Suárez1:adolfo.suarez@unasp.edu.br
Editor: Pr. André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisão: Josiéli Nóbrega

Ampliação


INTRODUÇÃO

Fazemos parte de uma sociedade que, muitas vezes, avalia as pessoas apenas pela aparência, ou por suas capacidades e potencialidades. Fazemos parte de uma sociedade em que geralmente mais vale ter os dentes perfeitos, o cabelo bem penteado, a roupa bem passada, do que ter um bom caráter. Se alguém não se enquadrar nas expectativas da sociedade e dos amigos, pode não ter espaço na sociedade. Infelizmente, hoje não basta ser alguém. É necessário cumprir uma série de requisitos que a sociedade impõe sobre nós.

Jesus Cristo estava livre desse tipo de preconceito. Por isso, Ele foi capaz de alcançar todos. Sim, Ele Se relacionou com ricos e pobres, letrados e incultos, mulheres e homens. Ele anunciou e abriu o Reino para todos, mas – não há como negar – tinha uma simpatia especial para com aqueles que a sociedade rejeitava.

Como jesus cristo tratou as “pessoas inferiores”?

À luz de Lucas 15:1-10, aprendemos algumas coisas fundamentais sobre a maneira pela qual Cristo lidou com as “pessoas inferiores” de Sua época:

- Sua maneira de Se relacionar, de falar, atraía a Ele os publicanos (v. 1) – os rejeitados por serem “colaboradores” do Império na extorsão dos judeus. Esse tipo de gente era recebida por Jesus, e, além disso, Ele fazia refeições com eles, na mais clara demonstração de aceitação e proximidade. Certamente, eles sentiam que Jesus Se importava com eles e tinha algo importante a lhes dizer.

- Ele também recebia pecadores, termo aqui entendido como aqueles que haviam perdido seu relacionamento com Deus por causa de seu estilo de vida infiel aos Seus mandamentos. Também sentiam que Jesus Cristo os acolhia e apreciavam ouvir Seus ensinamentos.

- O impacto de Jesus na vida dos publicanos e pecadores era tal, que ocorre certo exagero relatado no verso 1: “Todos”. Sim, o que Jesus Cristo fez em favor desses inferiores não foi algo esporádico, oculto ou passageiro; foi tão impactante que “todas” essas pessoas iam até Ele. Ou ao menos a postura do Mestre provocava uma movimentação nunca antes vista nesse sentido.

- Nessa atitude de Cristo, percebe-se a clara intenção de trazer esses rejeitados para perto de Deus. Afinal, o Reino é para todos os que desejam – em atitude de humildade e arrependimento – participar dele.

Como jesus cristo tratou um simples pescador?

Os evangelhos mostram que Pedro era um discípulo dedicado, que admitia sua ignorância e pecaminosidade (Mt 15:15; Lc 5:8). Todavia, demonstrava instabilidade e insegurança, exemplificadas no episódio em que Cristo caminhou sobre as águas. Num episódio marcante, Pedro negou Jesus. Entretanto, foi maravilhosamente recuperado (Jo 21) e se tornou um líder importante na Igreja nascente. De temperamento volátil e imprevisível, tornou-se o “homem-rocha” da igreja primitiva, um líder estável, dinâmico e influente.

O modo pelo qual Cristo tratou Pedro foi fundamental para a recuperação e notável crescimento do discípulo. Três qualidades presentes na vida de Pedro foram potencializadas pela habilidade de Cristo em lidar com ele. Primeiramente, Jesus o ensinou a confiar em Sua Palavra de tal forma que o discípulo foi capaz de confiar no improvável (Lc 5:5). Sim, Pedro era um pescador experiente e conhecia sua profissão. Entretanto, deixou de lado suas habilidades técnicas e confiou na orientação do Mestre. Ele havia entendido que Jesus pode nos surpreender das maneiras mais improváveis, tirando resultados positivos de onde aparentemente nada de bom se pode esperar.

Em segundo lugar, a humildade de Pedro é exemplar. Nada de discussão do tipo “eu já fiz isso”; ou “isso não vai dar certo”; ou “você não sabe o que está falando”. Ele simplesmente aceitou a sugestão e lançou as redes. Isso não o tornou frágil e insignificante; ao contrário: sua humildade o tornou suficientemente forte para confiar na vontade e orientações de Jesus Cristo. O Mestre sabe que a humildade é fundamental para o crescimento e, por isso, insiste em confrontar Sua palavra com algo aparentemente “irreal”. Só uma pessoa humilde aceita obedecer a uma ordem “fora de lugar”. Os simples também precisam entender que a humildade é muito mais do que uma postura de simplicidade, mas significa obediência ao improvável.

Em terceiro lugar, Pedro esteve disposto a deixar tudo e seguir o Mestre (Lc 5:11). Aqui a lição é direta: ainda que a pessoa seja simples, há algo a ser abandonado para então seguir Jesus Cristo. Pedro aprendeu que pecadores que se aproximam de Deus têm a missão de aproximar outros dEle. Um pecador convertido, por mais humilde que seja, pode ser usado poderosamente em favor do evangelho.

Como jesus cristo tratou uma “ilustre” desconhecida?

Como bom judeu, a atitude mais natural da parte de Cristo teria sido que Ele evitasse qualquer contato com os samaritanos. A briga entre samaritanos e judeus vinha de longa data. No ano 913 a.C. aconteceu a divisão das dez tribos do norte e as tribos de Benjamim e Judá. A opressão imposta por Salomão, principalmente por meio de pesados tributos, teve seu ápice por ocasião do governo de seu filho Roboão, o qual disse que seria mais rigoroso ainda que seu pai Salomão. Isso provocou uma rebelião liderada por Jeroboão. Quase dois séculos depois, mais ou menos no ano 722 a.C., Sargão, rei da Assíria, foi até o norte de Israel e levou para o cativeiro as dez tribos. Ele colocou nessas terras pessoas de outras nações que eles, os assírios, tinham conquistado. Essas pessoas, vindas de nações pagãs e idólatras, trouxeram seus cultos estranhos e sua adoração a todo tipo de deuses.

Algum tempo depois incorporaram à sua adoração o Deus Jeová. Durante o reinado de Ciro, rei da Pérsia, quase dois séculos depois do cativeiro assírio, foi então anunciada a reconstrução de Jerusalém, seus muros e principalmente seu Templo. Nessa ocasião, os habitantes das tribos do norte, então conhecidos como samaritanos, ofereceram-se para ajudar na construção do templo, mas os israelitas os rejeitaram. Os israelitas haviam aprendido que sua idolatria os havia levado ao cativeiro e, por isso, não queriam misturar-se novamente com os pagãos. Os samaritanos entenderam que a rejeição de sua ajuda era uma afronta, e assim começou a briga e o preconceito entre samaritanos e judeus. Os samaritanos acabaram construindo seu próprio templo em Gerizim, no ano 400 a.C. A inimizade foi intensificada quando, em 128 a.C., os judeus destruíram o templo dos samaritanos.

O Rabi Eliézer afirmava: “aquele que come o pão oferecido pelos samaritanos é semelhante ao que come carne de porco”. Outros ditos rabínicos afirmavam que “um samaritano transmite imundícia por aquilo que usa para dormir, para sentar, para cavalgar, e por sua saliva e urina. Suas filhas eram imundas desde o berço, como os gentios”.

Jesus conhecia todos os preconceitos doentios que separavam judeus e samaritanos. Sabia que a vida não tinha mais sentido para a pobre mulher samaritana (Jo 4). Para o Senhor Jesus, era necessário passar por Samaria a fim de libertar da escravidão essa mulher, e torná-la cidadã de Seu reino. Não foi o acaso que O levou até Samaria. Foi o grito silencioso de alguém precioso aos olhos de Deus. Isso nos ensina que a pessoa mais improvável pode se tornar a testemunha mais eficiente. Essa mulher, antes desorientada – mas depois perdoada, regenerada e renovada por Deus – foi capaz de abalar uma cidade inteira!

Como jesus cristo tratou uma mulher acusada de adultério?

Há nos registros do Evangelho vários momentos espetaculares. Mas há um em especial que demonstra a capacidade acolhedora e perdoadora de Jesus Cristo. A narrativa está em João 8:1-11.

Pense nas seguintes cenas:

– um bando de estudantes acusando uma colega que acabara de aprontar algo inaceitável;

– instaura-se um clima agressivo, com direito a xingamentos, tapas, empurra-empurra, cuspe, etc., pois a colega fizera algo muito, muito errado mesmo;

– o clima agressivo aumenta na proporção em que o professor permanece assustadoramente em silêncio;

– enquanto os colegas estão irritados olhando para o professor, Ele Se inclina para escrever no chão.

Vamos ser honestos: Inclinar-Se para escrever no chão, enquanto o mundo desaba, foi extraordinariamente diferente, criativo, tangencial, desconcertante, revoltante. Sabe por quê? Em primeiro lugar, como profundo conhecedor da lei dos judeus, Jesus Cristo poderia simplesmente ter proposto o cumprimento da lei. Jesus poderia ter preferido a comodidade ou rotina do cumprimento da lei. Era assim que qualquer bom mestre judeu teria agido. Mas ocorre que, assim fazendo, Jesus Cristo apenas teria seguido o script. Mas Ele não aceitou essa prática do Seu tempo. O quê? Assinar embaixo o pedido de apedrejamento de alguém? Não haveria alguma coisa melhor a ser feita?

Em segundo lugar, como sensível profeta dos frágeis e das minorias, Jesus Cristo poderia ter desmascarado os acusadores, expondo o engano e má-fé de quem queria prejudicar apenas a mulher adúltera e não o homem adúltero. Afinal, até onde saibamos, adultério envolve pelo menos duas pessoas. E a lei mosaica mandava apedrejar o casal, não apenas a mulher (Dt 22:22-24).

Terceira opção: Jesus Cristo poderia ter argumentado como fez no deserto da tentação: “Não tentarás o Senhor teu Deus com perguntas ambíguas e capciosas”.

Uma quarta possibilidade: Jesus poderia ter feito como fez quando desapareceu do meio da multidão que O queria tornar Rei. Num passe da mágica, Ele teria sumido! Por que não?

Quinta possibilidade: Jesus conversaria rapidamente a sós com a mulher, a levaria ao arrependimento, depois liberaria o grupo para apedrejá-la. A mulher teria morrido, porém, arrependida.

Entretanto, Jesus preferiu inclinar-Se e escrever no chão. Não temos notícia de que algum mestre da antiguidade tenha usado o chão como lousa num momento crítico. Mestres da antiguidade preferiam o método peripatético. Mestres da atualidade preferem a lousa eletrônica ou o data show. Quando menos, o pincel em quadro branco.

Não havia tempo a perder. Várias pessoas acusavam numa mulher os erros que elas mesmas carregavam. Alguma coisa deveria ser feita! Como diz Ellen G. White, “ali, traçados perante eles, achavam-se os criminosos segredos de sua própria vida”.2 Que conteúdo cruel!

Mas Jesus não tem pressa. Ele Se inclina com calma, e começa a escrever. Jesus Cristo não carrega relógio no pulso. Ele cumpre o tempo, mas está acima do tempo. Ele tem uma agenda agitada, mas está acima da agenda. A pressa é dos acusadores. Jesus Cristo tem todo o tempo do mundo. Há uma vida em jogo e as decisões devem ser tomadas com calma. Cristo sabia “perder tempo” e ser assustadoramente devagar, quando necessário.

Primeiramente, Jesus foi com calma, e isso esfriou os ânimos dos assassinos em potencial. A seguir, Jesus escreveu no chão. Ninguém esperava que o Mestre escrevesse no chão; todos esperavam um discurso. Mas Jesus começou Sua aula no chão. “Olha lá o que Ele está escrevendo! Que vergonha!” Ninguém esperava se ver retratado nos exemplos contundentes da escrita na areia. Foi uma atitude fenomenal! Transformou a acusada, mas também transformou o coração e mãos dos acusadores. Depois dessa aula escrita no chão, as pedras ficaram pesadas demais, e a consciência explodiu em culpa.

Michael Card, músico, cantor e compositor premiado, afirma o seguinte sobre esse incidente:

Foi arte e foi teatro ao mesmo tempo, mas foi ainda mais. Naquela manhã, o que falou mais poderosamente à turba foi o que [Cristo] não disse. Foi como um copo de água fresca para uma adúltera sedenta e um jato de água fria no rosto para um grupo de fariseus furiosos... Foi inesperado, irritante, criativo.3

Nessa narrativa impressionante, vemos sintetizadas algumas atitudes importantes:

- Jesus Cristo buscou a verdade, pois não queria ser injusto em Seu julgamento da mulher adúltera.

- Ao escrever na areia, Jesus Cristo entrou nos meandros da mente humana.

- Jesus Cristo libertou a mulher da condenação e de seus acusadores.

- Jesus Cristo demonstrou extrema sensibilidade e carinho para com a mulher adúltera.

- Jesus Cristo colocou a pessoa acima da lei.

- Jesus Cristo olhou não apenas para um elemento, mas para o quadro todo.

- Jesus Cristo desafiou a consciência dos acusadores.

Como jesus cristo tratou um odiado publicano?

A despeito de sua pequena estatura, Zaqueu havia alcançado o ambicionado cargo de chefe dos cobradores de impostos. Ele era o Diretor de Serviço de Renda Interna, algo assim como o Secretário da Fazenda do Município de Jericó. Havia se tornado rico porque recebia uma porcentagem de toda a arrecadação. Zaqueu era homem de muito dinheiro, guardado e aplicado. Sua fortuna consistia em joias, roupas, terras e uma bela casa. Sua posição lhe permitia caminhar pelas ruas e fazer as pessoas tremerem por causa de seu poder e autoridade. Tinha um elevado nível social e gozava do respeito da classe alta. Além do mais, Zaqueu morava na conceituada “Cidade das Palmeiras”- Jericó. Essa cidade era rodeada por um verde exuberante e possuía rara beleza natural. Suas palmeiras e preciosos jardins regados por fontes naturais destacavam-se em meio às terras desérticas daquela planície. Jericó era um oásis no deserto. Jericó era, também, um grande centro comercial. E como ali estivesse o escritório da alfândega, Jericó era a morada de muitos publicanos, os cobradores de impostos.

Zaqueu era israelita e, devido à sua profissão, era odiado por seus patrícios. Era considerado traidor. Era detestado tanto quanto os terríveis inimigos romanos. Entretanto, esse rico funcionário do Governo Romano não era tão insensível como seus compatriotas imaginavam. Por trás daquela aparência de orgulho e egoísmo, achava-se um coração bondoso, capaz de ser influenciado por Deus. A vida de Zaqueu não era assim como todos imaginavam. E isso o fez buscar Jesus.

Chegou o dia da oportunidade, o “Dia D”. A multidão se aproximava. De cima de uma árvore, Zaqueu, com olhar atento, procurou ver quem era Jesus. Rapidamente, descobriu. “É Ele. É Ele sim! E vai passar bem embaixo de onde estou!” Zaqueu segurou-se bem firme para não cair. No íntimo de seu coração, Zaqueu queria que Jesus parasse e levantasse o olhar. Queria que Jesus o visse. E foi naquele mesmo instante que, por sobre o barulho da multidão, Jesus ouviu o mudo clamor de Zaqueu. A multidão parou, sem saber por quê. Todos olharam para Jesus, querendo saber a razão de Ele ter parado naquele lugar. De repente, Jesus olhou para Zaqueu na árvore. Foi um olhar que invadiu todos os segredos desse homem odiado.

Foi então que Jesus disse as imortais palavras registradas em Lucas 19: 5: “Zaqueu, desce depressa, pois Me convém ficar hoje em tua casa.”

Zaqueu desceu rapidamente. Sua mente começou a imaginar um milhão de coisas. “O que será que Jesus gosta de comer? Acho que Ele come de tudo: Ele vive na casa de tanta gente! Almoça com um, janta com outro. Dizem até que Ele é comilão e beberrão. Então, vai ser muito fácil. É só pedir pra cozinheira preparar um...”

Jesus foi embora de Jericó. A cidade das palmeiras voltou à rotina. Tudo continuou do mesmo jeito. As pessoas não mudaram. Nada mudou, exceto na casa de Zaqueu. A família de Zaqueu havia sido transformada. As palavras de Jesus: “Hoje veio salvação a esta casa”,continuaram sendo uma realidade na casa de Zaqueu. Que coisa interessante! Zaqueu tomou uma decisão que trouxe bênção à família toda. É assim que Deus deseja que sejamos. Que levemos bênção ao nosso lar. Não quer somente que sejamos abençoados. Ele deseja abençoar toda a nossa família. É assim que acontece quando uma pessoa se encontra com Jesus: de odiada pelas pessoas, passa a ser amada por Deus.

Conclusão

Algumas ideias de Deus muitas vezes são tidas como absurdas. Como é que Deus escolhe um garoto, um adolescente, um pescador, uma mulher simples, alguém sem experiência? Como é que Deus me faz uma coisa dessas? Mas, sabe o que acontece na perspectiva de Deus? Ele tem prazer em escolher homens e mulheres que nada são para torná-los homens de mulheres de sucesso em Sua obra.

Isso mesmo: Deus é especialista em reverter o jogo. Deus é especialista em tomar ideias “fracas” e fazê-las dar certo. Deus é especialista em tomar pessoas “fracas”, destinadas ao fracasso, e abrir diante delas a trilha do sucesso. O que o Senhor vê nas pessoas é sua disposição em amá-Lo em primeiro lugar. Quando Ele vê disposição para o amor a Ele, bem como disponibilidade, sabe que as possibilidades são infinitas, seja com quem for.

1. Professor de Teologia no UNASP, Campus Engenheiro Coelho, na Graduação e na Pós-Graduação, na área de Teologia Sistemática. É Mestre em Teologia, e Mestre e Doutor em Ciências da Religião. Atualmente, faz Pós-Doutorado em Teologia Sistemática na Escola Superior de Teologia, São Leopoldo RS.

2. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, 22a edição, Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2012, p. 461.

3. Michael Card, Cristo e a Criatividade: Rabiscando na Areia, Viçosa, MG: Ultimato, 2004.


Vídeos

Introdução - Esboço da Lição "Discipulado" (aqui).
Esboço da Lição 7 - Discipulando os "comuns" (aqui). 




Fonte: Casa Publicadora Brasileira (http://www.cpb.com.br/)



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